Então, diante do seu insucesso, Lizandra desistiu de procurá-lo.
Até porque, quanto o rapaz quisesse ser conhecido, ele se encarregaria de se apresentar.
Enquanto isso, Lizandra, podia apreciar as cartas que lhe eram enviadas constantemente. Quase que, diariamente recebia as correspondências.
Um dia, pensando em como recebia as cartas, chegou até a pedir para uma de suas amigas, observarem quem se aproximava de seus pertences, na sala de aula.
Por conta disso, Lizandra chegou até a pegar um garoto, colocando uma carta entre as folhas do seu caderno. Mas infelizmente, o rapaz era apenas um mensageiro, que apesar de pressionado, não revelou o remetente das cartas. Disse apenas que um intermediário lhe entregava a correspondência e o pedia para colocar entre os pertences dela.
No entanto, tal explicação não esclarecia muito.
Por isso, Lizandra resolveu então esperar.
E assim, depois de algum tempo, finalmente descobriu quem era o misterioso autor das cartas.
Para sua decepção, Lindolfo era o autor das aludidas cartas.
Educadamente, ele argumentou, que em vista de sua resistência, não podia se identificar. Daí, passou a se utilizar de um nome falso. Respondeu ele ainda, que tudo o que havia escrito que era verdadeiro, e há muito tempo, estava interessado nela.
Mas Lizandra, aborrecida, não quis saber. Sentindo-se enganada, disse a Lindolfo que não tinha interesse em ter um encontro com ele. Disse também para que ele não insistisse mais, que não adiantavam suas armações.
Ao perceber que sua estratégia não havia dado certo, Lindolfo tentou se desculpar. Disse que, como não conseguia se aproximar dela, pensou então em lhe escrever. Acreditou que, assim conseguira se mostrar como realmente era.
No entanto, suas explicações, de nada adiantaram. Pelo menos inicialmente, Lizandra resistiu o quanto pôde a suas investidas.
Ressabiada, Lizandra só aceitou sair com ele, quando, segura quanto a suas intenções, percebeu que Lindolfo queria ter um compromisso mais sério.
Para tanto, o rapaz foi apresentado a família da moça.
E, apesar de seus pais não terem simpatizado muito com o jovem, decidiram no entanto, que a moça poderia sair com ele, desde que acompanhada de uma amiga.
Mas mesmo assim, o rapaz levou meses, para convencer os pais da moça, de que não estava brincando. Diversas vezes disse aos pais da moça, que estava seriamente envolvido com ela. Contudo, precisava conhecê-la melhor.
Além do mais, possuía emprego. Portanto se o relacionamento progredisse, conforme fosse sendo promovido em seu trabalho, facilmente, poderia lhe proporcionar um bom padrão de vida.
E assim, durante meses, os dois saíam acompanhados da aludida amiga. A tal amiga da família, era uma forma dos pais da moça se assegurarem de que tudo estava bem. De que não precisavam se preocupar com as saídas da filha.
Dessarte, apesar do inconveniente, Lindolfo não pestanejou. E depois de meses tentando sair com a moça, resolveu aceitar a imposição. Afinal o sacrifício valia a pena.
Um dia, ao passear com Lizandra, pela região central da cidade, Lindolfo foi visto por um dos seus colegas, de mãos dadas com a moça. O rapaz, ao perceber que uma moça, acompanhava os dois, caiu na gargalhada.
E não demorou muito para que a notícia se espalhasse. Seus amigos, ao perceberem o inconveniente da situação, não lhe pouparam piadas. Durante os meses em que namorou a moça, teve que suportar as gozações dos amigos.
Mas para ele, tudo isso valia a pena. Finalmente havia conseguido sair com a garota dos seus sonhos.
E assim, ao final de meses de namoro, Lindolfo resolveu oficializar o compromisso.
Depois de presenciar o casamento dos amigos Rodrigo e Celeste, que foi celebrado na Igreja da Matriz, com muita pompa e circunstância, sentiu necessidade de formalizar seu compromisso com Lizandra.
Isso por que, até mesmo Maurício e Adriane, já estavam noivos há algum tempo.
Além disso, trabalhando já há bastante tempo como engenheiro, no escritório em que iniciara como estagiário, já reunia condições suficientes para manter uma família.
E assim, depois de algumas semanas, a despeito da oposição da família em aceitar o compromisso dos dois, Seu César e Dona Odete, diante da boa situação financeira do rapaz, concordaram com o noivado.
Afinal, apesar do caráter duvidoso de Lindolfo, o mesmo tinha agora, uma boa condição financeira. Por isso, podia confortavelmente manter Lizandra.
Isso porque, Lizandra era de boa família e portanto, bem nascida. Por isso, não poderia se casar com um homem que não pudesse mantê-la com o mesmo padrão de vida. E, assim, Lindolfo passou a fazer parte da família.
Depois de algum tempo, finalmente se casaram. Adentrando a Igreja da Matriz, diante da autoridade eclesiástica, contraíram núpcias. Casados, a união dos dois se tornara indissolúvel.
Numa linda cerimônia, assumiram o compromisso de se cuidarem mutuamente e de serem fiéis um ao outro, até que a morte os separasse.
A seguir, no salão de festas da cidade, comemoraram o casamento tão esperado pelos dois. Entre os convivas, dançaram e comemoraram o matrimônio com muito champagne, um magnífico bolo, e muita comida e bebida, além de muita música e rock and roll.
A festa dos dois, foi muito concorrida. Isso por que, em sendo o casamento de Lizandra, todos na cidade, quiseram participar. Por ser muita querida na cidade, a moça possuía muitos amigos.
Depois, após uma longa e maravilhosa comemoração, seguiram em viagem de lua-de-mel.
Durante a viagem, conheceram diversas cidades históricas, da região do triângulo mineiro. E por semanas, visitaram igrejas, apreciaram esculturas, conheceram lugares famosos da história. Enfim conheceram um pouco melhor a história do Brasil.
Lizandra, formada em letras, se encantou com a história do lugar, e com detalhes históricos que não conhecia.
Fascinada pela cultura brasileira, ao retornar de viagem, não se cansava de comentar o quanto o nosso país era rico e interessante. Apesar da cultura nacional não ser valorizada, Lizandra sempre dizia que tal atitude, era um erro muito grave.
Por isso, no início do casamento, insistia com o marido, para que este a deixasse trabalhar. Afinal com um diploma nas mãos, poderia ao menos lecionar.
Mas, Lindolfo, sempre que ouvia este pedido de sua esposa, alegando que seu salário era suficiente para os dois, recusava-se veementemente, a aceitá-lo.
Além do mais, na sociedade machista da época, somente o homem trabalhava. Era o provedor, à mulher só cabiam as tarefas domésticas.
E assim, a Lizandra só sobraram os afazeres domésticos. Mesmo possuindo empregada, seu marido a proibia de trabalhar. Sempre dizia a ela que:
-- Mulher minha não trabalha.
Luciana Celestino dos Santos
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