Poesias

quarta-feira, 21 de julho de 2021

DELICADO - CAPÍTULO 5

No dia seguinte, Cláudia não respondeu ao chamado da mãe para acordar.
Ana tentou entrar no quarto, mas a porta estava trancada.
Preocupada, comentou o fato com o marido.
Jacinto, comentou que ela deve ter voltado muito tarde, e devia estar com muito sono.
Ana concordou em deixar a filha dormir.
E Cláudia só foi levantar-se da cama por volta das duas horas da tarde.
Ana perguntou-lhe da festa e Cláudia respondeu que correu tudo bem.
Ficou intrigada com a resposta. Tanto que indagou:
- A senhorita passa a noite inteira fora, e a única coisa que tem para dizer é que tudo correu bem? Poxa! Achei que a festa tivesse sido animada.
Cláudia estava abatida.
Ana percebeu isto, e questionou a filha:
- Correu tudo bem, mas você não me parece nada bem!
Cláudia respondeu que havia bebido um pouco mais do que devida, e havia se sentido mal. Comentou que saiu da festa e foi para a casa de uma colega da faculdade.
Ana perguntou o nome da colega.
Cláudia argumentou que ela não conhecia.
Ana não ficou muito convencida.

Tanto que mais tarde, foi conversar com Letícia para saber o que havia acontecido.
A moça respondeu que Cláudia saiu repentinamente da festa, e que pensou que ela havia voltado para casa, pois isto fora o que ela dissera que iria fazer.
Quando Ana lhe contou a explicação que a filha lhe dera, Letícia comentou que não sabia de quem Cláudia poderia estar falando.
Cautelosa porém, Letícia evitou falar de Roberto. Achou que não deveria fazê-lo.
Ana, agradeceu a moça. Despediu-se.
Letícia despediu-se, e tentando acalmá-la, disse que a amiga bebeu um pouco demais, e que deve ter ficado constrangida de voltar para casa daquela forma. Por isto, deve ter ido para a casa de uma amiga.

Ao voltar para casa, Cláudia estava trancada em seu quarto.
Não queria falar com ninguém.
Ana insistiu, mas nada da filha abrir a porta.
Ficou preocupada.
Nos dias que se seguiram, a moça não queria saber de comer.
Ficava pouco tempo com os pais.
Faltou alguns dias na faculdade.

Roberto sumiu.
Temeroso de ser descoberto, o moço resolveu trancar sua matrícula na faculdade.
Roberto abandonou seu emprego.
Convenceu a esposa a se mudar do lugar.
Argumentou que sem emprego, precisariam se mudar para um lugar mais simples, sem tantos luxos e despesas.
Foi então que Laura o convenceu a ficar algum tempo na casa dos pais, e assim que encontrasse um novo trabalho, poderiam alugar um novo apartamento.
Roberto estava nervoso.
Laura desconfiou do marido, mas procurando evitar discussões, concordou com a mudança.
E assim, ao longo de duas semanas, o casal se mudou do local.

