Poesias

quarta-feira, 21 de julho de 2021

DELICADO - CAPÍTULO 11

Nos dias seguintes, a moça retomou sua rotina de trabalho.
Encontrou Lucindo nos corredores da instituição onde trabalhava.

Ao encontrar-se com Letícia, ela e a amiga comentaram que a noite fora muito boa.
Letícia contou que havia ligado para Leandro e agendado um novo encontro. Meio constrangida, contou que aproveitou para convidar Fabrício e prometeu se empenhar para que Cláudia a acompanhasse.
Ao ouvir isto, Cláudia ficou espantada. Afinal de contas, como ela poderia arrumar compromissos para ela, sem ao menos perguntar se ela concordaria, ou se estaria disponível?
Letícia pediu desculpas.
Mas argumentou que estava cansada de estar só, e que Leandro parecia ser uma boa companhia. Disse no entanto, se ela dissesse não, entenderia, já que não a havia consultado.
Disse, mas seu olhar suplicante, pedia para ela concordar.
Cláudia sem jeito, acabou concordando.
Letícia deu um beijo no rosto da amiga, em sinal de agradecimento.
E assim, lá se foram as moças para mais um evento noturno.
Letícia, empolgada, comentou que estava adorando o novo trabalho. Feliz comentou que agora teria dinheiro para comprar o carro com que tanto sonhara, e que não precisaria mais viver com seus pais.

De fato, após a separação de Sandro, o casal vendeu o apartamento onde morava, e a moça aplicou sua parte da venda em uma caderneta de poupança. Com isto, precisou voltar para a casa da mãe.
Cautelosa, procurou não mexer neste dinheiro. Nem para comprar o carro dos sonhos.
Afinal não era muito dinheiro, já que o imóvel fora financiado e não estava quitado.
Quando era questionada por Cláudia no tocante a isto, dizia que o dinheiro guardado era para uma emergência, e que não poderia ser utilizado para gastos supérfluos.
A moça não teve filhos com Sandro, e o moço, de vez em quando aparecia. Parecia ter a esperança de que tudo voltaria a ser como antes.

Mas Letícia neste momento, não queria saber de preocupações e de tristezas.
As mulheres se encontraram com os moços no mesmo barzinho.
Dia de música ao vivo, Fabrício e Leandro pediram uma música para os músicos.
Nisto, tocou uma canção de Gonzaguinha.
Letícia rindo, disse que a canção era para Cláudia.
Mais tarde, foi a vez de Letícia ser homenageada, com um cabelo loiro.
Leandro sorrindo, perguntou se havia acertado.
Rindo Letícia disse que sim.
Fabrício conversou com Cláudia. Disse que gostaria de conhecê-la melhor.
Os casais aproveitaram para dançar.
Conversaram sobre seus trabalhos, formações acadêmicas.
Os rapazes eram formados e direito, e amigos de longa data, desde os tempos de colégio.
As moças disseram que também eram muito amigas e formadas em letras. Ambas eram professoras.
Os rapazes as elogiaram por escolherem tão nobre profissão.
Fabrício disse que não fossem os professores que teve ao longo de sua trajetória escolar, não seria um bom profissional.
Leandro concordou, mas acrescentou que a educação precisava melhorar, e que qualquer ajuda era bem-vinda.
Cláudia comentou que as aulas ministradas eram preparadas com antecedência, e que procurava relacionar os conteúdos com os atuais acontecimentos.
Letícia contou que estava começando um novo emprego, e que estava preparando suas aulas, organizando-se, mas que já lecionava há muito tempo.
Leandro parabenizou-a pelo novo emprego.
Letícia agradeceu.
Cláudia acrescentou que esta conquista era mais do que merecida, já que Letícia era uma mulher guerreira e batalhadora.
A moça ficou emocionada.
Letícia pediu para que todos parassem de falar daquele jeito ou ela iria chorar.
Leandro e Fabrício comentou que trabalhavam em escritórios de advocacia distintos. Mas que sempre estavam em contato um com outro. Diziam que em caso de dúvidas um telefonava para o outro para esclarecê-las.
Animados, comentaram que gostavam muito do que faziam.
Por fim, abraços de despedida.
Novo convite de carona.
Letícia comentou com a amiga que desta vez estava pensando em aceitar a carona.
Cláudia disse que não havia problema algum. Apenas recomendou que a amiga tivesse cuidado.
Fabrício então, disse que não estava com seu carro. Perguntou a moça se ela poderia lhe oferecer uma carona.
Letícia gesticulou para a amiga.
Cláudia observou a moça. Achou graça.
Por fim, acabou concordando.
Perguntou onde o moço queria ficar.
Nisto, seguiram para o carro.
Entraram no veículo e seguiram.
O moço comentou que seu carro, havia apresentado problemas e que se encontrava na revisão.
Elogiou a beleza da noite, que a lua estava cheia.
Cláudia concordou.
Fabrício disse que a noite foi muito boa e perguntou se poderiam repetir os encontros mais vezes. Sugeriu que gostaria de fazer um passeio durante o dia em um parque, e perguntou se ela o acompanharia.
Cláudia perguntou onde seria o encontro.
O moço perguntou se poderiam encontrar-se no Ibirapuera.
Cláudia um pouco vacilante, respondeu que sim.
Fabrício sorriu. Nisto, perguntou se poderiam sair juntos.
Comentou que Letícia e Leandro precisavam ficar a sós.
Cláudia concordou.
O moço então agendou o encontro. Correriam juntos no parque.
Fabrício perguntou-lhe se gostava de correr.
Cláudia comentou que gostava de realizar atividades físicas.
Ao ouvir isto, o moço se animou.

