Nisto, eis que surge Roberto.
O homem ficou durante algum tempo observando os garotos jogando.
Quando o garoto se despediu dos amigos, Roberto aproveitou o ensejo, para novamente se aproximar.
Lúcio ao vê-lo perguntou-se havia encontrado a sobrinha.
O homem respondeu-lhe que não.
Comentou que no entanto, havia visto a moça circulando pelas redondezas, e precisava lhe fazer algumas perguntas.
Lúcio não estava entendendo nada.
Roberto por sua vez, disse que não custaria satisfazer uma curiosidade sua.
O garoto concordou.
Argumentou porém, que não poderia demorar.
Roberto respondeu que não tomaria muito o seu tempo.
Nisto perguntou se ele já havia ouvido falar em seu nome.
Lúcio respondeu que não.
Roberto insistiu:
- Nunca mesmo? Nem mesmo de Cláudia?
Lúcio insistiu em dizer que não. Afinal, por que ela mencionaria seu nome? Pensou.
Roberto comentou:
- Você não está entendendo nada, não é mesmo?
O garoto comentou que a conversa estava ficando estranha.
Roberto pediu-lhe desculpas. Disse que não tinha o direito de colocar caraminholas em sua cabeça, mas precisava dizer a verdade.
Enquanto falava, observava a expressão de incompreensão de Lúcio.
O garoto estranhando a conversa, argumentou que não estava gostando nada disto.
Roberto, pedindo paciência, disse que iria direto ao ponto.
A esta altura só estavam ele e o homem na quadra.
Roberto, procurava encontrar as palavras.
Parecia nervoso.
Nisto comentou que conhecia Cláudia há bastante tempo. Aduziu que tiveram um relacionamento há muitos anos atrás. Comentou que precisava esclarecer uma dúvida que o vinha consumindo há muito tempo.
Lúcio aborrecido, argumentou que não tinha como esclarecer nenhuma dúvida, pois nunca tinha ouvido falar em seu nome.
Percebendo que o garoto iria embora, Roberto perguntou-lhe se ele era filho de Cláudia.
O garoto ao ouvir a pergunta, ficou perplexo.
- Como assim? A Cláudia é minha irmã!
Roberto ao ouvir isto, respondeu:
- Desculpe, mas acho que está havendo uma pequena confusão. Afinal de contas, quem você pensa que é sua mãe?
Furioso, Lúcio gritou com ele:
- Eu não tenho dúvidas! Minha mãe se chama Ana. Ana! – gritou, e completou – Você ouviu isto, ou é surdo?
Roberto, pediu desculpas. Disse que ele estava enganado. Mencionou que sua mãe era Cláudia e que ele poderia ser o seu pai.
Lúcio ao ouvir isto, começou a gritar com o homem.
- Você é louco!
Roberto colocou a mão em seu ombro.
Lúcio então gritou novamente.
Disse para que ele tirasse suas mãos de cima dele.
Roberto tentou prosseguir com a conversa.
Mas o garoto não queria mais ouvi-lo.
Gritou para que ele o deixasse em paz.
Ana que cuidava das roupas, ao terminar de passar a última peça, notou o adiantado da hora.
Percorrendo os cômodos da casa, percebeu que Lúcio ainda não havia voltado.
Aborrecida, saiu de casa e foi até a quadra para ver se o garoto ainda estava lá.
Ao chegar ao lugar, não encontrou ninguém.
Ficou preocupada.
Lúcio ao ouvir as palavras do homem, saiu correndo.
Aflita, quando Jacinto chegou em casa, pediu ajuda ao marido para encontrar Lúcio.
Com isto, o casal percorreu as ruas do bairro, bateu a porta das casas perguntando por Lúcio.
Nada.
Ana ficou cada vez mais preocupada.
Por fim, acabaram descobrindo que Lúcio estava em uma praça.
Quando Ana e Jacinto o viram, foram logo chamando-lhe a atenção. Comentaram que ele não podia ficar pregando peças neles, pois não tinham mais idade para ficarem tomando sustos como aqueles.
Nisto o garoto disparou:
- Vocês não tem idade por que não são meus pais. Vocês são meus avós.
Ana ficou chocada.
Parecia fulminada por um raio.
Jacinto ficou indignado, perguntou de onde ele havia tirado esta bobagem.
Lúcio respondeu que um homem lhe dissera que era seu pai, e que Cláudia era sua mãe.
Ana não sabia o que dizer. Parecia não acreditar no que ouvia.
Jacinto pegou o garoto pelo braço e o arrastou de volta a casa. Disse que não iria discutir aquela questão na frente da vizinhança. Argumentou que sua vida não era espetáculo público.
Lúcio tentou reagir, mas Jacinto disse que ele estava proibido de comentar este assunto fora de casa.
Ameaçou dar-lhe uma surra.
O garoto, contrariado, resistiu, mas Jacinto segurou-o pelo braço.
Nisto, quando viu Jacinto, segurando o garoto pelo braço, um dos vizinhos perguntou-lhe se estava tudo bem.
Jacinto agradeceu, respondendo que sim.
