Diante disso, sentindo-se livre de qualquer compromisso, resolveu que tentaria novamente, ter uma família, e por isso, casou-se novamente.
Numa cerimônia realizada na mesma igreja em que se casara com Lizandra, Lindolfo novamente contraiu núpcias. Casou-se com Andréia.
Com Andréia, teve sete filhos.
Contudo, a despeito do que ocorrera no primeiro casamento, Lindolfo decidiu que não teriam filhos tão cedo. Prevenido com o que ocorrera em seu primeiro matrimônio, Lindolfo achou por bem, esperarem algum tempo, antes de ter filhos.
Tal notícia no entanto, não agradou nem um pouco Andréia.
Desapontada, ela ficou surpresa com a decisão do marido. No entanto, apesar disso, procurou não discutir, pois sabia que de nada adiantaria. Afinal, se ele decidiu assim, nada o faria mudar de idéia.
Por isso mesmo, para convencê-lo de que era boa mãe, aceitou com o prazer, a responsabilidade em educar os filhos do primeiro casamento do marido.
Nessa época, Lorena, Lara e Luís, já possuíam, quatro, três e dois anos, respectivamente.
Apesar disso, Andréia conseguiu com sucesso, criar as três crianças. Mesmo Lorena e Lara, que no começo, resistiram a sua presença em casa, mas depois de algum tempo de convivência, acabaram por se aproximar da moça.
Carinhosa com as crianças, mesmo depois de ter os seus próprios filhos com o marido, nunca fez distinção entre eles. Sempre tratou a todos igualmente.
Aliás, foi justamente por esta razão, que Lindolfo finalmente concordou com a esposa, e passou a se interessar pela possibilidade de ter outros filhos.
Assim, depois de quase dois anos de casados, nasceu Leonardo – o filho mais velho do casal. Tal fato, deixou Lindolfo muito animado. Como fizera quando do nascimento de Lorena, durante primeiros meses de vida do menino, dedicou-se exclusivamente a ser pai.
Zeloso, ajudava a esposa a dar banho no bebê, a distraí-lo, e de vez em quando, se era necessário, tomava conta de Leonardo. Sempre que Andréia precisava sair, Lindolfo cuidava do menino. Juntamente com seus outros filhos, chegou a passar tardes inteiras brincando. Agindo desse modo, nem parecia o mesmo homem de antes.
Atencioso, raramente saía sozinho. Nos últimos tempos, passou a ser portar muito bem com a família.
-- Isso é sentimento de culpa. – diziam os mais impiedosos.
Esse aliás, era um pensamento comum na cidade. Mesmo antes de Lizandra morrer, Lindolfo sempre fora criticado por suas atitudes promíscuas. Seu comportamento antiquado incomodava as pessoas.
Mas agora, ele resolvera adotar uma atitude diferente.
Mais atencioso com os filhos, se tornara um pai mais presente.
No entanto, apesar disso, nunca visitava as filhas de Thereza. Tentando fugir dessa complicação, passou, conforme o combinado a mandar-lhe dinheiro. E só. Com relação as trigêmeas, nunca teve nenhuma curiosidade. Partindo da premissa que Thereza cuidava muito bem delas, nunca se preocupou em vê-las.
Nesse aspecto, Lindolfo só viu as meninas, quando estas nasceram. Depois, somente em espaçadas visitas que fazia a amante. Mas, depois do acidente que vitimou Lizandra, Lindolfo, a exceção do dia em que cortou relações com a amante, nunca mais foi ver as filhas.
Para ele, os filhos de seus dois casamentos é que eram seus de verdade.
Por isso, nos últimos anos, dedicou-se a eles.
Presente, acompanhou os primeiros passos de Leonardo. Viu-o engatinhando e balbuciando suas primeiras palavras.
Nessa época Lorena, Lara e Luís, estavam crescidos. Lorena com seis anos, já ajudava o pai a cuidar do irmão, brincando com ele e o distraindo.
Ela aliás, capitalizava todas as atenções. Lara e Luís – com cinco e quatro anos, na época –, viviam disputando a atenção da irmã.
Por conta disso Lindolfo e Andréia viviam apartando as brigas dos dois.
Mas, a despeito das brigas, os dois se gostavam muito. Depois de cinco minutos, lá estavam os dois, juntinhos de novo, brincando.
Vê-los juntos, era uma cena muito bonita.
Muito embora, vivessem brigando, sabiam ser amigos também.
Depois de algum tempo, Andréia ficou novamente grávida.
Porém, a moça levou algum tempo para contar ao marido. Com isso, quando finalmente tomou coragem e contou o que sucedia, Lindolfo ficou surpreso. Contudo, apesar de não estar esperando uma segunda gravidez da esposa, percebeu que não fora um descuido proposital. Além disso, ele também era responsável por isto.
