Poesias

quinta-feira, 22 de julho de 2021

DELICADO - CAPÍTULO 20

Ana, Jacinto e Lúcio almoçaram.
Depois o garoto foi para seu quarto jogar.
Ana e Jacinto, pensando sobre a chegada da filha, constataram que provavelmente foi Roberto quem apareceu, e deixou Cláudia naquele estado.
Jacinto comentou que o sumiço da filha, tarde da noite dias atrás, provavelmente fora obra do homem.
Ana respondeu que também desconfiava disto. Contudo, questionava o fato da filha ficar a esconder o que estava se passando. Afinal de contas, não eram uma família? Não deviam resolver juntos os problemas?
Jacinto concordou.
Relatou que quando Cláudia saísse do quarto, Ana deveria preparar algo para ela comer. Depois teriam uma conversa séria.

Mais tarde, depois de jogar bola com os amigos na quadra, Lúcio ao passar por Ana e Jacinto, perguntou da mãe.
Ana respondeu que ela ainda não havia saído do quarto.
Lúcio ao ouvir isto, disse que iria conversar com a mãe.
Ana tentou proibi-lo, mas o garoto a ignorou.
Lúcio foi até a porta do quarto de Cláudia e bateu.
Chamou a mãe, e disse que precisava conversar.
Cláudia, que estava dormindo, acordou com o clamor do filho.
Ao ouvir o filho chamando-a, não pode se recusar a atendê-lo. Levantou-se e procurando se recompor, abriu a porta.
Lúcio então, ao vê-la ao lado da porta, abraçou-a.
Cláudia tentou se conter.
O garoto então a soltou.
Disse-lhe que estava preocupado. Comentou que ela saiu cedo e voltou muito tarde. Relatou que ficou preocupado.
Cláudia tentou disfarçar e relatou que acabou perdendo a hora.
Ao ouvir isto, Lúcio se enervou.
Disse que sabia que ela havia encontrado Roberto.
A mulher não teve outra alternativa, a não ser reconhecer que o homem a estava perseguindo.
Lúcio ao ouvir isto, disse-lhe que ela devia mentir, dizer que concordava com tudo.
Cláudia argumentou que não conseguia fingir. Mencionou que iria até a polícia fazer uma ocorrência. Pediu ao filho para que não se preocupasse.
Nisto, o filho acompanhou a mãe até a sala.
Ana e Jacinto ao vê-la, sugeriram que tomasse um banho e trocasse de roupa.
Cláudia concordou.
Tomou um banho, trocou de roupa.
Almoçou, e mais tarde, conversou com os pais.
Revelou que Roberto a estava perseguindo, e que iria a polícia relatar o que estava acontecendo.
No dia seguinte, Lucindo visitou-a.
Cláudia comentou que iria a polícia registrar um boletim de ocorrência.
Lucindo se ofereceu para ajudá-la.
A mulher agradeceu, mas disse que seus pais a acompanhariam.
O homem comentou que precisando, poderia procurá-lo a qualquer hora do dia.
Cláudia olhando-o com ternura, agradeceu-o.
Mais tarde Cláudia foi à delegacia e registrou uma ocorrência.

Dias mais tarde, Lúcio finalmente entregou a carta, que queimava em suas mãos para sua amada Patrícia.
Esgueirando-se, colocou carta entre os pertences da moça.
A esta altura, alguns alunos desconfiavam que ele era o admirador secreto.
Mas Lúcio desconversava dizendo que não sabia do que estavam falando.
Patrícia, ao perceber que havia um novo bilhete entre seus pertences, tratou de escondê-lo.
Ao chegar em casa, leu a correspondência.
A jovem ficou surpresa.
Afinal de contas, o admirador estava propondo que se vestisse de vermelho e que ao final, lhe entregaria uma flor da mesma cor para ela.
Patrícia chegou a achar graça.
Ficou a pensar no assunto.
Faria o que o admirador pediu?

Lúcio ficava ansioso, mas passavam os dias, e nada de Patrícia se vestir de vermelho.
Já estava começando a desanimar.
Todos os dias voltava aborrecido para casa. Trazia uma flor dentro de sua mochila.
