Poesias

sexta-feira, 19 de março de 2021

A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 38

Josie, indisposta, fez que Mohamed mudasse os planos.
Como o mal estar da moça não passasse, o jovem levou-a até sua casa, sob protestos de Fabrício que sugeriu levar a moça para sua casa.
Mohamed insistiu em deixá-la aos cuidados de sua avó.
Fabrício então concordou.
Com isto, jovem árabe convidou o homem para ficar alguns dias em sua casa.
Mais tarde, quando a senhora viu uma jovem sendo carregada por Mohamed, afligiu-se.
Como Mohamed lhe explicasse que a moça não estava passando bem, a mulher recomendou que fosse chamado um médico para examiná-la.
A mulher então, aproximou-se da moça, e tocando em seu rosto, percebeu que Josie tinha febre.
Diante disto sugeriu que a jovem ficasse no quarto de hóspedes.
Mohamed, aflito, levou-a até o quarto, e colocou-a na cama.
Recomendou aos criados que levassem as malas da jovem para o quarto.
Samira a avó de Mohamed, abeirou-se da cama.
Pediu a Samara que providenciasse um chá para Josie.
A contragosto, a moça tomou o chá, com pequenos goles.
Cansada, depois de beber o chá, a jovem tornou a dormir.
Nervoso, Mohamed pediu para ficar ao lado da moça, mas Samira recomendou que não ficasse por perto. Argumentou que a jovem precisava de um pouco de tranqüilidade, e ele, nervoso como estava, acabaria por deixá-la nervosa.
Mohamed então, se viu compelido a acatar as recomendações da avó.
Mais tarde, um médico foi examinar a moça.
Verificou sua temperatura, e recomendou-lhe um remédio para a febre. Disse que jovem estava gripada.
Quando Mohamed foi informado do diagnóstico do médico, perguntou a avó se era realmente uma simples gripe. Desconfiado, disse que ela se queixou durante a viagem de volta de sentir dor no corpo e mal estar. Preocupado, perguntou se não seria aconselhável que outro médico a examinasse.
Samira respondeu-lhe que não havia necessidade.
Mohamed insistiu.
A mulher respondeu-lhe que a moça se recuperaria em poucos dias. Só precisava descansar um pouco.
O jovem muçulmano acatou as recomendações da mulher.
Nisto, estando Josie, sob os cuidados de sua avó, o moço tratou de arrumar uma acomodação para Fabrício.
Em conversa com o homem, o moço respondeu-lhe que ninguém poderia cuidar melhor de Josie, do que sua avó.
Fabrício disse-lhe que havia prometido deixar a moça partir.
Mohamed retrucou dizendo que não poderia abandonar a jovem naquele momento. Pediu ao homem para que deixasse ele cuidar um pouco da moça. Insistiu em dizer que não estava aprisionando a moça.
Fabrício por sua vez, aceitou a hospedagem.
Respondeu que não iria deixar Josie sozinha.
Nos dias que se seguiram, a moça ficou mais tempo dormindo do que acordada.
Sentia calafrios, dores no corpo, febre.
Por diversas vezes Samara precisou trocar as roupas de cama.
Dias depois, um pouco melhor, Josie, acompanhada por Mohamed, conheceu a casa, os cômodos, a criadagem.
Deparou-se com uma bela vista do Cairo. Das tamareiras.
Fabrício, ao vê-la de pé, perguntou-lhe se estava bem.
Josie, abatida, respondeu que sim.
Mohamed por sua vez, levou-a até a mesa, numa sala toda enfeitada.
Ajudou a moça a se acomodar em uma almofada.
Serviu-lhe muitas frutas, sucos. Perguntou-lhe o que gostaria de comer.
Como Josie não tinha fome, Mohamed insistia.
A certa altura, Samira recomendou ao neto que não fosse tão afoito.
Mohamed porém, continuava insistindo.
Samira então, percebendo a situação da moça, recomendou-lhe que comesse alguma coisa ou seu neto não a deixaria em paz.
