Poesias

quarta-feira, 21 de julho de 2021

DELICADO - CAPÍTULO 13

Quando a família soube da melhora da notas de Lúcio, comemorou.
Ana na reunião de pais, recebeu o boletim da professora de matemática, que parabenizou o garoto pela melhora nas notas.
A mulher ficou orgulhosa do garoto.
Ao chegar em casa, Ana cumprimentou o menino.
Jacinto também parabenizou-o, assim como Cláudia.
Com o tempo, Lúcio e Cláudia passaram a conversar um pouco em inglês.
Ana adorava ver os dois juntos.
O tempo foi passando.
O garoto terminou a sexta série. Passou sem grandes dificuldades pela sétima série.

Na oitava série teve um pouco mais de dificuldades.
Inventou de querer fumar e colocar um piercing na sobrancelha, o que foi proibido pelos pais.
Lúcio ficou revoltado com as proibições.
Cláudia não se intrometeu.
Argumentou que proibir por proibir não era a melhor opção, mas que como o garoto ainda não tinha maturidade para definir o que era melhor para ele, o certo seria esperar, e não deixá-lo colocar o bendito do piercing.
Ana ficou surpresa com a decisão de Cláudia.
Disse que não esperava isto dela.
Cláudia argumentou que poderiam proibi-lo por algum tempo, mas não conseguiriam proibi-lo por muito tempo. Retrucou dizendo que enquanto ele estivesse vivendo debaixo do teto dela, iria ter que viver sob suas regras.
Cláudia respirou fundo.
Por fim, retirou-se.
Certo dia o menino foi pego fumando escondido e em razão disto, sofreu uma suspensão.
Ana, ao tomar conhecimento do fato, ficou furiosa. Ameaçou bater no garoto.
No que foi impedida por Jacinto.
Lúcio porém, não se livrou do castigo.
Ficou proibido de sair de casa.
Quando Lúcio tentava sair sorrateiramente da casa, Ana surgia na porta.
A certa altura, o garoto resolveu enfrentá-la.
Lúcio era bem mais alto e forte que ela.
Disse que iria sair mesmo que ela não permitisse.
Ana respondeu dizendo:
- Pois bem, saía. Mas prepare-se para dar explicações para seu pai.
Ao ouvir isto, Lúcio desistiu do intento. Retirou-se da sala e trancou-se em seu quarto.
Ana voltou para a lavandeira, terminar de lavar sua roupa.

Cláudia, tempos atrás, sugeriu contratar uma empregada, ou mesmo uma diarista para auxiliá-la com os afazeres domésticos, mas Ana recusou a oferta.
Dizia que preferia fazer tudo sozinha.
Com o passar dos anos, Cláudia chegou a repetir a proposta, mas Ana sempre dizia que não era velha demais para cuidar de tudo sozinha.
Cláudia dizia que a vida não era somente trabalho e que ela precisava descansar.
Quando Ana ouvia isto, dizia que a filha não era a pessoa mais indicada para lhe recomendar que descansasse.
Isto por que, sempre mergulhada em seu trabalho, a moça saía de madrugada e voltava tarde da noite.
E agora noiva de Fabrício, a moça pouco tempo tinha para a família.
Quando Cláudia ouviu a reclamação estranhou. Afinal não fora a própria Ana quem a incentivou a casar com Fabrício?
Jacinto rindo, dizia que não procurasse entender sua mãe.