Disse que não precisavam se preocupar pois estava tudo resolvido.
Nisto, o trio entrou em casa.
Entrando, Lúcio se desvencilhou do braço de Jacinto.
Saiu pisando forte e bateu a porta. Trancou-se em seu quarto.
Ana ainda tentou conversar com o garoto, em vão.
Jacinto, ao ver a mulher se desgastando, comentou que era inútil conversar.
Disse que Lúcio estava nervoso, e que não iria ouvi-los.
Nisto, segurou a mulher pelo braço.
Disse que ele precisava se acalmar.
Ana começou a chorar.
O casal trancou-se em seu quarto.
Jacinto comentou que agora precisavam dizer a verdade.
Argumentou que o garoto já sabia de tudo, e não conseguiriam esconder o fato de que ele não era filho deles.
Ana se perguntava quem era o homem que se apresentou como pai do garoto.
Cláudia a esta altura, estava lecionando.
Mais tarde a mulher dirigiu-se a residência de Fabrício.
Quando soube do ocorrido, após um telefonema, a mulher ficou perplexa.
Tentando esconder o fato de Fabrício, Cláudia comentou que tinha ocorrido um problema em sua casa, e precisava ir para lá. Comentou que seu irmão não estava bem, e que sua mãe estava bastante nervosa.
Fabrício ao ouvir a explicação da moça, não questionou. Percebeu que a Cláudia estava bastante nervosa.
Perguntou-lhe se gostaria que ele a levasse em casa.
Cláudia respondeu que não.
Nisto Fabrício recomendou-lhe que se acalmasse, ou não a deixaria sair dirigindo.
Cláudia disse que iria se acalmar.
Tomou uma água com açúcar preparada por Fabrício. Despediu-se do noivo.
Dirigiu o carro até a casa dos pais.
Ao chegar lá, Jacinto lhe contou toda a verdade.
Cláudia sentiu o chão abrir à sua frente. Parecia não acreditar no que ouvia.
Jacinto, relatou-lhe a gravidade do fato.
Quando Cláudia ouviu que um homem contou a história para o garoto, começou a sentir-se mal.
Nervoso, Jacinto falou-lhe que naquele momento, ela devia ser forte.
Aproveitando o ensejo, perguntou a filha, quem era o tal homem.
Cláudia tentou desconversar dizendo que não tinha como saber, mas Jacinto exigiu que ela parasse de inventar desculpas.
Nervosa, a mulher tentou desconversar, mas Jacinto insistiu na pergunta.
Cláudia chorou.
Disse que isto não podia ser verdade.
Procurando se controlar, o homem disse que não adiantaria esconder a verdade.
Aflita, Cláudia perguntou o que mais o Lúcio havia falado.
Jacinto respondeu que não sabia.
Mais tarde, o garoto saiu do quarto.
Encontrou Ana, Jacinto e Cláudia reunidos.
Ao ver Cláudia perto de si, perguntou-lhe se era verdade o que Roberto lhe dissera.
A mulher ficou paralisada.
Como ela não respondesse, o garoto se enervou.
Gritou exigindo que ela lhe falasse a verdade.
Jacinto mandou Lúcio se calar.
Comentou que eles contariam o que realmente aconteceu.
O homem dirigindo-se a Cláudia, recomendou-lhe que contasse os fatos.
A mulher nervosa, titubeou, mas não teve alternativa.
Ana nervosa, pediu-lhe que contasse a verdade.
Cláudia começou a chorar.
Disse que no tempo em que cursava a faculdade, conheceu um rapaz. Comentou que no início, o sujeito pareceu simpático e gentil, mas depois descobriu que ele não era o que aparentava ser. Relatou que descobriu a verdade sobre este moço em uma festa. Envergonhada, disse que bebeu um pouco além do que devia, e que acabou encontrando o sujeito no final da festa. Comentou que tiveram um envolvimento, e que acabou engravidando.
Cláudia mencionou o nome de Roberto, depois de ser pressionada pelos pais.
Lúcio ouvia a tudo indignado.
Ana então contou que registrou-o em seu nome.
Argumentou que parecia ser o melhor para todos.
Lúcio começou a chorar.
Dizia a todo o momento que sua vida era uma mentira.
Ana tentou conversar com o garoto, mas Lúcio não queria ouvir.
Razão pela qual saiu gritando e trancou-se em seu quarto.
Durante toda a noite Ana, Jacinto e Cláudia conversaram.
Pressionada, a moça acabou confessando que não se tratou propriamente de um envolvimento romântico.
Com efeito, quando Jacinto e Ana tomaram conhecimento do ocorrido, ficaram chocados. Para eles, Cláudia havia sido vítima de um estupro.
A moça constrangida, procurou contar o que havia ocorrido.
Contudo, não conseguia se lembrar dos detalhes.
Jacinto ficou furioso.
Ana procurou acalmá-lo.
Mais tarde, Cláudia nervosa, recolheu-se a seu quarto.
Chorou por muito tempo.
Mas a certa altura exausta, acabou dormindo.