Cláudia, com o passar dos dias, foi se recuperando do baque.
Embora a filha não comentasse, Ana sabia que algo de muito grave havia acontecido. Isto a deixava bastante preocupada.
Fato este que não passou despercebido de Jacinto, que perguntou-lhe que estava se passando.
Ana porém, tentando pôr panos quentes, dizia que nada havia acontecido.
Jacinto não se convenceu, mas ao perceber que a mulher não lhe diria nada, embora a pressionasse, resolveu deixar o tema de lado. Pensou que com o tempo, descobriria o que estava acontecendo.
Estranhava o jeito da filha.
A tristeza de Cláudia.
Por diversas vezes, chegou a lhe perguntar o que estava acontecendo.
Mas a filha lhe dizia que estava tudo bem.
Contudo não se alimentava, e nem dormia direito. Não tinha disposição, nem vontade de estudar.
Letícia ficou preocupada com o sumiço de Cláudia.
Comentou o fato com sua mãe, Helena, que a aconselhou a visitar a amiga. Disse-lhe que devia retribuir o gesto de amizade.
E assim, Letícia foi visitar Cláudia.
A jovem, ao ouvir o nome da amiga, pediu a mãe que se desculpasse com ela, mas que preferia ficar sozinha.
Ana repreendeu-a e disse que seria uma grande desfeita não receber sua amiga. Comentou que Letícia estava preocupada com suas faltas, e queria apenas vê-la. Disse que a moça iria entrar em seu quarto, e que portanto tratasse de se arrumar um pouco. Ressaltou que não iria aceitar nenhuma desfeita.
Contrariada, Cláudia concordou em receber a amiga.
Letícia ao ver Cláudia abatida, tratou logo de abraçá-la.
Perguntou-lhe o que havia acontecido. Disse que estava preocupada.
Cláudia chorou.
Nervosa, não conseguia dizer uma só palavra.
Ana e Letícia, ao perceberem isto, ficaram preocupadas.
A mulher então, trouxe um copo de água com açúcar para a filha. Pediu para que se acalmasse.
Letícia então, pediu a amiga que bebesse a água.
Cláudia atendeu ao pedido.
Depois de algum tempo, Letícia perguntou-lhe o que estava acontecendo.
Cláudia disse que não estava acontecendo nada.
Embora Ana e Letícia insistissem para que a moça contasse o que estava acontecendo, Cláudia se fechou em copas. Nada disse.
As mulheres se entreolharam preocupadas.
Por fim, convencida pela mãe e pela amiga, Cláudia voltou a frequentar as aulas.
Realizou as provas finais.
Compensou os dias que faltou ao trabalho. E concluiu o contrato temporário.
Estudou para as provas.

Com o tempo, Cláudia acabou confessando para Letícia, que foi para a cama com Roberto, e que não sabia o que fazer.
Confessou que sentia muito mal estar, e que não tinha vontade de comer. Argumentou que alguns cheiros lhe embrulhavam o estômago.
Letícia desconfiou que a amiga estivesse grávida.
Circunstância a qual Cláudia negou veementemente. Disse que havia usado camisinha.
A amiga porém não se convenceu.
Mas como Cláudia não tocou mais no assunto, não insistiu no tema. Sabia que era um assunto complicado para a amiga.
Com isto, as amigas voltaram a fazer os programas que faziam juntas como estudar e ir ao cinema.
Quando Sandro soube que Cláudia não estava bem, não criou problemas. Disse que Letícia devia ficar mais tempo com sua amiga, até a moça ficasse bem. Não fez perguntas indiscretas e respeitou o silêncio de Cláudia.
As jovens fizeram as provas de final de semestre.
Como sempre, Cláudia tirou boas notas.
Letícia também teve um bom desempenho.
Passaram de ano sem problemas.
Finalmente o ano letivo acabou.

Com efeito, em que pese o término do ano letivo, para Cláudia o clima continuava pesado.
Ana continua preocupada com o comportamento da filha.
Lucindo por sua vez foi visitá-la algumas vezes.
Parecia preocupado com a moça.
Cláudia contudo, dizia que estava tudo bem.
Lucindo ao ficar a sós com a moça por um instante em uma de suas visitas, perguntou-lhe se havia encontrado novamente Roberto.
Cláudia respondeu-lhe que não. Dizia que não queria se lembrar do que havia acontecido. Pediu quase chorando, que ele não contasse à sua mãe, sobre o que havia visto.
Lucindo, nervoso e arrependido de tocar no assunto, pediu desculpas a moça.
Disse que nunca mais tocaria no assunto. Pediu-lhe novamente desculpas.
Nisto, abraçou a amiga.
Ana ao ver o rapaz abraçando a filha, perguntou o que estava acontecendo.
Cláudia desconversando, comentou não se sentia bem.
Lucindo então comentou que não pretendia incomodar e que por isto, estava indo embora. Pediu desculpas por qualquer incômodo, e deixou seu telefone.
Disse que Cláudia poderia ligá-lo sempre que precisasse de ajuda.
A moça agradeceu, mas ressaltou que estava tudo bem. Que não havia com o que se preocupar.
Ana por fim, ao conduzi-lo até a sala, agradeceu a visita.
Cláudia voltou a ficar acamada.

