Poesias

quarta-feira, 21 de julho de 2021

DELICADO - CAPÍTULO 12

Cláudia, seguiu seu caminho.
O namoro ia de vento em popa.
Fabrício era atencioso e gentil.
De vez em quando aparecia na universidade para buscá-la.
Abria a porta do carro para a moça.
Estavam tão afinados que o moço inclusive, já havia sido apresentado aos pais de Cláudia.
A moça por sinal, raramente apresentava seus namorados aos pais.
Isto por que, boa parte de seus relacionamentos não costumava durar mais do que um ano.
Ana e Jacinto gostaram bastante de Fabrício, que se mostrou bastante simpático.
Quem não simpatizou muito com o moço, foi Lúcio.
Ao ser apresentado a Fabrício, o garoto o olhou de cima embaixo, e se recusou a apertar a mão do rapaz.
Fabrício por sua vez, não ligou para a zanga do garoto.
Comentou que Lúcio tinha uma personalidade forte.
Ana e Jacinto, constrangidos, tentaram se desculpar e prometeram chamar a atenção do garoto.
Fabrício argumentou que não precisavam se preocupar, já que não estava ofendido.
Nisto, tentando desfazer o clima desagradável, Ana perguntou o que o moço fazia.
Fabrício contou que era advogado, que trabalhava em um escritório de advocacia.
Ana ouvia tudo com bastante atenção.
Jacinto, Cláudia, Fabrício e Lúcio, jantaram um macarrão preparado por Ana.
Gentis, elogiaram a comida.
Só Lúcio reclamou que a comida não estava boa.
Mas Ana chamou-lhe a atenção:
- Come minha comida todos os dias, e hoje misteriosamente ela não está boa. Que curioso isto!
Lúcio ia retrucar, mas Jacinto disse para que ele parasse de malcriação.
O garoto ficou aborrecido.
Fez menção de se levantar, mas Jacinto proibiu de fazê-lo.
Lúcio tornou a sentar à mesa, contrariado.
Nisto, Fabrício comentou que o jantar estava muito bom, mas disse que precisava voltar para casa.
Cláudia disse-lhe para que não se incomodasse com o ocorrido pois isto era bem comum. Pediu-lhe desculpas, mas argumentou que deveria se acostumar.
Fabrício respondeu-lhe que estava tudo bem, e que em sua família as coisas corriam de forma muito parecida.
Por fim, depois de algum tempo de conversa, após o jantar, o moço se despediu da família e da namorada.
Mais tarde, Cláudia foi conversar com Lúcio.
Nervoso, o garoto pediu para que ela fosse embora, mas a mulher não atendeu seu pedido.
Disse que gostava muito dele, para ir embora. Argumentou que mesmo que ele não quisesse e não gostasse, faria questão de estar sempre presente em sua vida.
Nisto, Cláudia aproximou-se do garoto, beijou seu rosto e saiu.

Cláudia continuou sua jornada de trabalho exaustiva.
Mas passou a dedicar parte de seu tempo ao namorado.
De vez em quando Fabrício chegava de táxi a faculdade.
Procurava Cláudia pelos corredores e perguntava-lhe rindo, se não poderia lhe oferecer uma carona, já que seu carro estava no conserto.
Cláudia achava graça. Comentava que ele havia ido muito longe para pegar uma carona.
Em alguma dessas visitas, Lucindo viu o casal juntos.
Aborrecido, evitava ser visto pelo casal, e passou a evitar Cláudia.

De vez em quando, Cláudia dormia na casa do namorado.
Fabrício adorava quando isto acontecia.
Isto por que namoravam, tomavam café juntos, almoçavam, jantavam, dançavam juntos, ouviam música, assistiam filmes, liam livros. Saiam para jantar, ir ao cinema, para beber, para dançar.
Cláudia descobriu que Fabrício sabia fazer alguma coisa na cozinha, preparar algumas iguarias.
A moça dizia que não sabia fazer muita coisa na cozinha.
Fabrício ria dizendo que poderiam contratar uma empregada.

No começo Ana e Jacinto questionaram a moça.
Diziam-lhe que tinha que se casar.
Com o tempo porém, vendo que ela precisava conhecer melhor o rapaz, passaram a deixar a questão. Argumentaram que era melhor ver a filha feliz, do que seguindo convenções sociais, que nem sempre era o melhor a ser feito.
Jacinto comentava que era muito cedo para se casar, já que ela conhecia muito pouco de Fabrício. Dizia que casamento não era feito de afobação, ou então, teria tudo para dar errado.
Ana concordou.
Reconheceu que antes de casar é preciso conhecer, ainda que um pouco, o parceiro ou parceira.
E assim, discussão encerrada.

