No dia seguinte, ao chegar no colégio, Lúcio cumprimentou os colegas e em seguida foi procurar Patrícia.
Trazia uma flor vermelha nas mãos.
Seus colegas ao verem o garoto segurando a flor, ficaram curiosos.
Ficaram observando onde ele iria com aquele hibisco vermelho.
Lúcio ficou andando pelo pátio.
Patrícia estava do outro lado, conversando com sua melhor amiga Daniela.
A moça comentou que havia tido um encontro com Lúcio, e que haviam combinado de se encontrarem novamente no sábado.
Daniela, ao saber da novidade, ficou empolgada. Cumprimentou a amiga.
Nisto, Lúcio se aproximou.
Fez um sinal para que Daniela não revelasse sua presença.
Finalmente tocou o ombro da moça, e perguntou-lhe se ela conhecia aquela voz.
Patrícia virou-se.
Lúcio sorrindo, entregou-lhe outra flor.
A moça encabulada, agradeceu.
Todos os estavam no pátio ficaram admirados.
Ninguém acreditava que ele teria coragem de se declarar para a moça.
Agora estavam ali, observando Lúcio entregar uma flor para ela.
Nisto o moço estendeu a mão.
Patrícia também estendeu a sua.
Caminharam de mãos dadas pelo pátio.
Algumas pessoas assobiavam, outras aplaudiam. Tinha gente que olhava-o com admiração. Outros riam, achando tudo bem ridículo.
Lúcio observava a tudo, mas não se importava. Sua felicidade era maior do que tudo isto.
Orgulhoso, levou a moça até a sala de aula.
Durante o final de semana, escreveu outro bilhete, o qual entregou antes da moça entrar na sala de aula.
Patrícia entrou e guardou o bilhete. Só iria ler quando chegasse em casa e estivesse longe de olhares curiosos.
Alguns minutos depois, a aula começou.
Lúcio foi cumprimentado por vários colegas.
Brincando, todos diziam que ele era o cara.
Isto por que, na opinião de boa parte deles, Patrícia era a garota mais bonita do colégio.
Com efeito, boa parte das meninas não concordava com isto.
Algumas diziam que sim, ela era bonita, mas não era para tanto.
Durante o intervalo, Lúcio e Patrícia ficaram juntos.
Conversaram o tempo todo.
Depois voltaram para suas respectivas classes.
Quando terminou a aula, Lúcio levou Patrícia até sua casa.
Depois foi para a sua.
Estava tão contente e entrou em sua casa, e foi direto para o quarto, onde deixou sua mochila.
No caminho colheu outra flor.
Uma quaresmeira branca.
Colocou-a dentro de um vaso com água.
Mania dos últimos tempos, e aprovada por Cláudia que inclusive escolheu o vaso para ele.
Ana criticou a filha, mas Jacinto interveio dizendo que ela era a mãe, e que isto não prejudicava a ninguém.
A mulher então calou-se.
Lúcio então colocou a mochila em um canto.
Depois foi ao banheiro. Lavou as mãos.
Em seguida sentou-se a mesa. Serviu da comida. Almoçou junto com Ana.
A mulher como sempre, perguntou como haviam sido as aulas.
Lúcio respondeu que foi o de sempre.
Depois ficou em seu quarto. Disse que tinha dever de casa para fazer.
Estudou, e depois resolveu escrever mais uma poesia.
Patrícia por sua vez, ao chegar em casa, resolveu ler o escrito de Lúcio.
Nele o moço comentava que estava muito feliz, por ver que ela havia aceitado sua corte.
Ao ler a palavra corte, achou curioso. Pensou no cuidado que tivera para escolher a palavra que melhor se encaixava, que melhor exprimia o que queria dizer. Considerava-o sensível e educado.
Nisto, continuou a ler o bilhete.
Trazia ainda nas mãos, a flor que havia recebido.
No escrito, Lúcio dizia que difícil foi à espera, expectativa longa e demorada. Por fim, a dúvida esvaecida, e a certeza confirmada. E o amor, que por longa horas demorava, finalmente o caminho encontrou. Lúcio dizia que agradecido estava, por confirmar o que por longos meses apenas vislumbrara. Por fim, no final do bilhete, Lúcio sugeria que o próximo encontro poderia ser no Parque da Água Branca, e pediu para a moça confirmar a proposta, com uma flor branca nos loiros cabelos.
Patrícia achou curiosa a ideia, e perguntou-se onde iria encontrar a tal flor.
Lembrou-se que no bairro havia uma roseira branca em frente a uma casa.
A moça foi até lá, recolher um flor. Antes, perguntou à moradora se poderia pegar uma rosa.
A mulher disse-lhe que sim.
Patrícia agradeceu e recolheu a flor escolhida.
