Flávio, estava deveras feliz com o compromisso de noivado firmado com Letícia.
Não se cansava de dizer aos seus amigos e colegas de trabalho que estava noivo de Letícia.
Bruno e Leandro, que já eram casados, comentaram com Flávio que esta seria uma grande mudança em sua vida.
Disseram que em determinados dias se sentiam no melhor dos mundos, e em outros, que tinham vontade de sumir.
Flávio achava graça nas palavras dos amigos. Apaixonado, dizia que com ele seria diferente.
Empolgado com a possibilidade de se tornar sócio no escritório de advocacia e contabilidade, não se cansava de dizer a Letícia que a festa promovida pelo escritório seria um grande momento para ele.
A moça ouvia a tudo com a maior atenção.
Em dado momento, o moço comentou que aproveitaria a oportunidade para apresentar Letícia como sua noiva.
Nisto a moça, preparando-se para o grande evento, saiu com sua mãe para comprar um vestido para a festa.
Animadas as duas foram caminhar pelas ruas de São Paulo em busca de um belo vestido.
Caminharam pelas ruas do bairro Bom Retiro. Bateram perna procurando boas roupas de festa.
Observaram vitrines, olharam peças.
Depois de um certo tempo, Letícia acabou comprando um vestido azul, cruzado nas costas.
Karina achou a roupa de muito bom gosto.
Interessada em efetuar mais uma venda, a vendedora da loja ofereceu vestidos para Karina, que gentilmente os recusou.
Entusiasmada com a compra, Letícia sugeriu um passeio pelo Jardim da Luz, seguido de uma visita a Pinacoteca.
Foi uma linda manhã de verde, jaqueiras, muito verde, um bonito jardim, fontes, coretos, gentes caminhando.
Depois visitaram a Pinacoteca, suas pinturas, seus portrait’s de pessoas ilustres da sociedade paulista, naturezas mortas, esculturas de Victor Brecheret – Rodolfo Bernardeli, bustos, entre outras obras de arte.
Visita onde para se conhecer todos os detalhes das exposições, seria necessário algumas horas.
Um belo mergulho na metrópole através da arte.
Nisto, após o passeio, as duas mulheres foram almoçar.
Pediram salmão com batata sauté. Para acompanhar, guaraná.
Ao provarem da comida, elogiaram o tempero.
A moça chegou a comentar que estava tudo uma delícia!
- Realmente muito bom! – concordou Karina.
Enquanto comia, Letícia comentou que estava ansiosa com a festa.
Falou que Flávio havia lhe dito que alugaram um belo salão o qual seria ornado de flores, teria música ao vivo e um belo buffett.
Animada, a moça disse que Flávio não soube comentar sobre os detalhes da festa, e que os homens não são muito atentos a detalhes. Disse porém, que pela animação do moço, que a festa prometia ser linda.
Karina perguntou então, se ela estava preparada para o grande evento.
Letícia respondeu então, que estava nervosa.
Karina aconselhou a filha dizendo que daria tudo certo. Respondeu que ela se divertiria muito com Flávio na festa, e que reencontraria conhecidos.
Letícia concordou.
Enquanto isto Letícia, prosseguia com sua rotina. Todos os dias ia de metrô para o trabalho.
Com efeito, certa vez, ao rumar para o trabalho, ao lá chegar, deparou com Jovelina, que também acabara de chegar.
Animada a moça comentou que estava se preparando para uma confraternização de colegas de trabalho de seu noivo.
Jovelina já sabia que a moça namorava um advogado.
Simpática comentou que Flávio era um jovem advogado bastante promissor.
Mãe de três crianças, comentou que esta fase de início de namoro, de noivado, era uma das melhores fases de uma relação, e que Letícia devia aproveitar muito. Dizendo que não queria desanimá-la, comentou que quando entra em cena o casamento, começam as obrigações e os atritos.
Mercedes ao ouvir as palavras de Jovelina, censurou-a. Dizendo que ela não precisava assustar Letícia, comentou que nem todos os casamentos eram assim e que cabia a ela determinar como seria sua relação com Flávio.
A moça riu. Dizendo que sabia que o casamento não era nenhum conto de fadas, alegou que faria todo o possível para viver bem com Flávio e ter uma ótima relação.
