Poesias

quarta-feira, 21 de julho de 2021

DELICADO - CAPÍTULO 14

Jacinto em seu quarto, comentou com Ana, que Cláudia, talvez tivesse razão.
Argumentou que talvez fosse o momento de contar a verdade.
Ana porém, argumentara que dizer a verdade neste momento só iria trazer problemas. Atrapalharia as vidas de Cláudia e de Lúcio, que já estavam bastante tumultuadas.
O homem então, calou-se.

Mas o tempo demonstraria que Cláudia e Jacinto estavam certos.
Roberto passou a rondar a casa da família.
Começou a se aproximar do garoto, como quem não queria nada, primeiramente para pedir uma informação.
Queria ir para um endereço e não sabia onde ficava.
Lúcio, que brincava de bola com alguns garotos na quadra, respondeu ao moço, e indicou-lhe o caminho.
Roberto agradeceu.
Em outra oportunidade o homem surgiu na saída do colégio.
Aparentemente estava procurando uma aluna.
Lúcio encontrou-o novamente.
Roberto agradeceu-lhe a indicação e disse que ele encontrou a rua que procurava.
Curioso, Lúcio disse que nunca o havia visto por ali.
Roberto disse-lhe que estava se mudando para a região.
Lúcio respondeu então que a garota, havia se mudado de colégio, e que não estudava mais lá.
Roberto um pouco desapontado agradeceu.
Nisto Lúcio perguntou se ele era o pai da garota.
Roberto disse que era uma sobrinha, e que estava procurando a moça há algum tempo.
Lúcio perguntou se não era mais fácil perguntar a seus parentes ou cunhados.
Rindo, o homem respondeu que seria fácil se tivesse contato com a mãe da moça. Mas que desde a separação de seu irmão, não sabia onde estava a sobrinha. Assim quando soube que a garota poderia estar estudando naquele colégio, resolveu verificar se era verdade. Mas para sua tristeza, a garota havia evaporado novamente.
Percebendo que não havia se apresentado, disse-lhe que se chamava Roberto.
O menino disse que se chamava Lúcio.
Nisto o homem agradeceu pela informação e se afastou.
O garoto ficou intrigado.
Chegou a comentar com os amigos que um estranho se aproximou fazendo perguntas sobre uma garota que nem sequer estudava mais naquele colégio.
Felipe, um dos amigos, perguntou se não era o mesmo homem da quadra, o qual perguntou onde ficava uma rua ali perto.
Lúcio disse que sim, era o mesmo cara.
Nisto, os colegas seguiram para casa.

Letícia a esta altura, já estava casada com Leandro.
Casamento com toda a pompa e circunstância.
Cláudia e seus familiares compareceram a cerimônia, assim como o então namorado na época, Fabrício.
Lucindo também esteve presente à cerimônia.
Estava acompanhado de uma mulher.
Simpática, a moça cumprimentou a todos.
Cláudia e Fabrício a conheceram.
Feliz com o novo relacionamento de Lucindo, a moça desejou-lhe toda a felicidade do mundo. Disse que ele merecia ser muito feliz. Elogiou o rapaz para a moça dizendo que era uma pessoa muito leal.
Lúcio que não o via há tempos, comentou que estava com saudades de suas visitas.
Lucindo concordou que estava em falta com o garoto e prometeu visitá-lo assim que pudesse.
Nisto Cláudia convidou a moça para conhecer seus pais, e disse para Lucindo que quando fosse a sua casa, levasse a namorada, pois seria muito benvinda.
O rapaz agradeceu o convite.