Quem não gostava nada disto era Lúcio, que sentia um pouco de ciúmes.
Não gostava de ver Cláudia com Fabrício.
Dizia que sempre que ela arrumava alguém, o deixava um pouco de lado.
Ana ria, dizia que Cláudia tinha o direito de seguir com sua vida.
Lúcio retrucava dizendo que ela havia prometido lhe ensinar inglês.

Quando Cláudia soube das reclamações de Lúcio, procurou conversar com ele.
Animada, disse para ele ligar o computador, que as aulas iriam começar imediatamente.
Com isto, passaram a tarde inteira vendo vídeos de música em inglês, buscando as traduções em sites, buscando vídeos com a letra em inglês e cantando junto.
Cláudia dizia que era para fixar as letras e aprender a pronúncia. As traduções estavam à mão.
Lúcio seguiu as sugestões de Cláudia.
Ficou encantado ao descobrir as traduções das músicas pop americanas de que tanto gostava.
Em seguida Cláudia lhe disse que ele havia aprendido o caminho das pedras e sugeriu que sempre que surgisse uma música que gostasse, procurasse a letra e a tradução da canção.
Acrescentou que isto seria útil para aprender qualquer idioma, e que poderia ser um diferencial para ele.
Animado, o garoto comentou que assim ficava divertido aprender um idioma e conhecer uma música.
Cláudia porém recomendou-lhe que fizesse isto um pouco, todos os dias. E que deveria repetir a leitura da mesma música várias vezes. Isto ajudaria a fixar o conteúdo. Recomendou-lhe que procurasse identificar nas letras das músicas, as palavras que conhecia, mesmo que não entendesse toda a letra. Argumentou que assim, melhoraria seu vocabulário.
Ensinou-lhe a fazer uma playlist com as músicas que gostava.
Lúcio também criou uma pasta com as letras e as traduções das canções e salvou no computador da casa.
Nos dias que se seguiram, Ana observou o garoto ouvindo as músicas, acompanhando as letras, observando a tradução e cantando junto.
Animado, já explicava a Ana o significado de algumas palavras, e o que a canção estava retratando.
A mulher ficou encantada com a desenvoltura do garoto.
Ana disse que a internet quando bem utilizada, era um mundo de possibilidades, um manancial de conhecimentos.
Jacinto, ao saber das novidades, comentou que Lúcio era um menino cheio de energia e muito inteligente e que iria longe. Argumentou que única coisa que precisava, é de um bom direcionamento. Comentou com a mulher que Cláudia tinha todo o direito de participar disto.
Ana concordou, disse que a filha era muito esperta e encontrou uma maneira inteligente de ensinar a Lúcio, um novo idioma. Comentou que para ele agora, aprender inglês havia se tornado uma diversão.
Jacinto tratou de dizer que Cláudia havia puxado a mãe.
Ana riu. Disse que o marido era uma peça.

E Cláudia continuou suas aulas.
Em pedaços de cartolina, escreveu o nome dos talheres, de objetos, de móveis, de partes do corpo, e pediu para Lúcio relacionar os nomes em inglês com tudo o que havia na casa.
Foi uma diversão. Até Ana e Jacinto participaram.
Depois da brincadeira, Cláudia entregou um caderno em branco para Lúcio e pediu para que escrevesse o nome dos objetos em português e depois em inglês. Prometeu que caso tivesse alguma dificuldade, o ajudaria no exercício.
E assim foi.
Com matemática, foi a mesma coisa. Criaram conjunto com as frutas da casa. Frações com biscoitos e pizzas.
Quem não gostou muito da brincadeira foi Ana, que dizia que eles estavam desperdiçando comida.
Mas desperdiçaram em termos, por que Lúcio devorou as frutas, pedaços de pizza e doces.
O garoto também passou a ajudar a calcular as despesas da casa.
Jacinto o auxiliava na contabilidade do lar.
Havia um caderno destinado para o cálculo das despesas da casa.
Jacinto e Lúcio passavam um bom tempo realizando esta tarefa.