Contudo, dizendo que estava noiva, mas não estava com pressa de casar, contou que no momento não estava pensando nisto. Disse que na família de seu noivo, quem pensava em casar-se era sua futura cunhada, Cecília.
- Diga-lhe que eu desejo de todo o coração, muito boa sorte. – respondeu Jovelina ironicamente.
- Você não presta, Jovelina! – disse Marli, as gargalhadas.
Jovelina respondeu então, que perdia o amigo mas não perdia a piada.
Todas começaram a rir.
Depois, dizendo que deviam fazer jus ao salário que os contribuintes lhes pagavam, Marli disse que já estava na hora de começarem a trabalhar.
E assim fizeram.
Letícia deu prosseguimento as suas pesquisas.
Á tarde ministrou uma palestra em uma escola de ensino fundamental.
Conversou com as crianças sobre educação ambiental.
Começou dizendo que o planeta era muito grande e que tentar resolver os problemas do mundo sozinho seria impossível. Contudo, se todos começassem pelo quintal da própria casa, ou pelo condomínio, poderiam fazer a diferença.
Tentando apresentar propostas, Letícia disse que eles poderiam começar separando os materiais a serem reciclados, dos que não passariam por este processo. Que poderiam demorar menos tempo no banho; que poderiam abrir a torneira apenas quando precisassem; que não deveriam abrir a geladeira a toda hora; deixar acumular uma boa quantidade de roupas para lavar e depois para passar. Com isto economizariam energia.
Também poderiam cuidar para adquirem menos embalagens; que poderiam usar sacolas de pano em vez de sacolas de plástico, quando fossem ao supermercado.
Outra forma de cuidar do ambiente seria somente adquirir aquilo que precisassem. Disse que mesmo quando queremos algo, devemos realmente avaliar se aquilo é realmente importante, ou se é apenas uma compra por impulso. Argumentou que tudo o que fazemos em nosso dia-a-dia gera impacto no ambiente em que vivemos.
Comentou que deveríamos cuidar para produzir menos, adquirindo menos produtos supérfluos, menos embalagens e menos coisas desnecessárias.
Argumentou que na sociedade de consumo em que vivemos, devemos racionalizar os nossos gastos, não se deixando levar pela falsa idéia de que para ser alguém, é preciso ter. Ressaltou que em pese a mensagem negativa frequentemente apresentada na mídia, o ser humano é importante, não por sua capacidade de acumular bens, e sim pelo seu intelecto, pela sua capacidade de se comover com coisas belas, e de ser excepcional quando quer.
Empolgada, Letícia comentou que se sentia muito mais feliz em ouvir uma boa música do que em ter um carro para dirigir.
Um dos alunos perguntou se era errado querer ter um carro.
Letícia riu. Respondeu que não. Explicou que quando disse que uma boa música era muito importante para ela, quis apenas dimensionar o valor de cada coisa. Disse que sim, ter um carro era algo muito bom, trazia conforto e praticidade, mas que não era a coisa mais importante do mundo. Asseverou que o fato de alguém não reunir condições de ter um automóvel, um imóvel de luxo, ou qualquer outra coisa que dê status, não a faz inferior a ninguém, nem pior do qualquer pessoa. Reafirmou seu comentário, dizendo que as pessoas valem pelo seu conteúdo, suas atitudes, e não pelo que tem. Disse que os bens materiais perecem, mas o que a pessoa é, não.
Também disse que uma pessoa que se preocupa com o quintal de sua casa, com sua morada, e com a melhor forma de usufruir dos recursos naturais de forma equilibrada, está se mostrando um ser humano de valor. Comentou que esta era uma sementinha que estava sendo plantada naquelas mentes jovens, e que acreditava que aquelas idéias iriam germinar e se tornariam uma árvore frondosa e cheia de frutos. Razão pela qual conclamou-os a serem propagadores da idéia. Recomendou-lhes que conversassem com seus pais, seus amigos, seus vizinhos, seus parentes, com os demais colegas de escola, que debatessem o assunto.
Conversando com os alunos, os mesmos sugeriram a aquisição de cestos de lixo reciclável – de papel, plástico, metal, orgânico - separados por cores, como aqueles que viam em logradouros públicos. Sugeriram plantar mais árvores.
Uma professora sugeriu ainda, que poderiam economizar energia, desligando a luz sempre que saíssem de um ambiente.
