Desta feita, seguiram-se os dias.
Finalmente o esperado dia do baile. Música, bebida, boa comida, confraternização.
Tudo transcorrendo às mil maravilhas como Karina dissera.
Por fim o casal retirou-se da festa...
E assim, voltando de uma festa, depois de deixar sua noiva Letícia em casa, Flávio despediu da moça, com um abraço e um beijo.
Karina, dizendo que já estava tarde, pediu a filha que entrasse em casa.
Letícia se espantou com o fato de sua mãe ainda estar acordada, esperando por ela.
A moça então, despediu-se do rapaz dizendo:
- Vá com Deus!
Flávio, concordando com Karina, comentou que precisava voltar para casa. E assim, conduziu seu carro até seu apartamento.
Esta era a intenção, ao menos.
Mas o intento foi interrompido por uma carreta que atravessou seu caminho.
Cortando a rua inesperadamente, o veículo veio com tudo em direção ao carro de Flávio.
Diante disto, para não colidir com o veículo, o homem desviou seu carro, vindo a bater em um poste.
Quando o resgate chegou ao local, encontraram a frente do veículo destruída. Por um momento a equipe de resgate acreditou que o rapaz estava morto.
O dono da carreta por sua vez, escapou ileso. Tanto que fugiu do local do acidente.
Testemunhas disseram que o motorista da carreta estava em alta velocidade.
Flávio foi então retirado do carro, colocado em uma maca e levado de ambulância para um hospital.
Quando Olívia foi informada do acidente, ficou desesperada.
Por pouco não desligou o telefone.
Inicialmente pensou se tratar de um trote. Mas depois, ao ouvir detalhes do ocorrido, como a placa do veículo e nome completo do rapaz, percebeu tristemente que não se tratava de uma brincadeira.
Aflita, perguntou como ele estava.
A atendente então informou que seu estado era grave, e que ela deveria comparecer o quanto antes no hospital.
Olívia tremula, anotou o endereço do hospital e disse que iria imediatamente para lá.
Diante disto apesar de ser madrugada, a mulher, acompanhada de seu marido, dirigiu-se ao hospital.
Gilberto, que dormia profundamente, foi abruptamente despertado com a notícia de que Flávio sofrera um acidente.
Aturdido, demorou para perceber o que Olívia queria lhe dizer.
Isto fez que a mulher ficasse nervosa.
Quando se deu conta da gravidade da situação, exclamou:
- Meu Deus do Céu! Não pode ser! Isto não está acontecendo!
Nisto, os dois se arrumaram apressadamente para seguir para o hospital.
Gilberto pediu a Olívia para que chamasse um táxi. Disse que não estava em condições de dirigir.
A mulher ligou para um ponto de táxi, e pediu um táxi com urgência.
Nisto, ao chegar no hospital, o casal se dirigiu a recepção.
A atendente, fazendo uma busca em seu cadastro disse a Olívia e Gilberto que eles poderiam se dirigir até o corredor, segui-lo até o fim, e virar a direita. Explicou que ali havia uma sala de espera e que eles poderiam aguardar notícias dos médicos ali.
Gilberto perguntou a moça se ela sabia o que estava acontecendo.
A moça respondeu que eles teriam que aguardar o médico.
Olívia segurou um dos braços de Gilberto e conduziu-o até a referida sala.
Foi uma longa espera...
Quando finalmente surgiu um médico para explicar o que estava acontecendo, o casal teve que ouvir o triste prognóstico de que o rapaz poderia não passar daquela noite.
O doutor apresentou-se.
Dizendo se chamar Sílvio, comentou que Flávio estava passando por uma cirurgia muito complicada, a qual estava demorando mais tempo do que eles esperavam, devido os ferimentos sofridos.
Olívia perguntou então se Flávio estava muito machucado.
O médico respondeu que sim.
A mulher começou a chorar.
O médico então, respondeu que faria todo o possível para salvar a vida do moço.
Gilberto agradeceu.
O médico dizendo então que deveria voltar para a sala de cirurgia, pediu licença e retirou-se da sala.
Gilberto abraçou Olívia que se debulhava em lágrimas.
A mulher não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Dizia que aquilo só poderia ser um pesadelo. Um terrível pesadelo.
Não podia acreditar que o rapaz sorridente, agora estava hospitalizando com risco de morte.