Como Cláudia não fosse muito boa em matemática, Jacinto auxiliou na empreitada.
Auxiliou bastante o garoto nos estudos.
Mas Cláudia auxiliava no que podia.
A mulher, preocupada com o desempenho escolar de Lúcio, foi até uma livraria escolher um bom livro de matemática.
Atencioso, o vendedor lhe deu boas sugestões, e Cláudia acabou se decidindo por um deles.
Fabrício, que a acompanhava, brincou dizendo que precisava estar mais presente em sua vida, ou acabaria sendo trocado pelo vendedor, pelo moço da padaria, do açougue, etc.
Cláudia ao ouvir isto, ficou perplexa.
Fabrício completou:
- Não entendeu nada, não é mesmo?
Cláudia respondeu que não.
- Pois bem. Em todo o lugar que eu vou com você tem alguém te secando. Pois bem, se eu não tomar cuidado, eu vou acabar no fim da fila. Que fã clube que você tem, hein? – disse rindo.
Cláudia o chamou de sem graça.
Fabrício deu-lhe um beijo na bochecha e disse baixinho:
- Quem mandou namorar mulher bonita?
Por fim, a mulher pagou o livro e o casal saiu da livraria.
Resolveram tomar um café em uma cafeteria.
Cláudia comentou que Lúcio precisava melhorar suas notas ou acabaria repetindo de ano.
Fabrício, comentou que ela se preocupava muito com o irmão.
Um pouco sem jeito, disse que ele era o único irmão que tinha, e por ser muito mais novo, precisava de orientação.
Curioso, o homem comentou que Ana já devia ter uns quarenta anos quando teve Lúcio.
Cláudia respondeu que a mãe tinha um pouco mais de quarenta anos.
Fabrício a considerava corajosa por isto.
Nisto, mudaram de assunto.
O moço comentou que estava prestes a trabalhar em uma causa bastante relevante, e que se tudo desse certo, iria ter um grande retorno financeiro.
Cláudia desejou-lhe boa sorte e sucesso na nova empreitada.
Fabrício agradeceu.
Tomaram seus capuccinos e saíram do local.
Seguiram para a casa de Fabrício.

Mais tarde, a moça voltou para a casa e mostrou o livro de matemática para Lúcio, que ficou um pouco desapontado com a novidade.
Cláudia porém, insistiu em mostrar-lhe o livro.
Contou que se tratava de uma forma mais dinâmica de ensinar a matéria, de uma forma mais divertida e menos monótona.
Jacinto resolveu folhear o livro.
Comentou que era muito bom, tinha muitos desenhos e figuras. Animado disse que até ele iria voltar a estudar a matéria.
Lúcio ao ver todo mundo interessado no livro, pediu licença e pegou o livro.
Argumentou que Cláudia havia comprado para ele, e que ele deveria lê-lo.
Nisto, saiu da sala e foi para o quarto.
Ana ficou surpresa com a reação do garoto.
Mais tarde, estranho o silêncio, foi até o quarto do menino para ver o que estava acontecendo.
Lúcio sentado no chão, estava lendo o livro. Ao seu lado, um caderno. Lia em voz alta algumas questões e procurava fazer os exercícios.
Ana ficou encantada com o que viu.
Mais tarde comentou com Jacinto, que nunca tinha visto o menino ficar tanto tempo concentrado em uma tarefa. Disse que sua filha Cláudia tinha acertado mais uma vez.
Nos finais de semana que se seguiram, Cláudia e Jacinto, ajudaram o garoto nas tarefas.
Sempre que voltava da escola o garoto, lavava as mãos, almoçava e fazia o dever de casa. Depois, ficava uma hora, fazendo os exercícios de matemática, e o resto da tarde ouvia as músicas que gostava em um cantinho da sala. Ouvia as músicas, lia as traduções e cantava junto.
Foi questão de tempo para as notas melhorarem.
Ana ficou tão surpresa com a mudança de comportamento do garoto, que de vez em quando parava seus afazeres domésticos, e ia conversar um pouco com o garoto.
Perguntava-lhe se não queria sair um pouco de casa para brincar com seus colegas.
Lúcio estava tão entretido, que dizia que assim que terminasse, iria.
Mas isto acontecia poucas vezes.
Ainda assim, de vez em quando Lúcio aproveitava para brincar de jogar bola com os amigos.
Como os vizinhos reclamaram do barulho, os garotos passaram a jogar bola em uma quadra que havia por perto.
O equipamento foi reformado com a ajuda da vizinhança, e os garotos passavam a tarde jogando bola no local.
De vez em quando um dos vizinhos ia até a quadra checar se estava tudo bem.
Ana era uma dessas visitas constantes. Ia porém, só para observar.
De vez em quando, pelo adiantado da hora, chamava o garoto para jantar.
Ela ou o marido Jacinto.

Luciana Celestino dos Santos
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