Uma nova manhã surgiu no horizonte. Sinal de mais um longo dia de trabalho.
Cláudia levantou-se de madrugada como de costume.
Arrumou sua cama. Separou seus cosméticos, pegou sua toalha e foi até a o banheiro.
Lá dentro, abriu sua necessaire, e retirou o creme que costumava passar nos cabelos. Lavou o rosto com sabonete neutro na pia.
Tirou sua camisola e entrou no chuveiro.
Debaixo do chuveiro, molhou os cabelos. Ensaboou o corpo. Pegou o creme e esfregou os cabelos. Em seguida, os desembaraçou.
Por fim, desligou o chuveiro e saiu.
Enrolou-se na toalha.
Voltou ao quarto.
Deixou a necessaire na gaveta de sua penteadeira.
Do guarda-roupa, Cláudia retirou a roupa que havia separado no dia anterior. Calça jeans, blusa branca de alça e blazer curto azul marinho.
Colocou um colar com pedrinhas esverdeadas. Anel prateado e brincos.
Nos pés, um mocassim.
Os cabelos longos e soltos.
Nunca foram lisos como os de sua mãe.
Durante muito tempo Cláudia sofreu para domá-los. Até que conseguiu deixá-los com uma aparência bonita e hidratados.
Agora muita gente elogiava sua aparência.
Dizia que seus cabelos eram muito bonitos.
Cláudia lembrou-se de um dia quando Lucindo elogiou-os.
Agora mal se falavam.
Quando se encontravam, o moço parecia constrangido.
Lucindo deixou as visitas a família.
Lúcio foi o primeiro a perceber que o rapaz não visitava mais a família.
Chegou a comentar com Cláudia que fazia tempo que Lucindo não os visitava.
A mulher perguntou-lhe se estava sentindo falta do moço, ou dos presentes que ele lhe trazia.
Lúcio respondeu que Lucindo era legal, mas que também gostava de ganhar presentes.
Cláudia percebeu que Lucindo estava arredio.
Com o tempo, descobriu que o rapaz estava namorando.
Preparando-se para trabalhar, Cláudia, ao terminar de se arrumar, saiu do quarto.
Dirigiu-se a cozinha, onde tomou um chá, comeu mamão e uma maçã.
Depois, escovou os dentes, passou um batom.
Em seu quarto, pegou sua bolsa, seu material de trabalho, livros e caderno.
Despediu-se dos pais, e foi até a garagem, onde abriu a porta do carro acionando um botão. Entrou no veículo, sentou-se no banco. Colocou o cinto, ajeitou os espelhos e o retrovisor. Ligou o carro. Acionou o botão para fechar o portão.
Nisto, saiu da garagem, e dirigiu até a faculdade.
Estacionou o carro em uma das vagas dos professores.
Lá, encontrou Lucindo, que acenou para ela.
Cláudia retribuiu.
Nisto, caminhou em direção ao prédio, onde iria ministrar suas aulas.
E assim, seguiu mais um longo dia de trabalho.
Cláudia falou sobre literatura brasileira, Gonçalves Dias, e seu IJuca Pirama.
Lucindo ao passar pelo corredor, observou a mulher ministrando sua aula, e declamando seus poemas em voz alta.
Não conseguia deixar de ter admiração por ela.
Letícia a esta altura, também havia passado em um concurso.
Era funcionária pública em uma faculdade estadual.
Quando Cláudia soube da novidade, fez questão de comemorar.
Convidou a amiga para ir com ela em um barzinho.
Letícia concordou.
Cláudia colocou um vestido vermelho. Brincos em formato de pérola. Sapatos de salto vermelho.
Lúcio ao ver a irmã terminando de se arrumar, comentou que ela estava muito bonita.
Cláudia agradeceu.
Disse a Lúcio que ele estava muito gentil.
Ana e Jacinto ao verem a filha tão bem vestida, comentaram que ela estava muito linda.
Cláudia, deu uma voltinha com o vestido.
Pegou o carro e saiu.
Buscou a amiga em casa.
Ao chegarem no barzinho, um funcionário as recebeu na entrada e indicou-lhes uma mesa para sentarem-se.
Não demorou meia-hora, para que passassem a receber bilhetinhos e ofertas de bebidas.
Letícia achava graça.
