Poesias

terça-feira, 30 de março de 2021

CARINHOSO - PARTE I - CAPÍTULO X

Enquanto isto, quando Fábio e sua família chegaram em São Paulo, foram recebidos por Epaminondas, que convidou a todos para ficarem hospedados em sua casa.
Fábio cumprimentou o tio, que há tempos não via.
Com isto, buscou a família na rodoviária, conduzindo-os até sua casa de carro.
Felipe, que não estava acostumado a andar de carro, ficou entusiasmado com o passeio.
Argumentou que em sua cidade, poucas pessoas possuíam carros, e que quando viam um veículo passar pelas ruas da cidade, todos os garotos corriam para observar.
Fábio rindo, comentou que o trafegar de alguns poucos veículos, era atração na pequena cidade.
Assim, ao chegarem a casa do homem, Fábio, Fátima e Felipe, foram levados para um dos quartos da casa.
O ambiente estava limpo e arrumado.
Lá a família deixou as malas.
A esposa de Epaminondas recebeu a família de Fábio com todo o cuidado.
Mais tarde, o tio chamou o sobrinho para conversar em um canto.
Epaminondas comentou então com o sobrinho, que Adolfo estava a pajear Irina.
Fábio respondeu curioso, que não conhecia este Adolfo.
Epaminondas contou que se tratava de um outro sobrinho seu.
Disse que se tratava de uma pessoa egoísta e interesseira. Acreditava que o rapaz só estava interessado em uma hipotética herança da senhora.
Nisto, o homem explicou que Irina estava muito doente. Há tempos estava acamada. Não reunia condições nem para cuidar de seus bichos de estimação.
Seu tio lhe contou que soube pelos vizinhos, que Adolfo colocava os animais para fora da casa. Razão pela qual os animais foram recolhidos e cuidados pela vizinhança.
Epaminondas relatou também, que certa vez, ao visitar Irina, achou-a muito abatida e debilitada. E, muito embora estivesse aparentemente bem cuidada, estranhou o nervosismo de Adolfo ao vê-lo visitando a senhora. Estranhou ainda mais o interesse do rapaz em sugerir-lhe para que não mais visitasse a senhora. Argumentou que as visitas a deixavam muito agitada e nervosa.
Epaminondas retrucou dizendo que Irina parecia deveras cansada para tanto.
Nisto, o homem mencionou ao sobrinho que levaria um médico até a casa de Irina para examiná-la.
Desta feita, mais tarde, tio e sobrinho foram visitar a mulher, que morava em uma ampla residência.
Fábio, ao adentrar a casa, percebeu cômodos imensos, e pouca mobília.
Adolfo ao recebê-los, ficou tomado de surpresa.
- Titio? O senhor por aqui?
Epaminondas respondeu-lhe que o rapaz que o acompanhava era Fábio, e que gostaria de apresentá-lo a Irina.
No que Adolfo retrucou dizendo que Irina devia estar dormindo, e que não seria oportuno despertá-la.
Epaminondas, incomodado com tanta cerimônia, respondeu que não iria incomodá-la.
Apenas gostaria de vê-la.
Adolfo, argumentou que Irina estava bem, em franca recuperação, e que assim que pudesse, os receberia.
O homem então, respondeu que se a mulher estava se recuperando, não haveria óbice em receber uma visita.
Adolfo ao ouvir isto, ficou visivelmente irritado.
Contudo, sem argumentos para obstar a visita, deixou-os entrar.
Com isto, passaram pela sala, por um imenso corredor, e finalmente chegaram a um quarto amplo.
Lá estava Irina repousando.
Quando as visitas chegaram, a mulher tinha acordado de despertar.
Ficou feliz ao ver Epaminondas.
Respondeu-lhe que ultimamente vinha sentindo falta de visitas.
Epaminondas sorriu.
Brincou com a senhora dizendo que ela realmente não estava bem. Afinal de contas, estava até sentindo saudades das visitas.
Irina riu do comentário, para espanto de Adolfo que estava mais do que acostumado a sempre vê-la taciturna e carrancuda.
Para ele, parecia outra pessoa.
Fábio foi então, apresentado a mulher.
