Poesias

quinta-feira, 1 de julho de 2021

DELICADO - CAPÍTULO 2

No dia seguinte, Cláudia saíria cedo para distribuir currículos nas agências de emprego. Estava procurando estágio.
Letícia a esta altura já trabalhava.
Era recepcionista em um consultório oftalmológico.
Cláudia admirava a independência da amiga. Dizia que devia ser muito bom ter o próprio dinheiro.
Ana por sua vez, incentivava a filha a procurar trabalho. Costumava dizer os tempos estavam difíceis, e que não era sempre que tinha um dinheirinho para os passeios da filha.
Cláudia dizia sentir falta de ter o seu próprio dinheiro.
Com isto, passou a manhã inteira em peregrinação por agências de emprego.
Ao chegar em casa, comentou que precisava aguardar.
Também pesquisava anúncios nos jornais.
Enquanto isto, frequentava as aulas. Estudava com afinco.
Sempre que podia, estudava com Letícia.
Fazia anotações em sala de aula, e compartilhava com a amiga.
Letícia quase sempre chegava em cima da hora na faculdade.
A amiga, comia lanches e guloseimas da cantina da instituição de ensino.
Um dia, acompanhando Letícia em seu “jantar”, a moça se deparou com um rapaz que aparentava ser um pouco mais velho que os garotos do lugar.
Letícia, ao perceber que a amiga observava o estranho, comentou:
- Gato, heim!
Foi o suficiente para deixar Cláudia sem jeito.
A moça tratou logo de desviar o foco. Dizendo que não sabia do que ela estava falando, perguntou se o sanduba estava bom.
Letícia respondeu com um hum hum, e ofereceu o lanche para a amiga.
Cláudia recusou educadamente. Comentou apenas, que ela comia o lanche com tanto gosto, que ficou curiosa em saber se estava bom.
Depois do intervalo, voltaram para a sala de aula.
Ouviram poesias.
Ao término da aula, voltando para casa, ainda dentro do ônibus, Letícia comentou que antigamente os homens eram mais galantes, escrevendo poesias para suas amadas.
Cláudia sorria.
Foi a deixa para a moça comentar sobre o moreno estonteante que apareceu na hora do intervalo. Dizia que ele era lindo, e que devia ser muito interessante.
Cláudia respondeu que não havia prestado atenção.
Ao ouvir isto, Letícia pareceu não acreditar muito nas palavras da amiga.
Cláudia então prometeu que se ele aparecesse novamente, que ela poderia apontar para ele, para que pudesse olhá-lo.
Com expressão de perplexidade, Letícia comentou:
- Cláudia, você é impossível!
Finalmente, chegaram em casa. Despediram-se.