Letícia então sugeriu que esta idéia deveria ser aproveitada em casa e também no colégio.
Mais tarde, conversando com os professores, sugeriu a eles aplicarem a idéia de apagar a luz quando o último funcionário saísse, por exemplo, da sala dos professores.
Comentou que poderiam economizar água abrindo a torneira apenas quando fosse necessário, entre outras medidas.
Para a palestra foi reservado o auditório da escola, para que os alunos tivessem a oportunidade de acompanhar a apresentação.
No dia seguinte a moça compareceu no período da manhã no mesmo colégio para passar as informações aos alunos da manhã.
Nestes eventos, a moça era conduzida por um carro da repartição e um motorista, até o local.
Mercedes e Marli notando o crescimento profissional de Letícia, comentaram que ela estava de parabéns.
- Garota, você vai longe! – comentou Jovelina.
Nisto, enquanto a festa não chegava, Flávio seguia todos os dias de carro para o escritório, com vistas a realização de seu trabalho.
Atendia clientes, se dirigia aos Fóruns com vistas ao acompanhamento de processos, participava de audiências, prestava atendimento a potenciais clientes. Serviços pagos.
Também redigia peças processuais, pesquisava jurisprudências.
E ainda conversava com seus colegas de escritório.
Os colegas conversavam sobre os casos esdrúxulos, as lides temerárias que se recusavam a propor, etc. Argumentavam que muito embora a lei diga que todo direito possuí uma ação que o assegura, comentaram que há contendas que não tem razão de ser.
Vicente, Francisco, Bruno e Leandro, compartilhavam deste ponto de vista.
Otávio porém, argumentava que todos tinham direito de se defenderem de lesões, mesmo que aparentemente parecesse que não tinham direito de peticionar.
Flávio contestou. Dizendo que existem litígios sem nexo, comentou que em certos casos cabe ao juiz aplicar a pena por litigância de má-fé.
Otávio todavia, não concordava com a posição de Flávio.
Retomando a rotina de Letícia, saliente-se que todos os dias pegava o metrô e de lá seguia para seu trabalho em uma repartição pública. Depois de ser aprovada em um concurso público, a moça, após tomar posse no cargo, passou a ter status de funcionária pública.
Após ser aprovada, a moça comemorou com a família de Flávio – com Olívia, Gilberto e Cecília, além de Karina – sua mãe. Alessandro – namorado de Cecília, também participou da comemoração e parabenizou Letícia pela conquista.
Com isto, todos foram almoçar em um restaurante.
Reservaram uma mesa.
Nisto, a família de Flávio se deliciou com um farto churrasco, e Karina e Letícia, se fartaram com o serviço de buffett.
Olívia e Gilberto estranharam o fato de ambas não caírem de queixo no churrasco. Comentaram que as duas não sabiam o que estavam perdendo.
Alessandro chegou a sugerir que elas pegassem um pouco de churrasco.
Mas Karina e Letícia responderam por sua vez, que mesmo sem churrasco a comida estava boa.
E assim, serviram-se de arroz, brócolis, cenoura, chuchu, frios – como salame e lombo, queijo branco, frango, milho, ervilha, mini-raviolis. Também comeram torradas e patê.
Comeram bastante.
Por insistência de Alessandro, Karina e Letícia acabaram comendo um pouco de lingüiça.
A comida estava boa. Todos comiam com apetite.
Karina comentou que havia comido tanto, que poderia tranquilamente voltar rolando para casa.
Nos dias que se seguiram, Letícia realizou exames médicos (exigidos pelo edital do concurso) e providenciou a documentação solicitada. Aproveitou para ir ao Poupatempo solicitar um Atestado de Antecedentes Criminais. Tirou fotos 3 por 4, providenciou cópias autenticadas de seu diploma, Certificado de cursos que havia realizado, entre outros documentos.
Mais tarde, compareceu no auditório da instituição para tomar posse de seu cargo.
Karina comentou que aquele era um grande momento para Letícia, e que ela deveria saborear cada minuto dele, para lembrá-lo para sempre.
A moça riu do entusiasmo da mãe.
Após tomar posse do cargo, a moça passou por um treinamento. Palestras sobre direito ambiental, sobre a estrutura da instituição – seus setores, departamentos.
Somente depois de algumas semanas, a moça começou a trabalhar de fato na repartição.
