Poesias

quarta-feira, 21 de julho de 2021

DELICADO - CAPÍTULO 17

Com o tempo, mãe e filho começaram a se entender.
Quando Cláudia pedia para conversar reservadamente com seus pais, o garoto ficava carrancudo, mas respeitava o pedido e se afastava.
Com efeito, quando Cláudia soube das exigências de Roberto, ficou apavorada. Temia que ele tentasse tirar Lúcio dela. Dizia que não estava em condições de brigar com ele por conta disto. Argumentava que havia sido omissa em deixar que seus pais criasse o próprio filho.
Jacinto dizia que todos haviam errado.
Mas também, tentando acalmá-la, comentou que não entendia a razão de tudo aquilo. Perguntava-se sobre o que ele ganharia criando toda aquela confusão.
Cláudia, procurando se acalmar, passou a questionar como ele havia descoberto a existência de Lúcio, e como ele conseguiu ligar os fatos.
Jacinto argumentou que não era difícil para Roberto chegar a conclusão de que Lúcio era filho dele. Respondeu que provavelmente ele devia estar a espreita há muito tempo, e que observando, acabou descobrindo que o garoto era filho dela. Argumentou que ele conhecia detalhes da história que todos desconheciam.
Revoltada, Cláudia respondeu que não era obrigada a aceitar as ordens de um homem que havia se portado como um canalha.
Jacinto argumentou que ela não tinha alternativa.

Nos dias que se seguiram, Cláudia manteve sua rotina.
Ministrou suas aulas, aplicou provas.
Mulher bonita, elegante, sempre bem vestida, sempre atraiu olhares de alunos interessados.
Cláudia porém não correspondia ás investidas.
Lucindo, certa vez, chegou a comentar que ela estava fazendo muito sucesso. Brincava que ficava enciumado com a atenção que ela estava dispensando aos alunos. Ironizava que eles poderiam ficar apaixonados.
Cláudia argumentava que boa parte deles era menor de idade. Dizia que não era nem ético, nem profissional, se envolver com qualquer um deles, além de ser um crime.
Lucindo rindo, dizia estar brincando, e que jamais pensaria em levar a sério uma coisa daquelas. Certa vez chegou a se desculpar com ela pelas brincadeiras.

Algumas vezes a mulher chegou a encontrar bilhetinhos deixados por alunos, na janela de seu carro.
Quando Letícia soube do fato, comentou com a amiga que ela estava arrasando corações. Rindo, dizia que já havia ouvido algumas cantadas de alunos, mas nunca havia recebido cartinhas com declarações de amor.
Cláudia respondia que isto não era engraçado. Chegou a dizer que se quisesse, poderia ficar com algumas cartas.
Rindo, Letícia disse que estava muito bem com Leandro, e que não precisava de nenhuma cartinha para aquecer seu coração.
Cláudia emendou que Leandro já fazia isto por ela.
Letícia rindo, disse que ela estava sendo inconveniente.
Nisto as amigas começaram a rir.
De fato, Letícia estava feliz.
Sua relação com Leandro era muito bonita.
Cláudia ficava feliz quando o via o casal andando juntos de mãos dadas.
Helena também estava contente com o novo relacionamento da filha.
Dizia para Ana que estava aliviada e feliz.

Cláudia e Fabrício estavam de casamento marcado.
Com efeito, quando soube que Cláudia era mãe de Lúcio, o homem sofreu um baque.
Cláudia depois de muito conversar com o pai, decidiu conversar com o moço e contar-lhe toda a verdade.
Ciente de que poderia perder o namorado, a moça decidiu arriscar. Argumentou que sentia-se enganando o rapaz, e salientou que ele não merecia isto.
Enchendo-se de coragem, a mulher confessou ao moço, o que estava fazendo ficar tão pouco tempo com ele.
Fabrício quando soube dos fatos, ficou perplexo.
Ao término da conversa com Cláudia, o homem parecia transtornado.
Seus olhos estavam cheios de água.
Tentando medir as palavras, pediu-lhe um tempo para pensar.
Fabrício pediu-lhe para deixá-lo sozinho.
Cláudia consentiu, mas acrescentou:
- Só quero que saiba que eu vou sentir muito se o nosso relacionamento acabar.
Nisto deixou-o sozinho em seu apartamento.