Passou a noite inteira lembrando-se do ocorrido.
A noite também não foi fácil para Lúcio.
Abatido, o garoto, levantou-se e saiu antes que todos acordassem.
Saiu de casa e foi para a quadra, onde ficou jogando bola sozinho.
Roberto, que estava à espreita, resolveu se aproximar do garoto para conversar.
Raivoso, o garoto ao perceber a aproximação, mandou o homem se retirar. Perguntou-lhe o que queria, e se não estava satisfeito, com o que havia feito.
Roberto, dizendo que não queria brigar, argumentou que eles tinham o direito de saber a verdade. Comentou que estava disposto a fazer as pazes com seu passado.
Lúcio continuou jogando bola.
Roberto então, comentou que gostaria de reparar seu erro e de ter a oportunidade de conviver com o garoto. Disse que estava disposto a reconhecer a paternidade.
Lúcio respondeu que ele não era seu pai.
Roberto, tentando se aproximar, comentou que gostaria de resolver a questão amigavelmente, mas que se isto não fosse possível, iria ingressar com um pedido na justiça para reconhecer a paternidade. Relatou que poderia exigir a realização de exame de DNA. Tentando se aproximar do garoto comentou, que não queria brigar, somente gostaria de fazer a coisa certa. Disse ao garoto que iria voltar para conversar com Cláudia.
Nisto, Roberto se afastou.
Lúcio nervoso, passou a arremessar bolas com violência.
Cláudia ao acordar, foi ao quarto do garoto, mas ao ver que ele não estava no lugar, resolveu procurá-lo.
Para isto, vestiu uma blusa e uma calça, tênis, prendeu os cabelos.
Caminhando pelo bairro, acabou encontrando o garoto na quadra, jogando bola sozinho.
Tentando se aproximar, Cláudia perguntou-lhe se não precisava ir a escola.
Lúcio ignorou-a.
Cláudia contudo, insistiu. Disse que precisavam conversar.
Lúcio continuou jogando bola.
Irritada, Cláudia acabou puxando o garoto pelo braço.
Lúcio reagiu de forma agressiva.
Disse para ela se tirar as mãos de cima dele. Nervoso, comentou que o tal homem que dissera ser seu pai, iria exigir um exame de DNA.
Cláudia não acreditou no que ouviu.
Nervosa exigiu que o garoto voltasse para casa.
Lúcio fez menção de enfrentá-la, mas Cláudia disse que não admitiria reclamação. Afinal se ele estava criticando-a pela mentira, deveria contar exatamente o que havia acontecido, mas que isto não precisava ser no meio da rua.
O garoto irritado, largou a bola na quadra.
Cláudia recomendou-lhe que pegasse.
Em casa, a moça encontrou os pais preparando o café da manhã.
Ana ao vê-la, perguntou-lhe se não estava arrumada para o trabalho.
Cláudia disse que iria para o trabalho mais tarde.
Ao chegar com o garoto da rua, Ana percebeu que algo mais havia acontecido.
Nervosa, pediu a moça para que contasse o que havia ocorrido.
Cláudia pediu para Lúcio contar o que havia acontecido.
Jacinto, ao tomar conhecimento do fato, pareceu não acreditar no que estava acontecendo.
Nervoso, disse que iria conversar com um advogado para saber o que poderia ser feito.
Nisto, Cláudia falou que Lúcio iria se arrumar para ir a escola.
O garoto tentou argumentar, mas Cláudia lhe disse se ele era seu filho, iria ter que seguir as suas regras.
Lúcio respondeu-lhe que ela não era sua mãe, e que gostava mais dela quando era sua irmã e fazia suas vontades.
Ainda assim, o garoto foi para seu quarto e se arrumou.
Cláudia resolveu tomar um banho. Arrumou os cabelos, vestiu-se colocando um vestido.
Tomaram um chá e seguiram para a escola.
Os amigos de Lúcio que circulavam pela escola, e viram o garoto ao lado de uma mulher em um vestido. Todos ficaram observando a dupla.
Cláudia conversou com dois funcionários que autorizaram a entrada do garoto.
A mulher disse que mais tarde, voltariam a conversar.
Lúcio entrou na escola sem se despedir.
Seus amigos, ao verem-no chegando à escola, foram logo perguntando quem era aquela mulher que chegou junto com ele.
Aborrecido, o garoto quase deixou escapar que era sua mãe, mas conseguiu responder que era Cláudia, sua irmã.
Um de seus amigos comentou que sua irmã era muito gata.
Lúcio não gostou muito do comentário.
Cláudia por sua vez, chegou tarde ao trabalho.
Seus colegas estranharam sua ausência.
A mulher se desculpou dizendo que tivera um imprevisto.
O reitor da universidade perguntou-lhe se não poderia fazer uma ligação.
Cláudia pediu-lhe desculpas, e disse que sequer pensou nesta possibilidade. Prometeu porém, que isto não iria mais se repetir.
Mais tarde, a moça voltou as suas aulas.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Poesias
quarta-feira, 21 de julho de 2021
DELICADO - CAPÍTULO 15
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