Letícia estava ansiosa para começar a trabalhar.
E assim com o tempo, passou a trabalhar com questões ambientais.
Em seu trabalho, começou realizando pesquisas sobre o assunto em todos os meios de comunicação disponíveis. Participava de cursos, fóruns, palestras e debates sobre o assunto. Enfim, se capacitava para poder transmitir conhecimento para outras pessoas.
Também realizava atividades burocráticas dentro da repartição.
Com o tempo, passou a ministrar cursos em escolas.
Quando ministrou a primeira palestra, Letícia estava deveras nervosa. Diversas vezes pensou que não conseguiria transmitir as informações.
Dificuldades dos primeiros tempos.
Quando começou a trabalhar na repartição, logo a moça conheceu Marli, Mercedes e Jovelina. As três mulheres, logo simpatizaram com ela. Tanto que foram logo explicando-lhe como funcionava o trabalho interno. Orientaram a organizar o arquivo, a coletar material na internet, na imprensa. Comentaram que elas vez ou outra, concediam entrevistas para os meios de comunicação informando sobre os trabalhos de consciência ambiental na repartição, passavam informações para outros setores, realizavam pareceres e consultas.
E aos poucos, Letícia foi se inteirando do trabalho na repartição.
Empolgada, a moça comentava genericamente sobre o trabalho, sobre o que estava aprendendo, sobre o que poderia fazer.
Karina e Flávio eram os maiores entusiastas do novo trabalho da moça. Estavam tão animados quanto Letícia.
Passado algum tempo, Letícia passou a elaborar projetos de gestão ambiental. Para escolas, escritórios, empresas, etc.
Com efeito, conforme dito, Letícia começou a fazer pequenas apresentações em escolas primárias, grupos pré-escolares, devidamente assessorada pelos colegas.
Nisto sempre que sua mãe e os pais de Flávio, e o próprio Flávio a viam, faziam questão de lhe perguntar como estava indo seu trabalho.
Letícia, dizendo poucas palavras, comentou que às vezes apresentava palestras sobre direito ambiental.
Flávio demonstrou-se interessado. Queria saber mais detalhes sobre o trabalho da moça.
Letícia sem jeito, comentou que não tinha mais nada a dizer. Dizia apenas que era um trabalho promissor e que poderia fazer muitas coisas.
Flávio, percebendo isto, parou de fazer perguntas.
A moça estava começando a tomar pé de seu trabalho.
Flávio por sua vez, fazia questão de incentivar a moça. Dizia sempre que seu trabalho tinha importância:
- Ah, tem sim! Seu trabalho é muito interessante!
Com efeito, a moça queria comentar as possibilidades do novo emprego, mas ainda não se sentia segura para comentar detalhes.
Flávio porém, insistia em saber mais detalhes de seu trabalho.
De tanto insistir, Letícia acabou contando que estava estudando a possibilidade de realizar projetos de gestão ambiental, que pudesse ser utilizado em escolas, empresas.
Flávio comentou que ela deveria investir nisto. Disse mais. Comentou ainda que se pudesse, sugeriria a implantação de um projeto no escritório.
Letícia achou graça.
- Não tem nada certo ainda. – respondeu.
- Mas aposto que com o tempo terá. – insistiu Flávio.
Karina também dizia que a filha iria longe.
Comentava que a Letícia estava bem mais feliz em seu novo emprego.
Aplicando a mesma tática de Flávio, aos poucos foi descobrindo em que consistia o trabalho da filha.
Perguntando aqui e ali, acabou descobrindo que a moça se apresentava em escolas, entre outros detalhes de seu trabalho.
Karina por sua vez, trabalhava em uma creche. Trabalho de meio período, onde cuidava de crianças pequenas.
Dizia que era para ocupar seu tempo.
Argumentando com suas vizinhas que seu bebê havia crescido, comentou que agora se realizava cuidando de outros bebês.
Quando Letícia ouvia isto, logo pedia para a mãe parar com a brincadeira.
Ficava muito sem jeito com esta história. Principalmente quando Karina falava isto na frente de conhecidos da moça.
Flávio ao ouvir isto, começou a brincar com a moça.
Dizia:
- Bebê! Bebê! O bebê cresceu!
- Fique quieto! – respondia Letícia impaciente – Isto não tem graça!