Ao chegar em casa porém, deu-se conta que com os espinhos, seria impossível por a flor nos cabelos. Resolveu então, tentar retirar os espinhos.
Por fim, com os espinhos retirados, colocou a flor em um copo com água.
No dia seguinte, levou a flor presa aos cabelos.
Muita gente ao vê-la com a flor, achou curioso o fato.
Lúcio ao vê-la com a flor, sorriu-lhe.
Patrícia comentou que ele era impossível.
Modesto, o garoto comentou que ele era o responsável por fazer o impossível, possível.
A garota riu.
Por fim, entregou-lhe uma flor branca.
Patrícia agradeceu. Disse que ele era muito gentil.
Nos dias que se seguiram, Lúcio sempre aparecia com uma surpresa para a moça. Bilhetinhos, cartinhas, flores.
Patrícia aguardava ansiosa pelos mimos, pela atenção.
Daniela também ficou encantada com a boa educação do moço.
Disse que no início não simpatizou muito com ele, mas depois, vendo a forma como ele tratava Patrícia, mudou seu conceito a seu respeito. Certa vez, chegou a perguntar a amiga onde ela havia encontrado um moço tão bonito e tão educado. Argumentou que também queria um namorado assim.
Patrícia riu.
No final de semana, o casal se dirigiu ao Parque da Água Branca, onde fizeram um pequenique.
Comeram, beberam, riram.
Lúcio lhe entregou um buquê de flores.
Patrícia ficou encantada com o presente. Agradeceu. Disse que nunca tinha visto flores tão belas, á exceção das flores que recebia dele.
Beijou seu rosto, e perguntou como alguém poderia ser tão gentil assim?
Lúcio ficou encabulado.
Patrícia achava graça no jeito de Lúcio.
O garoto tinha atitudes ousadas para um garoto de sua idade, mas também tinha um certo pudor, e até um certo recato.
Patrícia achava bonito o jeito do moço. Tanto que chegou a comentar sobre isto com ele. Mencionou que ele era muito especial.
Lúcio então, tentando descontrair, dizia que assim, ela o deixava encabulado.
Patrícia ria.
Cláudia por seu turno, encontrou-se com Lucindo, pelos corredores da faculdade.
O homem, sempre que passava por ela, sorria e cumprimentava-a.
Cláudia retribuía o cumprimento.
Durante a semana, ocorreu um evento desagradável.
Ao término de suas aulas, um aluno, aproveitando que todos os colegas haviam se afastado, resolveu se aproximar da professora, enquanto esta caminhava pelos corredores da universidade.
Dizendo estar com uma dúvida em sua matéria, pediu um pouco de sua atenção.
Cláudia, que estava com um pouco de pressa, perguntou-lhe se não poderia procurá-la no dia seguinte.
O rapaz compreendeu. Pediu desculpas e se afastou.
No dia seguinte, procurou-a novamente ao final da aula.
Aproveitando que estava a sós com a professora, começou a fazer a perguntas sobre a matéria, as quais foram esclarecidas pela mestra.
Nisto, aproveitando-se da distração de Cláudia, o rapaz tentou beijar a mulher, que se levantou e se afastou, empurrando-o com as mãos.
Lucindo, que estava passando pela sala de aula no momento, ao ver a cena, gritou com o aluno. Perguntou-lhe o que estava acontecendo.
Célio, ao ver o professor, saiu correndo da sala, empurrando-o.
Lucindo, ao ver que Cláudia estava nervosa, ajudou-a recolher seu material. Perguntou-lhe se precisava de ajuda. Ofereceu-se para levá-la em seu carro, e ir guiando o seu carro.
A mulher, procurando recompor-se, disse que não seria necessário.
Lucindo acompanhou-a em seu carro. Disse que não poderia correr o risco do garoto voltar.
Antes da mulher entrar no carro, perguntou-lhe se ela estava bem.
Cláudia respondeu-lhe que sim.
Entrou no carro e saiu da universidade.
Guiou o carro até sua residência.
Lucindo por seu turno, resolveu pegar seu carro, e acompanhou-a à distância.
Quando a viu entrar em segurança em sua casa, seguiu seu caminho.
Nos dias que se seguiram, Cláudia continuou ministrando suas aulas.
Quando encontrou-se com a amiga Letícia, comentou sobre o ocorrido.
A mulher ficou chocada. Orientou Cláudia a comparecer em uma delegacia para fazer um boletim de ocorrência para se resguardar.
Cláudia, ao ouvir a palavra boletim de ocorrência, comentou que deste jeito iria se tornar uma frequentadora de delegacia.
Foi então que a mulher comentou que já havia registrado uma ocorrência.
Contou sobre a perseguição de Roberto.
