Com isto, os meses se passaram.
O berço finalmente foi entregue.
Licínio tratou de montá-lo.
Combinaram que a criança ficaria alguns dias na chácara, e que estando em condições, voltariam para São Paulo.
Florinda, perguntou a mulher se ela estava certa do que estava fazendo.
Ana respondeu que não iria mudar de ideia.
Quando Cláudia começou a sentir as primeiras contrações, Ana recomendou-lhe que respirasse fundo.
Recomendou a filha que esperasse um pouco, e que logo mais iriam para a maternidade.
Com efeito, a criança nasceu cerca de quatorze horas depois, em uma maternidade da região.
Parto normal.
Ana ligou para o marido, informando-o da novidade.
O homem era informado semanalmente das novidades.
Ao saber disto, Jacinto perguntou se ela registraria a criança em seu nome.
A mulher respondeu que sim.
E assim o fez.
Com cerca de três dias de nascimento, Ana dirigiu-se a um cartório da cidade e registrou o menino Lúcio em seu nome e no nome de seu marido.
De posse da Certidão de Nascimento da criança, Lúcio se tornou filho do casal Antunes.
Cláudia trazia o menino nos braços quando soube que sua mãe havia registrado a criança como se fosse sua.
Ao ler o documento, a moça chorou.
Ana retirou a criança de seus braços.
Disse que fizera aquilo para evitar um mal maior.
Comentou que enquanto tivesse leite amamentaria a criança, mas que ninguém em São Paulo, poderia saber disto.
Ana insistiu para que a filha não contasse a ninguém que o menino era seu filho.
Fez Cláudia jurar que não contaria a ninguém, nem mesmo ao menino.
Também relatou que no ano seguinte, a garota voltaria ao curso de letras.
Com efeito, durante a semana santa, Ana e Cláudia aproveitaram para fazer uma viagem para a região.
Isto por que, com a barriga um pouco saliente, ficaria um pouco difícil esconder a gravidez.
Ana achou por bem se ausentar da casa da tia.
Cláudia adorou ficar em um hotel.
Passeou pela região serrana, tirou fotos.
Ao voltar, todos os parentes já haviam partido.
Florinda comentou que todos perguntaram onde estavam, e ela respondeu que estavam em São Paulo, resolvendo alguns problemas e depois voltariam.
Argumentou que Ana estava fazendo um tratamento, e recomendou ao marido e aos funcionários que não falassem nada sobre a gravidez de Cláudia. Salientou que estavam proibidos de fazer qualquer tipo de comentário. Para todos os efeitos, ninguém estava grávida.
Ester e Raquel, ao tomarem conhecimento deste fato, ficaram perplexas. Não queriam que suas filhas se aproximassem da moça, pois a consideravam um mal exemplo.
Mas ao passarem a conviver com a jovem, e tomarem conhecimento da história, convenceram-se de que Cláudia não era má pessoa.
Florinda por sua vez, aconselhou as mulheres a orientarem suas filhas, a fim de que não caíssem na conversa de qualquer malandro.
Com isto, ao final de algumas semanas após o nascimento de Lúcio, Ana e Cláudia arrumaram suas malas, que estavam maiores.
Desmontaram o berço.
Desta vez, não voltariam de ônibus e sim de carro. Trazendo uma pequena mudança.
Ana não deixou Cláudia segurar a criança no colo.
A moça só chorava.
Como a criança sentiu fome, Ana deu-lhe uma mamadeira.
A certa altura, a mulher deixou Cláudia segurar o filho.
A moça enxugou as lágrimas.
Cantou para a criança dormir.
A criança permaneceu no colo da jovem, durante boa parte da viagem.
Dormiu boa parte do tempo.
Quando chegaram, Jacinto as aguardava na porta.
Estava ansioso para conhecer o menino, que desencadeara todas estas peripécias.
Cláudia desceu do carro, com o menino no colo.
Ana então, retirou a criança dos braços da filha.
Proibiu-a de chorar.
Convidou Licínio e Florinda para entrar.
Jacinto ficou encantado com o menino. Achou lindo e um pouco parecido com a filha.
O menino era mais claro que Cláudia, tinha olhos claros, mas Ana também tinha, e desta forma, a criança era mais parecida com a avó do que com a mãe.
Acreditou que desta forma, a farsa ficaria mais convincente.
Com isto, no dia seguinte, Florinda e Licínio rumaram de volta a chácara.
Ana convidou-os para ficarem mais um pouco, mas o casal dizia sentir saudades de casa.