Quando Letícia soube da novidade, sorriu maliciosa. Disse que estava vendo um progresso.
Cláudia sem graça, disse que não era nada disso. Só estava observando, sem grandes expectativas.
Letícia sorriu irônica.
- Sei, sei! – dizia.
Cláudia retrucou rindo. Disse que não era nada do que estava pensando.

Letícia recordou-se da carona de Leandro.
Comentou que depois do barzinho, o moço conversou com ela. Sugeriu que poderiam ir para um lugar mais reservado.
A moça disse que estava um pouco cedo para isto, e pediu para que ele a levasse para casa.
Leandro concordou.
Conversaram durante o trajeto.
Letícia contou sobre sua separação, disse que de fato não estava pensando em um novo casamento, mas que nem por isto, gostaria de pular etapas. Comentou que gostava de ser tratada com atenção e delicadeza, e que disto não abria mão.
Leandro entendeu o recado. Pediu desculpas se por acaso tivesse a ofendido de alguma forma.
Letícia respondeu que não. Argumentou que ficara lisonjeada com o convite, mas ainda era muito cedo para isto. Afinal, pouco se conheciam.
Leandro comentou que estava gostando dos encontros, que achava Cláudia muito bonita e simpática, em que pese seu jeito reservado de ser, mas perguntou se num próximo encontro não poderiam ficar a sós.
Letícia comentou que Cláudia era sua melhor amiga, mas que não via problema algum nisto. Respondeu que ela certamente não se incomodaria com isto.
Leandro comentou que seu amigo Fabrício, estava bastante encantado com ela.
Letícia respondeu sorrindo, que já havia percebido o fato. Disse que a amiga sabia ser encantadora quando queria.
Leandro disse-lhe que não precisava se preocupar com a moça, pois Fabrício sabia o que fazer. Contou rindo que provavelmente já havia surgido algum convite para um passeio.
Com isto, Letícia e Leandro, agendaram um novo encontro. Agora iriam ao cinema, depois jantariam juntos.
Ao chegarem à casa da moça, o homem pediu para que ela esperasse.
Nisto desligou o veículo, tirou a chave do contato, tirou o cinto de segurança e pediu para que ela fizesse o mesmo. Saiu do carro, mas pediu para ela aguardar.
Desta forma, dirigiu-se ao lado em que Letícia estava e abriu a porta do carro para ela.
A moça agradeceu e saiu do carro.
Leandro estendeu a mão para ela.
Letícia segurou sua mão.
O homem trancou o carro, apertando um botão.
Guardou a chave do carro.
Observando o movimento da rua, puxou a moça para um canto, e beijou-a.
Letícia surpreendeu-se com o gesto.
Contudo percebendo que tudo estava bem, correspondeu.
Beijaram-se.
Depois de algum tempo o moço deu-lhe outro beijo. Disse que era de despedida.
Disseram tchau um ao outro.
Por fim, o homem entrou no carro e saiu.
Letícia entrou em casa.
Leandro buzinou com o carro e partiu.