Irina cumprimentou-o formalmente.
Epaminondas respondeu-lhe que Fábio era muito trabalhador e que vivia no interior do estado, em uma pequena cidadezinha, onde morava com a mulher e seu único filho, garoto de cerca de nove anos.
Irina, ao ouvir a palavra filho, respondeu que nunca fora muito benquista pelas crianças.
Ao ouvir isto, Epaminondas contou que Felipe era um garoto. Criança bastante imaginativa.
A senhora, redargüiu dizendo que imaginação demais, faz a pessoa se afastar em demasia da realidade. Comentou que um pouco de pé no chão era importante, ou se perdia a noção da realidade.
Epaminondas respondeu-lhe então, que noção da realidade, era algo necessário, mas que excesso de realidade, faz mal.
- Eu que o diga! – emendou Irina. – Eu que o diga!
Ao fim, da visita, Epaminondas cochichou-lhe no ouvido, que voltaria, mas que ela não deveria dizer nada a Adolfo. O homem respondeu que aquilo seria um segredo de ambos.
Em seguida despediu-se.
Aproveitou para segredar o ajuste, quando Adolfo se afastou do quarto.
Fábio cumplíciou o tio.
Com efeito, ao saírem da casa de Irina, a dupla riu muito dos modos insolentes e arrogantes de Adolfo.
Fábio concordou que se tratava de uma pessoa presunçosa.
Felipe, distante destas preocupações, se ocupava de brincar de carrinho de madeira, e de bolinha de gude.
Em pouco tempo se enturmou com os garotos que moravam na região, e passou a brincar de jogar bola com eles.
Felipe também gostava de comer as frutas que havia no pequeno pomar existente na casa de seu tio avô.
Adorava.
Tanto que chegou a comentar com o homem que em sua casa, também havia um pomar, mas com muito menos frutas.
Pesaroso, respondeu que isto era uma lástima.
Fato este que fez com todos rissem dos modos graves do garoto.
Felipe e Epaminondas ficaram amigos.
Certa vez, levando o sobrinho para passear, o home disse-lhe que precisaria conhecer uma tia, que apesar dos modos estranhos, era uma boa pessoa.
Felipe ficou curioso.
O tio percebendo isto, disse-lhe que as pessoas poderiam ser um pouco estranhas, mas que isto não significava que fossem más, apenas haviam se fechado para o mundo.
Felipe não compreendia.
Epaminondas então, tentando ser mais claro, explicou ao garoto que Irina foi uma pessoa que sofrera muito na vida e que perdera a confiança nas pessoas. Comentou que ela se casou com um homem a quem muito amara, mas que em pouco tempo de casados, o mesmo veio a falecer. Não teve filhos, perdeu todo o patrimônio deixado pelo marido, e ao ser vítima de golpes, resolveu se afastar das pessoas.
Felipe comentou que se ela não gostava de se aproximar das pessoas, poderia não gostar dele.
No que Epaminondas retrucou:
- É, de fato existe este risco! Não vou lhe mentir! Mas você é uma criança tão adorável, que considero esta possibilidade remota. Com seu jeito esperto, eu acho que é mais fácil ela cair de encantos por você, do que o contrário, rapazinho!
Enquanto proferia estas palavras, segurou o queixo do garoto.
Epaminondas levou o garoto para um parque, onde caminharam, avistaram aves.
Ao fim da tarde, fizeram um pequenique, e ao fim do dia, retornaram para casa.
Epaminondas chegou até a jogar bola com o sobrinho.
Era um tio muito animado.
Com isto, ao fim de alguns dias, Epaminondas levou os sobrinhos para visitarem Irina.
Adolfo, ao vê-los chegando com um médio, assustou-se.
Tentou de diversas maneiras, afastá-los, sob o argumento de que Irina não aceitaria ser examinada pelo médico.
Argumentou que tentou levá-la a um bom profissional, mas que ela se recusara.
Aparentemente pesaroso, argumentou que não sabia mais o que fazer.
Epaminondas enérgico, exigiu que ele autorizasse a entrada do médico, ou então, requisitaria a força policial.
Adolfo, ao ouvir a palavra polícia, deixou de oferecer resistência, e mesmo contrariado, autorizou a entrada do doutor.