No dia seguinte, Cláudia dirigiu-se a biblioteca da faculdade.
Comentou com a mãe, que precisava de um livro que havia encontrado por lá.
Tomou um café apressadamente, e saiu de casa rumo a faculdade.
Pegou o ônibus, e desceu próximo a faculdade.
Ao chegar na biblioteca, pegou o livro, sentou-se em uma mesa, e começou a folheá-lo.
Leu algumas páginas.
Enquanto lia, um rapaz adentrou o ambiente. Perguntou a funcionária se estava disponível uma obra sobre literatura inglesa.
No que a mulher respondeu que uma moça havia pego o último exemplar disponível.
O homem ficou um pouco desapontado. Argumentou que era muito importante que conseguisse um exemplar do livro, pois teria uma prova cujo conteúdo era o texto da obra.
A bibliotecária, argumentou que lamentava muito, mas que não podia fazer nada.
Curioso, o homem perguntou quem havia pego a obra.
A funcionária então apontou para Cláudia.
O homem agradeceu. Ficou circulando pela biblioteca, olhava para os livros, como estivesse procurando algo. De vez em quando olhava para Cláudia.
A moça estava bem concentrada em sua leitura.
A certa altura, o moço deixou de rodeios e pedindo licença, perguntou se poderia sentar-se do seu lado.
Cláudia surpresa, respondeu que sim.
Era o mesmo rapaz que havia visto no pátio no dia anterior.
Nisto, o homem falou:
- Desculpe incomodar, mas a verdade é que eu estou muito interessado no livro que você está lendo. Por acaso, você está precisando muito ler este livro?
Cláudia respondeu timidamente que sim. Argumentou que teria uma prova sobre o livro e que não possuía dinheiro para comprá-lo.
Roberto, desapontado, pediu desculpas e fez menção de se levantar.
Porém, pensando melhor, pediu desculpas novamente. Comentou que havia visto ela e sua amiga. Disse que a moça loira que estava a seu lado era muito bonita.
Cláudia concordou e voltou o rosto para o livro.
Roberto então, disse que também precisava do livro. Comento rindo que precisa estudar a obra, pelo mesmo motivo.
Cláudia, percebendo a apreensão do moço, comentou que precisava ler o livro, mas que depois poderia emprestá-lo.
Roberto agradeceu. Perguntou como fariam.
Cláudia respondeu que precisava de uns dias para ler o livro. Argumentou que talvez em uns três ou quatro dias, poderia entregar a obra.
Ao ouvir isto, Roberto comentou que não daria tempo de ler o livro para avaliação.
Nisto, perguntou se estava gostando do texto. Perguntou do que se tratava o livro.
Cláudia explicou-lhe o que havia entendido da obra.
Roberto foi ficando.
Cláudia foi lendo o livro em voz alta.
De vez em quando, Roberto fazia o mesmo.
Quando Cláudia olhou o relógio, comentou que precisava voltar para casa.
Roberto perguntou-lhe então, se não gostaria de uma carona.
Cláudia agradeceu, mas respondeu que não havia necessidade.
O moço comentou então, que de carro, ela voltaria mais rapidamente para casa.
Cláudia novamente agradeceu, mas respondeu que não era necessário.
Roberto não insistiu, agradeceu a ajuda.
Marcaram uma nova leitura para o dia seguinte.

A noite na escola, Roberto, fez questão de cumprimentá-la. Agradeceu a ajuda. Aproveitou também, para cumprimentar Letícia.
A garota, ao ver que Cláudia havia ajudado o moço, comentou:
- Amiga, você é rápida no gatilho!
Cláudia comentou que não havia nada demais, e que ele não tirara o olho de Letícia.
Letícia retrucou dizendo que ela deveria investir nesta relação. Argumentou que não havia como saber para quem ele estava olhando.
Cláudia, riu dizendo que Letícia era uma piada.

Seguiram-se aulas de literatura inglesa, brasileira e portuguesa.
Por fim, voltaram para casa depois de uma longa espera no ponto de ônibus.
Cláudia e Letícia estavam bastante impacientes com a demora.
Enquanto aguardavam no ponto, conversavam sobre as aulas. Estavam gostando bastante do curso.
Cláudia estava ansiosa para trabalhar na área.
Ao contrário da amiga, Cláudia nunca teve grande necessidade de procurar trabalho.
Letícia por seu turno, de vez em quando falava do trabalho.
Comentava que a rotina era corrida, que muitas vezes almoçava correndo, por que era somente ela na recepção. Mas que gostava do que fazia, pois proporcionava seu ganha pão.
De tão atarefada, quando tinha trabalhos para apresentar, ou que estudar, contava com o auxílio da amiga, que resumia os apontamentos em sala de aula, resumia os livros lidos e entregava para Letícia ler.
Quanto ao livro que Cláudia estava lendo, a moça estava realizando um resumo da história para a amiga ler.
Letícia era grata pela ajuda. Por diversas vezes chegou a dizer que se não fosse esta ajuda, não teria como realizar o curso, pois não possuía muito tempo para estudar.
Por esta razão, ao perceber a ansiedade da amiga em arrumar um estágio, comentou que não deveria ter pressa. Argumentou que ela deveria se preocupar em fazer um bom curso, pois dali para frente o que não faltaria era trabalho para ela.