Com o tempo, a moça acabou tendo de contar a mãe, que receava estar grávida, e o que aconteceu no dia da famigerada festa.
Afinal seus mal-estares começaram a ficar constantes. E caso estivesse grávida, não conseguiria esconder o fato por muito tempo.
Assim, encheu-se de coragem e foi conversar com a mãe.
Ana ao ouvir os fatos, ficou furiosa com a filha.
Cláudia por sua vez, pensou que iria apanhar, ser expulsa de casa ...enfim...
Mas não.
Ana, tentando se recuperar do susto, resolveu colocar as ideias em ordem.
Pensou, que havendo uma suspeita de gravidez, deveria levar sua filha ao médico.

Desta forma, sua mãe, tratou de agendar uma consulta para a filha.
Para surpresa de todos, ao final de algum tempo, a gravidez foi confirmada.
Ana e Cláudia tiveram que contar a novidade para Jacinto.
Pressionada, a moça se recusou a revelar a paternidade da criança. Argumentou que o moço havia fugido e que não faria diferença dizer quem era.
De fato, ao retornar a faculdade, Cláudia descobriu que Roberto havia sumido.
Mais tarde, tomou conhecimento de que o moço havia trancado sua matrícula.
Algumas pessoas diziam que ele havia abandonado seu emprego e passado a morar no interior com sua esposa.
Lucindo chegou a descobrir em conversas, que o moço não havia concluído sua faculdade anterior, e que havia tido problemas ao se envolver com uma aluna menor de idade em outra instituição.
Cláudia ficou perplexa ao ouvir as palavras do amigo.
Nervosa, precisou ser amparada por ele.
Como Cláudia não reunisse condições de permanecer nas dependências da faculdade, Lucindo resolveu levá-la dali.
Chamou um táxi.
Como a moça pediu para não voltar para casa, Lucindo resolveu levá-la até sua casa.
O moço dividia a moradia com um casal de tios.
Quando Cláudia soube do fato, comentou que ele nunca comentara que não vivia com seus pais.
Disse que eles haviam falecido há alguns anos atrás.
Cláudia ficou penalizada.
Disse sentir muito.
Lucindo porém, percebendo que o problema de Cláudia era grave, perguntou-lhe se estava precisando de ajuda.
A moça respondeu que não.
Lucindo disse-lhe que não iria fazer-lhe mais perguntas sobre o dia fatídico, mas precisava saber se ela estava grávida de Roberto.
Surpresa com a pergunta, Cláudia respondeu-lhe que não.
Por fim, mais calma, a moça agradeceu a acolhida e pediu para retornar a casa.
Lucindo, pegou emprestado o carro do tio, e levou a moça para casa.

Confirmada a gravidez, Ana tentou pressionar Letícia para contar com quem Cláudia havia saído, mas a moça respondeu-lhe que somente quem poderia contar o que se sucedeu seria a própria Cláudia, pois ela não tinha como saber quem era.
Ana foi até a casa de Letícia para indagá-la a respeito do fato.
Porém, ao ouvir a resposta da moça, a mulher ficou furiosa.
Saiu da casa da jovem, sem se despedir.
Letícia ficou perplexa com a reação da mulher.
Nisto, o ver Ana sair da residência, Helena, a mãe de Letícia, perguntou a filha o que havia acontecido.
A moça contou que Ana veio perguntar sobre Cláudia, mas ela não sabia nada a respeito.
Indignada a mulher comentou que quem tinha que saber da vida de Cláudia, era Ana, e não sua filha.
Furiosa, comentou:
- Onde já se viu? Mulherzinha desaforada!