Assim, depois do café da manhã, despediram-se do casal.
Florinda abraçou calorosamente a sobrinha neta. Disse-lhe que era muito dedicada, e assim, teria um futuro brilhante.
Ao perceber sua tristeza, comentou que algum dia, esta situação acabaria por se resolver. Aconselhou-a a não se isolar e não abrir mão de seu futuro por conta disto.
Licínio também se despediu da moça.
Ana, Jacinto e Cláudia ficaram no portão vendo a camionete desaparecer na estrada.
Nos dias que se seguiram, a criança teve febre, e Cláudia se preocupou.
Foi sua mãe quem a tranquilizou, dizendo que era normal as crianças terem um pouco de febre.
Nisto segurou a criança, e pediu para a filha preparar um banho.
Ana então banhou o menino, trocou sua roupa.
Colocou-o no berço.
Disse que se a criança não melhorasse, no dia seguinte o levaria no Pronto Socorro.
O menino porém, melhorou.
Com efeito, a notícia de que a mulher tivera um segundo filho, apanhou toda a vizinhança de surpresa.
Ana comentou que tivera uma gravidez complicada e que o médico lhe pediu repouso absoluto.
Razão pela qual resolveu ficar alguns meses no interior.
Todos pareceram acreditar nisto.
Ana comentou que temia não conseguir levar a gravidez adiante, por isso não contou a ninguém que estava grávida.
E ninguém a questionou.
Com isto, a criança foi crescendo.
Começou a engatinhar.
Depois começou a levantar e começar a andar.
Levou seus primeiros tombos.
Balbuciou as primeiras palavras.
Ana o levou em diversas consultas com o pediatra.
Lúcio tomou diversas vacinas.
Chorou.
Ficou doente algumas vezes, teve febre.
E Cláudia, ao início de um novo ano, se matriculou na faculdade.
Iria cursar o terceiro ano.
Letícia, ao saber de seu regresso, tratou de visitar a amiga.
Para seu espanto, descobriu que Ana tivera um segundo filho, um menino de nome Lúcio.
A moça sentiu Cláudia um tanto triste.
Não parecia a mesma jovem que conhecia.
Letícia achou bastante estranho Ana surgir com um filho, quando quem poderia estar grávida, seria a própria Cláudia.
Contudo, a moça negou suas suspeitas.
Letícia preferiu não polemizar.
Percebeu que Ana lhe lançava olhares furiosos.
Em visitas a casa, Letícia passou a conviver com Lúcio, e seus progressos.
As amigas voltaram a se encontrar na faculdade.
Letícia estava no quarto ano.
Cláudia por sua vez, iria começar o terceiro ano.
A moça, encontrou Letícia nos corredores da faculdade.
Letícia perguntou-lhe se estava tudo bem.
Cláudia respondeu que sim.
Letícia parabenizou-lhe pelo novo integrante na família Antunes.
Cláudia agradeceu.
Letícia perguntou-lhe se o menino já fora batizado.
A garota respondeu-lhe que não.
Cláudia comentou que conversaria com a mãe sobre a cerimônia de batizado do irmão.
Letícia ficou curiosa com a demora em batizar o menino.
Cláudia disse que a gravidez da mãe foi tumultuada, e que somente agora, conseguiram se organizar.
Por fim, ao término de dois meses, Lúcio foi finalmente batizado.
Como padrinhos, Cláudia sugeriu convidar a amiga Letícia e seu namorado Sandro.
Ana tentou argumentar, disse que não, mas Cláudia disse que ela não poderia nunca assumir o filho, mas que a escolha dos padrinhos seria dela. Afinal quem era quem tinha que acordar de madrugada para amamentar a criança, e pôr o menino para dormir?
Ao ouvir a pergunta, Ana ficou sem argumentos.
Cláudia comentou que por diversas vezes deu banho, trocou fraldas, tomou conta, preparou refeições para a criança, e até levou o bebê para passear.
Assim, tinha o direito de escolher os padrinhos da criança.
Jacinto, que ouviu a conversa, concordou.
Ana não teve outra alternativa, senão aceitar.
Com efeito, quando Ana recebia as visitas das amigas parabenizando-a, Cláudia se trancava em seu quarto.
Jacinto ficava penalizado com a situação.
Dessarte, atribulados com o nascimento do menino, acabaram por se esquecer de batizar a criança.
Com isto, Cláudia, ao encontrar a amiga nos intervalos das aulas, chamou-a para uma conversa.
Tratou logo de convidar a amiga e seu namorado para serem padrinhos.