Letícia casou-se em uma cerimônia no campo, acompanhada de sua mãe, parentes e amigos.
Estava muito feliz em seu vestido branco e rendado.
“Herança” da mãe, que usou em seu casamento, o vestido foi todo refeito para a ocasião.
Era assim, que Helena costumava se referir a seu vestido de casamento. Costumava dizer que gostaria que sua filha usasse em seu casamento.
Quando a moça casou-se com Sandro, não realizou o desejo da mãe, o que deixou-a bastante contrariada.
Mas agora não.
Resolveu aceitar a oferta da mãe, e levou o vestido a uma costureira.
Juntas, viram revistas, até chegarem a uma conclusão.
Quando Helena viu a filha em sua última prova, ficou felicíssima. Dizia para todos que sua filha estava linda.
Letícia ria.
Com efeito, durante a cerimônia, todos repararam em seu vestido, principalmente as mulheres.
Cláudia comentou com a amiga que ela estava linda.
Letícia em retribuição abraçou a amiga.
Rindo, comentou que sua hora também iria chegar.
A moça respondeu que não estava com pressa.
Letícia comentou irônica que ela era triste.
Cláudia retrucou que ao contrário, era muito feliz.
Nisto, as duas amigas riram juntas.
Durante a festa, Letícia e Leandro, dançaram juntos.
Fotógrafos não perdiam os detalhes.
Cláudia dançou com Fabrício, e Lucindo acompanhou sua namorada.
Ana e Jacinto, ficaram na mesa.
Observavam a filha dançando com Fabrício. Conversavam com outros convidados.
Ao ver a filha entrosada com Fabrício, Ana perguntou esperançosa, quando a moça se casaria.
Jacinto disse-lhe que isto competia a própria Cláudia decidir, e que eles não tinham o direito de interferir.
Ana comentou que a filha tinha o direito de encontrar alguém, ser feliz. Ressaltou que eles não eram eternos.
Jacinto disse para ela não se preocupar, que chegaria o dia em que a filha encontraria alguém. Comentou que poderia ser até que já tivesse encontrado.
- Tá certo, meu velho! – respondeu Ana conformada.
Jacinto achou graça.
Em dado momento o homem chamou a esposa para dançar, que sob protestos foi conduzida a pista.
Dizia não saber dançar, mas Jacinto insistiu.
Dançaram um pouco. Depois voltaram a mesa.
Cláudia observou os pais dançando juntos e olhou-os enternecida.
No final da festa, Cláudia, Fabrício, Ana, Jacinto e Lúcio, seguiram juntos.
Cláudia deixou os três em casa.
Em seguida levou o então namorado para sua residência.
Só retornou para a sua casa, no dia seguinte.

Com o tempo, Lucindo, voltou a frequentar a casa de Cláudia.
Acompanhado da namorada, visitou Lúcio, que ficava muito feliz com as visitas.
Considerava o moço, um grande amigo.

Lucindo sempre foi presente na vida de Cláudia.
Desde que o garoto era um bebê, levava mimos para a criança.
Pegava o menino no colo, cantava para ele.
Ana chegava a dizer-lhe que ele tinha jeito com crianças, e que logo, logo seria pai.
Lucindo ria.
Argumentava que era muito cedo para ter filhos.
Por algum tempo, Ana chegou a desconfiar que o rapaz poderia ser o pai do filho de Cláudia.
Cláudia descartava a possibilidade.
Dizia que o moço apenas a havia amparado.
Ao comentar com o marido sobre esta possibilidade, Jacinto disse para a esposa tomar cuidado, pois não podia afirmar nada que pudesse provar. Argumentou que se a própria Cláudia negava, ela devia saber o que estava falando.
A incerteza quanto a paternidade do garoto, sempre deixou Ana e Jacinto intrigados.
O casal tentou diversas vezes conversar com a filha sobre o assunto, mesmo quando o menino nascera, mas Cláudia dizia que preferia esquecer aquele momento.
Ao perceber que o assunto deixava a moça angustiada, pararam de indagar-lhe.
Ana constatou que Cláudia jamais falaria o nome do responsável.
A moça não gostava de falar no assunto.
Sempre a mãe falava da festa fatídica, Cláudia tratava de mudar de assunto.

Com isto, Lucindo, em uma das visitas a família, foi com Lúcio a quadra.
O homem jogou bola com o garoto.
Lúcio perguntou-lhe estava namorando Vânia.
Lucindo disse que sim. Comentou que a moça era muito boa gente e que estava gostando da ideia de ter uma namorada.
- Muito romântico – respondeu Lúcio com ironia.
Lucindo riu.
- Ah, é assim? ... E o que o rapazinho entende de amor? Posso saber?
Brincando o garoto respondeu que mais do que ele.
Comentou que elas mulheres gostavam de romance, e que se ele queria conquistar a moça, deveria lhe oferecer flores, por exemplo, dizer que ela estava linda, etc.
Rindo, o homem comentou que Vânia, era uma pessoa muito prática, mas que passaria a seguir seus conselhos.
Lúcio respondeu de um jeito maroto, que sabia do que estava falando.
Lucindo, comentou:
- Falou a voz da experiência!
Nisto deu um abraço no garoto.
Lúcio reclamou dizendo que não era para tanto.
E assim, voltaram a jogar.
Ao voltar para casa, Vânia, que conversava animadamente com Ana, comentou que Lucindo estava pingando.
Ana ao ver o rapaz suado, comentou que Lucindo não deveria fazer todas as vontades de Lúcio.
Nisto, comentou que iria buscar uma toalha.
Lucindo por sua vez, ao ouvir as palavras de Ana recriminando Lúcio, comentou que gostava de jogar bola, e que ficar todo suado, não era nada perto da companhia do garoto. Dizia que Lúcio era um garoto muito especial.
Vánia ao ver Ana se afastar para pegar a toalha, comentou que ele parecia um moleque.
Lucindo comentou que Lúcio tinha idade para ser seu filho, e que ficar ao lado de pessoas jovens, o fazia se sentir um garoto de quinze anos de novo. Dizia que os jovens eram instigantes.
Vânia disse que agora começava a entender o por quê da profissão de professor.
Nisto, Ana chegou com a tolha, Lucindo pegou a toalha agradecendo. Enxugou o rosto, e devolveu a toalha.
Vânia rindo, disse para ele pegar a toalha de volta e ir ao banheiro e lavar o rosto.
- Sim senhora. – respondeu prontamente o moço.
Ana devolveu-lhe a toalha.
O homem dirigiu-se ao lavabo.
Ali lavou o rosto e enxugou-o com a toalha.
Nisto Cláudia chegou com Fabrício.
Lucindo a cumprimentou.
O rapaz e a Vânia despediram-se da família.
Lúcio e Ana agradeceram a visita.
Cláudia disse ao casal que voltassem sempre.
Lucindo ao vê-la com o namorado, ficou um tanto quanto constrangido.
Tanto que apressou sua saída da casa.

