Poesias

quinta-feira, 1 de julho de 2021

DELICADO - CAPÍTULO 1 – PRIMEIROS TEMPOS

Enquanto se preparava para sair para mais um dia de aula, Cláudia, aproveitava para ouvir um pouco de rádio. Ajeitava os cabelos, colocava uma blusa de manga comprida por cima de uma blusa de alça. Vestia-se e se observava no espelho.
Por fim, pegou um monobloco e alguns livros, colocando-os dentro da mochila. Estava pronta para sair de casa.
Despediu-se dos pais, e dirigiu-se ao ponto de ônibus.
Aguardou cerca de cinco minutos.
Sentou-se e enquanto seguia viagem, aproveitou para ler um pouco. Tempos de provas, muitas provas.
Chegando na faculdade, cumprimentou os amigos e procurou um lugar para ler. Estava se preparando para a prova.
Letícia ao vê-la tão compenetrada, brincou dizendo que assim ela tiraria dez.
Cerca de meia-hora depois, todos os alunos estavam dentro da classe.
Resolvendo as questões da prova.

Cláudia e Letícia cursavam letras.
Amigas desde a infância, adoravam sair juntas.
Letícia, loira, era uma moça bonita, a garota que todos os moços gostariam de namorar.
Cláudia, mais magra, mais discreta, não costumava chamar a atenção dos rapazes.
Com efeito, em que pese este fato, a moça parecia não se importar muito com isto.
Até as garotas chegarem a adolescência, e a diferença de físico se fazer notar mais profundamente.
Foi aí que Cláudia começou a perceber que Letícia passou a ficar mais bonita. Saía para namorar, e por este motivo, passou a ter menos tempo para conviver com a amiga.
Ainda assim, as moças sempre saíam juntas.
Mas sempre que podiam, frequentavam lanchonetes, iam ao cinema.
Letícia adorava falar de suas paqueras, da beleza de alguns rapazes.
Cláudia por sua vez, achava tudo muito interessante.
Até começar a se interessar pelos moços e perceber que a recíproca não era verdadeira.
Decepcionada, se perguntava por que algumas garotas possuem facilidade para arrumar namorado e ela não.
Por algum tempo chegou até a invejar a amiga.
Brigou com a colega de anos, fato este que deixou Letícia muito chateada.
Cláudia argumentava que a amiga não tinha mais tempo para ela, que só pensava em garotos, e que estava cansada de sair com ela e voltar sozinha para casa, por que ela havia arrumado um paquera.
Nas vezes em que saíam juntas, isto ocorreu por diversas vezes.
Cláudia acaba voltando sozinha para casa.
Com isto, a moça deixou de acompanhar a amiga.
Aborrecida, Cláudia dizia não se importar que ela namorasse, mas que considerava uma falta de respeito, sair com ela, e arrumar um paquera e deixá-la sozinha.
A garota ficou chateada com Cláudia. Disse que entendia, mas não concordava com a amiga.
Por isto, acabaram se afastando por algum tempo.
Cláudia passou a conviver com outras pessoas. Conheceu outras colegas.
Letícia por sua vez, continuava namorando, e de vez em quando o moço ia buscá-la na escola.
Juntos saíam do local de carro.
A garota estava sempre sorrindo.
Cláudia por sua vez, ora estava conversando com as colegas ou estudando alguma matéria.
Enquanto fazia o colegial, preparou-se com afinco para passar no vestibular.

Com efeito, a briga só terminou quando Letícia terminou um relacionamento.
A moça namorava há cerca de um ano um rapaz.
A garota simplesmente foi trocada por outra.
Descobriu depois de tempos de namoro conturbado, com diversas idas e vindas, que o moço vinha de um relacionamento mal resolvido com outra garota. Todavia, sempre que Eduardo arrumava alguém, a ex voltava a investir no rapaz.
Enfim, Eduardo traiu Letícia com a ex-namorada.
Letícia descobriu a traição de forma acidental.
Enquanto voltava do colégio, tarde da noite, a moça encontrou o rapaz aos beijos e abraços, com uma mulher.
Ao ver a cena, custou a acreditar que se tratava do namorado. Aproximou-se, exigiu explicações.
Eduardo gaguejou, tentou se explicar. Tudo em vão.
Nada justificaria e explicaria de forma coerente o que Letícia havia visto.
Mesmo assim, o moço tentou inventar uma desculpa. Dizia que ela havia se enganado. Que não era nada daquilo, que a moça era apenas uma conhecida.
Sílvia ao ouvir as palavras do rapaz, fez questão de desmenti-lo. Afirmou que eles tinham um relacionamento antigo, e que ele só estava passando um tempo com ela.
Letícia começou a estapear o moço. Aproveitou e xingou a moça de vaca, vadia e galinha. Afirmou que ela era uma puta por não respeitar a ninguém.
Sílvia ria e chamava a moça de louca.
Irritada Letícia respondeu que era louca por não partir a cara dos dois. Chamou-os de salafrários, vagabundos, gente ordinária, escumália.
Sílvia ironizava dizendo que o grau das ofensas se sofisticara.
Foi a deixa para Letícia dizer que ela tinha muito mais nível que os dois juntos.
Por fim, argumentou que os dois se mereciam. Letícia falou que os dois deveriam ficar juntos até o final e não enganar mais ninguém.
Irônica, agradeceu a Sílvia por ter tirado de seu caminho um estrupício.
Virou as costas para os dois e sumiu rua afora.
Quando Eduardo fez menção de ir atrás de Letícia, Sílvia o interpelou e disse que ele estava proibido de ir atrás dela.
O rapaz, dizendo que não podia ver uma moça chorando, enfrentou-a. Tentou conversar com a moça, mas Letícia ofendida, dispensou-o.
Disse que não queria mais saber dele, e que o namoro estava acabado.