Letícia ficou chocada ao saber sobre o ocorrido no Ibirapuera.
Comentou que não sabia que Roberto poderia ser tão louco.
Letícia abraçou a amiga.
Disse-lhe que se precisasse poderia ligar a qualquer hora.
Cláudia agradeceu a atenção.
Por fim, tentando mudar de assunto, perguntou sobre Leandro.
Letícia falou-lhe que o moço lhe fez uma surpresa, levando-a para jantar em um restaurante famoso da cidade para comemorar o aniversário de casamento.
Cláudia ao ouvir isto, parabenizou a amiga.
De fato, Letícia parecia bastante feliz.
Cláudia comentou que a amiga merecia ser feliz. Chegou a dizer, chega de tanto sofrimento.
Letícia comentou que ela também seria muito feliz.
A moça chegou a duvidar. Disse que as coisas não estavam nada fáceis, e que nunca conseguiu usufruir de um relacionamento tranquilo.
Letícia perguntou de Fabrício, e Cláudia comentou que ele havia rompido com ela. Aborrecida comentou que dificilmente reatariam.
A amiga lamentou.
Conversaram durante mais algum tempo.
Depois se despediram.
Letícia recomendou que amiga não sumisse.
Cláudia prometeu que não iria ficar tanto tempo sem falar-lhe.
A moça voltou para casa.
Durante algum tempo, Cláudia usufruiu de um pouco de paz.
Lucindo passou a acompanhá-la na saída das aulas.
Célio por seu turno, não apareceu mais na faculdade.
Lucindo porém, continuou acompanhando-a na saída do colégio.
Em casa, quando Ana e Jacinto souberam do beijo, ficaram animados pelo fato dos dois finalmente se entenderem.
Ana nunca escondeu a simpatia pelo moço.
Lúcio ao contar aos avós, pediu para que eles não contassem a Cláudia que já sabiam.
Ana e Jacinto prometeram que seriam discretos.
Lucindo por sua vez, de quando em vez, visitava a família.
Sob o pretexto de visitar Lúcio, aproveitava para cumprimentar Cláudia.
Na faculdade passou a trabalhar perto da moça.
Passaram a planejar aulas em parceria.
Contudo, após algum tempo, Roberto, ao tomar conhecimento da ação movida por Cláudia, resolveu revidar.
Primeiramente, ingressou com uma ação de investigação de paternidade.
Lúcio ao tomar conhecimento de que teria que coletar material genético para a ação promovida por Roberto, ficou indignado.
Ana, Jacinto e Cláudia comentaram que não havia outro remédio.
Dias depois Cláudia também precisou fazer o mesmo procedimento, agora no processo que ela própria movera. Lúcio também precisou fazê-lo.
O resultado dos três exames, saiu mais ou menos juntos.
Antes porém do resultado, Roberto tornou a aparecer para Lúcio.
O garoto resistiu a ouvi-lo.
O homem no entanto, era insistente, e comentou que ele poderia ajudá-lo a convencer Cláudia a casar-se com ele.
Para tentar ganhar a simpatia do garoto, prometeu-lhe uma vida de muito conforto. Disse que tinha bens, e que sendo reconhecido por ele, automaticamente se tornaria seu herdeiro. Argumentou que Cláudia não precisaria mais trabalhar, e que teria uma vida de madame.
Prometeu inclusive abandonar a ação, se Cláudia se casasse com ele.
Com o discurso, tentou convencer o garoto de que gostava de sua mãe, e que estava arrependido do que fizera no passado. Comentou que agira com um canalha.
Roberto, era bastante convincente.
Lúcio chegou a sentir pena do homem.
Ainda que desconfiado, prometeu que iria conversar com Cláudia sobre sua proposta, mas não garantiu que iria convencê-la.
Roberto agradeceu.
Comentou que sentia orgulho do garoto.
Elogiou dizendo que Cláudia devia ter alguma participação em sua criação, e que Ana estava de parabéns.
Nisto, despediu-se do garoto. Prometeu que voltaria mais vezes.
Quando Cláudia soube do encontro, ficou furiosa.
Ao ver Lúcio acreditar nas palavras do homem, comentou que ele era um canalha, e que aquela conversa de arrependimento, não passava de encenação.
Cláudia questionou o garoto. Afinal de contas não fora ele mesmo que dissera que adoraria ter um pai como Lucindo? Agora, estava ali defendendo um calhorda? Argumentou que não estava entendendo o que estava acontecendo.
Lúcio ao ouvir as palavras de Cláudia, comentou que aquele fora o pai que ela lhe arranjara.
A moça não gostou das palavras do garoto.
Argumentou que ela fora vítima de um logro, e que embora as coisas tenham ocorrido de uma forma tortuosa, ele não tinha direito de se dirigir a ela daquela forma. Exigiu respeito.
