Diante disso, Lizandra teve que se conformar. Sem autorização do marido, não podia trabalhar fora. Além do mais, depois de alguns meses de casada, Lizandra, engravidou.
E, ao chegar aos ouvidos do marido a referida novidade, Lindolfo ficou extremamente feliz com a notícia. Radiante com a novidade, passou a fazer mil planos. De tão animado, começou a preparar o quarto do bebê. Junto com a esposa, escolheu móveis, brinquedos, roupas, e demais objetos necessários para decorar o quarto da criança.
Eufórico, durante os meses de gestação, ao contrário de outros pais da época, omissos, acompanhou tudo. Ansioso, sempre que chegava do trabalho, perguntava a esposa, as novidades do dia.
Por isso, durante todo esse período, foi um pai presente.
Ao nascer Lorena, a primeira filha do casal, Lindolfo ficou encantando.
Lorena, era um lindo bebê.
De tão feliz, Lindolfo não se cansava de dizer que esta era sua bonequinha.
Adorava carregá-la no colo. De vez em quando chegava até, a cuidar da menina.
Foi exatamente nessa época, que depois de quase um ano e meio de noivado, Maurício e Adriane, finalmente, resolveram se casar.
Para tanto, convidaram para serem padrinhos, Lizandra e Lindolfo, que aceitaram prontamente o convite.
Apesar de não estarem mais tão próximos, como nos primeiros tempos, Maurício, em consideração a recente amizade de Lizandra e Adriane, resolveu, convidar os dois para padrinhos.
E assim, depois de dois meses, quando da realização do convite, os dois se casaram.
Assim, como nos casamentos anteriores, foi uma linda cerimônia, com direito a uma deslumbrante festa após.
E o casal, Lizandra e Lindolfo pareciam extremamente felizes, também em sua união.
Contudo, o que parecia uma feliz união, aos poucos foi se dissolvendo.
Lindolfo foi perdendo o interesse pela casa. Dia- após-dia, passou gradativamente, a diminuir a freqüência em que permanecia em seu lar. Constantemente, passava noites inteiras fora.
Tal fato, entristeceu Lizandra. Acostumada a ser paparicada pelo marido, não conseguia entender por que este estava tão ausente.
Grávida novamente, Lindolfo não dedicou a este filho, os mesmos cuidados que dispensara a Lorena. Assim, durante praticamente todo o período em que esteve grávida, Lizandra esteve praticamente só. Para piorar a situação, passou a ter que cuidar sozinha da filha. Nessa época, Lorena, por ser ainda muita pequena, precisa de atenção integral.
Quando a menina completou um ano de vida, apesar da insistência do marido em organizar uma festa para a criança, Lizandra não se sentia animada para fazê-lo.
Contudo, como Lindolfo fazia questão de comemorar o nascimento de sua primogênita, não poupou gastos. E, com o auxílio de Adriane e Celeste, esposas de seus amigos Maurício e Rodrigo, respectivamente, tratou de organizar uma bonita festa para a filha. Animado com a data, não queria que esta, passasse em branco.
Além do mais, isso ajudaria a animar um pouco Lizandra, que durante boa parte de sua segunda gravidez, caiu em uma profunda tristeza. Porém, contagiada com a animação das amigas, que insistiam para que ela participasse dos preparativos da festa, Lizandra acabou por se animar um pouco.
Sempre adorou festas, por isso, não podia deixar de participar da organização da festa. E assim o fez.
Ajudou na decoração, auxiliou na preparação dos quitutes, escolheu as bebidas, etc. Muito embora soubesse que, uma festa, para uma criança tão pequena, era mais para seus pais, do que para a própria criança. Isso por que, esta ainda era muito pequena para aproveitar, ou mesmo entender, o acontecia ao seu redor.
Mas, enfim, era o desejo de seu marido. E diante, disso, resolveu atender.
Assim, após algum tempo de preparação, finalmente aconteceu a festa.
Como era de se esperar, a festa aconteceu durante o final de semana, para que assim, todos os amigos do casal pudessem participar.
Animada, Lizandra, se encarregou de cuidar da festa. Fazendo as honras da casa, recebia os convidados e os convidava a se sentarem nas mesinhas dispostas no quintal da casa.