Assim, simplesmente disse:
-- Bom, o que está feito, está feito. O jeito é cuidarmos para que ele se sinta bem, e que tenha um cantinho nesta casa.
Ao ouvir isto, Andréia sentiu-se aliviada.
Lindolfo então, decidiu que, para mobiliar o quarto do bebê, usaria os mesmos móveis que foram usados nos quartos de seus outros filhos.
Andréia porém, cansada de ver o mesmo mobiliário, insistiu com o marido para que este comprasse móveis novos para o filho ou filha, que estava por chegar.
Diante deste pedido, Lindolfo não teve como recusar. A pedido de Andréia, comprou tudo que ela pedira.
Quando os móveis foram levados para a casa, a moça cuidou logo, para que tudo fosse montado. Assim, quando ao final da tarde entrou no quarto, e viu os móveis montados, ficou encantada. Para ela, tudo estava perfeito. Contudo, faltava uma decoração condizente com o quarto.
Por esta razão, durante os meses que se seguiram, Andréia passava as manhãs olhando as vitrines. Procurando montar o enxoval da criança, evitou comprar roupas rosas ou azuis. Tais cores, na época, indicavam o sexo da criança.
Por isso, muitas cores neutras, compuseram o enxoval. Cuidadosa, também comprou brinquedos, mamadeiras, entre outras coisas para o bebê.
Animada, sua gravidez foi das mais tranqüilas. Aliado a isso, por não ser mãe de primeira viagem, sabia que não teria grandes dificuldades com seu segundo filho. Ademais, em caso de dúvida, poderia pedir ajuda ao marido, pois este já era pai de três filhos ao se casar com ela. Ademais, ele já demonstrara bastante interesse com relação aos filhos, ao cuidar de Leonardo.
E assim foi, ao final da gravidez, Andréia deu luz a mais um filho.
Feliz com o nascimento de mais um filho, Lindolfo resolveu dar-lhe o nome de Lúcio. E a Lúcio, dispensou os mesmos cuidados que a Leonardo – nesta época, com quase dois anos. No entanto, conforme surgiam compromissos no escritório, Lindolfo não pôde se dedicar integralmente ao novo filho. Constantes viagens o faziam ficar, seguidos dias, longe de casa.
Tal fato, acarretou fofocas na cidade.
As futriqueiras de plantão, começando a especular novamente a vida de Lindolfo, chegavam a insinuar que este, estava novamente de caso com alguém.
No entanto, Andréia, confiante que era, não acreditava nisso. Segura de si, sempre dizia que, se Lindolfo lhe aprontasse uma dessas, não haveria segunda chance. Estaria tudo acabado entre eles. Por isso, não ligava para os comentários, e procurava seguir com sua vida. Além do mais, tinha cinco crianças para cuidar. E portanto, muito trabalho a esperava.
Apesar de poder contar com a ajuda de duas babás, ainda assim Andréia precisava tomar conta dos filhos.
Por serem muitas crianças, o trabalho nunca acabava.
Mas, Lorena – a filha mais velha de Lindolfo –, que nesta época tinha oito anos; Lara, com sete e Luís com seis; já podiam fazer algumas coisas sozinhos.
Contudo, por serem crianças, ainda assim, precisavam que alguém atento, os olhasse.
Isso por que, quando Lorena se juntava com Lara, a confusão era certa. As duas quando se juntavam, era só traquinagem. Já Luís, sempre foi um menino quieto. Mesmo quando estava com as duas, raramente aprontava. Mas quando ficava sozinho com Lara, freqüentemente brigavam.
Já Leonardo, por ser muito pequeno, não participava da brincadeira dos irmãos.
Por serem maiores, Lara e Luís não tinham paciência com o pequeno Leonardo. Sempre que brincavam de alguma coisa, queriam que o irmão os acompanhasse nas brincadeiras. Como isso não acontecia, deixavam-no de lado.
Por isso, sempre que era rejeitado nas brincadeiras dos irmãos, saía chorando em busca de que alguém o defendesse.
Por conta disso, muitas vezes, a babá de um deles, ou mesmo Andréia, quando percebia isso, ia logo chamando a atenção dos dois, que então, eram compelidos a aceitar o irmãozinho nas brincadeiras.
No entanto, por serem maiores, viviam judiando do menino.
Em razão disso, depois de um certo tempo, Andréia desistiu de impor a presença do filho, nas brincadeiras dos irmãos.
Mas antes disso, deu-lhes uma merecida bronca. Vendo que não havia jeito de integrar os irmãos, decidiu então, afastar Leonardo dos dois. Em razão disso, chamou Lara e Luís para uma conversa. Levando-os até seu quarto, começou dizendo:
-- Muito bonito o que os dois fizeram, heim? Bonito maltratar uma criança que é o irmão de vocês.
-- Mas, mãe, a culpa não foi minha, foi a Lara que empurrou ele. – disse Luís, se defendendo.