Cláudia recusou todas as ofertas. Agradecia ao garçom, mas pedia para devolver as bebidas.
As amigas conversaram sobre trabalho.
Letícia comentou que tinha um paquera na faculdade.
Dizia que tudo estava no começo, e que não sabia no que iria dar, mas não estava preocupada com isto. Estava apenas curtindo. Comentou que demorou muito tempo para se libertar do trauma de sua relação com Sandro. Disse que agora não estava mais interessada em compromissos sérios e decepções.
Cláudia disse-lhe que merecia ser muito feliz. Argumentou que a amiga era muito batalhadora, e que iria superar mais esta fase, com muitas realizações e felicidades.
Letícia agradeceu os elogios. Ficou emocionada.
Em retribuição, comentou que Cláudia também precisava arrumar alguém. Relatou que nunca viu a amiga em um relacionamento sério.
Quando Cláudia começou a falar que estava focada em sua carreira, Letícia respondeu que isto não era desculpa. Argumentou que nunca era tarde para arrumar alguém.
Cláudia, tentando desconversar, comentou que não estava investindo nisto, e que também não havia aparecido ninguém especial.
Letícia perguntou de Lucindo.
Cláudia incomodada, comentou que ele era uma cara legal, mas que ela nunca foi apaixonada por ele. Disse que gostava do rapaz como amigo.
Nisto, a moça disse que Cláudia iria encontrar alguém.
A mulher sorriu.
Letícia começou então, a observar o ambiente e comentou que havia alguns homens em outra mesa, olhando para a amiga.
Cláudia retrucou dizendo que poderiam estar olhando para uma certa moça loira, e não para ela.
Letícia riu. Respondeu que não precisavam brigar.
Cláudia retrucou irônica, que não estava brigando.
As moças conversaram animadas, contaram piadas.
Letícia comentou sobre as provas que corrigia e as pérolas que de vez em quando saíam.
Cláudia disse que muitas vezes para tentarem disfarçar que não sabiam um assunto, inventavam mil teorias para colocarem nas respostas. Argumentou que os alunos são muito criativos.
Letícia se dizia ansiosa para começar seu novo trabalho.
Cláudia desejou sucesso em sua nova empreitada.
A moça olhou-a com um sorriso nos lábios.
As duas mulheres riram. Beberam.
Cláudia tomou o cuidado de só tomar suco e refrigerante, pois teria que dirigir.
Letícia comentou rindo, que teria que beber pelas duas.
Em dado momento, dois homens se aproximaram. Perguntaram se podiam se sentar.
Cláudia ia dizer que não, mas Letícia disse que podiam.
A moça não gostou do gesto da amiga, mas Letícia falou baixinho que não tinha problema.
Agradeceram e sentaram-se ao lado das moças.
Apresentaram-se. Leandro e Fabrício.
Letícia disse seu nome e comentou que o nome da amiga era Cláudia.
Os moços comentaram que os nomes combinavam com elas.
Letícia agradeceu e Cláudia fez um aceno com a cabeça, como que agradecendo o elogio.
Os homens então, perguntaram se elas estavam gostando do lugar.
Letícia respondeu que sim.
Um dos homens disse que gostava muito quando tinha som ao vivo.
Fabrício, que não tirava os olhos de Cláudia, resolveu perguntar de que tipo de música ela gostava.
Surpresa com a pergunta, balbuciou:
- Mú-si-ca?
- É, que tipo de música você prefere? – insistiu.
Cláudia pensou um pouco e respondeu:
- MPB, Bossa Nova, um pouco de samba, mas samba mesmo, ressaltou, não pagode...
Fabrício riu.
Letícia completou dizendo que ela era bem enfática em suas convicções e em seus gostos.
Fabrício insistiu no assunto:
- E do que mais você gosta? Música sertaneja por exemplo?
- De alguns cantores. Principalmente os mais antigos. Milionário e José Rico, Tonico e Tinoco.
- Que interessante! Eu gosto muito de alguns cantores como Paula Fernandes e a dupla Victor e Leo.
Letícia comentou que Cláudia também gostava desses cantores, e também de música em espanhol, italiano, francês e até em inglês.
Fabrício perguntou a moça, de quais cantores estrangeiros gostava.
E Cláudia comentou que gostava de Beatles, Elvis Presley, Frank Sinatra, algumas músicas pop, de alguns cantores espanhóis e italianos...