Com efeito, depois do castigo e do término da suspensão, Lúcio voltou às aulas.
Broncas e mais broncas por seu comportamento se seguiram.
O garoto conversava na aula, não prestava atenção nas explicações dos professores.
Tomava advertências.
Estava sempre metido nas confusões.
Ana nervosa, já dizia que não sabia o que fazer com ele.
Cláudia então resolveu intervir.
Nisto, conversou com o garoto.
Perguntou-lhe o que estava acontecendo.
Lúcio dizia que não estava acontecendo nada.
Cláudia porém insistia.
Dizia que precisava de uma explicação. Argumentava que ninguém mudava tanto, sem uma razão. Chegou a lhe perguntar se estava usando drogas.
Lucio dizia que não. Indignado, perguntava como ela poderia pensar isto dele.
Cláudia retrucava dizendo que seu comportamento era muito estranho. Falava que ele estava agressivo. Não parecia a mesma pessoa.
Lúcio disse que era sim, a mesma pessoa. Disse que não queria mais saber de estudar. Argumentou que estudar era muito chato.
Cláudia ao ouvir isto, comentou que estudar era chato sim, mas era o único caminho que as pessoas pobres tinham para melhorar sua condição social, melhorar seu padrão econômico e sua visão de mundo.
Lúcio dizia que tudo isto era bobagem. Comentou que não sabia por que tinha que aprender tanta coisa, sendo que não faria uso de boa parte disto.
Ao ouvir isto, Cláudia ficou bastante aborrecida. Comentou que o saber não ocupava espaço, e que todo o conhecimento tinha sua utilidade.
Nisto Lúcio perguntou se ela fazia uso de tudo o que havia aprendido.
Cláudia respondeu-lhe que fazia de quase tudo o que havia aprendido.
Lúcio a desafiou.
Mas Cláudia respondeu-lhe que mesmo em matemática, suas atividades diárias implicavam no uso daqueles conhecimentos. Como nas despesas domésticas, nos gastos com combustível, nas compras. A física tinha relação com as distâncias percorridas à pé e de transporte. Literatura fazia parte de seu dia-a-dia, pois era sua profissão. Química tinha relação com a composição química dos produtos que utilizava, com a reação dos alimentos, entre outras coisas. História nos fazia compreender melhor a história de nosso país, e assim, nos empenharmos em fazer um futuro melhor.
Lúcio reclamou dos políticos do país.
Cláudia perguntou-lhe então, o que ele estava fazendo para tornar o Brasil, um país melhor para se viver.
O garoto não compreendeu a pergunta.
Cláudia repetiu.
Disse que um país não se faz apenas de políticos. Que para um país ser melhor, é preciso melhorar a qualidade de seus nacionais, de seus habitantes, que precisavam entender que fazem parte de um tecido social, que não estão sozinhos, e que quando agem, não podem pensar somente em si. Não podem ser egoístas. Qualquer ação gera consequências e reflexos que atingem terceiros, então temos que pensar no que é melhor para nós e para os outros. Argumentou que ninguém tinha que se sacrificar por ninguém, mas que isto não implicava ao agir, em não pensar em ninguém. Disse que as pessoas não podiam se comportar com se não existisse mais ninguém no mundo.
Lúcio disse não estar entendendo nada.
Cláudia argumentou que ele era muito inteligente para querer se fazer de desentendido. Ressaltou que ele estava entendendo perfeitamente o que ela estava querendo dizer.
Lúcio disse então, que ela estava querendo dizer que não devemos ser egoístas e que sempre que pudermos, devemos ajudar-nos uns aos outros, ou se não pudermos ajudar, pelo menos não atrapalhar, quando isto fosse possível.
Cláudia mexeu a cabeça concordando. E acrescentou:
- Você reclamou dos políticos. Pois bem, você ainda não tem idade para votar, mas quando tiver, tenha consciência. Vote com inteligência, pesquise, procure saber da vida pregressa do candidato. Não vá pela cabeça dos outros. Pense por você mesmo. Isto dá um pouco de trabalho, mas vale a pena. Não há nada melhor do que ser livre. Mesmo que seja uma liberdade parcial, é melhor do que nada.
Lúcio respondeu que não sabia onde ela queria chegar.
Cláudia disse-lhe então que não deixasse escapar a oportunidade de estudar. Que não deixasse terceiros o desviarem de seus objetivos. Mencionou que estudar às vezes é maçante, mas que ainda não inventaram nada melhor que os estudos. Ressaltou que ele poderia descobrir algumas matérias das quais gostava mais. Perguntou-lhe do que mais gostava.
Lúcio, pensou, pensou e respondeu:
- E gosto de inglês, um pouco de matemática ... e acho que só.
Cláudia disse-lhe que primeiramente ele deveria descobrir do que gostava, para saber também do que não gostava. E em relação ao que não gostava, deveria se dedicar com mais afinco, sem descuidar do que gostava.
Ao ouvir isto Lúcio prometeu que melhoraria suas notas.
Cláudia perguntou-lhe se continuava estudando inglês.
Lúcio respondeu-lhe que não.
A mulher recomendou-lhe que continuasse estudando.
Por fim, o garoto prometeu que não se meteria mais em confusão.