Quando Cláudia soube do ocorrido, aconselhada pela mãe, tratou logo de ir conversar com a moça.
Letícia inicialmente relutou em receber a amiga, mas com o tempo, acabou concordando em conversar com Cláudia.
A garota, ao ver a moça em prantos, pediu-lhe desculpas e tratou de consolá-la.
Letícia não parava de chorar.
Cláudia abraçou-a, disse que aquilo iria passar. Achou Eduardo um sacana, mas, aconselhada pela mãe, nada disse.
Dona Ana, recomendou-lhe que não emitisse opinião a respeito de Eduardo. Argumentou que eles poderiam voltar a se entender e Letícia poderia ficar com raiva dela, por haver falado mau de seu namorado.
Letícia concordou e seguiu os conselhos da mãe.
Conversou com a amiga, mas evitou emitir opiniões sobre o moço.
Com efeito, após a última briga, Letícia não voltou às boas com Eduardo, muito embora o moço a tenha cercado algumas vezes, para a fúria de Sílvia.
A mulher chegou a interpelar Letícia exigindo que ela se afastasse de seu namorado.
Ao ouvir a ameaça, a moça riu. Comentou que era interessante ver a situação se inverter. Por fim, relatou que não estava interessada em traidores, e que ela não precisava se preocupar. Não por ele, que era um galinha da pior espécie, mas por ela, que era honesta e, ao contrário de Silvia, não costumava se intrometer na história dos outros.
Sílvia riu.
Letícia recomendou-lhe então, que conversasse com Eduardo, e que lhe explicasse o papel ridículo que estava fazendo.
Virou as costas e foi embora.
Cláudia e Letícia então voltaram as boas.
Decidiram juntas frequentar o curso de letras.
Estudavam juntas.
Letícia continuou a trocar confidências sobre seus paqueras, seus namorados.
Cláudia e Letícia voltando as boas, voltaram a estudar juntas, trocavam informações sobre as matérias e sobre os interesses no vestibular.
Combinaram que fariam juntas o curso de letras.
Quando finalmente passaram no vestibular, foi uma alegria só.
Ana e Helena, as mães de Cláudia e Letícia trataram logo de comemorar.
A vizinhança de ambas, ficou logo sabendo da novidade. Todos parabenizaram as garotas.
Ana enchia a boca para dizer que a filha era muito estudiosa e que o resultado no vestibular comprovava isto.
Já Helena dizia que a filha havia se esforçado muito para conseguir passar.
Juntas foram realizar a matrícula.

Voltando a prova da faculdade...
A avaliação longa, com textos longos e elaborados, exigia bastante concentração.
Aos poucos, os alunos foram entregando as provas.
Mais tarde Cláudia voltou para casa, acompanhada por Letícia.
As amigas comentavam a dificuldade da prova.
Cláudia rindo, dizia que havia gasto todo o seu latim para redigir a redação proposta.
Letícia riu. Argumentou que a prova não era de latim.
Estavam no segundo ano de curso.
Juntas desceram do ônibus.
Despediram-se.

Ao chegar em casa, Letícia cumprimentou a mãe.
Cláudia, ao chegar em sua residência, cumprimentou Ana e Jacinto. Dizia estar com muito sono. Despediu-se dos pais e foi dormir.
Colocou sua mochila em cima de um banco. Tirou sua vestimenta, olhou o relógio.
Já era quase meia-noite.
Olhou-se rapidamente no espelho.
Vestiu uma camisola.
Puxou o lençol, deitou-se em sua cama e dormiu.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

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