Josie bebeu um pouco dos sucos que lhe foram oferecidos, e comeu um pouco de frutas.
Depois do café, Mohamed perguntou-lhe se gostaria de fazer alguma coisa.
Quem sabe assistir um filme.
A moça contudo, estava apática.
Mohamed levou a jovem até uma sala.
Lá havia um projetor antigo e alguns rolos de filme.
Tentando entreter a moça, Mohamed mostrou-lhe filmes de Rodolfo Valentino, e outras películas antigas. Geralmente filmes mudos.
Samira vigilante, em dado momento foi até a sala para verificar o que estava acontecendo.
Josie parecia entretida com os filmes.
Mohamed se ocupava de posicionar os rolos no projetor e trocá-los.
A jovem e o muçulmano permaneceram na saleta por algumas horas.
Mais tarde, Samira convidou-os para almoçarem.
Gentil, perguntou a moça se estava gostando da estada no Egito.
Josie ficou surpresa com a pergunta.
Samira respondeu-lhe então, que Mohamed havia lhe contado que estava a trabalho, que vinha do Brasil, e estava conhecendo um pouco da cultura do país.
Razão pela qual convidou-a para conhecer o Egito sob o ponto de vista de um morador do lugar, argumentou.
A moça não sabia o que responder.
Isto porque, sem nem ao menos conhecê-la, Samira acolheu-a no seio de sua família e a tratou com extrema dedicação.
Quando agradeceu a dedicação, a mulher respondeu que fez o que qualquer bom muçulmano faria. Comentou que a solidariedade era uma característica da religião de Maomé.
Josie se encantou com as maneiras gentis da mulher.
Exímia artesã, a mulher confeccionava bonitas roupas, belas almofadas e enfeites para a casa.
Possuía um tear.
Josie ficou encantada com a máquina.
Comentou que num Brasil distante no tempo, as mulheres trabalharam em uma máquina parecida com aquela.
Fabrício ao ver a máquina de tear, comentou que já vira máquinas iguais aquelas em uma das empresas que seu pai possuía no Brasil. Comentou que além de advogado e trabalhar na área, o homem investia em inúmeras atividades, entre elas a tecelagem. Respondeu que vira diversas máquinas parecidas com aquela, na fábrica.
Josie respondeu que sua mãe, que adorava antiguidades, conseguiu adquirir uma máquina antiga como aquela e começou a fazer tecidos. Mantas, cobertores. Disse que isto era uma terapia para ela.
Saudosa, a moça comentou que sua mãe era uma mulher coragem, e que durante os tempos da ditadura precisou se esconder com o marido, militante de esquerda, nas terras de um estranho que resolveu os acolher.
Josie respondeu que não fosse esta ajuda, seus pais certamente seriam mortos e ela não estaria ali.
Mohamed, ao ouvir as palavras da moça, segurou sua mão e beijou-a. Em seguida disse-lhe:
- Ainda bem que ainda existem pessoas abnegadas neste mundo! Que Allá te abençoe.
Samira convidou todos para jantar.
Os dias se seguiram calmos.
A moça foi melhorando aos poucos.
Certa noite, Mohamed convidou a jovem para jantar fora.
Por insistência de Fabrício, Josie concordou.
O homem contou-lhe que Mohamed a levou para sua casa, por que ali ela ficaria mais bem instalada e sendo cuidada por uma mulher devotada, como Samira.
Fabrício respondeu-lhe que tentou levá-la para sua casa, mas não houve negociação. Mencionou que quando Mohamed a viu desmaiando, amparou-a imediatamente e decidiu levá-la para sua casa.
Carregando-a nos braços, pediu para a avó auxiliá-lo.
Fabrício comentou que o jovem muçulmano afligiu-se ao vê-la tão indisposta. Alegou que o moço pensou em ouvir uma segunda opinião médica.
Rindo, comentou que Mohamed gostava muito dela.