Gilberto ficou com os olhos marejados.
Dizendo que eles deveriam rezar, comentou que as orações iriam auxiliar os médicos, guiando suas mãos e fazendo com que eles pudessem fazer o melhor para Flávio.
Dito isto, o casal começou a rezar.
Rezaram “Ave Maria”, “Pai Nosso”. Rezaram muito. Rezaram o “Creio em Deus Pai” e a “Salve Rainha”. Pediram para que as mãos dos médicos fossem bem conduzidas, e Flávio passasse bem por esta cirurgia e se recuperasse.
Mesmo assim, Olívia que já estava desesperada, ao ouvir o prognóstico pessimista do médico, precisou tomar um calmante.
Ao perceber o desespero da mulher, Gilberto pediu o auxílio de uma enfermeira.
A enfermeira chamou um médico, que ali mesmo receitou-lhe um calmante. Percebendo a especificidade da situação, disse a Gilberto que receitaria um calmante leve a Olívia, apenas para que ela ficasse mais calma.
Ao lado do marido, Olívia chorou a noite toda. Mesmo com o calmante, não conseguiu dormir.
Gilberto aturdido, só conseguia dizer que ele iria ficar bom. Abalado não conseguia acreditar no que estava acontecendo.
Contudo, não podia se desesperar. Olívia precisava de seu apoio.
Enquanto isto, em razão da gravidade do acidente, o rapaz permaneceu na mesa de cirurgia.
Passou toda a madrugada em uma mesa de cirurgia.
Segundo os médicos, era uma tentativa de conservá-lo vivo.
Durante a madrugada, o Dr. Sílvio conversou mais uma vez com os pais de Flávio. Explicou que precisaram realizar o procedimento cirúrgico com muito cuidado. Razão pela qual a cirurgia demorou mais do que o esperado. O médico comentou que a equipe foi prestimosa, e isto garantiu a sobrevivência do moço ao procedimento.
Gilberto – que permanecia abraçado a esposa – perguntou como Flávio estava.
O médico respondeu que o moço havia passado pelo procedimento cirúrgico, mas que ele infelizmente não poderia garantir a recuperação de Flávio. Disse seria necessário dar tempo ao tempo.
Nisto, após a cirurgia, o rapaz foi encaminhado para a UTI.
Estava sedado.
Como o rapaz resistiu a cirurgia, Olívia começou a ter esperança.
Os médicos porém, disseram que seria necessário aguardar as próximas horas, os próximos dias.
Doutor Sílvio – que estava acompanhando o caso de perto – explicou que a situação de Flávio era muito complicada, que seu estado era muito delicado, inspirava cuidados, e que a equipe não poderia dar certeza de que ele iria se recuperar.
Gilberto desabou. Estava inconsolável.
Seu filho estava internado, e ele não sabia se o moço estava bem, se ele se recuperaria.
O homem estava passando por toda aquela angústia, tudo para saber se Flávio conseguiria sobreviver, e sem poder dividir o sofrimento com a esposa.
Novamente, Olívia caiu em prantos.
Gilberto também não conseguiu conter uma lágrima que correu de seus olhos.
Embora aparentemente calmo, um turbilhão de pensamentos ocupavam sua mente...
As lembranças de Flávio e de Cecília brincando juntos.
Flávio, mais velho, tentava ensinar Cecília a nadar. Gilberto, é claro, estava por perto.
Cecília soltava gritinhos toda vez que ele ameaçava soltá-la.
Lembrou –se dos filhos brincando em na areia.
Da praia, as ondas indo e vindo e desmanchando o castelo que os três tentavam fazer.
Flávio pegou o baldinho e a pá e começou a montar uma estrutura de areia, que ele tentava fazer com que se parecesse com um castelo de areia.
Cecília, na época bem pequena, tentava ajudar, mas só conseguia fazer a estrutura de areia desmoronar.
Flávio ficava inconformado. A certa altura ralhou com ela. Disse para ela parar de atrapalhar.
Cecília começou a chorar.
Gilberto com toda a calma do mundo, disse ao filho que ele não precisava brigar com Cecília.
Amparando a filha, tentou consolá-la. Disse que ele não tinha dito aquilo por mal, e que ajudaria a construir um castelo.
Flávio percebendo que exagerara, aproximou-se de Cecília e pediu para ela segurar o baldinho com areia e virá-lo para baixo.