A pobrezinha voltava murcha, murcha.
Lúcio jogava a flor no lixo.
Passava pelos avós, triste, aborrecido, de cabeça baixa.
Jogava sua mochila em um canto do quarto, e ficava se perguntando se ela não havia gostado do que havia escrito. Pensou na possibilidade de mudar alguma coisa.

Ana e Jacinto se entreolhavam preocupados.
Quando Cláudia soube disto, até tentou conversar com Lúcio, que desconversou.
Percebendo o motivo da tristeza, chegou a dizer para ter paciência e saber esperar que as coisas com o tempo iriam se encaminhar.
Lúcio concordou, sem muita convicção.

Por fim, a certa altura, finalmente eis que surge Patrícia usando uma echarpe vermelha.
O garoto ficou feliz ao ver a peça vermelha.
Cuidadoso, esperou seus colegas voltarem para casa.
Ficou no colégio aguardando a saída da moça.
Por fim, ao ver que ela estava sozinha, entregou-lhe uma flor vermelha. Flor de hibisco.
Entregou-lhe e afastou-se.
Timidamente passou a caminhar.
Patrícia ficou admirada ao vê-lo.
Ao receber a flor e vê-lo se afastando, perguntou-lhe:
- Por que a flor?
Lúcio se voltou para ela.
Disse-lhe que era o admirador.
Rindo ela lhe disse que ele não era mais secreto.
Lúcio riu junto e concordou.
Apresentou-se. Disse se chamar Lúcio.
Patrícia também se apresentou.
Lúcio nervoso, perguntou-lhe se ela havia simpatizado com ele.
A moça riu da pergunta.
Lúcio ficou sem graça.
Patrícia percebendo isto, perguntou o que de fato ele gostaria de saber.
O rapaz disse que estava gostando dela. Seu rosto queimava como fogo. Por fim, perguntou-lhe se ela também gostava dele.
Patrícia meio sem graça, comentou que não o conhecia.
Lúcio disse-lhe que agora estavam se conhecendo.
A moça ficou olhando-o.
O rapaz então, perguntou-lhe se não gostaria de tomar um sorvete, comer um lanche.
Patrícia respondeu-lhe que estava indo para casa almoçar.
Lúcio ficou desapontado.
A moça então, respondeu-lhe que poderiam combinar alguma coisa outro dia.
O garoto entendeu o recado.
E assim, combinaram que no sábado iriam lanchar juntos.

No dia combinado, Lúcio disse aos avós que não almoçaria em casa.
O garoto vestiu uma camisa polo nova, perfumou-se, penteou os cabelos com gel.
Quando surgiu na sala, sua mãe comentou que ele estava muito bem arrumado.
Ana disse que ele estava lindo.
Jacinto brincou:
- Onde vamos passear com tanta elegância?
Meio sem jeito, o garoto respondeu que iria sair com os amigos.
Cláudia pareceu desconfiar.
Tanto que chegou a perguntar:
- São os seus amigos, ou uma certa amiga?
Lúcio riu sem graça. Disse que mais tarde contaria.
E assim, saiu de casa.
Foi ao encontro da moça.
Patrícia usava um lindo vestido vermelho.
Lúcio ao vê-la, emudeceu.
A garota então, perguntou-lhe se estava tudo bem.
Lúcio então respondeu que sim. Disse que iriam a lanchonete.
Passeando por uma praça, o garoto observou uma árvore repleta de hibiscos, colheu uma flor e entregou a moça.
Patrícia agradeceu.
Outra flor vermelha.
Lúcio parecia emocionado.
Contudo procurava disfarçar o que estava sentindo.
Patrícia era só sorrisos.
Conversaram.
Lúcio disse-lhe que estava muito bonita com aquele vestido. Nisto, tentando emendar, comentou que ela estava sempre muito linda.
Patrícia sorria.
Lúcio perguntou-lhe então, se estava com fome, se queria comer alguma coisa.
Patrícia respondeu-lhe que gostaria de tomar um sorvete.
O moço perguntou-lhe o sabor.
A moça disse que gostaria de um sorvete sabor pistache.
