Poesias

quinta-feira, 29 de julho de 2021

Para se Viver um Grande Amor - Capítulo 7

Olívia por sua vez, em suas visitas, aproveitava para saber mais detalhes sobre o estado de saúde de Flávio.
Mas as notícias nunca eram animadoras.
A todo momento os médicos diziam que as chances de Flávio retomar a consciência eram remotas.
Olívia porém, recusava-se em acreditar em tão duro diagnóstico.
Tanto que começou a procurar terapias alternativas para o moço.
Procurou terapeutas espirituais, gurus entre outros.
Todos prometeram cura em algumas semanas.
A cada nova promessa Olívia se enchia de esperança.
Gilberto por sua vez, estremecia a cada novidade da esposa.
Todavia, não tinha coragem para demover a mulher das idéias de uma cura alternativa. Dizia apenas para que tivesse cuidado e não deixasse envolver por charlatães. Comentava que a cura envolveria tempo e paciência, mas que não era impossível.
Olívia ao ouvir tais palavras, costumava dizer que não estava esperando um milagre. Apenas procurava acelerar o processo de cura de Flávio.
E assim, durante algum tempo, a mulher pesquisou tratamentos alternativos.
Com efeito, Flávio acabou passando por algumas terapias.
Porém, para tristeza de Olívia, nenhum dos tratamentos pelos quais o moço passou, surtiu o resultado esperado.
O moço continuava inconsciente.
Tais pesquisas se deram quando Flávio ainda estava em coma. Olívia porém, só pode fazer uso das terapias, somente depois que o rapaz saiu do coma e voltou para o apartamento onde morava.
Gilberto, ao perceber a tristeza da mulher a cada tratamento mal sucedido, ficava a consolá-la. Dizia que ela não devia perder as esperanças e que tudo daria certo a seu tempo. Afirmou acreditar que Flávio iria se recuperar, e que ele só devia ser estimulado para isto. Comentou que Olívia devia conversar com ele sobre suas reminiscências, ler-lhe poesias como Letícia fizera.
A mulher argumentava dizendo que aquilo era muito pouco.
Gilberto retrucava dizendo que não. Argumentando que os estímulos deveriam vir pouco a pouco mesmo, comentou que Flávio precisava de tempo para se recuperar e que seu tempo deveria ser respeitado.
Olívia tinha dificuldade em aceitar isto. Dizendo que procurava dizer palavras de incentivo a Cecília e a Letícia, mas comentou que se sentia pouco sincera, e portadora de palavras vazias.
Gilberto retrucava dizendo que aquelas palavras não eram vazias, e sim pedaços de esperança que vinham do fundo da alma.
Depois dessas conversas os dois se abraçavam longamente.
Diálogos assim eram constantes.
Quando estava a sós com Flávio, Olívia lembrava que ele era uma criança alegre e que ele e sua irmã Cecília viviam às turras, brigando, para depois se entenderem. Eram muito unidos.
Apesar da diferença de idade, se entendiam.
Flávio vivia protegendo a irmã.
Certa vez, chegou a bater em uns garotos que a ficavam provocando.
Eram dois garotos que viviam fazendo a criança chorar. Para provocá-la, ficavam chamando-a de criancinha, de chorona.
Certo dia, ao vê-la correndo, chorando, Flávio perguntou o que estava acontecendo.
Cecília não quis responder, mas ele insistiu. Insistiu até que a menina contou o que estava acontecendo.
Não deu outra.
Assim que pode, Flávio deu uma sova nos garotos. Não foi necessária uma grande surra. Apenas uns tabefes foram o suficiente para afugentá-los.
Depois disto, eles nunca mais mexeram com a criança.
Não contente com isto, Flávio chegou a dizer para a irmã certa vez, que ela deveria bater nos garotos que ficavam mexendo com ela.
Olívia, ao ouvir os conselhos do garoto para a irmã, censurou-o.
Respondeu: - Onde já se viu dar semelhante conselho, Flávio? Isto é coisa que se diga, menino? Ensinar Cecília a agir feito um moleque?
- Ah, mãe! – retrucou. – Ela tem que aprender a se defender! – comentou indignado.
Olívia caiu na risada.
- Você é impossível! – respondeu acariciando o rosto de Flávio.
Lembrar destas histórias, aqueciam seu coração. Traziam a esperança de que Flávio se recuperasse.
Por isto, não se cansava de lembrar de suas travessuras, de seu sonho de ser advogado. Das dificuldades da profissão.
Triste, a certa altura comentou que nunca gostou da decisão que o rapaz tivera, de morar sozinho.
Acreditava que poderia protegê-lo.
Agora, preferia estar no lugar do filho.

Ver Flávio imóvel, respirando por tubos, sem ter a certeza de que ele se recuperaria, se ele se salvaria, era dolorido e angustiante.
Certa vez, Olívia perguntou para si mesma:
- Onde você está meu filho?

Luciana Celestino dos Santos
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