Cláudia ao saber disto, disse irônica:
- Folgo em saber!
Letícia caiu na risada.
- Que jeito de falar. Tirou esta expressão de que baú?
- Do baú da sua vovozinha. – respondeu Cláudia, entre risadas.
- Olhe o respeito! Sua malcriada! Minha avó era uma mulher muito moderna. – disse rindo.

Com efeito, Letícia saiu com Leandro.
A esta altura sua mãe já sabia do moço.
O rapaz foi buscá-la em sua casa.
Primeiramente foram ao cinema assistir um filme.
Depois jantaram.
Leandro sugeriu saírem para dançar.
Letícia acabou concordando.
E lá se foi o casal.
Dançaram a noite inteira, beberam, conversaram.
Mais tarde, voltaram para casa.

Já o passeio de Cláudia foi mais tranquilo.
Ao chegar no Ibirapuera, o moço a aguardava de carro na entrada.
Fabrício adorava corridas e convidara a moça para correr para ele.
Cláudia estava com uma legging e uma blusinha.
O homem também usava trajes esportivos.
Ao ver Cláudia, percebeu que a moça era realmente bonita. Mediu-a de cima a baixo.
A moça resolveu se alongar.
Ao notar que o moço olhava para ela e não nada fazia, perguntou-lhe se não iria se alongar para correr.
Embasbacado, o homem respondeu que sim, mas ainda ficou alguns instantes observando, até dar-se conta de que poderia deixar Cláudia constrangida. Aí, resolveu se exercitar.
Acompanhou-a nos alongamentos.
Em seguida, passaram a correr.
Fabrício reduziu a velocidade da marcha, embora Cláudia tivesse dito que ele não precisava acompanhá-la se não quisesse.
No que Fabrício respondeu:
- Mas de que forma posso não querer? ... Não! Vamos correr juntos.
Cláudia não tocou mais no assunto.
E assim, o casal correu juntos.
Deram uma volta no parque, correndo em volta do lago.
Ao término da corrida, Cláudia resolveu beber um pouco de água e sacou uma garrafinha de água que trazia em sua pequena mochila.
Fabrício disse que ela era prevenida.
Antes da corrida, retirou a mochila do carro, e colocou a mochila a frente do corpo.
A moça ofereceu um pouco de água ao moço, que resolveu aceitar.
Sentaram-se em um banco, e ficaram contemplando a paisagem.
Fabrício comentou que aquele era um dos lugares mais lindos da cidade.
Cláudia contou que raramente passeava por ali.
Fabrício aproveitou o ensejo para dizer que poderiam agendar corridas para os finais de semana no parque.
Cláudia prometeu que pensaria no assunto.
Fabrício começou a enumerar a vantagens de se correr no parque.
Falou que era bom para o corpo, poderiam contemplar aquela paisagem, exercitarem-se, e assim, a mente sentiria igualmente os benefícios. Comentou que as pessoas em sua correria, muitas vezes ocupadas em ganhar, não aproveitavam para viver.
Cláudia ficou observando o lago, as árvores do parque.
Depois de algum tempo disse, que não parecia que estava em São Paulo. O parque parecia um remanso de tranquilidade.
Fabrício respondeu então:
- É por isto, que eu gosto tanto deste lugar!
Nisto, o moço percebendo o ar meditativo da moça, perguntou-lhe se estava tudo bem.
Cláudia respondeu-lhe que sim.
Fabrício então disse:
- Está bem mesmo? Você parece tão distante!
Cláudia respondeu que estava um pouco cansada.
- Da corrida? – perguntou ele.
- Também! E do trabalho. Agora entram as provas, fica tudo mais corrido.
Fabrício perguntou-lhe se não estava trabalhando demais.
Cláudia respondeu que estava acostumada a trabalhar doze horas por dia.
O homem ao ouvir isto, ficou chocado.
- Como assim? Nem eu que adoro meu trabalho, trabalho tantas horas por dia... Não me admira que esteja cansada.
Nisto estendeu a mão para a moça.
Disse que iriam até o estacionamento pegar uma toalha e mais algumas coisas. Respondeu que iriam fazer um pequenique.
Cláudia o acompanhou.
Nisto, o rapaz escolheu uma árvore, pediu para ela estender a toalha.
Cláudia estendeu a toalha bem estendida.
O moço agradeceu e colocou a cesta em uma das extremidades.
Pediu para a moça sentar-se e depois sentou-se também.
Disse-lhe que poderia fazer-lhe uma massagem.
Cláudia disse que não precisava.
- Tem certeza? Olhe que eu sou bom nisto! – disse Fabrício.
Mas Cláudia continuava reticente.
Foi então que teve a ideia de pedir um abraço.
Fabrício abraçou a moça, e a deslizar a mão em suas costas.
Cláudia perguntou-lhe o que estava fazendo.
- Massagem. – respondeu.
Nisto, pediu licença, e virou-se de costas para ela. Pediu para que fizesse o mesmo em suas costas.
Cláudia disse que não sabia fazer massagem.
Fabrício respondeu-lhe que não havia segredos. Explicou a Cláudia o que precisava ser feito.
E a moça foi pressionando suas costas.
Fabrício pediu para que aplicasse mais força.
O moço disse que ela era habilidosa.
Depois, disse para Cláudia virar-lhe as costas.
Insistiu. Disse que não aceitava recusas.
Cláudia então concordou.
Fabrício disse que iria aplicar menos força.
E assim, massageou as costas da moça.
Recomendou-lhe que relaxasse.
Cláudia concordou.
Por fim, o moço disse que ela estava muito tensa. Argumentou que ela precisava relaxar.
Perguntou se Cláudia havia gostado da massagem.
A moça respondeu que sim.
Fabrício aproximou-se.
Perguntou de novo.
Cláudia respondeu que sim.
O moço aproximou-se mais. Perguntou-lhe se poderia fazer massagens outras vezes.
Cláudia respondeu que talvez.
O rapaz aproximou seus lábios do rosto da moça, abraçou-a e beijou-a.
Cláudia correspondeu.
Depois do beijo, Fabrício, abraçou a moça e disse para ela que se quisesse poderia dormir um pouco, que ele ficaria velando seu sono.
Quando a moça se soltou de seus braços fez menção de se deitar na toalha.
Fabrício a puxou para perto de si. Encostado em uma árvore disse que ela poderia deitar em seu colo.
Cláudia disse que não precisava.
Fabrício disse que não se incomodava.
Assim, apoiou-a em seu peito, e disse que podia descansar.
Cláudia apoiou-se e dormiu um pouco.
Fabrício segurou uma de suas mãos e ficou acariciando-a.
Depois de cerca de meia-hora, Cláudia despertou.
Nisto, a moça e o rapaz comeram.
Beberam suco e comeram frutas e bolo.
Conversaram e riram.
Por fim, recolheram os objetos e saíram do parque.
Ficaram combinados de se encontrarem mais vezes no parque.