O garçom respondeu-lhe que o sabor havia acabado.
Patrícia perguntou se tinham sorvete de chocolate branco.
Outra negativa.
A moça riu.
Lúcio começou a ficar sem graça.
Patrícia então, perguntou-lhe se possuíam o sabor abacaxi.
O garçom rindo, disse que este sabor eles ainda tinham.
Lúcio respondeu que gostaria de um sorvete do mesmo sabor e dois copos de água, por enquanto.
O garçom anotou os pedidos e se afastou.
Nervoso Lúcio pediu-lhe desculpas. Disse que não sabia que o estabelecimento era tão fraco.
Patrícia sorrindo, disse que não havia problemas, pois havia se divertido com o jeito do garçom.
Nisto, a moça perguntou-lhe de onde vinha inspiração para escrever coisas tão bonitas.
Lúcio ao ouvir isto, ficou feliz. Perguntou-lhe se havia gostado das cartinhas.
Patrícia respondeu que adorava poesia, e que gostaria de saber escrever coisas tão belas.
Sorrindo, Lúcio disse-lhe que poderia ajudá-la.
A garota agradeceu, disse que ele era muito gentil, mas acrescentou que não era suficiente vontade, mas também talento.
Lúcio respondeu que um pouco de inspiração ajudava bastante.
Patrícia ficou um pouco sem jeito.
Nisto chegaram os sorvetes e a água.
A moça agradeceu.
Tomaram o sorvete.
Lúcio não tirava os olhos dela.
Patrícia de vez em quando olhava para ele.
Beberam a água.
Lúcio perguntou-lhe então, se gostaria de comer mais alguma coisa.
A moça respondeu que por enquanto não.
Nisto, perguntou-lhe se não gostaria de ser escritor, ou poeta.
Lúcio rindo, disse que não chegava a tanto.
Agradeceu a moça por achar bonito o que havia escrito.
Segurou sua mão e a beijou.
Patrícia se encantou com o gesto.
Lúcio então, procurando assunto sobre o que falar, perguntou-lhe se gostava da escola, o que pensava em fazer quando se formasse, etc.
Patrícia respondeu-lhe gostava do colégio, de seus amigos, das aulas. Comentou que gostaria de cursar letras.
Lúcio comentou que Cláudia era formada em letras.
Patrícia respondeu que já havia ouvido falar nela. Perguntou-lhe se era sua irmã.
Constrangido, o moço respondeu-lhe que sim.
Patrícia, percebendo o nervosismo do moço, perguntou-lhe se estava tudo bem.
Lúcio respondeu-lhe que sim. Comentou que estava passando por alguns problemas, mas que estava se encaminhando para uma solução.
Patrícia, ao ouvir estas palavras, disse:
- Certamente estes problemas irão se resolver. Não sei do que se trata, mas tudo o que está te preocupando, irá se resolver.
Lúcio sorriu, e agradeceu pelas palavras.
Mais tarde pediram um lanche.
Lúcio contou sobre as coisas que aprontava no colégio, como pular o muro para correr atrás de uma bola. Das vezes que ficava com os amigos jogando bola. Confessou que já a vinha observando há algum tempo. Disse que a achava muito linda, mas não sabia o que lhe dizer. Por isto, tivera a ideia de escrever alguma coisa.
Patrícia perguntou-lhe como fazia para deixar as cartinhas entre seus pertences sem que ninguém percebesse.
Lúcio sorrindo, dizia que era uma técnica secreta e que não podia sair por aí, contando para todo mundo.
Patrícia rindo, comentou que ele era impossível.
Nisto, o moço perguntou-lhe se poderia interpretar o fato de estar usando o vestido, como um sinal de que aceitava ficar com ele. Tentando ser mais claro, perguntou-lhe se ela gostaria de ser sua namorada.
Patrícia ficou um pouco sem graça.
Lúcio ficou aguardando uma resposta.
A moça, um tanto envergonhada, disse que sim.
O garoto, ao ouvir a palavra sim, mal podia acreditar.
Abraçou a moça.
Patrícia estranhou o gesto.
