Poesias

quinta-feira, 22 de julho de 2021

DELICADO - CAPÍTULO 31

No dia seguinte, a moça tomou um café.
Cláudia contou a mãe que iria à casa de Lucindo para conversar com ele.
Ana pediu-lhe calma.
Cláudia disse-lhe para não se preocupar.
Nisto, ergueu o caneco que segurava e sorveu seu conteúdo.
Mais tarde, despediu-se da mãe.
Foi ao encontro de Lucindo.

Ao chegar a casa de Olegário e Juliana, o moço se preparava para correr no parque.
Cláudia pediu para conversar com ele.
Olegário levou a moça até o quarto de Lucindo.
Bateu na porta, perguntou se podia entrar.
Lucindo disse que sim.
A moça entrou.
Olegário pediu licença. Afastou-se.
Quando Cláudia entrou, Lucindo perguntou-lhe seco:
- O que você quer?
Cláudia sem graça, comentou que precisavam conversar.
Lucindo retrucou:
- Não temos nada que conversar. Você me disse o que pensava na minha proposta. Está tudo muito claro.
Cláudia argumentou que as coisas não precisavam ficar daquele jeito. Disse que não se sentia preparada para se casar, mas não o estava rejeitando.
Lucindo indagou:
- Ah sim, claro!
Cláudia respondeu:
- Você não está me ajudando nem um pouco! Eu estou tentando me explicar, não quero brigar. Se por algum motivo eu te desapontei, me desculpe. Não foi minha intenção deixá-lo chateado. Eu só achei que devia ser sincera. Eu não queria que você criasse expectativas.
Lucindo aborrecido, resolveu responder:
- Você me joga um balde de água fria. Diz na minha cara que não quer se casar comigo, e que não quis me deixar chateado. Que bom! Quanta consideração! Fico-lhe muito grato.
Cláudia pediu para que ele parasse com as ironias. Novamente pediu-lhe desculpas. Disse que não iria mais incomodá-lo. Falou que gostava muito dele, mas que não ficaria se humilhando, nem implorando para que ele a ouvisse. Relatou que quando quisesse conversar, ela estaria esperando para falar-lhe. Por fim, pediu para que conversasse com Lúcio. Mencionou que o garoto gostava muito dele, e precisava de sua presença.
Nisto pediu licença e saiu do quarto.
A moça saiu do quarto com o semblante triste. Despediu-se de Olegário e Juliana.
O homem ainda insistiu para que ficasse um pouco.
Cláudia disse que estava com pressa.

Olegário esperou a moça sair.
Em seguida bateu na porta do quarto de Lucindo. Entrou para conversar.
Percebeu que o sobrinho estava nervoso. Perguntou-lhe por que não procurou se acertar com a moça. Contou que Cláudia saiu de seu quarto muito triste. Preocupado, perguntou o que estava acontecendo.
Lucindo sentou-se na cama.
Pediu para que o tio puxasse uma cadeira.
O moço abriu o coração. Contou que a moça estava grávida. Mencionou a proposta de casamento. Revelou a recusa.
Olegário ouviu tudo com paciência. Ao perceber que a moça fez a visita para tentar se entender com ele, recomendou-lhe que fosse conversar com ela. Argumentou que não concordava muito este relacionamento tendo em vista as inúmeras vezes que a moça recusou os pedidos de namoro do sobrinho, mas agora as coisas eram diferentes. Cláudia e Lucindo estavam juntos há quase um ano, e a moça estava grávida. Reconheceu que eles tinham uma história juntos.
O homem pediu ao sobrinho que não jogasse tudo o que havia construído fora. Mencionou que um amor de verdade não batia todos os dias na porta das pessoas, e que Cláudia gostava muito dele.
Ao ouvir isto, Lucindo reagiu:
- Gosta tanto, que quando proponho casamento, só falta sair correndo. Gosta muito mesmo.
Olegário olhou-o com reprovação. Disse que as coisas não eram tão simples assim. Mencionou que a história dos dois não começou da maneira certa, e que ela tinha motivos para ficar ressabiada. Recomendou-lhe que tivesse paciência. Reafirmou que ela gostava dele sim, mas talvez estivesse com medo.
Lucindo ficou intrigado.
- Medo? Medo de quê? Eu jamais faria mal a ela.
Olegário argumentou que não era este tipo de medo. Mencionou que ela talvez tivesse medo de que o relacionamento ficasse mais sério, que as coisas mudassem. Olegário comentou que todo o relacionamento longo chegava a um ponto de estagnação. Comentou que nem todos os maridos eram companheiros de suas mulheres.
Lucindo argumentou que jamais agiria desta forma.
Olegário respondeu-lhe que sabia disto. Cláudia não. Mencionou que ele precisava contar a ela, o quanto se sentia feliz em se casar com ela, que não estava casando apenas por que ela estava grávida. Disse que demonstrasse a ela que era este parceiro que provavelmente ela estava esperando. Pediu para que tivesse paciência.
Rindo comentou que ele era muito temperamental.
Lucindo respondeu-lhe que iria pensar no que ele havia lhe dito e depois conversaria com Cláudia.
Nisto despediu-se do tio.
Foi correr no parque.
Correndo colocou seus pensamentos em ordem. Pensou na conversa com Cláudia, nas palavras do tio.
A certa altura da corrida, parou.
Comprou uma garrafa de água.
Bebeu um pouco. Derramou parte da água sobre a cabeça.
Sentou num banco. Ficou durante algum tempo sentado. Olhava o entorno, mas não parecia prestar atenção em nada. Pensava, pensava.
Depois de algum tempo, levantou-se. Voltou para casa.
Ao voltar para casa, resolveu tomar um banho.
Almoçou.
Mais tarde, foi conversar com Cláudia.