Ao perceber que ela ficava irritada com a brincadeira, Flávio vinha com afagos, dizer que só estava brincando.
Letícia afirmava sempre, que não gostava daquele tipo de brincadeira.
Quando Karina via a filha amuada por conta da brincadeira, dizia que ela estava querendo chamar a atenção.
Dito isto, tratava logo de abraçar a moça.
E assim, Letícia acabava vencida.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Conversou com as crianças sobre educação ambiental.
Começou dizendo que o planeta era muito grande e que tentar resolver os problemas do mundo sozinho seria impossível. Contudo, se todos começassem pelo quintal da própria casa, ou pelo condomínio, poderiam fazer a diferença.
Tentando apresentar propostas, Letícia disse que eles poderiam começar separando os materiais a serem reciclados, dos que não passariam por este processo. Que poderiam demorar menos tempo no banho; que poderiam abrir a torneira apenas quando precisassem; que não deveriam abrir a geladeira a toda hora; deixar acumular uma boa quantidade de roupas para lavar e depois para passar. Com isto economizariam energia.
Também poderiam cuidar para adquirem menos embalagens; que poderiam usar sacolas de pano em vez de sacolas de plástico, quando fossem ao supermercado.
Outra forma de cuidar do ambiente seria somente adquirir aquilo que precisassem. Disse que mesmo quando queremos algo, devemos realmente avaliar se aquilo é realmente importante, ou se é apenas uma compra por impulso. Argumentou que tudo o que fazemos em nosso dia-a-dia gera impacto no ambiente em que vivemos.
Comentou que deveríamos cuidar para produzir menos, adquirindo menos produtos supérfluos, menos embalagens e menos coisas desnecessárias.
Argumentou que na sociedade de consumo em que vivemos, devemos racionalizar os nossos gastos, não se deixando levar pela falsa idéia de que para ser alguém, é preciso ter. Ressaltou que em pese a mensagem negativa frequentemente apresentada na mídia, o ser humano é importante, não por sua capacidade de acumular bens, e sim pelo seu intelecto, pela sua capacidade de se comover com coisas belas, e de ser excepcional quando quer.
Empolgada, Letícia comentou que se sentia muito mais feliz em ouvir uma boa música do que em ter um carro para dirigir.
Um dos alunos perguntou se era errado querer ter um carro.
Letícia riu. Respondeu que não. Explicou que quando disse que uma boa música era muito importante para ela, quis apenas dimensionar o valor de cada coisa. Disse que sim, ter um carro era algo muito bom, trazia conforto e praticidade, mas que não era a coisa mais importante do mundo. Asseverou que o fato de alguém não reunir condições de ter um automóvel, um imóvel de luxo, ou qualquer outra coisa que dê status, não a faz inferior a ninguém, nem pior do qualquer pessoa. Reafirmou seu comentário, dizendo que as pessoas valem pelo seu conteúdo, suas atitudes, e não pelo que tem. Disse que os bens materiais perecem, mas o que a pessoa é, não.
Também disse que uma pessoa que se preocupa com o quintal de sua casa, com sua morada, e com a melhor forma de usufruir dos recursos naturais de forma equilibrada, está se mostrando um ser humano de valor. Comentou que esta era uma sementinha que estava sendo plantada naquelas mentes jovens, e que acreditava que aquelas idéias iriam germinar e se tornariam uma árvore frondosa e cheia de frutos. Razão pela qual conclamou-os a serem propagadores da idéia. Recomendou-lhes que conversassem com seus pais, seus amigos, seus vizinhos, seus parentes, com os demais colegas de escola, que debatessem o assunto.
Conversando com os alunos, os mesmos sugeriram a aquisição de cestos de lixo reciclável – de papel, plástico, metal, orgânico - separados por cores, como aqueles que viam em logradouros públicos. Sugeriram plantar mais árvores.
Uma professora sugeriu ainda, que poderiam economizar energia, desligando a luz sempre que saíssem de um ambiente.
Letícia então sugeriu que esta idéia deveria ser aproveitada em casa e também no colégio.
Mais tarde, conversando com os professores, sugeriu a eles aplicarem a idéia de apagar a luz quando o último funcionário saísse, por exemplo, da sala dos professores.
Comentou que poderiam economizar água abrindo a torneira apenas quando fosse necessário, entre outras medidas.