Lúcio então, tocou seu rosto, olhou em seus olhos verdes.
A jovem tentou desviar o olhar, mas ele segurou novamente seu rosto.
Nisto aproximou seus lábios dos lábios da moça e a beijou timidamente.
Patrícia ficou a olhá-lo.
Lúcio então, resolveu deixar de rodeios e lhe beijou novamente.
Beijou-a e depois voltou para seu lugar.
Patrícia o olhava com carinho.
Lúcio por sua vez, estava um pouco encabulado. Tentando encontrar as palavras, procurava alguma coisa para dizer, mas a verdade era que não sabia o que fazer. Estava confuso e feliz.
Nisto a moça disse que estava ficando tarde, e que precisava voltar para casa.
Lúcio argumentou que ainda era cedo, que poderia fazer um passeio pela cidade. Comentou que poderiam ir para um parque, ou para qualquer lugar onde quisesse ir. Segurando sua mão, disse que tinham muito o que conversar.
Patrícia riu.
Lúcio insistiu.
A moça, concordando, resolveu acompanhá-lo no passeio.
Lúcio ao ver a moça abrindo a carteira para pagar a conta, comentou que ele havia convidado, e que cabia a ele pagar a conta.
Patrícia então, perguntou-lhe se ele tinha certeza de que queria pagar tudo sozinho.
O rapaz ficou surpreso.
- Sim! – disse.
Patrícia então, guardou sua carteira.
O garoto então, pagou a conta.
Saíram da lanchonete.
Caminharam um pouco até encontrarem um ponto de táxi.
Lúcio então, abriu a porta para ela.
Entraram no carro.
Lúcio disse que queria ir até o Parque do Ibirapuera.
Ao lá chegarem, o moço pagou a corrida.
Quando Patrícia fez menção de abrir a porta do veículo, Lúcio pediu para que esperasse.
Saiu do carro, e abriu a porta para a moça, que agradeceu e desceu do carro.
O motorista do táxi, ao ver a cena, achou uma graça.
Gentil, disse que se divertissem. Orientou a Lúcio informando onde ficavam os táxis na região. O garoto agradeceu.
Nisto, o garoto indicou a moça a entrada do parque.
- Vamos? – perguntou.
- Vamos. – respondeu a moça.
Adentraram o parque.
Lá dentro, caminharam.
A certa altura, ao encontrar um banco, convidou a moça para sentar-se.
Perguntou-lhe se estava cansada.
Sorrindo, Patrícia respondeu que não.
Mesmo assim, sentaram-se.
Lúcio comentou que fazia muito tempo que não andava por ali.
Patrícia respondeu que aquele parque era muito bonito, mas ficava um pouco longe.
O garoto concordou com o fato de ser fora de mão, mas argumentou que gostava muito do lugar.
Os dois sentaram-se próximos de algumas árvores.
Patrícia retirou então seu celular da bolsa, e começou a fotografar o lugar.
Solícito, Lúcio perguntou se não gostaria de aparecer em algumas fotos.
Patrícia agradeceu, entregando-lhe o celular.
A moça levantou-se e começou a fazer algumas poses.
O casal começou a andar pelo parque.
Em dado momento, Patrícia um tanto sem graça, pediu uma foto do moço. Sugeriu que ele escolhesse um lugar do parque que gostasse mais, para que pudesse tirar uma foto.
O garoto fez um pouco de charme perguntando se ela queria mesmo uma foto dele. Mas depois, acabou concordando.
Patrícia então, tirou algumas fotos de Lúcio.
Empolgado, em dado momento, o garoto resolveu tirar uma foto com ela.
Contudo, por mais que tentasse, a foto não saía boa.
Um frequentador do parque, percebendo a dificuldade, perguntou se eles não gostariam que ele tirasse algumas fotos deles.
Lúcio agradeceu. Perguntou a Patrícia se ela concordava.
A garota não se opôs.
E assim, começou a sessão de fotos.
Por fim, Lúcio agradeceu, e o frequentador devolveu o aparelho.
Patrícia ficou algum tempo observando as fotos e mostrando o resultado para Lúcio.
Conversaram.
Lúcio fez algumas gracinhas para ela.