O tempo passou e Lúcio, então na nona série, passou a observar o comportamento das moças.
Procurava disfarçar que observava Patrícia.
Certo dia, a amiga que acompanhava a moça, apontou para ele.
Patrícia olhou para ele, que ficou um pouco sem graça.
A amiga da jovem passou por ele e riu.
Patrícia passou por ele.
Os amigos do garoto ao verem a cena, aproximaram-se.
Comentaram que Patrícia havia olhado para ele.
Brincando, disseram dando tapas nas costas, que ele havia ganho o dia.
Tentando disfarçar, o garoto ficou feliz.
Em casa, ficou a pensar nisto.
Ana estranhou o olhar perdido do garoto, mas Lúcio tentou disfarçar.
Quando a mulher se aproximava, procurava observar o caderno e fingia anotar alguma coisa.
Ana achava graça.
Certo dia, ao ver o garoto com o olhar perdido, comentou que ele estava muito estranho.
Cláudia também percebeu que Lúcio empurrava a cadeira para ela sentar-se.
A moça estranhou, mas o garoto dizia que era um gesto de gentileza apenas.
Cláudia agradecia.
Com Ana fazia a mesma coisa.
Certa vez, Cláudia notou que o garoto escrevia algo em um caderno, mas logo em seguida, arrancava as folhas.
Lúcio estava aborrecido.
Curiosa Cláudia perguntou-lhe se estava tendo dificuldades com o dever de casa.
Constrangido, o rapaz lhe disse que estava tentando escrever um poema, mas não estava conseguindo.
Cláudia perguntou se ele estava pensando em um tema específico.
Lúcio disse-lhe que um amigo estava querendo escrever uma canção para a namorada, mas não estava conseguindo. Daí pediu sua ajuda.
Cláudia ficou intrigada. Perguntou:
- Mas de onde ele tirou que você poderia auxiliá-lo?
Constrangido, Lúcio respondeu hesitante:
- Ora, por que sou seu amigo.
- Está bem! – concordou Cláudia.
Nisto, a mulher foi perguntando as características da moça.
Lúcio foi respondendo que era uma moça jovem, de cerca de quinze anos, cabelos lisos, loura.
Quando Cláudia perguntou-lhe se ela era bonita, Lúcio respondeu constrangido que sim.
A mulher começou a ficar desconfiada, mas nada disse.
Procurou ajudar Lúcio da forma que pode.
Juntos ficaram à tarde, tentando criar poemas.
Por fim, Cláudia e Lúcio, chegaram ao seguinte resultado:

“Linda figura esguia,
Longos cabelos que de ouro reluzem,
E traduzem a nobreza de tão belo semblante.
Princesa e anjo, a preencher de alegria,
Os momentos de minha vida,
Antes tão desertos e vazios.
Anjo, anda a trazer-me luz, luz de minha vida
Anda a trazer vida ao deserto
Deserto a florir, ao sentir-te junto de mim.”