Dito isto, a criança acabou derrubando o balde no chão.
Cecília olhou receosa para Flávio. Acreditou que ele ralharia com ela.
Flávio respondeu então:
- Eu devia saber! Isto é muito pesado para você.
Disse isto e encheu novamente o balde.
Após, segurou uma das mãos de Cecília e auxiliou-a a posicionar o balde na areia. Explicou que era daquela forma que eles fariam o castelo.
Cecília riu.
Gilberto aproximou-se e comentou que também gostaria de participar da brincadeira.
E assim, os três ficaram a brincar de construir castelos de areia.
O homem lembrou-se também, do dia da formatura de Flávio, do filho usando beca, o capelo, recebendo o diploma do curso de direito, juntamente com seus colegas de faculdade. Recordou-se que por falta de grana, o rapaz não participou do baile.
Mesmo assim, estava feliz. Orgulhoso, realizou o juramento.
Seus pais acompanharam a cerimônia realizada de portas abertas.
Vários pais fizeram o mesmo.
Foram feitas até fotos do evento.
Gilberto e Olívia fotografaram ao lado de Flávio, o qual posou de beca.
Cecília também acompanhou a cerimônia, mas não quis tirar fotos ao lado do irmão.
Gilberto recordou-se também, do dia em que o filho apresentou Letícia como sua namorada, todo contente.
Foi num churrasco em que estava sendo comemorado seu aniversário.
Gilberto gostou de Letícia. Comentou com o filho, que aquela era uma moça para casar.
Letícia riu do comentário.
Mas Gilberto gostou mesmo do jeito de Letícia. Percebeu que a moça, ao contar suas histórias, era uma pessoa determinada e disciplinada. Sentiu segurança com a moça.
Conversando com Letícia, Gilberto descobriu que a moça estava estudando a bastante tempo para concursos públicos, que ela e Flávio se conheceram quando Letícia trabalhou no escritório de advocacia e contabilidade onde ele trabalhava.
Letícia também contou que sua mãe, viúva, sempre batalhou muito para que ela tivesse uma boa educação, que cursasse uma boa faculdade, que aprendesse a lutar para ter um bom futuro.
Comentou que sua mãe era aposentada e realizava trabalho voluntário, cuidando de bebês.
Gilberto gostou da moça.
Flávio cuidou de apresentar a moça para sua mãe, que também ficou encantada com ela.
Com isto, Letícia após ouvir perguntas sobre sua ocupação dos parentes de Flávio, comentou que estava trabalhando em uma repartição pública, com direito ambiental, depois de passar em um concurso público.
Clotilde ficou encantada. Comentou que Letícia devia ser muito inteligente para conseguir ter passado em um concurso público.
Letícia demonstrando modéstia, comentou que era só se dedicar bastante. Respondeu que qualquer um poderia passar num concurso público.
Olívia por sua vez, também percebeu que se tratava de uma relação séria, já que a moça estava sendo apresentada para a família.
Ao saber de Letícia era funcionária pública, Cecília começou a pedir dicas de como se preparar melhor para passar em um concurso público. Comentou que também estava cursando uma faculdade de direito e que pretendia investir na carreira pública.
Gilberto então, censurou a filha.
Percebendo que Cecília estava ávida por informações, comentou que tudo a seu tempo. Isto por que, a moça estava ali para conhecer a família, e não para realizar uma prestação de serviços. Além do mais, não era hora para se falar de trabalho, e tampouco de estudos.
Cecília então comentou que estava feliz por Flávio haver conhecido Letícia. Chegou até a abraçar a moça.
Disse que elas poderiam ser grandes amigas.
Simpática, apresentou seu namorado Alessandro, seus amigos Sandro, Cléber e Júlia. Comentou que ela e Alessandro se conheceram em uma quadra de escola de samba.
Letícia ficou curiosa. Escola de Samba?
Cecília comentou então que adorava carnaval. Que desde criança acompanhava desfiles de escolas de samba sempre dizendo que um dia estaria desfilando na avenida.
Alessandro entrando na conversa, disse que ficou encantado com o rodopiar de Cecília ao segurar o pavilhão da escola. Comentando que era componente da bateria de uma escola de samba, sentiu um facho de luz iluminando a quadra quando a viu sambando.
Júlia ficou impressionada com o comentário.