Elogiou o vestido, e comentou que aquela cor, seria o sinal que um enviaria para o outro, quando quisessem dizer algo de muito especial.
Patrícia achou graça, mas Lúcio insistiu.
Argumentou que sempre que houvesse uma briga, um desentendimento, quando quisessem se acertar, bastaria ela usar alguma peça vermelha, ou melhor, se vestir toda de vermelho. E quanto a ele, sempre lhe entregaria uma flor vermelha, em sinal de reconciliação.
Patrícia continuou achando curiosa a sugestão, mas não questionou.
Sabia que o garoto era muito criativo. Por fim, acabou gostando da ideia.
Rindo porém, comentou que nunca mais iria poder usar vermelho, pois iria parecer que eles estariam sempre se reconciliando de uma briga.
Lúcio argumentou que quando isto acontecesse, deveria se vestir toda de vermelho. Ressaltou que sempre que pudesse lhe daria flores, mas que as flores da reconciliação, ou mesmo quando quisesse dizer algo de muito especial, seriam vermelhas.
Patrícia compreendeu:
- Ah bom! Não é somente para as brigas! É para qualquer ocasião especial... Hum ... Tô gostando da ideia... Que lindo! – comentou sorrindo e dando um beijo sorrateiramente no rosto de Lúcio.
O garoto ficou envergonhado.
Patrícia sorriu para ele.
Andaram pelo parque de mãos dadas. Correram.
Como crianças, chegaram a brincar de esconde esconde.
Para eles, tudo era motivo de risos.
E assim, passaram boa parte do dia.
Por fim, Lúcio convidou a moça para comer um cachorro quente.
Ao perceber o adiantado da hora, percebeu que a moça devia estar com fome.
Patrícia concordou.
Lúcio comprou os lanches e o casal procurou um lugar para sentar-se.
Estavam famintos, comeram em silêncio.
Patrícia riu quando o moço ficou com o rosto sujo de catchup.
Ajudou a limpar o rosto.
Lúcio ficou encantado com o gesto.
Por fim, ao término da rápida refeição, o moço pediu-lhe desculpas.
Disse que não havia percebido o adiantado da hora. Prometeu um almoço mais caprichado no próximo encontro.
Patrícia respondeu que havia gostado de tudo, até do cachorro quente.
Lúcio sorriu.
E concordou.
Com isto, combinaram de se encontrarem no próximo sábado.
De mãos dadas saíram caminhando do parque e foram até o ponto de táxi.
Voltaram para casa.
Lúcio primeiramente indicou o endereço da moça, deixando-a na porta de casa.
Cavalheirescamente abriu a porta para ela. Apertou a campainha e aguardou a moça entrar. Só depois disto, pediu para o taxista seguir viagem até sua casa.
Antes de entrar em casa, a moça acenou-lhe.
Lúcio acenou de volta.
Por fim, em frente a sua casa, o garoto pagou o táxi.
Ana ficou curiosa.
O garoto entrou em casa e todos perguntaram-lhe como havia sido o encontro.
Sem graça, o moço respondeu que foi bom.
Para decepção de todos, Lúcio não entrou em detalhes, mas pelo sorriso, todos perceberam que tudo havia corrido muito bem.
Cláudia desejou-lhe muitas felicidades.
Brincou com Lúcio dizendo que era a primeira namorada.
Jacinto empolgou-se e comentou que ainda lembrava de sua primeira namorada.
Foi o bastante para receber um olhar torto da esposa, que chamou a mulher de oferecida.
Jacinto caiu na risada.
Lúcio também achou curiosa a reação da avó.
Perguntou-lhe se ainda tinha ciúmes do vô.
Ana ficou indignada.
- Ciúmes! Eu já estou velha demais para isto.
Para encerrar a conversa, Cláudia perguntou se não iria contar nada sobre o encontro.
Lúcio comentou que mais tarde, eles saberiam detalhes.

Na casa de Patrícia, a coisa ocorreu de forma parecida.
Sua mãe ficou encantada ao ver a filha segurando um hibisco vermelho.
Já o pai, olhou com desconfiança.