Nisto, o homem examinou a senhora, que contrariada, autorizou o exame.
Contrariada, Irina confirmou que não gostava de médicos.
Ao fim do exame, o médico lhe disse que os remédios que vinha tomando, não eram os mais adequados para ela. Razão pela qual prescreveu um novo receituário.
Ao ouvir isto, Irina resmungou. Disse que não suportava tomar remédio,
Fábio então respondeu-lhe que ela não deveria se preocupar, posto que dentro de pouco tempo, estaria de pé novamente.
Irina agradeceu os votos de recuperação, mas argumentou que estava muito velha, e que não acreditava mais que voltaria a ficar de pé.
Felipe, ao ouvir isto, respondeu que ela não poderia desanimar. Disse que precisaria ficar boa logo para pôr Adolfo para correr.
Irina e todos no quarto riram, ao ouvir o comentário espontâneo do garoto.
A velha senhora simpatizou-se com o garoto.
Tanto que o chamou para junto de si e o abraçou, carinhosamente.
Irina acariciou os cabelos da criança, e disse que ele era um menino esperto.
Epaminondas concordou.
Mais tarde, Epaminondas, Fábio, Felipe e o médico se retiraram da residência.
Não sem antes Epaminondas dizer que acompanharia o tratamento da irmã.
Disse puxando a Adolfo a um canto, que não tentasse mais impedi-lo de ver Irina.
Em seguida, como se quisesse que todos participassem da conversa, disse que iria cuidar pessoalmente de ministrar os remédios a mulher.
Adolfo ficou deveras contrariado.
Epaminondas casara-se deveras maduro com Leocádia.
Razão pela qual possuía filhos com a idade aproximada de Fábio.
Conversando certa tarde na casa do tio, Fábio comentou que adorava as tardes divertidas que passava em companhia dos primos.
Epaminondas respondeu a certa altura, que sentia falta dos meninos.
Ambos haviam se casado e tinham as próprias famílias.
Fátima e Leocádia brincavam dizendo que Epaminondas estava carente.
Felipe por sua vez, pedia ao tio avô para lhe contar histórias.
E o homem, lhe contava histórias de príncipes aventureiros e de moçinhas encantadoras.
Felipe sempre que ouvia falar de moçinhas e heroínas, imaginava a doce Miriam como protagonista de todas as histórias.
Miriam fora seu primeiro amor, recordaria com saudades, anos mais tarde.
Neste momento, estava curtindo férias de última hora, ao lado de seus pais e de parentes distantes.
Mais tarde, o menino comentou com o tio, que Irina não era a bruxa que imaginava.
Sorrindo, Epaminondas respondeu:
- Decerto que não!
Com efeito, conforme se comprometera, Epaminondas se encaminhava todos os dias para a casa da irmã.
Ministrava-lhe os remédios receitados pelo médico, e que ele mesmo se encarregara de comprar.
Adolfo ficava deveras contrariado com a interferência de Epaminondas, mas não podia se opor.
Com o tempo, a mulher passou a melhorar e a caminhar com passos lentos e contidos em seu quarto.
Adolfo, ao perceber a melhora da mulher, passou a bajulá-la dizendo-lhe que estava pronta para outra.
Foi o bastante para Irina ficar irritada e mandá-lo cuidar da casa.
Ao passar os dedos na cômoda que havia no quarto, impregnou o dedo com uma grossa camada de poeira.
Ao perceber isto, chamou-o de lambão e preguiçoso. Disse que a casa estava imunda e que precisava urgentemente de limpeza. Argumentou que se ele não estava interessado em trabalhar, deveria deixar quem estava interessado, em fazê-lo.
Adolfo sorriu constrangido e retirou-se.
Furioso, ficou resmungando.
Ao se ver a sós na cozinha, começou a chamá-la de velha miserável e avarenta.
Em seguida, pegou uma vassoura e começou a varrer a sala.
Quando Epaminondas viu o sobrinho passando o pó em alguns móveis, elogiou-o. Disse-lhe que estava de parabéns, e que agora ele conheceria o verdadeiro valor do trabalho. Brincando relatou que trabalhar, apesar de cansativo, fazia bem.
