Poesias

quarta-feira, 21 de julho de 2021

DELICADO - CAPÍTULO 18

Cláudia esperneou, pediu ajuda, mas não apareceu ninguém para ajudar.
Lucindo ao chegar ao estacionamento, e ver o carro de Cláudia, estranhou.
Momentos antes, a moça havia se despedido, e dizendo estar com pressa, argumentou que pegaria o carro, para voltar logo para casa.

Lucindo ao saber do ocorrido com Roberto, se prontificou em ajudar no que fosse preciso.
Cláudia agradeceu. Disse que ele estava sempre presente nos momentos difíceis.
Melancólico, o homem disse que era para isto que serviam os amigos.
Triste, a moça abraçou o homem.
Lucindo ficou comovido com o gesto.
Abraçou Cláudia de volta.

Agora ao ver o carro da moça, e nenhum sinal de Cláudia, Lucindo preocupou-se.
Voltou a universidade e constatou que a moça não havia voltado ao prédio do curso de letras.
Perguntou por ela para alguns funcionários que ainda estavam por lá.
Nada de Cláudia.
Preocupado, resolveu procurar a mulher pelos arredores.
A esta altura, Cláudia discutia com Roberto.
Chamava-lhe de louco, dizia-lhe que não tinha o direito de obrigá-la a entrar em seu carro. Exigia descer.
Roberto a ignorava.
A certa altura, quando a mulher tentou abrir a porta, o homem acionou um botão, travando-a.
Irritado disse, que se quisesse sair do carro, poderia sair. Mas que se preparasse para andar uns bons quilômetros por um lugar ermo e perigoso.
Cláudia ao perceber isto, perguntou o que ele queria com ela. Era nítido seu medo.
Roberto, sorriu.
Nisto, disse-lhe que precisavam conversar.
Cláudia exigiu que falasse logo o que queria e que a deixasse em um ponto de ônibus.
Roberto respondeu-lhe que a conversa seria longa, e que a deixaria em sua casa.
- Não precisa. - respondeu Cláudia.
- Mas é claro que precisa. Afinal de contas, eu não sou um cafajeste. - ironizou o homem.
Roberto continuou dirigindo por um bom tempo.
Por diversas vezes Cláudia perguntou-lhe para onde a estava levando.
Em dado momento, a mulher tentou disfarçadamente retirar o celular de sua bolsa, para fazer uma ligação.
Roberto, percebendo que a mulher estava muito calma, notou uma série de movimentos em sua bolsa.
Com isto, em dado momento, Roberto segurou a bolsa da mulher e jogou-a no fundo do carro.
Irritado, disse:
- Já chega! Basta! Você não vai mais tentar nenhum gesto brusco ou eu vou ser obrigado a usar a força. E não vai ser te arrastando. Teste mais um pouco minha paciência!
Cláudia ao ouvir estas palavras, tentou conter-se, mas uma lágrima escorreu de um dos seus olhos.
Roberto, percebendo a fisionomia da moça, continuou dirigindo.
Até que em dado momento, parou em frente a um prédio.
Cláudia ao perceber isto, tentou abrir a porta.
Roberto riu:
- Esqueceu-se que travei as portas? Você só sai daqui quando eu quiser.
Nisto, abriu sua porta.
Cláudia ainda tentou mais uma vez abrir a porta, em vão.
Roberto então, abriu a porta para ela.
Cláudia tentou correr, mas Roberto se postou diante dela. Segurou seu braço.
Como a mulher resistia, começou a arrastá-la.
Nervosa, pedia para conversar ali mesmo. Estava com medo de entrar.
Roberto parecia sentir prazer em ver o desespero de Cláudia.
Chegou a comentar que ela devia se lembrar do prédio.
Puxando ela pelo braço, exigiu que ela adentrasse o prédio.
Percebendo a resistência, argumentou:
- Entre! O que eu tenho para dizer é muito importante! Por enquanto ninguém pode saber. Ou você quer que todo mundo saiba o que aconteceu há praticamente dezesseis anos atrás? Olhe que eu posso contar uma versão da história que vai te deixar constrangida.
Cláudia nervosa, gritou que ele era um calhorda.
O homem riu:
- Ora grite, esperneie, faça um escândalo. Você acha realmente que isto irá me intimidar? Você tem muito mais a perder do que eu. Professora universitária, respeitada. O que vão pensar de você quando souberem o que aconteceu? - riu e completou – Olhe o escândalo.
Cláudia, percebendo que não tinha alternativa, adentrou o prédio.
Entraram no elevador.
O homem a conduziu para um apartamento.
Cláudia estava cada vez mais nervosa.
Ao entrar no imóvel, observou bem a porta, pensando em sair dali, assim que pudesse.
Roberto, percebendo que Cláudia estava apavorada, comentou:
- Pode ficar calma que eu não mordo. A menos que você me peça.
O homem se aproximou dela.
Cláudia assustada, se afastou.
Rindo, o homem comentou que no último encontro ela não estava tão arredia. Perguntou o que havia mudado.
Cláudia respondeu que agora estava consciente de seus atos. Insistiu para que ele dissesse logo o que queria e a deixasse sair dali.
Roberto, comentou que sua bolsa estava dentro de seu carro.
Cláudia pediu para buscar sua bolsa.
Roberto disse que depois que terminassem a conversa ele iria levá-la em casa. Argumentou que como um cavalheiro a deixaria sã e salva em residência.
Ficou a observá-la e repetiu o elogio:
- Cláudia realmente você se tornou uma mulher belíssima! Parabéns! Parece que a maternidade, lhe fez muito bem.