Jacinto por seu turno, ao saber do ocorrido, chamou a atenção da esposa.
Disse que ela não tinha o direito de interpelar a moça daquela forma.
Argumentou que a filha é quem deveria dar contas do ocorrido e proibiu a esposa de especular o assunto com terceiros. Afinal de contas, não era ela que não queria que ninguém soubesse do ocorrido?
Sim, Ana exigiu que a filha não contasse para ninguém sobre o ocorrido.
A mulher chegou a perguntar a filha se havia contado sobre a suspeita de gravidez para a amiga.
Cláudia respondeu-lhe que não.
Com tempo, mãe e filha foram a faculdade trancar a matrícula.
Letícia havia se matriculado anteriormente.
Ao encontrar-se com a amiga, Letícia animada, comentou que logo logo estariam concluindo o curso.
Cláudia sorriu.
A moça não contou dos planos da mãe de ficar alguns meses fora da cidade.

Ana mencionou a Jacinto, que elas ficariam alguns meses fora, na casa de uma tia.
A mulher contou o ocorrido para uma parente e pediu guarida.
Jacinto não concordava com aquilo, mas não conseguiu demover a esposa do intento. Dizia que a filha deveria assumir o erro.
Ana dizia que não queria que a filha fosse apontada na rua.
Com isto, mãe e filha arrumaram as malas e rumaram para o interior.

Letícia por sua vez, ficou surpresa ao retornar as aulas e não encontrar a amiga.
Ao conversar com Jacinto, descobriu que a moça havia viajado para o interior com a mãe, para realizar um tratamento de saúde.
Jacinto dizia que Ana andava meio adoentada e Cláudia acompanhou-a.
Letícia achou a história um tanto estranha, mas não questionou.
Apenas pediu notícias.
Jacinto, prometeu lhe dar notícias.
A moça agradeceu.
Ao chegar em casa, comentou que a mãe que a mãe de Cláudia havia adoecido e que precisaria fazer um tratamento no interior. Relatou surpresa, que a amiga a estava acompanhando. Intrigada, comentou que Cláudia não havia lhe falado nada sobre o assunto.
Helena orientou a filha a deixar o assunto de lado.
Letícia não comentou mais o assunto com sua mãe.
Ocupou-se dos estudos, do namoro com Sandro, que passou a frequentar a casa da família.
De vez em quando, após saber o endereço de uma caixa postal. Letícia passou a escrever para Cláudia.

Lucindo também procurou Cláudia.
Como não a encontrou, perguntou a Letícia sobre a moça.
A garota comentou que não sabia o que havia acontecido.
Disse que de vez em quando escrevia para a moça.
Preocupado, o moço pediu para que se fosse possível, o informar sobre qualquer novidade.
Intrigada, a jovem concordou.
Disse que o avisaria de qualquer novidade.
Lucindo agradeceu.
O rapaz dirigiu-se a casa de Jacinto, para obter maiores informações.
Ao lá chegar, foi informado que a moça iria ficar algum tempo no interior com sua mãe. Jacinto relatou que Ana estava doente, e que ele não poderia acompanhá-la por tanto tempo, já que estava trabalhando. O homem também comentou que não gostaria de falar sobre a doença da mulher, e que Cláudia a acompanharia pelo tempo que fosse necessário.
Lucindo agradeceu a informação, e foi embora.
E assim, de vez em quando o moço tomava conhecimento de notícias através de Letícia.