Mais tarde, a moça contou os fatos a Letícia e ele à mãe, Helena.
Letícia, ficou chocada com a revelação.
Disse que havia desconfiado de tudo, mas não tinha certeza de nada.
Chorando, Cláudia comentou que havia sido enganada.
Letícia ao ouvir o relato sobre o que de fato ocorreu na fatídica festa, ficou revoltada. Xingou Roberto de cafajeste, maldito e de canalha.

Lucindo também soube tempos depois do ocorrido.
Igualmente perplexo, teve uma reação inesperada ao tomar conhecimento dos fatos.
Em dado momento, deixou escapar que Roberto não poderia ter certeza de ser o pai de Lúcio.
Seus tios ao ouvirem isto, indagaram:
- Ora e quem mais poderia ser?
Nervoso, o homem calou-se.

Quando Jacinto levou a mulher a consulta com o doutor Onofre, a mesma ficou em prantos. Ana dizia que não era uma criminosa e que não poderia ser presa apenas por haver tentado proteger sua filha.
O causídico, tentando acalmar a mulher, pediu a secretária que providenciasse um copo com água.
Ana bebeu a mistura com sofreguidão.
Jacinto conversou com a mulher. Argumentou que ela não seria presa.
O advogado confirmou. Repetiu o que havia dito anteriormente a Jacinto. Disse que Cláudia, Lúcio e Roberto teriam que fazer um exame de DNA, para reconhecer a filiação, e que seria necessário cancelar o registro anterior e fazer um novo registro com o nome dos verdadeiros pais da criança.
O advogado comentou que com isto, Lúcio teria direito a uma pensão de Roberto, e que seria necessário regulamentar a guarda do menor.
Jacinto e Ana ao ouvirem isto, ficaram indignados.
Como assim, regulamentar a guardar do menor?
Pacientemente o advogado explicou-lhe a situação.
Ao saírem do escritório, o casal ficou a comentar as explicações do advogado.

Mais tarde, conversaram com a filha contando as novidades.
Cláudia não ficou nem um pouco satisfeita ao ouvir o relato da consulta com o advogado.
Jacinto orientou a filha a contatar o causídico.
E Cláudia assim o fez.
Agendou uma consulta. Conversou com o profissional.
O advogado a instruiu sobre como proceder.
Com efeito, ao término da conversa, Cláudia já havia assinado um contrato de honorários.
Onofre respondeu-lhe que só ajuizaria uma ação caso fosse necessário.
Nisto a mulher saiu do escritório.

Tempos depois, ao retornar ao estacionamento da universidade, verificou uma pessoa estranha próxima a seu veículo.
Assustada deu meia volta.
Foi então que a pessoa se manifestou. Perguntou:
- Não me reconhece mais? Não reconhece mais minha voz? Mudei tanto assim? – perguntou.
Cláudia voltou-se. Olhou.
Assustou-se ao ver que era Roberto.
Procurando se recompor, perguntou-lhe o que estava fazendo ali.
O homem se aproximou.
Percebeu que embora a fisionomia não tenha sofrido tantas mudanças, a moça estava bastante diferente. Seu corpo havia mudado.
Cláudia se vestia de forma elegante. Roupa e cabelos bem arrumados.
Roberto se encantou com o que viu. Chegou até a elogiá-la:
- Ora, ora, veja quem eu encontro. A linda Cláudia ainda mais bela. Parabéns, o tempo foi generoso contigo.
Nervosa a mulher respondeu-lhe que não entendia o que estava fazendo ali, e assim, exigiu que ele saísse dali.
Nisto Roberto argumentou que precisavam conversar e que ele precisava lhe explicar algumas coisas.
Cláudia assustou-se, lembrou-se do ocorrido há quase dezesseis anos e recusou-se a acompanhá-lo.
Roberto não gostou da reação da moça e exigiu que ela entrasse em seu carro.
Cláudia disse que não entraria no carro dele.
Nervoso, o homem segurou seu braço. Observando que não havia ninguém por perto, disse que ou ela entrava por bem no carro, ou ele a levaria na marra.
Cláudia afastou-se disse que ele não poderia fazer isto, e que se tentasse ela gritaria.
Roberto, se aproximou da mulher e puxando seu braço, fez com ela entrasse em seu carro.
Com isto, saíram da universidade.

Luciana Celestino dos Santos
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