Curioso o homem perguntou-lhe se entendia as letras das músicas.
Cláudia respondeu que um pouco.
No que Letícia emendou:
- Mentira dela. Ela é fluente em todos estes idiomas e entende bem as letras.
Leandro, comentou que com a internet, agora tudo ficava mais fácil, pois era só saber o nome da música que se conseguia obter a letra e a tradução.
Nisto, perguntou dos gostos da moça.
Letícia disse que também sabia falar alguns idiomas, não tão bem quanto a amiga, mas que se virava bem no italiano, no francês, no inglês e principalmente no espanhol.
Leandro comentou simpático:
- Então estamos ao lado de duas poliglotas?
Letícia riu dizendo que sim.
Os homens brincando, disseram que não podiam ficar atrás, e pediram para que as moças lhes ensinassem alguma coisa.
Brincando, Letícia disse:
- Why not?
Os rapazes repetiram.
Paroles; Je suis trè content; Enchanted de votre conaissence, entre outras expressões permearam a conversa.
Cláudia, que estava retraída no começo, entrou na brincadeira.
Juntos brindaram.
A toast for the beautifull night.
Fabrício e Leandro gostaram muito da companhia das moças.
Comentaram que elas eram bastante simpáticas e que gostariam de se encontrar mais vezes. Perguntaram como poderiam fazer para marcar um novo encontro.
Letícia comentou que ela e a amiga não tinham celular, mas que eles poderiam deixar seus telefones se quisessem.
Fabrício e Leandro anotaram seus nomes e telefones em pedaços de guardanapo, e entregaram para suas respectivas pretendentes.
Mais tarde, as moças disseram que estava tarde e precisavam voltar para casa.
Nisto, os moços prestativos, chegaram a oferecer uma carona, já que estava tarde.
Letícia agradeceu, mas comentou que estava acompanhada pela amiga.
Leandro achou uma pena, mas emendou que não faltariam oportunidades para ficarem juntos.
Letícia respondeu com um quem sabe.
Leandro afirmou ter certeza de que voltariam a se encontrar.
Beijou a moça no rosto.
Fabrício, comentou que esperaria uma ligação de Cláudia.
Aproveitou para abraçar a mulher ao se despedir.
Cláudia ficou um pouco surpresa com o gesto, mas não repeliu o moço.
Assim, despedidas feitas, as moças acenaram para os rapazes, e dirigiram-se ao estacionamento.
As mulheres riam.
Nisto, Cláudia abriu a porta do carro. Entraram, colocaram o cinto de segurança.
Cláudia ligou o carro e partiram.
A moça deixou a amiga em casa.
Letícia ao sair do carro, agradeceu o convite.
Disse que precisavam sair juntas mais vezes. Comentou que estava sentindo saudade desta velha amizade.
Cláudia disse que fariam uma nova noitada assim que pudesse.
Agradeceu a companhia, e foi para sua casa.
Em frente a residência, observou para verificar se não havia nenhum estranho por perto. Acionou o portão, e rapidamente entrou. Fechou o portão eletrônico. Desligou o carro. Retirou o cinto. Saiu e trancou as portas.
Entrou em casa, procurando não fazer barulho, já que todos dormiam.
Verificou se Lúcio dormia. Ajeitou suas cobertas.
Lembrou-se de todas as vezes em que realizou o mesmo gesto maquinal.
Certa vez, o menino acordou e lá estava ela, velando seu sono.
Curioso Lúcio comentou que ela parecia sua mãe. Disse que nunca tinha visto uma irmã cuidar tanto assim de um irmão.
Cláudia ficou um pouco apreensiva com o comentário.
Nisto o garoto se levantou e foi se arrumar.
Pensando nisto, a mulher, ficou algum tempo observando o filho e depois saiu do quarto do garoto.
Entrou em seu quarto. Fechou a porta.
Deixou sua bolsa em cima da penteadeira.
Sentou-se a cama, retirou os sapatos, levantou-se e tirou o vestido. Olhou-se no espelho.
Parecia um pouco mais feliz.
Retirou a maquiagem com um algodão.
Colocou uma camisola, puxou o lençol. Deitou-se em sua cama e dormiu.
Luciana Celestino dos Santos
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Poesias
quarta-feira, 21 de julho de 2021
DELICADO - CAPÍTULO 10
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