Quando Cláudia ouviu a palavra maternidade, disse:
- Tire meu filho disto!
Roberto argumentou:
- Impossível! Ele é o principal motivo desta nossa conversa. Há algum tempo descobri que sua mãe supostamente teve um filho. Achei curioso, tendo em vista a idade de Lúcio. Pensei, pensei … Mas espera aí, este garoto pode não ser filho de quem ele pensa ser. Liguei os pontos. Descobri que você sumiu por algum tempo. Tempo suficiente para ter este menino longe dos olhares maldosos e de reprovação. E perguntando aqui e ali, cheguei a seguinte conclusão. Este menino é meu filho. Além do mais, diante de sua confissão, não resta mais dúvidas.
Cláudia tentou argumentar que falou sem pensar e que Lúcio era seu irmão.
Mas Roberto já sabia a verdade.
Argumentou que o que aconteceu entre eles poderia gerar um filho.
Também mencionou que consultou advogados para se inteirar sobre o que poderia ser feito.
Relatou que se separou de sua mulher, encontrando-se livre e desimpedido.
Nisto, se aproximou de Cláudia, que procurou se afastar.
Roberto segurou sua mão e a trouxe para perto de si.
Cláudia pediu para que ele a soltasse.
Roberto repetiu que estava livre.
Beijou a mão de Cláudia, que procurou se desvencilhar do homem.
Roberto, percebendo a rejeição, comentou que no começo era comum estranhar, mas que com o tempo, as coisas iriam mudar. Argumentou que não abria mão de reconhecer a paternidade de Lúcio. Disse que sentia falta de um filho, e que estava disposto a se casar com ela e tudo o mais.
Cláudia espantou-se.
- Você faz o que fez, some, e depois volta como se nada tivesse acontecido. E ainda diz que quer casar?
Roberto comentou que casando-se cessariam os problemas. Argumentou que até deixaria de lado o teste de paternidade se ela aceitasse se casar com ele, e deixá-lo reconhecer o garoto.
Cláudia argumentou que o que ele fizera era crime.
Roberto por sua vez, disse que estava disposto a reparar o erro.
A mulher, tentando se recuperar, resolveu perguntar:
- E por que depois de tanto tempo? Qual o seu interesse em se casar comigo? É para se livrar da cadeia? É por dinheiro? Saiba que sou professora, e não sou rica. Se você está pensando em aplicar o golpe do baú, vou lhe dizendo logo que será um péssimo negócio. Estou cheia de dívidas, e principalmente, já tenho um noivo. - finalizou Cláudia, com um certo ar de superioridade.
Roberto porém, não pareceu estar surpreso.
Disse que sabia que Fabrício havia dado um tempo na relação.
Cláudia ficou perplexa.
Apavorada, constatou que há muito tempo, o homem vinha seguindo seus passos.
Ao constatar isto, seu rosto ficou pálido.
Roberto percebendo isto, perguntou se não gostaria de beber alguma coisa.
Trêmula, Cláudia respondeu que não era necessário.
Ele insistiu dizendo que ela estava muito pálida.
Cláudia quase sem forças, disse que iria melhorar.
Por fim, o homem achou graça. Chegou a perguntar:
- Você não está pensando que eu vou por alguma coisa na água para você beber, não é? Ora eu não preciso mais fazer uso deste expediente. Pode ficar calma. Você está muito nervosa.
Cláudia pediu para ir embora.
Roberto, respondeu que só sairiam dali, se ela concordasse em se casar com ele.
Cláudia argumentou que Lúcio não era seu filho e que não precisava se preocupar.
Roberto insistiu em dizer que tinha certeza que o garoto era seu filho.
Nervoso aproximou-se da moça e a sacudiu. Disse-lhe que não tentasse enganá-lo, ou as coisas poderiam não terminar bem.
Cláudia começou a chorar.
Roberto então, percebendo que havia exagerado, pediu-lhe desculpas.
Quando tentou abraçá-la, mas a mulher tentou se esquivar.
Em vão.
O homem parecia louco.
Dizia que estava tudo bem, que não havia com o que se preocupar.
Cláudia pedia para voltar para casa.
Roberto insistia para que ela concordasse com o casamento.
A certa altura, Cláudia explodiu.
Disse que nunca se casaria com ele, nem que precisasse disto para salvar sua vida.
Roberto ao ouvir isto, comentou que ela não precisaria casar-se com ele para salvar sua vida, mas que não poderia responder pela vida das demais pessoas de sua família.
Cláudia ao ouvir isto, o empurrou.
- O que você quer de mim? Quer me destruir? Porque você me odeia tanto? O que foi que eu fiz? - perguntava em prantos.
Roberto, se assustou com a reação. Disse que ela não lhe fizera nenhum mal. Só bem. Completou dizendo que deixaria o final da conversa para outra oportunidade. Argumentou porém, que estava de olho nela e que não tentasse fugir, pois saberia onde encontrá-la. Comentou que estava ciente de seus passos. Recomendou-lhe que não contasse aquela conversa para ninguém. E mais, se não aceitasse se casar com ele, ingressaria com uma ação de investigação de paternidade, para reconhecer o garoto.
Cláudia soluçava.
Roberto, aproximou-se.
Como a moça estava bastante assustada, pediu para que se levantasse. Disse que a levaria para casa.
E assim o fez, chegando lá, devolveu-lhe a bolsa.
Disse que iria voltar.