Cláudia ao chegar em casa, conversou com Ana.
A mulher perguntou-lhe da conversa com Lucindo.
Cláudia respondeu-lhe que não queria tocar no assunto.
Ana então pediu-lhe para fazer algumas compras. Argumentou que estava muito ocupada e precisava de uns produtos.
Cláudia concordou. Pegou a lista de compras e saiu.
Ao fazer compras no mercado, a moça encontrou Fabrício, que ao vê-la, cumprimentou-a. Perguntou-lhe como estava.
Cláudia respondeu-lhe que estava muito bem.
O homem perguntou-lhe se estava namorando.
A moça respondeu-lhe que não lhe devia satisfações. Comentou que a partir do momento em que ele a dispensou por carta, ela estava livre para fazer o que bem entendesse com sua vida.
Fabrício pediu-lhe desculpas.
Disse que ficara confuso com tudo o que estava acontecendo.
Cláudia disse que entendia seu lado, tanto que evitou ficar com raiva dele pelo término do noivado. Argumentou que eles já estavam separados há algum tempo.
Fabrício disse que ficou feliz ao saber que ela provou sua inocência. Perguntou-lhe do filho.
Cláudia espantou-se.
Fabrício comentou que ficou sabendo que Lúcio havia sido registrado como seu filho. Aborrecido contou que ficou surpreso ao saber que o pai do garoto era um ex-namorado da faculdade. Relatou que ela não havia contado que Lucindo poderia ser o pai do garoto.
Cláudia argumentou que sim, Lucindo era o pai de Lúcio e que ele não tinha o direito de lhe cobrar nada.
Fabrício pediu-lhe novamente desculpas.
A moça respondeu-lhe que ele havia terminado com ela. Que tinha seus motivos, suas razões, e que ela não tinha o direito de questioná-lo. Pediu-lhe também, para que não ficasse cobrando coisas dela. Cláudia por fim, desejou-lhe que encontrasse uma pessoa legal e que não fosse tão complicada. Nisto se despediu.
Fabrício também se despediu, pagou suas compras e saiu do mercado.
Cláudia ao chegar em casa, levou o pacote de compras até a cozinha.
Aborrecida, comentou que não bastasse não ter conseguido conversar com Lucindo, ainda tinha que encontrar quem não queria encontrar.
Ana não entendeu nada.
Ao pedir para a filha se explicar, Cláudia pediu-lhe para que esquecesse o que dissera. Argumentou que não sabia mais o que dizia. Pediu-lhe desculpas. Disse que não queria incomodar.
Voltou para seu quarto.
Mais tarde Ana foi conversar com ela.
Jacinto também.
Queriam saber o que estava acontecendo.
Cláudia contudo, não queria conversar.
Ana insistiu.
A mulher acabou contando que tentou conversar com Lucindo mas ele não quis ouvi-la.
Ana ao ouvir o relato da filha, disse-lhe para que tivesse paciência. Argumentou que nenhum relacionamento era fácil.
Jacinto disse-lhe que eles acabariam se acertando.
Após o almoço, a moça foi caminhar pelo bairro.
Quando Lucindo foi procurá-la, descobriu desapontado que a moça havia saído.
Jacinto ao perceber o desapontamento, pediu para que se sentasse.
Procurou conversar com o rapaz. Disse que em breve a moça estaria em casa.
Conversaram durante bastante tempo.
Quando Cláudia chegou, Jacinto pediu licença e saiu da sala.
Recomendou a ambos que conversassem em paz.
Lucindo ao ver a moça chegar, levantou-se.
Quando Jacinto se afastou, o moço abraçou a namorada.
Pediu-lhe desculpas. Beijou-lhe o rosto.
Disse que não iria mais insistir no assunto. Argumentou que não havia desistido da ideia de se casar, mas reconheceu que estava sendo muito insistente e que isto estava ficando chato. Mencionou que não queria ser o namorado mala.
Beijou-lhe os lábios.
Por fim disse que tudo seria do jeito que queria. Se não queria se casar, não seria ele quem a obrigaria a isto. Disse que não queria que ela se casasse com ele por ter sido pressionada. Argumentou que isto era horrível. Pediu-lhe desculpas. Argumentou que não havia percebido como ela se sentia sendo tão pressionada.
Cláudia ficou comovida.
Disse que não havia descartado a proposta. Apenas não se sentia preparada para fazê-lo naquele momento. Beijando-lhe o rosto, prometeu que pensaria no assunto. Só não queria fazê-lo naquele momento. Pediu para que ele esperasse até a criança nascer para ter uma resposta.
Lucindo se espantou. Perguntou:
- Por que tanto tempo?
Cláudia respondeu-lhe que não queria se casar por causa da criança, e que só assim teria tempo para pensar, sem pressa. Assim teria tempo para se preparar.
Lucindo concordou. Argumentou porém que seus pais talvez não concordassem com isto.
Cláudia respondeu-lhe que sua mãe lhe sugerira esta possibilidade.
Ao ouvir isto, Lucindo comentou:
- Ora, ora. Quantas novidades! Quem diria, sua mãe, sugerindo uma coisa dessas. Surpreendente!
Cláudia concordou.
Assim ficou ajustado.
Jacinto ao saber da novidade, ficou um pouco aborrecido.
Comentou que a história acabava por se repetir.
Lucindo disse-lhe que não. Argumentou que agora as coisas seriam diferentes. Mencionou que agora estaria presente.
E assim foi.