Nisto, despediu-se.
Adolfo fingiu boa vontade, conduzindo Epaminondas até a porta.
Por fim, ao entrar na casa, começou a dizer que ele era um velho intrometido.
Irina, que neste momento caminhava pelo corredor, ao ouvir o comentário, perguntou-lhe se estava tudo bem limpo.
Adolfo respondeu-lhe que em alguns minutos tudo estaria arrumado.
A casa estava uma imensa bagunça com almofadas e coisas espalhadas.
Fato este que horrorizou a mulher.
O rapaz, percebendo isto, recomendou-lhe que voltasse para o quarto. Disse-lhe que um poucos minutos, tudo estaria arrumado.
Irina contrariada, concordou em permanecer em seu quarto.
Não sem antes lhe dizer que ele estava muito enganado se achava que iria angariar sua simpatia com adulações. Comentou que conhecia seu caráter, e que sabia que tudo o que vinha dele era premeditado e calculado.
Adolfo sorriu desconversando. Disse que somente estava tentando ser útil a quem precisava.
Irina fitou-o severamente.
Com isto, o moço se encaminhou a sala arrumando o parco mobiliário do ambiente.
Mais tarde, serviu um jantar a velha senhora, que reclamou que a comida não tinha tempero, e que a sopa estava fria e horrível de tragar.
Adolfo fitou-a com ar furioso, mas tentando se controlar, procurou demonstrar paciência.
Levantou-se e disse que iria esquentar a sopa.
Nos dias que se seguiram, Irina continuou a receber visitas do irmão, bem como a provocar Adolfo.
Mas para seu desespero, o sobrinho parecia resignado.
Mais tarde, Fábio e família voltaram para a cidadezinha onde moravam.
Felipe voltou a freqüentar a escola.
Fábio retomou seu trabalho.
Fátima continuava a cuidar da casa.
Cerca de um ano mais tarde, a família foi informada por Epaminondas que Irina havia falecido.
Felipe ficou surpreso com a notícia.
Decepcionado, disse que a senhora não colocou Adolfo para correr. Não ficou boa.
Fábio respondeu-lhe que segundo Epaminondas, Irina hostilizou Adolfo durante todo o tempo em que ele permaneceu na casa.
Felipe retrucou então, dizendo que Adolfo era uma peste.
Fátima o censurou.
Fábio por sua vez, ao conversar a sós com a esposa, comentou que Adolfo era um péssimo caráter e que não tinha uma boa impressão do sujeito.
Dias depois, Fábio recebeu um novo telegrama, informando que Irina havia deixado um testamento. Na correspondência, Epaminondas recomendava que a família se dirigisse novamente para São Paulo.
Fábio, assim que pode, solicitou alguns dias de licença do trabalho, mediante compensação de horas, e de malas prontas, se encaminhou com toda a família para São Paulo.
Ao lá chegar, descobriu que Irina, semanas antes de falecer, havia deixado escrita uma disposição de suas últimas vontades, um testamento. Instrumento particular, que ficara escondido entre seus pertences na casa.
Epaminondas comentou pesaroso, que após o falecimento da irmã, Adolfo tentou novamente dificultar seu acesso a casa. Dizendo-lhe que não havia mais nada que lhe interessasse no lugar, argumentou que não o deixaria entrar.
Foi o bastante para Epaminondas se dirigir a uma delegacia de polícia. Lá, mencionou que o sobrinho não era o proprietário do imóvel, e que a dona da propriedade falecera.
Um dos policiais, ao ouvir a historia, recomendou-lhe que ingressasse com uma ação judicial, e que tentasse descobrir se ela havia deixado algum testamento.
Com isto, o homem contratou um advogado, e através de ordem judicial, conseguiu autorização para entrar na casa.
Lá, acompanhado por um oficial de justiça, mostrou a ordem judicial e adentrou o imóvel.
Não sem antes se deparar com a resistência de Adolfo, que questionou a validade do documento.
Epaminondas por sua vez, impaciente, respondeu que com aquele documento poderia requisitar reforço policial, e que aquilo configurava crime de resistência.
Informação confirmada pelo oficial de justiça.