Lucindo, que a estava procurando, viu a moça chegar a sua casa.
A esta altura, conversava com os pais.
Ana e Jacinto ficaram aliviados ao verem a filha. Chegaram a pensar em chamar a polícia.
Cláudia porém, estava estranha.
Lucindo percebeu seu ar assustado.
Quando Lucindo perguntou se estava tudo bem, a moça assustou-se.
Perdida, Cláudia respondeu mecanicamente.
O rapaz percebeu que havia algo de estranho em sua voz. Seus pais também.
Claúdia porém, procurou a todo custo disfarçar. Argumentou que seu carro estava com problemas e precisou pegar uma carona para voltar para casa.
Ana questionou a demora.
Cláudia argumentou que a pessoa precisou passar em outro lugar antes de deixá-la em casa.
Ana continuou duvidando.
- Ah é assim? Nenhum telefonema, nenhum aviso. E a gente morrendo de preocupação. Isto não se faz. Você não é mais criança!
Cláudia tentou se desculpar. Disse que o telefone não dava sinal.
Lucindo, estranhando a situação, resolveu ajudar a moça. Disse que não queria se intrometer, mas ela devia estar cansada. Recomendou a Ana e Jacinto que a deixasse ir para o quarto.
O casal concordou.
Cláudia desculpou-se e dizendo boa noite, dirigiu-se para seu quarto.
Quando a moça se afastou, o rapaz disse baixinho que a deixassem descansar. Prometeu a Ana e Jacinto que descobriria o que havia acontecido. Contudo, precisava conversar com jeito, ou ela inventaria uma desculpa e acabaria desconversando.
Ana argumentou que estava preocupada, e quase deixou escapar que o pai do menino estava rondando a família.
Jacinto a censurou.
Lucindo por seu turno, comentou que já sabia o que havia acontecido. Relatou que a história já era conhecida por muita gente.
Ana ficou aborrecida. Dizia que por isto não queria que a vizinhança soubesse.
Lucindo comentou que descobriria se Roberto estava por trás de tudo.