-- Não fui eu não. Esse mentiroso que está inventando tudo. O Leonardo caiu sozinho. – disse Lara.
-- Não interessa quem começou. O que eu sempre vejo, é duas crianças muito amadas, que insistem em judiar de uma pessoinha que ainda não sabe se defender. Isso é certo, meninos?
Envergonhados, balançaram a cabeça negativamente.
Mas, Andréia não estava satisfeita. Então perguntou:
-- Eu não ouvi. Isso é certo Lara?
-- Não. – respondeu a menina.
-- E você Luís, acha isso certo?
-- Não.
-- Então, se vocês não acham certo, por que continuam insistindo nisso? Por que cometem sempre o mesmo erro? Por que isso? Acaso, eu não cuido bem de vocês? Alguma vez eu dei motivos para que vocês se sentissem menos amados que o Léo e o Lúcio?
Ao ouvirem isso, os dois caíram no choro.
-- Me digam crianças, onde foi que eu errei? Se eu fiz alguma coisa errada, eu preciso saber para consertar, está bem?
Nisso os dois correram para os braços dela e disseram entre soluços:
-- Não mãe. Você não fez nada de errado.
Depois dessa conversa, os dois foram correndo chamar o irmãozinho para brincar. Segurando-o pela mão, Lara, explicou-lhe todas as brincadeiras. Paciente, chegou até a levá-lo no banheiro. Mas ao ter que limpá-lo, chamou Andréia, para fazê-lo.
Sabendo disso, Andréia ficou feliz. Finalmente estavam aceitando o irmão.
Ao contrário de Lorena, que sempre brincava com ele, Lara e Luís, rejeitavam-no sistematicamente em suas brincadeiras. No entanto, após a chamada que levaram de Andréia, finalmente passaram a brincar com o irmão.
Apesar de algumas brigas e algum choro, já era um progresso admitirem o irmão em algumas brincadeiras. Contudo, em nem todas Leonardo estava.
Mas isso Andréia entendia. Como era muito pequenino, Leonardo não conseguia acompanhar os irmãos nas brincadeiras. Por isso, sempre que era necessário, uma das babás, ou mesmo Andréia, intervinham, e lhe explicavam os motivos dos irmãos.
Mas Leonardo não entendia. Assim, para distraí-lo, Bernadete e Marlene sempre brincavam com ele. Dedicadas, desde a morte de Lizandra, passaram a cuidar dos meninos como babás. Por essa razão, outras empregadas foram contratadas para cuidar da casa.
E assim, há alguns anos, já trabalhavam para a família Oliveira Jardas.
Acostumadas com a criançada, Marlene e Bernadete já tiravam de letra certos imprevistos. Enfim, eram pessoas de confiança.
Por isso, quando Andréia ficou novamente grávida, as duas ficaram animadas com a notícia, pois mais uma criança viria ao mundo, para alegria delas. Afinal, enquanto tivessem crianças para olhar, teriam o emprego garantido. Felizes, encontraram a casa certa para trabalharem.
E assim, quando Lígia nasceu, todos ficaram encantados. Finalmente depois de seis anos de feliz matrimônio, Andréia teve uma menina.
Já um pouco crescidos, Leonardo – com quatro anos – e Lúcio – com quase dois anos –, ficaram encantados com a irmãzinha. Curiosos, ficavam o tempo todo observando o comportamento da menina e perguntando a mãe, o porquê de todos os seus gestos.
Lorena – já com dez anos –, Lara – com nove – e Luís – com oito –, já estavam mais do que acostumados a ter crianças na família. Desde que nasceram, não paravam de ganhar irmãos.
Com este aliás, já era o terceiro filho de Andréia.
Foi assim que Lígia, passou a ser a princesinha da casa.
Paparicada por todos, inclusive pelos irmãos mais velhos, – filhos do primeiro casamento de Lindolfo – que ficaram encantados com ela, desde que nasceu, a e menina então, se tornou o xodó da casa.
Quando Lígia nasceu, Lindolfo estava viajando a trabalho. Por isso, somente quando retornou, é que pôde finalmente ver a filha.
Por isso, quando viu a menina, ficou encantado. Depois de dois meninos, nascia uma menina. Para ele, uma grande alegria, apesar de já ter duas filhas legítimas.
Andréia nesse aspecto, ansiava muito por uma filha. Adorava os meninos, mas sempre quis ter filhas também. Em razão disso, em todas as suas gravidezes, sempre esperava por uma menina. No entanto, isso nunca acontecia. Agora, depois de tanto tempo, finalmente, Lígia nasceu.
E a menina cresceu em meio a muitos irmãos.
Mesmo quando nasceu Leandro, quarto filho do casal, Lígia não perdeu seu posto de queridinha da casa.
Luciana Celestino dos Santos
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