Auxiliada pelas amigas, organizou em uma ampla mesa, a disposição dos quitutes da festa. Doces e iguarias de encher os olhos, não só das crianças, como dos adultos também.
Na festa estavam, além de colegas de trabalho do marido, amigos e amigas de Lizandra, bem como Seu César e Dona Odete, além dos pais de Adriane e Celeste.
Nessa época, os pais de Lizandra não sabiam que o casamento da jovem, já ameaçava ruir. Crentes de que tudo transcorria às mil maravilhas, não se preocupavam mais com o enlace da filha. Depois de tanto tempo, acreditando que o casal estava bem, resolveram deixar de lado, as prevenções que tinham contra Lindolfo.
Afinal o rapaz parecia ser um bom marido para Lizandra. Além do mais, desde que a moça deixara a casa paterna, puderam observar que a filha esteve sempre muito bem instalada. Bem cuidada, estava até mais elegante do que costumava ser.
Enfim, aparentemente, não tinham do que reclamar.
Mas, enfim, voltemos a festa. Como já era de se imaginar, Lorena, depois de duas horas do início da festa, finalmente dava sinais de que estava cansada. Assim, Lizandra resolveu colocá-la em seu berço.
No entanto, a despeito da ausência da aniversariante, os adultos aproveitaram a festa para se esbaldarem. Além disso, as crianças maiores, aproveitaram muito bem, a festa. Comeram muitos doces e brincaram no quintal da casa.
E, apesar de algumas rusgas e alguns choros durante a festa, tudo transcorreu as mil maravilhas.
Na hora de cortar o bolo, Lorena, finalmente resolveu acordar. Delicadamente vestida com um belo vestido de lacinhos, com seus lindos cabelos escuros, estava um encanto!
Entretanto, na hora da música de parabéns, a criança começou a chorar.
Lindolfo ao ver a cena, segurou Lorena no colo.
Assim, bastaram apenas alguns minutos para fazer a menina se acalmar. Com isso, todos puderam retomar os parabéns e comer o bolo.
Realmente a festa foi uma maravilha.
Contudo sobrou a sujeira e muitas coisas para serem organizadas. Mas isso poderia ser feito no dia seguinte.
E assim, no dia seguinte, a empregada da casa teve muito o que limpar. Horrorizada com o tamanho da bagunça, chegou a reclamar com a patroa. Sugeriu a mesma, que quando resolvesse novamente fazer uma festa, uma boa idéia era alugar o salão de festas da cidade.
Ao ouvir isso, Lizandra comentou que bem que tentaram alugá-lo, mas o mesmo já tinha reservas para o mês inteiro. Além do mais, iria demorar ainda muito tempo, para que outra festa como aquela acontecesse.
Com isso embora estivesse feliz em perceber diariamente o crescimento da filha, Lizandra, após a festa, retornou ao seu estado de extrema tristeza.
Ao dar-se conta de que passara boa parte de sua segunda gravidez sozinha, a mulher novamente mergulhou em uma profunda melancolia. Sem o apoio do marido, sentiu-se muito infeliz. Não estava acostumada a estar só. Por isso, todo esse período foi extremamente doloroso para ela.
Mas, apesar da tristeza que sentiu, conseguiu levar a gravidez até o fim.
Contudo, por ter sido acometida de uma grande melancolia, ao dar a luz a Lara, teve que ser assistida por uma enfermeira.
Como Lindolfo estava preocupado com o estado da mulher, decidiu então, que esta não deveria ficar sozinha. Temia pelo pior. Por isso o cuidado.
Ademais, sentindo-se culpado, passou a ficar mais tempo em casa. Com isso, durante alguns meses, evitou as farras noturnas. Dedicado, chegou a ajudar a esposa a cuidar das filhas. Isso por que, Lizandra estava se recuperando da depressão que teve.
Foi nessa época que Lindolfo percebeu que Lorena já estava andando bem sozinha. Independente, se a deixasse, andaria por toda a casa derrubando coisas. Ao perceber isso, resolveu que a mesma deveria ter uma babá, e assim resolvido, depois que a enfermeira fosse dispensada, contrataria uma pessoa para ajudar Lizandra a cuidar da menina.
Curioso, ao perceber que a filha crescera, perguntou a esposa qual tinha sido sua primeira palavra.