Patrícia contou alguns detalhes do encontro, e Soraia sua mãe, ficou elogiando a boa educação do rapaz.
Por fim, Patrícia contou que se tratava de Lúcio.
Soraia porém, não conhecia o moço.

No domingo, o moço acordou cedo, ao ver Cláudia se arrumando para correr no parque, perguntou-lhe se não podia lhe dar uma carona.
A mulher ficou admirada.
- Ora, ora eu sempre te convido e você nunca aceita. O que te fez mudar de ideia?
Lúcio encabulado, respondeu que deu vontade de sair do bairro.
Cláudia fingiu acreditar. Concordou em levá-lo para o passeio.
E assim, seguiram juntos.
A moça ao chegar no parque, comentou que gostava muito de correr ali.
Lúcio perguntou-lhe se ela chegou a correr no parque com Fabrício.
Um pouco chateada, a mulher respondeu que sim.
Lúcio perguntou-se se ele era o culpado pela separação.
Cláudia respondeu-lhe que não. Argumentou que a situação era muito complicada e Fabrício não soube lidar com isto e achou por bem dar um tempo.
O garoto perguntou-lhe então, se havia uma chance de se reconciliarem.
Cláudia respondeu-lhe que provavelmente não.
Foi o que bastou para Lúcio dizer:
- Então a culpa foi minha!
Cláudia chamando-lhe a atenção, respondeu que não, ele não tinha nenhuma responsabilidade pelo que estava acontecendo. Argumentou que mesmo tentando preservá-lo, havia omitido uma informação importante, e que ele não tinha nenhuma culpa por toda aquela confusão que havia sido criada.
Nisto abraçou o garoto. Depois, olhando em seus olhos, Cláudia comentou que única coisa boa que sobrara de toda aquela confusão, foi ele. Contou com os olhos cheios de água, que nunca, nem por nenhum momento, pensou em não deixá-lo nascer e que lamentou muito não ter podido criá-lo como seu filho. Disse que procurou compensá-lo de outras formas, mas que agora entendia que isto não foi suficiente. Argumentou ainda, que Ana fizera um bom trabalho, cuidando dele como uma verdadeira mãe o faria.
Lúcio também ficou emocionado. Mas procurando disfarçar, resolveu mudar de assunto. Disse que ele tinha ido ali para correr e não para conversar.
Cláudia riu.
Lúcio começou a correr, e disse que se ela não se apressasse, ficaria para trás.
Cláudia retrucou irônica:
- Ah, é mesmo? Pois me aguarde.
E saiu correndo.
Lúcio diminuiu a marcha e Cláudia o alcançou.
No caminho, a mulher pensou em correr em outro parque da cidade. Cogitou o Parque da Água Branca, mas Lúcio insistiu para irem ao Ibirapuera.
Cláudia perguntou indiscreta se aquele foi lugar do encontro com Patrícia.
Sem jeito, o garoto respondeu que sim, mas também pediu para ela prestar atenção no trânsito.
Cláudia achou graça na timidez de Lúcio.
E a dupla correu no parque.
Cláudia rindo, comentou que eles se esqueceram de se alongar antes da corrida.
Lúcio riu e concordou.
Mencionou que da próxima vez, fariam tudo da forma correta.
A mulher ficou novamente admirada:
- Então vai haver uma próxima vez? Que bom! Fico feliz.
Lúcio comentou que agora precisa proteger sua mãe.
Cláudia ficou feliz ao ouvi-lo chamá-lo de mãe. Deixou claro seu contentamento e também chamou-o de filho.
Ao término da corrida, a dupla se alongou e saiu do parque.
Foi quando encontraram Lucindo.
Lúcio ficou feliz em vê-lo.
Percebeu que o homem olhava bastante para Cláudia.
O garoto, percebendo isto, pediu a chave do carro. Argumentou que precisava guardar seus apetrechos no porta malas. Gentil, sugeriu levar a mochila de Cláudia até o carro.
Cláudia entregou-lhe a chave e mostrou-lhe os botões que teria que apertar.
Lúcio respondeu que não havia necessidade de explicar por que ao lado do botão estava o desenho de aberto e fechado. Rindo disse que conseguia enxergar os desenhos.