No dia seguinte, Cláudia se encontrava novamente na biblioteca.
Ela e Roberto faziam juntos a leitura do livro de literatura.
À certa altura, empolgado, o moço começou a ler em voz alta. Fato que incomodou os outros frequentadores da biblioteca.
Neste momento, uma funcionária se aproximou e pediu educadamente para que por gentileza falassem mais baixo.
Roberto rindo, se desculpou.
Sugeriu a Cláudia que fossem estudar em outro lugar.
A moça perguntou onde.
- No pátio, em frente ao jardim! – respondeu ele.
Cláudia concordou.
Procurando um banco, sentaram-se em frente ao jardim.
Leram o livro.
Roberto chegou a dramatizar algumas passagens.
Cláudia achava graça.
Rindo, o moço dizia que não basta ler, tem que interpretar.
Nisto, o tempo foi passando.
Por fim, o moço se despediu dela com um beijo no rosto.
Combinaram novas leituras.

Cláudia voltou para casa.
Ana sua mãe, comentou que alguém havia ligado para ela, e pedido para retornar.
Curiosa, a moça perguntou de quem se tratava.
Ana relatou que não sabia, mas que parecia um agendamento para uma entrevista.
Animada, a moça agradeceu e tratou de retornar a ligação.
Com isto, a moça no dia seguinte, deveria comparecer à tarde, para uma entrevista em uma agência de emprego.
E assim, o fez.
Ansiosa, tratou de adiantar o resumo do livro.
Permaneceu a tarde inteira entretida nesta tarefa.

À noite, encontrou Letícia, e demais colegas na faculdade.
No intervalo, encontrou Roberto, que tratou de se aproximar.
O homem conversou com Cláudia e Letícia.
Estava encantado com a beleza da amiga de Cláudia.
Cláudia então comentou que estava fazendo um resumo do livro.
Letícia rindo, comentou que a amiga, era sua fonte de consulta e estudos.
Roberto elogiou a moça, dizendo que ela era muito prestativa.
Cláudia, percebendo os olhares, argumentou que alguém a estava chamando e se afastou.
Roberto então comentou:
- Sua amiga é bastante reservada!
Letícia concordou. Disse ainda, que embora fosse reservada, era uma grande pessoa, mas que para conhecer seu lado prestativo, era preciso quebrar o gelo. Comentou que quem procurava conhecê-la bem, acabava por gostar muito dela.
Roberto, sorriu.
Comentou que ela era bastante educada. Relatou que possuía maneiras até refinadas.
Letícia riu.
Por fim, o moço perguntou no que Letícia trabalhava.
Letícia, falou a respeito de seu emprego. Comentou também, que Cláudia estava procurando trabalho.
Cláudia então, retornou.
Letícia perguntou quem a havia chamado.
Cláudia olhando em volta, comentou que ninguém a havia chamado, apenas havia se confundido. Aproveitou porém, para conversar com alguns colegas.
Roberto então, cumprimentou-a novamente e depois se afastou.
Letícia intrigada, perguntou por que Cláudia se afastou. Argumentou que Roberto não parou de perguntar sobre ela.
A moça pareceu desinteressada.
Disse que estava preocupada, e que depois conversariam mais. Cláudia, despediu-se da amiga, e alegando que o sinal iria bater, decidiu voltar para a sala de aula.
Ao chegar à classe, um rapaz se aproximou.
Resolveu perguntar a ela como fazer para encontrar o livro de literatura inglesa, que seria utilizado na prova.
Cláudia comentou que encontrou o livro na biblioteca, mas que havia pego o último exemplar disponível.
Nisto o moço perguntou-lhe se depois de ler, não poderia emprestá-lo.
Cláudia respondeu que estava acabando de ler a obra, e que dentro de poucos dias devolveria o livro.
Lucindo perguntou-lhe se poderia avisá-lo, pois ele tentaria pegar o livro.
Cláudia respondeu-lhe que sim.
O moço se apresentou, agradeceu e retornou ao seu lugar.
Nisto, o sinal soou, e aos poucos, os alunos foram retornando a sala de aula.
Cláudia parecia bem concentrada.

No retorno ao lar, Cláudia estava calada.
Letícia estranhou, mas a moça usou a desculpa de que estava preocupada.
Despediram-se e Cláudia seguiu sozinha para casa.
Ao chegar em casa, cumprimentou os pais e se recolheu para o quarto.
Vestiu sua camisola, puxou o lençol da cama e tratou de dormir.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

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