Com efeito, Cláudia e Ana, viajaram de ônibus até uma cidade do interior.
Para chegar a rodoviária, chamaram um táxi. Despediram-se de Jacinto, que desejou-lhes boa viagem.
A moça não parecia nem um pouco satisfeita com as mudanças de rumo em sua vida.
Ao subir no ônibus em que iniciaria a grande mudança de vida, a moça sentou-se ao lado da janela. Ficou observando o movimento do lugar, sem prestar atenção no que ocorria.
Quando Ana revelou seu intento, a moça tentou argumentar.
Disse que não se importava em assumir o filho que estava esperando.
Mas Ana disse que ela própria iria registrar a criança como sua.
A esta altura, Cláudia já havia realizado os primeiros exames.
Ana se preocupava com o fato de que em algumas semanas, já não seria possível esconder a gravidez.
Cláudia se lembrava da preparação para a festa.
De como se sentiu linda com sua roupa, da companhia dos amigos. Os drinks e as bebidas. O confronto com Roberto. Lembrou-se do despertar enrolada em um lençol, completamente nua. Angustiada, tentava compreender o que havia acontecido.
Roberto seria de fato, capaz de se aproveitar de uma situação de fragilidade sua, para satisfazer seus instintos?
Ao mesmo tempo, em que tentava esquecer... Impossível diante de uma gravidez... A moça tentava entender o acontecido.
Às vezes lhe vinha a lembrança de beijos roubados, de sua resistência às investidas do moço. Lembrou-se de sentir tontura.
Algumas lágrimas surgiram em seu rosto.
Cláudia imediatamente levava a mão ao rosto para enxugá-las. Para disfarçar, olhava pela janela, fingindo estar distraída.
Ana finalmente entrou no ônibus.
Olhou para a moça, que insistia em não olhá-la nos olhos.
Ouviu um suspiro.
Foi quando percebeu o choro da filha.
Ana ficou penalizada.
Tencionou passar a mão nos longos cabelos filha.
Não o fez. Achou que iria constrangê-la.
Cláudia apoiou-se no banco para observar o ambiente.
Em dado momento, Ana perguntou se a moça estava com fome. Preocupada, perguntou se ela não estava sentindo mal estar.
Cláudia balançou a cabeça negativamente.

Isto por que a moça chegou a sentir um pouco de mal estar nos últimos dias.
Preocupada, Ana providenciou chazinhos para a filha.
Pedia para a moça descansar.
Desde o sucedido, foi a primeira vez que Ana demonstrou algum carinho com Cláudia.
A mulher chegou a se lamuriar com o marido, ao saber do que sucedera a filha.
Comentou que não havia criado sua única menina, para ficar na boca do povo.
Custava a acreditar que aquela moça tão ajuizada fosse lhe preparar aquela falseta.
Jacinto só pensava em agarrar o rapaz que enganara sua filha, pelos colarinhos, e sacudi-lo.
Ana já dissera que tinha vontade de bater nele, dando-lhe uns bons sopapos.
Envergonhado, Jacinto andava tristonho que só.
Cláudia, não queria saber de sair de casa.
Não conseguia olhar os pais nos olhos.

Durante a viagem de ônibus, Ana lhe deu um remedinho para combater um possível enjoo.
Cláudia com o tempo, deixou o olhar perdido, contemplando a paisagem da estrada e adormeceu.
Ana chegou a acomodar a cabeça da filha em seu ombro.
Triste, acariciava seus cabelos e pensava: “Minha filha. Minha filhinha, por que?”
Havia sonhado muitas coisas para sua filha, muitos futuros e destinos diferentes. Nunca pensou que a vida lhe pregaria uma peça. Triste, pensava que sua filha fora ingênua demais, e que não havia preparado a moça para a vida.
Quando comentou isto com o marido certa vez, o homem admoestou-a dizendo para que parasse de dizer bobagens. Argumentou que ela era uma boa mãe, e que ele também sempre foi um bom pai. Contudo, nem tudo estava sob o controle deles, e que criar uma filha para ser boa, integra e honesta e não era demérito. Errado sim, era o mundo estar de pernas pro ar como estava.
Pensando nisto, a mulher começou a chorar baixinho.
Preocupada, ficou observando a moça, mas Cláudia não acordou.
A jovem dormiu praticamente a viagem inteira.
Só Ana que não conseguia pregar o olho.
A preocupação com o futuro da filha a consumia.
Agora era sua vez de contemplar a paisagem da janela.
Enquanto observava a paisagem que aos poucos ia se modificando, Ana constatou que não só a paisagem geográfica ia se modificando como também a paisagem de sua vida.
Ao longo da viagem o ônibus fez algumas paradas.
Cláudia continuava seu sono.
Quando o ônibus estava chegando próximo a cidade onde iriam descer, Cláudia acordou.
Ana perguntou-lhe se estava com fome.
Cláudia respondeu que não.
Ana insistiu que ela deveria se alimentar, pois estava há horas sem comer.
Cláudia porém, dizia não sentir fome.
Voltou o rosto para a janela. Ficou a observar a paisagem.

