Poesias

sexta-feira, 30 de julho de 2021

SOCIEDADE ALTERNATIVA - CAPÍTULO 8

Assim, enquanto, Lizandra cuidava de seus filhos, Lindolfo – o marido infiel –, arrumava filhos também, com outras mulheres.
Muito embora não soubesse inicialmente, que seu marido possuía uma amante-fixa, sabia que ele não lhe fiel. Apesar de nunca ter presenciado uma traição, nada mais explicava o total desinteresse pela família depois de um ano e meio casados.
Um pouco antes de descobrir a segunda gravidez da esposa, Lindolfo passou a adotar um comportamento estranho. Isso por que, todas as noites, chegava tarde em casa.
Sob a alegação de que estava cuidando do novo escritório que montara na cidade, dizia que ser dono do próprio nariz, exigia muito esforço e dedicação. Além disso, como seu trabalho exigia constantes viagens para outras cidades, não foi difícil inventar desculpas para a mulher.
Tal fato inclusive, colaborou para que o casamento de Lindolfo e Lizandra se desgastasse ainda mais.
E assim, sozinha, Lizandra passava os dias cuidando dos filhos. Lorena, sua filha mais velha, nessa época tinha quase três anos. Já Lara, a filha do meio, estava prestes a completar dois anos. E Luís, o caçula, único menino no meio de tantas mulheres, estava com quase onze meses. Pelo fato de os três já estar andando, o cuidado tinha que ser redobrado, pois um minuto de distração, poderia ter graves conseqüências.
E foi assim, que, num minuto de distração da babá, Lorena – a filha mais velha de Lizandra –, saiu andando para fora para de casa e quase foi atropelada.
Não fosse a intervenção da própria mãe da menina, esta teria sido atropelada e a babá só perceberia quando o mal estivesse feito.
Por conta disso, Lizandra furiosa, imediatamente demitiu a empregada.
Em razão disso, nos últimos tempos, passou ter duas empregadas em casa.
Foi assim, que ao ver-se em meio a tantas crianças, percebeu então, que casada a quase quatro anos, passou quase todo o tempo grávida. Por isso sentia que algo ia mal. Durante quase todo o tempo em que estivera casada, não tivera tempo de se dedicar a relação dos dois. Praticamente durante todo o período em que estiveram casados, Lizandra só teve tempo para pensar em seus filhos.
Em razão disso, Lizandra chegou a comentar diversas vezes com sua mãe, que se sentia culpada pelo fracasso de seu casamento.
Nessa época, Dona Odete já sabia que o casamento da filha não ia bem.
Mas, mesmo assim, jamais admitiria a separação do casal. Muito embora estivesse decepcionada com o genro, o matrimônio naquele tempo, era um laço indissolúvel.
Além disso, com as constantes fofocas, não havia maneira de não saber que as coisas não andavam bem entre eles.
No salão de cabeleireiro da cidade, tal fato não parava de ser comentado. A própria Odete, enquando freqüentou o salão, cansou de ouvir indiretas.
Assim, não havia como Lizandra não tomar conhecimento de tudo isso.
No entanto, mesmo sabendo das infidelidades do marido, Lizandra só foi tomar uma atitude, quando descobriu que este possuía a quase três anos, uma amante-fixa.
Lizandra, ao descobrir a infidelidade do marido, resolveu tomar satisfações com ele. Diferentemente de seu jeito costumeiramente pacato, Lizandra, carinhosamente chamada de Liza por ele, ficou enfurecida.
Ao descobrir que este possuía nos últimos tempos, uma amante-fixa, Lizandra exigiu que o marido a deixasse. Não queria que o marido mantivesse o caso.
Lindolfo, ao ouvir isso, tentou o quanto pôde, negar seu envolvimento com Thereza. Mas Lizandra não acreditou nele.
Prevenida por longo tempo por suas amigas, sobre a infidelidade de Lindolfo, Lizandra tentou o máximo possível, fingir que não via.
Mas, em dado momento, ao avistar o marido, dando carona a Thereza, e depois, ao vê-los sair de um bar, abraçados, não restava mais dúvidas. Lindolfo estava realmente, tendo um caso com aquela mulher.
Por isso, quando seu marido tentou negar seu envolvimento extraconjugal, Lizandra afirmou que vira os dois juntos por duas vezes.
Diante disso, Lindolfo não teve como se desculpar. Afinal como poderia explicar a traição? Todavia, a despeito disso, comprometeu-se com Lizandra, em terminar seu caso com Thereza. Disse que a procuraria pela última vez para explicar tudo. Argumentando que precisava se acertar com ela, comentou que não podia deixar suas filhas desamparadas.
Ao ouvir isso, Lizandra não aceitou os termos do marido. Ao constatar que havia crianças envolvidas na história, Lizandra sentiu-se ainda mais magoada.
Sentindo-se ultrajada, discutiu seriamente com Lindolfo. Chamou-o de canalha, calhorda, mentiroso.
De tão enfurecida, tentou agredi-lo, mas este segurou-a pelo braço. E assim, impossibilitada de chegar as vias de fato, quando, finalmente conseguiu se desvencilhar dele, correu em direção a garagem e, pegando o carro do marido, saiu em disparada.
Lindolfo, tentou impedi-la de sair com o carro, mas Lizandra ameaçou jogar o carro contra ele. Diante disso sem ter como impedi-la, a moça conseguiu sair com o carro.
Ao perceber a gravidade do quadro, Lindolfo, preocupado, pediu aos amigos e conhecidos, que o auxiliassem. Estava procurando a esposa.
Constrangido com a situação em que estava envolvido, tentou explicar as pessoas, que ele e a esposa haviam brigado. Em resposta, Lizandra pegou o carro do casal e saiu em alta velocidade.
Estava preocupado. Temia que a esposa fizesse alguma besteira. Por isso precisava encontrá-la o quanto antes. Precisava encontrá-la, antes que se prejudicasse.
Nesse intuito, passou a noite inteira procurando a esposa, pelas ruas da cidade. Conforme as horas passavam, mais e mais seu desespero aumentava. Como ele pôde deixar as coisas chegarem naquele ponto? Covarde, sentia-se responsável por tudo que acontecera, momentos antes. Se tivesse coragem, teria assumido a esposa, ao invés de arrumar amantes.
Mas já era tarde.
Mesmo tendo a ajuda de amigos, não conseguiu encontrar a esposa.
Preocupado, só lhe restava voltar para casa.
Seus amigos, atenciosos, se comprometeram em continuar procurando.
Diante disso, Lindolfo resolveu voltar para sua residência. Afinal, alguém precisava ficar em casa, se Lizandra resolvesse ligar.
E assim, Lindolfo ficou em casa. Durante horas a fio, esperou uma ligação da esposa. Horas, que mais pareciam séculos. Horas que o deixavam ainda mais desesperado.
Por ter se portado como um canalha, sentiu-se verdadeiramente culpado. Se algo acontecesse, morreria de culpa. Daí sua intranqüilidade. Precisava encontrar a esposa.
Com isso, por volta das quatro horas da madrugada, finalmente recebeu uma ligação.

Luciana Celestino dos Santos
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