Os encontros passaram a ser habituais.
Também passaram a se encontrar em barezinhos.
Tornaram-se namorados.
Dançavam, bebiam, riam juntos. Corriam juntos no Ibirapuera.
Estavam bastante próximos.
Cláudia e Fabrício se abraçavam em público. Trocavam alguns beijos.
Fabrício estava adorando a companhia da moça.
Só não gostava quando outros homens olhavam para ela quando estava correndo no parque.
Ficava enciumado.
Cláudia achava graça quando via Fabrício reclamando disto.

Com Letícia e Leandro, ocorreu o mesmo.
De encontro em encontro, começaram a namorar.
Quando Sandro soube disto, ficou enciumado. Furioso, prometeu que nunca mais a procuraria.
Letícia deu de ombros.
Pareceu não se incomodar, afinal de contas, fora ele próprio quem dera causa a separação e não ela.
Sandro ao ouvir estas palavras, ficou furioso. Contudo, nada disse.

Lucindo também tomou conhecimento do namoro de Cláudia.
Ficou bastante chateado.
Mas não poderia se intrometer.
Ao vê-la nos corredores da universidade, cumprimentou-a.
Sua vontade porém, era de dizer que estava profundamente chateado com ela.
Percebeu porém que assim o fizesse, seria considerado um louco.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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