Dito e feito, no dia seguinte o moço apareceu na casal de Cláudia oferecendo-lhe uma carona para seu trabalho.
Argumentou que ela estava sem carro.
A moça concordou.
Ana convidou-o para o café da manhã, mas Lucindo recusou.
Cláudia tomou um chá e comeu uma fruta.
Lucindo a observava com atenção.
A certa altura, a moça perguntou-lhe:
- O que foi?
Sem jeito, o rapaz respondeu:
- Nada!
Após comer a fruta, a mulher foi ao banheiro escovar os dentes.
Saíram.
No caminho, Lucindo disse que seu carro também apresentava alguns probleminhas.
Sugeriu indicar um mecânico para ver seu carro.
Cláudia agradeceu, mas disse que já possuía um mecânico de confiança.
Lucindo argumentou que não teria problema algum outra pessoa verificar o carro.
Cláudia, disse que já havia chamado um mecânico.
- Está certo! - respondeu Lucindo.
Cláudia começou a se distrair observando a paisagem.
Nisto Lucindo perguntou-lhe se estava tudo bem.
Cláudia respondeu que sim.
Com efeito, aproveitando o ensejo, o moço disse que a acompanharia no final do trabalho. Disse que se o carro ainda não estivesse funcionando direito, lhe daria uma carona.
A mulher agradeceu.
Nisto, Lucindo falou-lhe de Vânia. Disse que estava preparando uma comemoração para a moça, e que Cláudia estava convidada.
- Obrigada! É claro que vou! - respondeu.
Lucindo sorriu.
Quando chegaram na escola, o moço abriu a porta do carro para ela.
Entraram juntos no prédio da universidade onde lecionavam.
Mais tarde foram para suas aulas.
Nas aulas de Cláudia, havia sempre um ou dois alunos que participavam mais ativamente. Faziam perguntas.
Em uma de suas turmas, um deles chegou a dizer certa vez, que sairia com ela.
Quando Cláudia soube disto, ignorou o fato.
Dizia que era coisa de moleque, e que ele percebendo que ela não misturava as coisas, iria acabar se cansando de falar aquelas besteiras.
Quando Letícia soube do fato, disse para a amiga ficar alerta.
Cláudia disse que não havia problemas e que o falatório iria acabar com o tempo.
Lucindo por sua vez, ao saber do fato, disse para ela ter cuidado.
Cláudia prometeu que ficaria atenta.

Ao término do trabalho, Lucindo acompanhou Cláudia.
Embora a moça dissesse que estava tudo bem, Lucindo a acompanhou.
Cláudia dirigiu seu carro e Lucindo a acompanhou em seu veículo.
Quando a jovem chegou a sua casa, Lucindo acenou de dentro de seu carro e foi embora.
Nisto a moça acionou o portão e entrou em casa.
Lucindo então foi embora para sua casa.
Cláudia entrou em casa, cumprimentou os pais, e foi dormir.