Lúcio ao ler a poesia, achou-a um tanto melosa.
Cláudia disse-lhe que poderia tentar realizar poesias melhores. Comentou que seu amigo, devia ser alguém muito bacana para ele se dar a este trabalho todo.
Lúcio ficou sem graça.
Nisto Cláudia comentou que iria ver se Ana estava precisando de ajuda para alguma coisa.
Afastou-se.
Lúcio ficou a ler e a reler a poesia várias vezes. Por fim a achou bonita.
Digitou-a no computador. Imprimiu-a.
Pegou um envelope, dobrou o texto, e colocou o dentro.
Nos dias que se seguiram, pensou e pensou.
Finalmente colocou a carta entre seus pertences.
Estava decidido a entregar a moça.
Com isto, aproveitou uma distração da moça, e sorrateiramente entrou na sala de aula onde a moça estudava. Aproveitando que o ambiente estava vazio, colocou a carta entre os livros da jovem, e saiu rapidamente da sala.
Esgueirando-se para que ninguém o visse.
Mais tarde, ao chegar em casa, a moça se surpreendeu com uma carta entre seus objetos pessoais.
Patrícia ao ler o conteúdo do bilhetinho, achou uma graça.
Curiosa, ficou a pensar em que poderia ter colocado a carta entre seus pertences.
Com isto, colocou a carta em uma gaveta.

Durante o intervalo das aulas, Lúcio ficava de longe observando a moça conversando com as amigas.
Nos intervalos, ficava com os amigos.
Um dia, jogando bola no corredor, um de seus amigos, quase acertou a moça.
Lúcio ao perceber isto, repreendeu o amigo.
Disse que tivesse cuidado para não acertar as pessoas.
Nisto, pediu desculpas a moça, que passou sem dizer uma palavra.

Inspirado, o garoto passou a escrever outra poesia.
Escrevia linhas e mais linhas, arrancava papéis, rasgava.
Em suas linhas dizia que nunca havia sentido nada parecido por ninguém.
Escrevera que a moça havia mexido com sua cabeça e tirado tudo do lugar. Senti-a por vezes andando em nuvens flutuando, e por outras em um abismo, sem saber se o afeto era recíproco. Em sua carta, por fim, escreveu:

“Se vermelha a cor do amor
Venho por meio desta carta propor um desafio:
Tente-me com um delicado e vermelho tom
Pois assim saberei se o afeto que me tens é amor!”

Lúcio, ao ler o texto, achou-o horrível, pensou em rasgá-lo.
Quanta pieguice, pensou.
Mas no último momento guardou o texto. Reescreveu-o.
Ficou assim:

“Linda a andar com seus passos distraída.
Deidade a mexer com os sentidos dos homens
A virar minha cabeça e tirar tudo do lugar.

Sinto por vezes a andar por nuvens flutuando
E em outras, a percorrer um abismo
Lugar de entranhas profundas, a sofrer, esquivo
Sem nunca saber se o sentimento que a ti dedico
É de fato recíproco.”

Ao pensar no que escrevera, tencionou colocar ao final do texto, aquelas quatro linhas que pensou em rasgar.
Contudo, ao pensar, chegou a seguinte conclusão: “Como ela saberia quem ele era?” Afinal de contas, ainda não reunira coragem para se apresentar.
Desta forma, deixou as frases guardadas. Pensou em enviar numa futura carta, quando estivesse disposto a se apresentar.
Com isto, reescreveu as linhas, dobrou o papel e guardou em uma gaveta em seu quarto.

Novamente entrou na sala da moça e colocou a carta entre seus pertences.
De longe, ficou observando a jovem, a pegar os livros e se deparar com a carta.
Percebeu em Patrícia, um olhar intrigado.
A moça pegou a carta e olhou para os lados. Abriu o envelope. Leu a carta.
Parecia ter gostado.
Lúcio gostou do que viu.
Feliz voltou para casa sorrindo. Por vezes assobiava.
Ana ao ver o menino tão feliz, estranhou.
- Ora, ora, quanta felicidade! O que foi, viu passarinho verde?
- Nada. – respondeu timidamente o rapaz.
Nisto colocou suas coisas: a mochila com o material escolar em seu quarto.
Depois foi ao banheiro lavar as mãos. Sentou-se à mesa.
Ana serviu seu prato.
Lúcio comeu seu arroz com feijão, salada, bife e batata frita, sem reclamar.
Ana ficou intrigada.
Lúcio pediu mais um pouco.
Quando a mulher colocou arroz, feijão, um pedaço de bife e batata frita, Lúcio pediu mais um pouco de salada.
A mulher ficou espantada.
- O que?
O garoto repetiu:
- Salada.
Pegou a concha e colocou salada em seu prato.
Para beber, tomou um copo com água.
Depois de almoço, agradeceu a mãe. Beijou-lhe o rosto e foi para o quarto. Disse que precisava estudar.
Após os estudos, o garoto avisou a mãe que iria a quadra jogar um pouco com os amigos.
Cumprimentou os amigos, e começou a jogar bola.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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