Lizandra respondeu que não se lembrava. Nessa época, estava grávida de sua segunda filha e extremamente deprimida. Por isso não guardou lembranças de muitas coisas que aconteceram na época.
Tal fato deixou Lindolfo, muito preocupado. Realmente, foi muito grave o que acometeu Lizandra. Por esta razão, movido por um sentimento de piedade, aconselhou a esposa a procurar um médico e se submeter a um tratamento. Afinal, havia o perigo de em uma nova gravidez, sua esposa novamente passar por isso.
Com isso, depois de alguns meses, Lindolfo retornou a sua vida notívaga.
Mulherengo, Lindolfo arrumara, durante o tempo em que freqüentou os bares e festas da cidade, uma amante-fixa.
Enquanto esteve casado com Lizandra, Lindolfo se envolveu com Thereza.
Assim, durante suas escapadas noturnas, passou a visitar a amante. Para tanto, montou para ela, uma casa, na periferia da cidade, para que pudesse se encontrar com ela, longe de olhares curiosos. E assim, durante alguns anos, manteve um relacionamento extraconjugal com Thereza.
Dessarte, a despeito da situação de saúde de sua esposa, Lindolfo manteve sua vida dupla. E, apesar da nova gravidez de Lizandra, não se incomodou nem um pouco em deixá-la novamente sozinha.
Porém, para evitar problemas futuros, Lindolfo contratou uma enfermeira para cuidar da esposa, durante toda a gravidez. Afinal, não queria correr o risco de que esta desenvolvesse novamente o quadro de depressão.
E assim, acompanhada de uma enfermeira, Lizandra não teve grandes problemas durante toda a gestação. Apesar da tristeza, não chegou a desenvolver um quadro de depressão. Ademais, durante todo o período gestacional, foi acompanhada por um psicólogo a pedido do marido.
Assim, ao dar a luz a um menino, ao qual deu o nome de Luís, não teve grandes problemas.
Ademais, acostumada a cuidar de bebês, não teve dificuldades em cuidar do menino. Como estava muito feliz por finalmente ter tido um menino, esmerou-se em seus cuidados.
Lindolfo, nas poucas vezes em que parava em casa, ao ver Lizandra, cuidando tão bem do menino, chegou a comentar:
-- Nossa! Eu nunca te vi cuidar tão bem assim de nossas filhas. Nem parece que é mãe de três crianças pequenas.
Ao ouvir isso, Lizandra, simplesmente sorria. Apesar de tudo, estava feliz.
Gostava de ser mãe. Contudo, por ser agora, três crianças pequenas, Lizandra passou a contar com a ajuda de uma babá, já que não tinha como dar conta dos três.
Além disso, ela e Lindolfo passaram a morar em uma casa maior, já que a casa anterior, ficara pequena para a família. Assim, passaram a morar em um dos casarões da cidade. Afinal, Lindolfo, acreditava que ele e sua esposa poderiam vir a ter outros filhos. Daí, espaço nunca seria demais.
Ademais, mais ou menos, na mesma época em que nasceu Luís, Thereza, – a amante de Lindolfo – grávida, deu luz a três meninas. Letícia, Lílian e Léa, trigêmeas idênticas, nasceram cerca de três meses após Luís.
Dado o fato de ser mãe solteira, um escândalo na época, Thereza teve que suportar o descaso dos médicos durante a realização do parto. Por conta de sua vergonhosa situação, teve que se submeter a duras provações, tanto na sala de parto quanto depois.
Sem anestesia, deu a luz as três meninas. E sem o apoio de ninguém, cuidou das meninas.
Lindolfo – o pai das crianças –, só auxiliava financeiramente.
Quanto ao lado afetivo e emocional, o rapaz, sempre fora negligente, não só com as filhas ilegítimas, mas também com os filhos naturais.
Exceto quando Lorena nasceu, nunca fora um pai presente.
Aliás, durante o seu envolvimento com a mãe das garotas, Lindolfo só esteve realmente próximo quando eram apenas um casal. Logo que Thereza lhe revelou a gravidez, Lindolfo ficou extremamente desapontado com a notícia. Porém, tentando cumprir com seu papel, não a abandonou durante esse período.
Ao longo de sua gravidez, auxiliou-a financeiramente. Mas, nunca mais fora com ela, o homem apaixonado de antes.
Luciana Celestino dos Santos
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