Lucindo se mudou de vez para a casa da moça.
Juliana ao saber disto, perguntou-lhe se não poderia levar Cláudia para lá.
O moço com toda a paciência do mundo, argumentou que ela precisava ficar ao lado de sua família, de seu filho. Mencionou que Ana queria ter a filha por perto.
Juliana ficou triste. Mas entendeu. Mencionou que sabia o que era ser uma mãe coruja, e que Ana devia estar encantada com o neto.
Lucindo deu um beijo no rosto da tia.

Quando Letícia soube da novidade, parabenizou a amiga.
Comentou que seus filhos teriam quase a mesma idade.
Cláudia concordou.

Tempos depois, Letícia teve seu primeiro filho.
Um menino chamado Leonardo.
Helena ficou com a filha no quarto.
Cláudia e Lucindo foram visitar a moça. Conheceram o menino.
Levaram uma lembrancinha para a criança.
Letícia agradeceu.
A moça estava muito feliz.
Cláudia parabenizou-a.
Mais tarde ela e Lucindo batizaram a criança.
Helena organizou um almoço em sua casa para a filha, o marido, o bebê, os padrinhos e convidados.
Todos conversaram animados.
Helena segurou a criança no colo.
Fotos foram tiradas.
Lúcio apareceu rapidamente no almoço, com a namorada Patrícia.
Letícia ficou feliz por finalmente conhecer a moça. Elogiou sua beleza.
Lúcio riu. Disse que tinha muito bom gosto.

A esta altura Lúcio estava concluindo o ensino médio. Estava cursando o terceiro ano.
Estava se preparando para fazer o vestibular.
Patrícia e ele passavam horas estudando.
Lúcio não havia perdido o hábito de escrever-lhe bilhetinhos, cartas e poemas. Também não perdera o hábito de presentear-lhe com flores.
Em seus aniversários e ocasiões especiais, presenteava a namorada com um buquê de flores. Geralmente vermelhas.
Começou a trabalhar.
Tempos antes, o garoto chamou o pai para conversar.
Nervoso, ficou fazendo rodeios, até encontrar coragem para fazer uma pergunta.
Tímido, perguntou-lhe como havia sido a primeira vez em que esteve com uma mulher.
Lucindo ficou surpreso com a pergunta.
Disse que isto já fazia algum tempo. Comentou que foi com uma menina que conheceu quando estava no colégio. Relatou que ela era mais velha que ele. Mencionou que não foi um namoro sério. Saíram apenas algumas vezes.
Um pouco sem graça, comentou que como era de se esperar estava um tanto ansioso. Mencionou que não foi uma maravilha. Relatou porém que nem sempre a primeira vez era esta coisa maravilhosa que todos tentavam passar. Mas que não precisava ser igual para todos. Acrescentou ao ver o olhar de aflição de Lúcio.
Por fim, perguntou-lhe por que queria saber disto.
O garoto ficou gaguejando. Até confessar o que estava se passando.

Luciana Celestino dos Santos
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