Cecília comentou que Alessandro estava exagerando.
Alessandro respondeu negativamente. Afirma que aquilo era a expressão da mais absoluta verdade.
Cecília ficou um pouco sem graça.
E este foi o começo de uma grande amizade. Letícia também simpatizou com Cecília.
Durante o churrasco, a moça foi apresentada para amigos e vizinhos da família de Flávio. Alguns parentes do rapaz também estavam presentes. Clotilde, Amélia e Amarildo, cumprimentaram Letícia.
Clotilde chegou a comentar com Flávio que ele tinha uma namorada muito bonita.
Letícia agradeceu o elogio.
Ao fim do evento, Olívia comentou que gostaria de conhecer a mãe de Letícia.
A moça prometeu que assim que pudesse apresentaria sua mãe a eles.
Interessados em conhecer melhor a moça, os da família, perguntaram sobre sua família, sobre seu trabalho.
Quando Amarildo perguntou sobre o pai de Letícia, a moça respondeu polidamente que o mesmo era falecido.
O homem ficou extremamente constrangido. Visivelmente desconfortável, pediu mil desculpas a Letícia.
A moça respondeu que não havia problemas.
Antero, Jairo, Lúcio, Alice e Lara, amigos de Flávio e Cecília, também foram simpáticos com Letícia.
Perguntaram com o que a moça trabalhava.
E novamente a moça falou sobre seu trabalho com direito ambiental.
Em dado momento, alguns mais curiosos, como Alice e Lúcio, chegaram até a perguntar como os dois haviam se conhecido.
Nesta altura, Flávio começou a contar que os dois se conheceram, quando trabalharam juntos em um escritório de contabilidade e advocacia. Letícia era estagiária, e ele já trabalhava a alguns anos no lugar.
Comentou que convivendo com ela, conhecendo-a a melhor, notou que ela além de bonita, era uma pessoa interessada, esforçada e determinada. Reservada porém.
Disse que só descobriu que ela não estava satisfeita com seu trabalho no escritório, ao vê-la debruçada sobre livros de direito ambiental. Isto por que, o escritório não trabalhava com causas nesta área.
Flávio então perguntou:
- Você gosta deste ramo do direito?
Surpreendida com a pergunta, Letícia tentou esconder os livros que trazia consigo. Em vão.
Flávio insistiu. Dizendo que ela não precisava esconder os livros, comentou apenas que ela não deveria se ocupar deles durante o horário de expediente.
Sem graça Letícia pediu desculpas.
Flávio, percebendo um certa tristeza nas palavras da moça, perguntou o que estava acontecendo.
Letícia respondeu que não estava acontecendo nada.
O moço insistiu mais uma vez. Argumentando que ela estava muito nervosa para quem dizia que não estava acontecendo nada, Flávio consegui descobrir que Letícia não estava satisfeita com trabalho.
Aflita pediu para que ele não contar a ninguém do escritório.
Flávio respondeu:
- Assim você me ofende! É claro que eu não vou contar nada para ninguém!
Ao relembrar-se deste acontecimento, comentou que foi aí que se tornaram se amigos.
Daí para começarem a namorar, Flávio comentou que foi um longo percurso.
Curiosas, Clotilde, Amarildo, Jairo e Lúcio, começaram a perguntar por que.
O moço então respondeu que Letícia vinha se escondendo dele.
Afirmação a qual Letícia contestou. Disse que na época estava prestando muitos concursos, e que nos finais de semana, raramente estava em casa.
Flávio percebendo que havia contrariado a moça, respondeu que estava brincando.
Continuando seu relato, comentou que passou semanas tentando contatá-la por telefone. Até que finalmente começaram a namorar...
Flávio comentou que isto se deu após inúmeros encontros e conversas, onde descobriram gostos em comum e muita afinidade.
O moço então disse que não tinha mais nada a dizer.
Muito embora seus parentes e amigos tivessem insistido, Flávio respondeu que não poderia expor a moça, e que seria indelicado de sua parte fazê-lo.
Clotilde percebendo isto, comentou que ele estava certo, e que certo detalhes da história deles, só dizia respeito a eles mesmos.
Antero, Jairo, Lúcio, Alice, Lara, Amélia, Amarildo e Júlia, ficaram desapontados. Queriam saber mais detalhes da história.
Luciana Celestino dos Santos
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