Lucindo achou graça.
Cláudia por sua vez, comentou rindo que ele estava muito mal criado.
Lúcio se afastou.
Lucindo comentou que Lúcio era muito esperto.
Cláudia concordou.
Lucindo continuou elogiando o garoto. Comentou que ele era tão inteligente, que percebeu que ele queria ficar a sós com ela e se afastou.
Cláudia ficou surpresa com a ousadia de Lucindo.
O homem prosseguiu.
Disse que estava cansado de rodeios.
Cláudia observava-o com espanto.
Nisto Lucindo disse que aquela seria a última chance que eles teriam para se entender, e que se não fosse daquela vez, não seria nunca mais.
Cláudia comentou que ele estava estranho.
Lucindo aproximou-se da moça. Segurou-a pelo braço.
Cláudia se espantou, e quando tencionou perguntar o que estava acontecendo, ganhou um beijo.
Lúcio que estava do lado de fora aguardando, comemorou.
- Demorou!
Cláudia, ficou perplexa.
Lucindo então soltou-a.
Cláudia não sabia o que dizer.
O homem beijou a mão da moça. Disse que mais tarde conversariam.
Afastou-se.
Cláudia atônita, finalmente percebeu que estava no estacionamento do Parque e que seu filho estava ao lado do carro observando tudo.
Lucindo passou por ele e se despediu.
Quando Cláudia chegou no carro, Lúcio começou a brincar com ela.
- Quem diria hein Dona Cláudia, arrasando corações!
- Garoto, você me respeite!
Lúcio rindo, perguntou:
- Vai me dizer que não gostou?
Cláudia ficou perplexa.
Lúcio insistiu:
- Vai dizer que não sentiu nada?
A mulher estava surpresa. Mas conseguiu responder:
- Meu Deus! As coisas realmente mudaram. Agora são os filhos que ensinam os pais... Criatura, o que você sabe a respeito disto?
Lúcio rindo, comentou que ela era mais atrapalhada do que ele.
Cláudia pediu para que se calasse.
Lúcio ergueu os braços e comentou:
- Não está mais aqui quem falou!
Cláudia abriu a porta do carro e entrou.
Lúcio fez o mesmo.
Colocaram o cinto.
Quando Cláudia estava se ajeitando para ligar o carro, Lúcio falou:
- Mas você gostou, não gostou?
Cláudia se aborreceu. Pediu para ele parar com a brincadeira.
Lúcio prometeu se calar.
Quando chegaram em casa, antes de Cláudia sair do carro, o garoto comentou que ficaria feliz se ela passasse a namorá-lo. Mencionou que gostaria que seu pai fosse uma pessoa legal, assim como Lucindo.
Cláudia saiu do carro.
Nisto o garoto foi ao chuveiro, e tomou um banho.
Em seguida, Cláudia fez o mesmo.
Almoçaram.
Durante o almoço, Lúcio brincou com Cláudia dizendo que Lucindo havia se encontrado casualmente com ela no parque.
Observando a expressão de Lúcio, todos perguntaram o que havia de mais nisto.
Ana comentou que Lucindo também frequentava o parque, e que isto era bem possível de acontecer.
Lúcio comentou que o que havia acontecido era quase impossível de acontecer.
Cláudia então se irritou, levantou-se da mesa e foi para seu quarto.
Ana e Jacinto ficaram sem entender nada.
Lúcio rindo, comentou que havia falado demais.
Nisto pediu licença e foi até a porta do quarto da mãe.
Ao perceber que estava encostada, entrou.
Lúcio aproximou-se de Cláudia e pediu desculpas. Disse que não estava querendo ser chato. Apenas estava feliz por ela.
Cláudia não conseguia entender. Tanto que perguntou:
- Você gosta tanto assim de Lucindo? E Roberto, você não tem vontade de conhecer?
Lúcio perguntou-lhe se gostaria de se casar com Roberto.
Cláudia disse que não.
Lúcio comentou que achava uma pena Roberto ser seu pai, e não Lucindo.

Luciana Celestino dos Santos
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