Para a palestra foi reservado o auditório da escola, para que os alunos tivessem a oportunidade de acompanhar a apresentação.
No dia seguinte a moça compareceu no período da manhã no mesmo colégio para passar as informações aos alunos da manhã.
Nestes eventos, a moça era conduzida por um carro da repartição e um motorista, até o local.
Mercedes e Marli notando o crescimento profissional de Letícia, comentaram que ela estava de parabéns.
- Garota, você vai longe! – comentou Jovelina.
Nisto, enquanto a festa não chegava, Flávio seguia todos os dias de carro para o escritório, com vistas a realização de seu trabalho.
Atendia clientes, se dirigia aos Fóruns com vistas ao acompanhamento de processos, participava de audiências, prestava atendimento a potenciais clientes. Serviços pagos.
Também redigia peças processuais, pesquisava jurisprudências.
E ainda conversava com seus colegas de escritório.
Os colegas conversavam sobre os casos esdrúxulos, as lides temerárias que se recusavam a propor, etc. Argumentavam que muito embora a lei diga que todo direito possuí uma ação que o assegura, comentaram que há contendas que não tem razão de ser.
Vicente, Francisco, Bruno e Leandro, compartilhavam deste ponto de vista.
Otávio porém, argumentava que todos tinham direito de se defenderem de lesões, mesmo que aparentemente parecesse que não tinham direito de peticionar.
Flávio contestou. Dizendo que existem litígios sem nexo, comentou que em certos casos cabe ao juiz aplicar a pena por litigância de má-fé.
Otávio todavia, não concordava com a posição de Flávio.
Retomando a rotina de Letícia, saliente-se que todos os dias pegava o metrô e de lá seguia para seu trabalho em uma repartição pública. Depois de ser aprovada em um concurso público, a moça, após tomar posse no cargo, passou a ter status de funcionária pública.
Após ser aprovada, a moça comemorou com a família de Flávio – com Olívia, Gilberto e Cecília, além de Karina – sua mãe. Alessandro – namorado de Cecília, também participou da comemoração e parabenizou Letícia pela conquista.
Com isto, todos foram almoçar em um restaurante.
Reservaram uma mesa.
Nisto, a família de Flávio se deliciou com um farto churrasco, e Karina e Letícia, se fartaram com o serviço de buffett.
Olívia e Gilberto estranharam o fato de ambas não caírem de queixo no churrasco. Comentaram que as duas não sabiam o que estavam perdendo.
Alessandro chegou a sugerir que elas pegassem um pouco de churrasco.
Mas Karina e Letícia responderam por sua vez, que mesmo sem churrasco a comida estava boa.
E assim, serviram-se de arroz, brócolis, cenoura, chuchu, frios – como salame e lombo, queijo branco, frango, milho, ervilha, mini-raviolis. Também comeram torradas e patê.
Comeram bastante.
Por insistência de Alessandro, Karina e Letícia acabaram comendo um pouco de lingüiça.
A comida estava boa. Todos comiam com apetite.
Karina comentou que havia comido tanto, que poderia tranquilamente voltar rolando para casa.
Nos dias que se seguiram, Letícia realizou exames médicos (exigidos pelo edital do concurso) e providenciou a documentação solicitada. Aproveitou para ir ao Poupatempo solicitar um Atestado de Antecedentes Criminais. Tirou fotos 3 por 4, providenciou cópias autenticadas de seu diploma, Certificado de cursos que havia realizado, entre outros documentos.
Mais tarde, compareceu no auditório da instituição para tomar posse de seu cargo.
Karina comentou que aquele era um grande momento para Letícia, e que ela deveria saborear cada minuto dele, para lembrá-lo para sempre.
A moça riu do entusiasmo da mãe.
Após tomar posse do cargo, a moça passou por um treinamento. Palestras sobre direito ambiental, sobre a estrutura da instituição – seus setores, departamentos.
Somente depois de algumas semanas, a moça começou a trabalhar de fato na repartição.
Letícia estava ansiosa para começar a trabalhar.
E assim com o tempo, passou a trabalhar com questões ambientais.
Em seu trabalho, começou realizando pesquisas sobre o assunto em todos os meios de comunicação disponíveis. Participava de cursos, fóruns, palestras e debates sobre o assunto. Enfim, se capacitava para poder transmitir conhecimento para outras pessoas.