Letícia sentiu-se lisonjeada.
Contudo questionou a escolha.
Argumentou que Ana não gostava dela.
Cláudia comentou que sua mãe deixou que escolhesse os padrinhos de sua preferência. A moça argumentou que quase sempre era ela quem cuidava da criança, razão pela qual nada mais justo que escolhesse os padrinhos, os segundos pais de Lúcio.
Ao ouvir isto, Letícia prometeu que conversaria com Sandro. Mas adiantou que provavelmente ele não se oporia.
Dito e feito.
No dia da cerimônia, lá estava o casal de padrinhos prontos para batizarem o menino.
Letícia usava um vestido azul, e Sandro calça e blazer sociais.
Ana e Jacinto, observavam o casal segurando o bebê, enquanto caia água benta em sua fronte.
O menino chorou.
Cláudia estava ao lado dos pais.
Mais tarde, foi organizada uma pequena recepção, para as pessoas mais próximas.
Lúcio não era mais pagão.
Quanto as aulas, Cláudia aprendia sobre mitologias grega e romana, história da literatura, literatura brasileira, inglesa, portuguesa, europeia, etc.
Estudava bastante.
Realizou as provas, entregou os trabalhos, realizou seminários.
Distribuiu novos curriculum vitae. Participou de palestras.
Conheceu novos colegas, se enturmou.
Roberto nunca mais deu as caras na instituição.
Já Lucindo, ao saber que a moça voltou a faculdade, tratou de ir conversar com ela.
Perguntou se estava tudo bem.
Cláudia respondeu que sim.
Lucindo comentou que soube por Letícia, que sua mãe andou passando por alguns problemas de saúde. Desejou melhoras.
Cláudia agradeceu. Disse que agora tudo estava bem.
O moço comentou a respeito de Lúcio.
Cláudia respondeu que era seu irmão.
Lucindo deu-lhe parabéns pelo nascimento do irmão.
Por fim, disse-lhe que estava à disposição para qualquer eventualidade, e que gostaria de visitá-la.
Cláudia prometeu agendar a visita.
Lucindo disse que ficaria aguardando.
Semanas mais tarde, o moço finalmente visitou a família.
Lucindo cumprimentou os pais da moça, conheceu Lúcio.
Trouxe uma peça de roupa para a criança.
Ana ficou encantada com a gentileza do moço, que a parabenizou pelo nascimento do menino.
Cláudia comentou que em razão do afastamento do curso, precisava recuperar o tempo perdido.
Lucindo respondeu que estudiosa como era, não seria difícil acompanhar as aulas e recuperar o tempo perdido.
Ana preparou um lanche para o moço.
Cláudia e Lucindo conversavam no jardim da casa.
A moça balançava o carrinho da criança.
A mulher comentou que não aceitava recusa.
Lucindo agradeceu o lanche.
Sanduíche de presunto, queijo e tomate, com suco de laranja.
O moço comentou que o quarto ano estava bem puxado, mas que o curso era muito bom. Relatou que já estava procurando trabalho.
Em seguida, mudando de assunto, disse que se precisasse de ajuda, poderiam estudar juntos.
Cláudia agradeceu.
De fato, Lucindo e Cláudia aproveitavam para estudar juntos.
Letícia ao saber disto, comentou que ela estava certa em levar sua vida.
Cláudia disse que estava se focando nos estudos.
De vez em quando as amigas saíam.
Letícia comentava sobre o progresso do namoro com Sandro.
Dizia que raramente brigavam por bobagens, e que ele era mais maduro que a maioria dos namorados e paqueras que já teve.
Cláudia sorriu para Letícia demonstrando estar feliz com a notícia.
A certa altura, Cláudia conseguiu uma vaga como monitora em uma escola primária.
Quando contou a Letícia e a Lucindo, ambos ficaram felizes com a novidade, chegando a parabenizá-la.
Cláudia começou explicando dúvidas sobre língua portuguesa, e também sobre inglês.
Este emprego lhe deu experiência para enfrentar uma turma de alunos.
Gostava do trabalho, e conseguiu conciliá-lo com os estudos.
Ana elogiou a iniciativa da filha:
- Tô gostando de ver! Vida que segue.
Era um estágio de meio período.
A moça estava atarefada.
Lucindo de vez em quando ia visitar a moça nos fins de semana.
Percebeu que o menino era muito próximo de Cláudia.
Ana percebendo isto, resolveu assumir a criação do menino.
Passou a incentivar a moça a passear com o rapaz.