Ana dizia só acreditar vendo.
Mas de fato o garoto mudou um pouco o comportamento.
Passou de ano, com notas razoáveis.
No nono ano o garoto andou um tanto relapso.
Foi quando conheceu uma garota.
Enquanto caminhava pelo pátio com sua turma, avistou a menina.
Estava ao lado de uma amiga.
Lúcio ficou vidrado.
Mas a moça não olhou para ele.
O garoto ficou obcecado.
Ao saber da ascendência espanhola da moça, passou a se interessar por tudo o que era espanhol.
Curioso, perguntou a irmã, o nome de algumas músicas em espanhol.
Cláudia ficou curiosa com o interesse de Lúcio.
O garoto inventou uma desculpa de que era para um trabalho de colégio.
Cláudia, auxiliou-o na pesquisa.
Com isto, o garoto passou a ouvir músicas em espanhol.
Lúcio procurava pronunciar as palavras conforme ouvia nas canções.
No colégio, Lúcio encontrava a moça durante o intervalo.
Descobriu seu nome. Patrícia Gonzales.
Estudava na mesma série que ele, mas em outra classe.
A esta altura, quase todos no colégio sabiam que ele gostava dela.
Seus amigos faziam brincadeiras com ele.
Lúcio ficava bastante aborrecido.
Não gostava que brincassem com isto.
Por conta disto, chegou a brigar com um colega.
Em razão disto, foi parar na diretoria.
Foi novamente advertido.
Ana compareceu mais uma vez no colégio.
Quando Jacinto soube do ocorrido, quis dar uma surra em Lúcio, e só não fez por que Cláudia e Ana o impediram.
Ana então, disse-lhe que nas férias de julho, Lúcio não faria nenhum passeio com Cláudia.
Ao ouvir isto, o garoto ficou furioso. Saiu pisando duro e batendo a porta.
Ana olhou nos olhos da filha, e disse-lhe que estava proibida de tomar partido. Argumentou que ela estava prestes a se casar, e que não precisava se preocupar mais com o garoto. Disse que Lúcio era sua responsabilidade.
Cláudia ao ouvir isto, disse que agora que estava prestes a se casar, estava pensando em contar a Fabrício que ela era a mãe do garoto. E mais, que estava pensando em levá-lo para morar junto com o moço.
Ana ao ouvir isto, disse que ela havia enlouquecido.
Comentou que ninguém deveria saber daquela história. Argumentou que se Fabrício tomasse conhecimento dos acontecimentos daquela forma, ele não iria perdoá-la e provavelmente desmancharia o noivado.
Cláudia parecia aflita.
Dizia que não aguentava mais guardar aquele segredo. Mencionou que Fabrício parecia desconfiar de tudo.
Ana perguntou-lhe se havia contado alguma coisa.
Cláudia respondeu que não.
Argumentou que algum dia a verdade apareceria, e que seria melhor ela contar ao garoto que ela era sua mãe.
Ana porém a proibia de fazê-lo.
Argumentou que ela havia prometido não contar nada a ninguém.
Cláudia retirou-se.
Trancou-se em seu quarto.

Luciana Celestino dos Santos
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