No dia seguinte a mulher retomou sua rotina de trabalho.
Durante a aula, a moça falou sobre romantismo, declamou uma poesia de Tomás Antonio Gonzaga e mencionou a história de amor entre ele e sua amada. “Marília de Dirceu”.
Dois alunos brincaram dizendo que Marília era uma mulher que amou de verdade.
Todos riram.
Cláudia acrescentou que Tomás Antonio Gonzaga foi exilado e casou-se. Já a moça, ficou por toda a vida esperando-o. Em vão.
Algumas alunas comentaram que a história era linda, mas bastante triste.
Cláudia comentou que sim.
Prosseguiu a aula.
No corredor, os dois alunos declamaram a poesia.
Ao término do dia, ao voltar para casa, Cláudia encontrou Lúcio esperando-o.
A mulher ao ver o garoto acordado, tarde da noite, estranhou. Perguntou o que estava fazendo sozinho na sala.
Constrangido o garoto falou:
- É que meus pais foram dormir. – ao terminar de dizer isto, retificou – Quero dizer Ana e Jacinto.
Cláudia achou graça.
Lúcio então a abraçou.
Preocupada, a mulher perguntou-lhe se estava bem.
Lúcio respondeu que sim.
Cláudia porém conhecia o garoto.
Insistiu na pergunta.
Nisto a mulher perguntou se a moça havia gostado da poesia.
Lúcio se assustou.
Afastou-se.
Cláudia segurou-o pela mão e disse para ele não fugir.
Lúcio tentou desconversar, mas a mulher argumentou:
- Não fique assim! Eu sei exatamente o que você está sentindo! Eu também já tive quinze anos. Já gostei de uma pessoa, aliás de algumas, e não fui correspondida. Quantas paixonites, quantos amores platônicos. Às vezes ... às vezes eu acho que estes amores, os idealizados, são os mais bonitos ... por que não guardam decepções! São perfeitos! Mas também, se apagam com o tempo. Somem da mesma forma como vieram, sem marcas.
Lúcio passou a ver Cláudia com outros olhos.
Curioso, o garoto perguntou a ela, já havia gostado de alguém sem ser correspondida.
Cláudia respondeu que sim. Contou que quando estava no colégio gostou de um garoto. Disse que achava-o bonito, mas afirmou que ele nunca demonstrou nenhum interesse nela. Afirmou que tímida, nunca teve coragem suficiente para demonstrar o que estava sentindo.
Lúcio parecia não acreditar.
Cláudia acrescentou teve um ou dois outros garotos que havia gostado.
Ao ouvir o relato da mulher, o garoto confessou que estava gostando de uma garota.
Cláudia perguntou o nome da moça.
Tímido, Lúcio comentou que ela se chamava Patrícia Gonzalez.
Nisto o garoto perguntou como ela poderia saber disto.
Cláudia respondeu rindo, que todas as mães possuíam um radar, que detectava todas as mudanças no filho.
Nisto se aproximou do garoto e o abraçou.
Disse sabia dele mesmo antes dele nascer. Comentou que sempre soube do que ocorria com ele.
Lúcio se desvencilhou e comentou que sim. Ela sempre esteve presente.
Cláudia percebeu que o garoto estava perdido. Notou que precisava conversar.
E assim, chamou o garoto para ir até a cozinha. Perguntou-lhe se gostaria de tomar um chá.
Lúcio respondeu que chazinho era coisa de mulher.
Cláudia resolveu brincar com ele:
- Ora! E isto agora é um problema?
Lúcio respondeu que mulher não era um problema. Constrangido disse que era uma solução.
Cláudia percebendo isto, disse que estava brincando. Mas acrescentou que coisas saudáveis não coisas apenas de mulher e sim, de pessoas inteligentes.
Lúcio desculpou-se. Disse que não tivera intenção de ofender.
- Eu sei que não. Mas não é legal dizer certas coisas, pois podem parecer preconceituosas. Pode parecer que você está menosprezando alguém por ser mulher. – explicou Cláudia.
Lúcio disse entendia o que ela queria dizer.
Enquanto fazia o chá, Cláudia perguntou-lhe se havia se declarado a moça.
Lúcio comentou que entregou a garota, algumas poesias.
A mulher não ficou satisfeita com a resposta.
O garoto confessou que não.
Cláudia aconselhou-o a contar o que sentia.
Percebendo que o garoto estava confuso, parou o que estava fazendo. Observando o garoto, aproximou-se e disse:
- Está tudo muito confuso, não é mesmo? Uma mãe que não era mãe, um grande amor, ou uma grande paixão...