Nisto, ao finalmente adentrar a casa, verificou armários e gavetas revirados, móveis retirados do lugar.
Ao perceber a bagunça, olhou furioso para o sobrinho.
Epaminondas então, auxiliado pelo oficial de justiça, passou a vasculhar gavetas, armários, os móveis.
Prevenido contra Adolfo, tentou afastá-lo da casa.
Adolfo porém, resistiu.
Epaminondas por sua vez, mostrou-lhe novamente a ordem judicial, na qual constava que ele tinha autorização para entrar e vistoriar toda a casa, e demais bens de Irina.
Adolfo insistiu em ficar.
Nisto Epaminondas respirou fundo e continuou a vasculhar a casa.
Procurando nichos e fundos falsos, tentou descobrir um testamento.
Até que, ao procurar na lavanderia do imóvel, descobriu atrás de um pesado armário, um nicho no assoalho. Ao abri-lo, descobriu um buraco tapado com um pedaço de madeira. Tocando no pedaço de madeira, descobriu uma nova fenda.
Espaço estreito, o qual somente conseguiu alcançar com o auxilio de um arame.
Torcendo-o, conseguiu alcançar um rolo, o qual puxou.
Nisto, ao abrir o documento, auxiliado pelo oficial de justiça, percebeu que se tratava de um testamento que datava de semanas antes.
Neste momento, Adolfo demonstrou interesse em segurar o documento.
No que foi impedido pelo tio, que argumentou que o documento ficaria à disposição da justiça, para instrução da ação de inventário que iria promover.
No documento, para desgosto de Adolfo, Irina havia deixado bens para Epaminondas e para Felipe.
Fábio, com efeito, ao ouvir a história, ficou impressionado.
- Para Felipe? Uma pessoa que ela mal conhecia?
Ao ouvir isto, Epaminondas argumentou dizendo que Irina havia se encantado com o garoto. Tão sincero e espontâneo.
Felipe ao tomar conhecimento do fato, ficou surpreso. Logo queria saber o que havia herdado.
Epaminondas respondeu-lhe que pelo que lera no testamento particular, Felipe receberia alguns imóveis e algum dinheiro, de herança.
E assim, foi dado início a ação de inventário.
Irina, para surpresa de muitos, havia deixado vultoso espólio, com muitos bens.
E Felipe e Epaminondas eram seus principais beneficiários.
Adolfo por sua vez, bem que tentou dificultar o recebimento da herança. Argumentou que este tipo de disposição, requisitava a presença de testemunhas.
Isto, devidamente instruído por um advogado.
O que ele não esperava porém, era que no próprio instrumento, constassem as testemunhas necessárias para a realização do testamento.
Epaminondas comentou, que o juiz ao ver o documento relatou que Irina provavelmente se consultou com um causídico, ou não teria conhecimento das formalidades necessárias para a feitura do documento.
O homem concordou. Argumentou que Irina fora astuta. Conseguiu enganar o próprio sobrinho.
Com isto, meses mais tarde, Epaminondas e Felipe receberam suas respectivas partes na herança.
O fato virou notícia do jornal.
A manchete: Velhinha simplória, dona de um vasto patrimônio.
Rindo, Epaminondas comentou que depois de morta, sua irmã havia virado notícia.
O enterro contou com a presença de poucos familiares, entre eles Epaminondas e família, Fátima, Fábio e Felipe; além de Adolfo; um advogado; e alguns vizinhos curiosos.
Quando Adolfo percebeu que não herdara nem uma agulha, rebelou-se. Disse que aquilo não estava certo, que iria contestar. Mais tarde, percebendo que não teria como invalidar o testamento, começou a bajular Epaminondas, Fábio e Felipe.
Estratégia na qual não obteve êxito, pois nenhum deles confiava nele.
Com isto, Epaminondas, inventariante, recebeu seus bens e Fábio foi nomeado tutor do filho, na administração dos bens.
Fábio então, instruído pelo tio, pediu demissão no emprego e vendeu o imóvel que possuía no interior do estado.
A família mudou-se para São Paulo.
Fabio, devidamente orientado pelo tio, passou a administrar os bens do filho.
A família passou a residir num dos imóveis deixados de herança.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

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