Também realizava atividades burocráticas dentro da repartição.
Com o tempo, passou a ministrar cursos em escolas.
Quando ministrou a primeira palestra, Letícia estava deveras nervosa. Diversas vezes pensou que não conseguiria transmitir as informações.
Dificuldades dos primeiros tempos.
Quando começou a trabalhar na repartição, logo a moça conheceu Marli, Mercedes e Jovelina. As três mulheres, logo simpatizaram com ela. Tanto que foram logo explicando-lhe como funcionava o trabalho interno. Orientaram a organizar o arquivo, a coletar material na internet, na imprensa. Comentaram que elas vez ou outra, concediam entrevistas para os meios de comunicação informando sobre os trabalhos de consciência ambiental na repartição, passavam informações para outros setores, realizavam pareceres e consultas.
E aos poucos, Letícia foi se inteirando do trabalho na repartição.
Empolgada, a moça comentava genericamente sobre o trabalho, sobre o que estava aprendendo, sobre o que poderia fazer.
Karina e Flávio eram os maiores entusiastas do novo trabalho da moça. Estavam tão animados quanto Letícia.
Passado algum tempo, Letícia passou a elaborar projetos de gestão ambiental. Para escolas, escritórios, empresas, etc.
Com efeito, conforme dito, Letícia começou a fazer pequenas apresentações em escolas primárias, grupos pré-escolares, devidamente assessorada pelos colegas.
Nisto sempre que sua mãe e os pais de Flávio, e o próprio Flávio a viam, faziam questão de lhe perguntar como estava indo seu trabalho.
Letícia, dizendo poucas palavras, comentou que às vezes apresentava palestras sobre direito ambiental.
Flávio demonstrou-se interessado. Queria saber mais detalhes sobre o trabalho da moça.
Letícia sem jeito, comentou que não tinha mais nada a dizer. Dizia apenas que era um trabalho promissor e que poderia fazer muitas coisas.
Flávio, percebendo isto, parou de fazer perguntas.
A moça estava começando a tomar pé de seu trabalho.
Flávio por sua vez, fazia questão de incentivar a moça. Dizia sempre que seu trabalho tinha importância:
- Ah, tem sim! Seu trabalho é muito interessante!
Com efeito, a moça queria comentar as possibilidades do novo emprego, mas ainda não se sentia segura para comentar detalhes.
Flávio porém, insistia em saber mais detalhes de seu trabalho.
De tanto insistir, Letícia acabou contando que estava estudando a possibilidade de realizar projetos de gestão ambiental, que pudesse ser utilizado em escolas, empresas.
Flávio comentou que ela deveria investir nisto. Disse mais. Comentou ainda que se pudesse, sugeriria a implantação de um projeto no escritório.
Letícia achou graça.
- Não tem nada certo ainda. – respondeu.
- Mas aposto que com o tempo terá. – insistiu Flávio.
Karina também dizia que a filha iria longe.
Comentava que a Letícia estava bem mais feliz em seu novo emprego.
Aplicando a mesma tática de Flávio, aos poucos foi descobrindo em que consistia o trabalho da filha.
Perguntando aqui e ali, acabou descobrindo que a moça se apresentava em escolas, entre outros detalhes de seu trabalho.
Karina por sua vez, trabalhava em uma creche. Trabalho de meio período, onde cuidava de crianças pequenas.
Dizia que era para ocupar seu tempo.
Argumentando com suas vizinhas que seu bebê havia crescido, comentou que agora se realizava cuidando de outros bebês.
Quando Letícia ouvia isto, logo pedia para a mãe parar com a brincadeira.
Ficava muito sem jeito com esta história. Principalmente quando Karina falava isto na frente de conhecidos da moça.
Flávio ao ouvir isto, começou a brincar com a moça.
Dizia:
- Bebê! Bebê! O bebê cresceu!
- Fique quieto! – respondia Letícia impaciente – Isto não tem graça!
Ao perceber que ela ficava irritada com a brincadeira, Flávio vinha com afagos, dizer que só estava brincando.
Letícia afirmava sempre, que não gostava daquele tipo de brincadeira.
Quando Karina via a filha amuada por conta da brincadeira, dizia que ela estava querendo chamar a atenção.
Dito isto, tratava logo de abraçar a moça.
E assim, Letícia acabava vencida.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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