Quando chegaram na cidade, Florinda as aguardava.
Seu marido ajudou com as malas.
Levou Ana e Cláudia de carro para sua residência.
As duas mulheres pouco falavam.
Florinda falou que a propriedade estava linda, e que elas iriam gostar da estada.
A casa ficava afastada da área urbana da cidade.
Tratava-se de um sítio.
Cláudia recordou-se dos tempos de infância, em que passou algumas de suas férias, na propriedade.
Adorava tomar banho no lago, ver o bando de patos na lagoa, as galinhas, o galo, os pintinhos.
Nos últimos tempos, tinha até gado.
Ao se aproximar da propriedade, Cláudia ouviu o barulho dos animais.
Florinda comentou que nos últimos anos, adquirira umas cabeças de gado.
Ana perguntou dos cachorros.
Florinda comentou que os animais haviam morrido, mas que havia outros dois cachorros na chácara.
Disse que ainda eram filhotinhos, e que iriam crescer junto com a família.
Ao chegarem em frente a propriedade, Florinda desceu do carro e abriu a porteira. O carro entrou na propriedade. Florinda veio atrás fechando a porteira.
Voltou ao carro.
Seguiram a viagem em meio a palmeiras e outras árvores repletas de flores.
Era uma propriedade grande.
Feliz, Florinda comentou que ao longo dos anos, foram comprando mais terrenos.
Comentou que o pomar estava lindo, com mais de cem árvores frutíferas diferentes.
Possuía uma bela criação, com diversos animais. Agora havia tanques para criação de peixes.
A horta estava linda. Um lindo e exuberante jardim em frente a casa.
O antigo sobrado dera lugar a uma casa com três andares. A garagem ficava no primeiro pavimento. A casa ficava nos pavimentos seguintes.
A piscina fora substituída por um modelo maior, tendo ao lado uma piscina infantil.
Quando se aproximaram da casa, o homem estacionou o carro.
Entraram em um elevador e chegaram a casa.
Florinda acomodou mãe e filha em um dos quartos de hóspede. Tratava-se de um cômodo imenso, com varanda para observar a beleza da propriedade.
Nos dois pavimentos da casa, havia varandas e redes.
Cláudia começou a gostar do lugar.
As malas foram acomodadas num amplo guarda-roupa de alvenaria.
A moça comentou que tudo estava muito diferente.
Florinda concordou. Disse que antigamente o quarto de hóspedes era mais acanhado. Animada comentou que havia mais três quartos iguais aqueles, reservados somente para os hóspedes que recebia.
Eram quartos amplos, com até quatro camas em cada um, grande escrivaninha e televisão de tubo no quarto.
Curiosa, Ana perguntou se ela recebia muitas visitas.
Florinda comentou que nos feriados prolongados, muita gente se hospedava em sua casa, mas que ao longo do ano, as visitas eram mais escassas.
Ana demonstrou preocupação com o fato de descobrirem a gravidez da filha.
Florinda argumentou que o próximo feriado prolongado seria o carnaval, dali há alguns dias.
Tranquilizou Ana dizendo que ninguém descobriria que ela estava grávida.
Florinda comentou que a sobrinha neta estava muito bem.
Ana concordou dizendo que Cláudia estava bem.
Florinda lhe disse que havia tomado a liberdade de marcar uma consulta com um médico muito bom, para Cláudia.
Ana agradeceu o cuidado. Disse que sua maior preocupação era encontrar um bom médico para acompanhar a gravidez da filha.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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