Ao ouvir isto, Lúcio começou a rir.
Cláudia rindo também, comentou que muitos amores começam assim.
Depois acrescentou irônica:
- Realmente, falou a voz da experiência!
Lúcio achou graça.
Cláudia era sua mãe, mas muitas vezes parecia de fato uma irmã mais velha dando conselhos a seu irmão mais novo.
Como o garoto continuasse rindo, a mulher perguntou:
- Do que você ri tanto? Me conte, eu também quero rir.
Lúcio comentou que às vezes ela parecia sua mãe, mas outras vezes não.
Cláudia não entendeu.
O garoto acrescentou que ela era muito mais nova que a maioria das mãe de seus colegas. Comentou que muitos deles a achavam muito bonita.
Cláudia se surpreendeu.
Percebeu que teria que assumir o filho, não somente para sua família, mas perante toda a sociedade.
Constatando este fato, comentou que ela iria assumi-lo como filho.
Lúcio não entendeu.
Cláudia então disse-lhe:
- Eu vou entrar com uma medida judicial, para reconhecê-lo como meu filho.
Lúcio perguntou como ficariam Ana e Jacinto.
Cláudia disse que já havia consultado o Doutor Onofre e que entraria com a medida judicial cabível e que Ana e Jacinto não seriam penalizados.
Lúcio perguntou sobre Roberto.
Cláudia disse que ele a ameaçou, com um processo. Disse que ingressaria com uma ação de investigação de paternidade.
O garoto estava apreensivo.
Disse que para alguém reconhecer uma pessoa como filho, havia a necessidade de um exame de DNA. Mencionou seria necessário coletar uma amostra para fazer o exame.
A mulher ao ouvir o filho, disse que ele seria convocado para coletar material genético para o exame, e ela também. Disse Ana e Jacinto não se oporiam.
Percebendo o ar de preocupação do garoto, disse para ele que não havia outra forma de comprovar a filiação.
Lúcio disse que não se importava em realizar o exame para comprovar que ela era sua mãe, mas não queria aquele exame servisse para provar que o tal Roberto era seu pai.
Cláudia disse que Roberto havia proposto casamento, e que desta forma, não ingressaria com o processo. Acrescentou porém que o homem a havia enganado uma vez, e que não seria difícil enganá-la uma segunda vez. Preocupada, disse que não entendia a atitude de Roberto.
Lúcio não sabia o que pensar.
Cláudia percebendo isto, pediu desculpas ao filho. Disse que ela havia criado esta confusão, que iria resolvê-la e que isto não deveria preocupá-lo.
Lúcio argumentou que não conseguia deixar de pensar no assunto.
Cláudia respondeu que iria marcar uma conversa com o homem. Relatou que não iria aceitar a proposta.
O garoto argumentou que não queria vê-los brigando por causa dele.
Sugeriu a mãe que aceitasse a proposta.
A mulher ao ouvir isto, ficou perplexa.
Disse que não conseguia ficar perto do sujeito nem por cinco minutos. Quanto mais casar-se com ele.
Lúcio sugeriu que ela tentasse ganhar tempo.
Cláudia percebeu a intenção do filho.
Mas mostrou-lhe que isto não seria possível.
Comentou que Roberto não era bobo, e que não conseguiria enganá-lo por muito tempo.
Percebendo a preocupação de Lúcio, argumentou que faria o melhor para ele.
O garoto deitou em seu colo e Cláudia ficou alisando seus cabelos.
Por fim, lembrou-se do chá, e finalmente conseguiu prepará-lo.
Ofereceu um pouco para Lúcio que aceitou.
Nisto, a mulher brincou:
- Ué, mas não era coisa de mulherzinha?
Lúcio respondeu-lhe que estava brincando.
Bebeu o chá de um só gole.
Depois, procurando mudar um pouco de assunto, Cláudia perguntou sobre Patrícia.
Lúcio chamou-a para ir até seu quarto.
Lá o garoto contou o quanto a moça era linda.
Mencionou as vezes que a encontrou na escola.
Cláudia percebeu que Lúcio gostava muito da moça.
Lúcio mostrou-lhe então um escrito, com as seguintes palavras:
 
“Se vermelha a cor do amor
Venho por meio desta carta propor um desafio:
Tente-me com um delicado e vermelho tom
Pois assim saberei se o afeto que me tens é amor!”

Luciana Celestino dos Santos
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