Mas Cláudia dizia que ele era apenas um amigo, e que não havia demais nisto.
Ana fingia concordar.
Cláudia ignorava os olhares da mãe.
Prosseguiu com seus afazeres.
Lucindo iria se formar, e desta forma, tratou de convidar Cláudia para acompanhá-lo em sua festa de formatura.
A moça ia recusar, não fosse a interferência de Ana e Letícia, que estavam na residência dos Antunes quando ouviram a proposta do moço.
Sem jeito, a jovem acabou concordando.
Lucindo ficou bastante feliz.
Acompanhada de Letícia, Cláudia comprou um lindo vestido vermelho frente única, plissado.
Para acompanhar, um par de scarpins vermelhos.
No dia do evento, a moça se preparou com todo o cuidado.
Vestiu o vestido vermelho, colocou uma meia calça, os scarpins. Fez uma maquiagem e prendeu parte dos longos cabelos negros em uma bonita presilha.
Colocou uma pulseira em um dos braços e se perfumou.
Nos lábios, um batom vermelho.
Lucindo foi buscá-la de carro.
Estava de terno.
Ana ao recebê-lo em sua sala, comentou que ele estava muito bonito.
Lucindo, um tanto sem graça, agradeceu o elogio.
O rapaz frequentemente visitava a casa da família.
Sempre que podia, trazia um presente, um mimo para Lúcio.
Quando o moço viu a moça, ficou encantado.
Cláudia estava realmente muito bonita.
O moço elogiou sua aparência dizendo que ela estava muito linda.
Um pouco sem jeito, a moça agradeceu.
Nisto Lucindo se despediu dos pais de Cláudia e após, seguiu para a rua.
Abriu a porta do carro para ela.
Em seguida entrou, colocou o cinto, ligou o carro, e saiu.
Ao chegarem no salão, Cláudia encontrou Letícia, que estava acompanhada dos pais e de Sandro.
Estava muito bonita em seu vestido verde aveludado.
Era uma mulher alta e exuberante.
Sandro, estava de terno e gravata. Elegantíssimo.
Letícia comentou que ela estava muito linda.
Cláudia agradeceu, e comentou que ela estava arrasando.
Letícia brincou dizendo:
- Faço o que posso, não é amiga?
Durante a festa as moças conversaram bastante.
Letícia dançou a valsa com Sandro e Cláudia acompanhou Lucindo.
Tomaram champagne. Tiraram fotos.
Cláudia parabenizou Lucindo e Letícia, pela formatura. Desejou-lhes muito sucesso com êxito em suas trajetórias.
A moça chegou a abraçar Lucindo, que ficou emocionado.
O rapaz chegou a apresentar alguns parentes. Seus tios Olegário e Juliana.
A turma apreciou os comes e bebes.
Riram e falaram bobagens.
Lucindo comportou-se bem.
Ao visitar a moça após o ocorrido, comprometeu-se a não contar a ninguém sobre o ocorrido.
Disse que não tinha o direito de se intrometer na vida da moça.
Cláudia agradeceu.
Comentou que não queria mais sequer se lembrar do ocorrido.
Chorando pediu a ele para que não tocasse mais no assunto.
Lucindo assim o fez.
Mesmo desconfiado de que Lúcio não era filho de Ana, não ousou perguntar a Cláudia o que havia ocorrido.
Gostava da companhia da moça e não estava disposto a perder estes momentos com ela.
Preferia guardar a dúvida consigo.
Quando Cláudia sorria, ele olhava enternecido para ela.
Letícia e Ana por diversas vezes comentaram com Cláudia, que o moço parecia interessado. Por diversas vezes, incentivaram a moça a investir em Lucindo.
Cláudia achava graça, mas não parecia interessada em investir em um relacionamento.
Dizia que sua faculdade e seu futuro profissionais eram sua prioridade.
Com isto, seguiram as festas de fim de ano.
Natal e Ano Novo.
Árvore de natal enfeitada, comes e bebes, espumante, luzes acesas.
Confraternização, troca de presentes.
Queima de fogos vista do quintal.
Cláudia vestida de vermelho, a segurar Lúcio no colo.
No dia 25 de dezembro e 1 janeiro, a moça recebeu a visita dos amigos, Letícia e Lucindo.
Aproveitaram para visitar Cláudia e desejar-lhe um bom natal, e um bom e próspero ano novo.
Luciana Celestino dos Santos
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Poesias
quarta-feira, 21 de julho de 2021
DELICADO - CAPÍTULO 7
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