Poesias

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Para se Viver um Grande Amor - Capítulo 5

Com isto, conforme os dias passavam, Flávio continuava inconsciente, deitado em uma cama de hospital. Imóvel.
Os médicos disseram que o rapaz se encontrava inconsciente em virtude do acidente ocorrido, e que este estado poderia durar dias, meses ou anos.
Doutor Sílvio, tentando ser realista, comentou que aquele estado poderia ser ou não permanente.
Disse que pelos exames, aparentemente não ocorreram grandes danos cerebrais, mas que para saber a extensão dos mesmos, somente quando e se, o rapaz despertasse.
Olívia, sua mãe, ficou inconformada. Como poderia um rapaz tão jovem, permanecer inconsciente por anos, talvez nunca mais despertando?
Recusou-se em acreditar em tal prognóstico.
Acreditando na recuperação de Flávio, Olívia, assim que pode entrar no quarto e permanecer com o filho, começou a contar-lhe as histórias de sua infância, as traquinagens com sua irmã Cecília.
Começou contando que juntos com os vizinhos da rua onde viviam, brincavam de esconde-esconde.
Que Flávio sempre favorecia Cecília nas brincadeiras, por que ela era menor.
Contou que um dia, por acidente, a menina pegou um ursinho de pelúcia e arremessou contra a lâmpada da sala.
Quando Olívia viu os cacos de vidro espalhados pela sala, chamou os dois para uma conversa.
Intimando-os, perguntou quem havia feito o estrago.
Como ninguém se manifestou, ambos ficaram de castigo trancados no quarto.
Nesta época, dividiam o mesmo quarto.
Olívia, relembrou de cada detalhe daquela reminiscência. Depois, observando o corpo inerte de Flávio, ficou desalentada.
Conversando com o moço, Olívia perguntou:
- Você se lembra de quando reformamos a casa e construímos uma suíte para nós, e ampliamos os quartos já existentes para vocês dois ficarem confortavelmente instalados?
Lembrou-se que por conta da reforma, todos passaram a dormir na sala e a cozinha acabou virando sala de estar.
Emocionada, Olívia recordou-se que Flávio adorava ouvir músicas antigas e passava horas em frente a televisão.
Contou que o garoto gostava de assistir o programa “Balão Mágico”. Adorava a trupe que apresentava o programa. Curtia o programa do quarteto “Os Trapalhões”.
Cecília por sua vez, adorava acompanhar o irmão em suas tardes assistindo tevê.
Só que dispersa, passados cinco minutos em frente da televisão, a menina começava a brincar com suas bonecas, a fazer barulho...
Flávio então, pedia silêncio.

Amoroso com Cecília, lembrou que quando a menina precisou extrair um dente, Flávio disse que ela não devia ter medo de perder um dente, por que a fada do dente, lhe daria um dinheirinho em retribuição ao dente arrancado.
A menina então, parou de teimar. Isto por que, não queria extrair o dente de jeito nenhum.
E assim quando a menina chegou em Olívia dizendo para ir no dentista, a mesma ficou surpresa.
- Que milagre é esse? – perguntou.
Cecília respondeu então, que deixando o médico tirar o dente mole, a fada do dente lhe daria um dinheirinho.
Olívia então percebeu que Flávio havia conversado com ela, e contado a história da fada do dente.
A mulher, empenhada na recuperação de Flávio, não parava de contar detalhes de sua vida, de sua infância.
Em diversas visitas ao moço, Gilberto, Cecília, Karina, Letícia, Carlos, Vicente, Otávio, Francisco, Cleide, Bruno, Leandro, Antero, Jairo, Lúcio, Alice, Lara, Clotilde, Amélia, Amarildo, observaram que Olívia sempre conversava com Flávio.
Alessandro, e até os amigos de roda de samba de samba dele e Cecília - Júlia, Cléber e Sandro, visitaram o moço. E todos notaram que Olívia conversava com o paciente.
Atenciosos, todos passaram a adotar o mesmo procedimento. Passaram a conversar com Flávio como se ele ouvisse tudo. Como se estivesse consciente.
Seus colegas de escritório comentavam com estavam indo as coisas no trabalho. Comentavam que os processos propostos por ele estavam sendo devidamente acompanhados, e que os clientes estavam sendo assistidos.
Vicente elogiou o trabalho de Flávio. Comentou que ele era muito organizado, e que era muito fácil entender as anotações que havia feito sobre os processos.
Carlos chegou a dizer que ele precisava se recuperar logo por que o escritório não era o mesmo sem ele.
Flávio porém não dava sinal de vida.
Olívia, conversando a sós com Gilberto, ás vezes se perguntava se ele realmente ouvia o que eles diziam, e se ouvia, onde ele estaria.
Gilberto não sabia o que dizer. Comentou apenas que partilhava com ela a esperança de ver o filho recuperado.
Desconsolados, se abraçaram.

Com isto, Gilberto e Cecília, ao verem o empenho de Olívia, prometeram que também iriam conversar com Flávio. Que lhe contariam histórias de sua vida. Prometeram que continuariam conversando com o rapaz, que não desistiriam.
Cecília comentou que tinha certeza que Flávio iria se recuperar, que isto era apenas uma questão de tempo.
Gilberto e Cecília por sua vez, também prometeram que conversariam com Letícia para que ela também participasse do processo. Em que pese o fato da moça já estar fazendo isto.
Prometeram que iriam reforçar este pedido, ressalvando que isto estimularia Flávio a se recuperar.

Luciana Celestino dos Santos
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