Lúcio então, pediu-lhe desculpas.
Cláudia ao perceber que o garoto havia se arrependido, aceitou as desculpas.
Mas acrescentou:
- Eu entendo que você queira ter uma família. Entendo que você queira ter um pai. Mas o que eu não posso aceitar, é que você fique defendendo um homem não trouxe nada de bom para esta família.
Ao ouvir isto, Lúcio ficou chateado. Argumentou:
- Nada de bom?
Cláudia, ao perceber que havia melindrado o garoto, pediu-lhe desculpas. Ressaltou que ele fora a única boa que resultara de toda aquela confusão. Contudo, tirando Lúcio, nada de bom restara de tudo aquilo.
Lúcio chegou a insistir se não havia a possibilidade deles se entenderem, e Cláudia respondeu-lhe que não.
O garoto enervou-se.
Reclamou. Chamou-a de egoísta por não querer se casar com Roberto. Mencionou que ela também não demonstrava estar interessada em Lucindo. Lúcio argumentou que gostaria de ter um pai. Chegou a dizer-lhe que não queria viver em uma família sem pai, e que assim o fosse, gostaria que as pessoas continuassem a pensar que ele era filho de Ana e Jacinto.
Nisto, bateu a porta e deixou Cláudia sozinha.
Mais tarde a moça comentou a briga com os pais, que estranharam o comportamento do garoto.
Jacinto, depois de muito debater o problema, chegou a conclusão de que o homem havia conversado com o garoto. Argumentou que sempre que Lúcio conversava com Roberto, ficava transtornado.
A mulher nervosa, finalmente encontrou coragem para ir atrás de Roberto.
Cláudia foi até o local onde o homem a havia levado.
Anunciou seu nome na portaria, e após alguns minutos, o porteiro disse para que subisse.
A mulher entrou no prédio.
Roberto a recebeu.
Ofereceu-lhe bebida.
Cláudia recusou.
Argumentou que tinha pressa.
Roberto pediu-lhe então para que dissesse o que queria.
Cláudia comentou que vinha lhe trazer a resposta para sua proposta.
Roberto pediu para que dissesse.
A mulher disse-lhe que parasse de usar Lúcio para alcançar seus objetivos. Nervosa, comentou que nada a faria casar-se com ele, e que não seria com chantagem que ele conseguiria convencê-la.
Roberto ao ouvir isto, retrucou que não usou Lúcio para nada. Acrescentou também, que não iria desistir do processo, e que confirmada sua paternidade, moveria céus e terras para conseguir a guarda de Lúcio. Nervoso, disse que ela não assumiu o filho, e que desta forma, não teria dificuldades em obter a guarda do garoto, já que ele era menor.
Cláudia ao ouvir isto, disse que ele não tentasse.
Roberto respondeu que ela ainda poderia aceitar sua proposta.
A mulher não concordou. Argumentou que não gostava dele. Perguntou-lhe por que insistia tanto no assunto, sabendo disto. Perguntou-lhe por que o interesse em casar-se com ela. Disse que aquele imóvel devia valer mais do que a casa em que morava, seu carro, e qualquer patrimônio que ela tivesse conseguido.
Roberto, argumentou que nem tudo era dinheiro.
Cláudia contudo não se convenceu.
Roberto tentou convencê-la de que gostava dela.
A mulher porém não acreditou.
Roberto argumentou que fora um tolo e que fugira por medo de sofrer as consequências de seu ato. Disse que sabia que os pais de Cláudia ao tomarem conhecimento do ocorrido, iriam atrás dele para tomarem satisfação. Mencionou ainda que na época era casado, e que não poderia assumir o que havia feito.
Retrucou que agora porém, estava divorciado. Desta forma, poderia reparar seu erro.
Com isto, Roberto insistiu para que ela pensasse com carinho em sua proposta.
Irritada Cláudia gritou com o homem.
- Você ainda não entendeu? Por nada deste mundo eu irei me casar com você! Nem que você fosse o último homem da face da terra. Eu nunca irei fazer uma insanidade desta.
Nisto, dirigiu-se a porta, abriu-a, saiu do apartamento.
Cláudia desceu correndo as escadas.
Roberto, ao receber a negativa, ficou perplexo.
Tentou sair correndo atrás de Cláudia, mas quando chegou no saguão do hotel, a mulher já estava na rua, dentro de seu carro.
Roberto tentou ir atrás dela, mas ao dirigir-se a garagem do apartamento, percebeu que não estava com a chave do veículo.
Ficou furioso.
Prometeu porém para si mesmo, que ela iria se arrepender do que dissera.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Poesias
quinta-feira, 22 de julho de 2021
DELICADO - CAPÍTULO 21
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