Argumentou que o moço se arriscara ao levá-la para sua casa, pois quando Samira soubesse o que ele fizera, certamente não iria concordar com sua conduta.
Nisto o homem comentou que ela deveria procurar uma saída pacífica para o conflito.
Argumentou que nos últimos anos de vida de seu pai, viveu em conflito com ele, e que não era bom ela deixar uma situação mal resolvida para trás.
Pesaroso, comentou que seu pai falecera, sem que tivessem se entendido antes.
Entristecido, recompôs-se.
Acrescentou, que se ela estava passando por aquela dificuldade, era por que tinha discernimento suficiente para separar o que era bom do que era ruim, e a enfrentar as adversidades com galhardia.
Fabrício pediu-lhe para que desse uma oportunidade do rapaz demonstrar seu afeto.
Diante disto, a moça concordou em jantar com Mohamed.
Durante o jantar, o casal acompanhou uma apresentação de dança do ventre.
Josie elogiou a apresentação. Disse que a dança era linda.
Mohamed respondeu-lhe que a cultura árabe era muito bela.
No jantar foram servidas carnes, saladas, suco. Pratos típicos.
Tabule, folhas de uva, entre outras iguarias.
Josie se encantava com a apresentação das iguarias.
Mohamed perguntou-lhe então, sobre seu trabalho no Brasil.
Josie respondeu-lhe que sem o seu telefone celular, ficava difícil manter contato com seu chefe em São Paulo, e que ele deveria estar preocupado com a falta de notícias.
Mohamed desconcertado, respondeu-lhe que devolveria o celular.
Em seguida, perguntou-lhe se sentia-se melhor.
Josie indagou o por quê da curiosidade.
Mohamed disse-lhe que precisava conhecer as pirâmides.
Brincando, disse-lhe que sem as pirâmides, não teria uma exata dimensão do que era o Cairo.
Josie perguntou-lhe então, quando poderia partir.
Desapontado, Mohamed respondeu que só a deixaria ir, quando tivesse certeza de que ela estava bem.
Como a moça adoecesse novamente, o passeio pelas pirâmides, precisou esperar mais um pouco.
Josie ficou novamente gripada.
Mohamed, ao receber o diagnóstico da moça, ficou intrigado.
Comentou que num calor abrasador como aquele, era inconcebível alguém ficar gripado.
Samira respondeu-lhe que no deserto a temperatura caía muito bruscamente, e que isto deve ter favorecido a gripe da moça.
Mohamed ao ouvir esta explicação, comentou que isto justificava a primeira gripe, mas e a segunda?
Com isto, o chamou outro médico para examinar a moça.
O segundo médico respondeu que a jovem estava debilitada.
Desta forma, Josie ficou novamente sob os cuidados de Samira.
Chorando, a moça dizia que queria voltar ao Brasil.
Ao ouvir os murmúrios de Josie, Samira perguntou ao neto o motivo da lamúria.
Mohamed tentou desconversar, mas a mulher sagaz, percebeu que havia algo errado.
Pressionando o neto, descobriu que ele fizera a moça de prisioneira.
Perplexa, perguntou-lhe qual era sua intenção ao submeter a jovem a seus caprichos.
Mohamed aborrecido, respondeu que não procedera desta forma para abusá-la, e sim por ser esta a única forma, no seu entender, de fazer com que Josie o enxergasse de verdade.
Samira, ao ouvir os impropérios do moço, respondeu que ele havia passado uma péssima imagem para a moça. Argumentou que ela devia pensar que todos os muçulmanos eram selvagens.
Aborrecida, a mulher perguntou ao moço quando ele iria deixar a moça livre.
Mohamed transtornado, alegou que a jovem estava enferma, e que não poderia ficar só.
Samira concordou, mas recomendou-lhe que não fizesse da moça sua eterna prisioneira.
Argumentou que em assim procedendo, acabaria por matá-la de tristeza.
Sábia, respondeu que a moça estava sofrendo uma recaída por que não estava certa de que Mohamed a deixaria partir. Comentou que enquanto vivesse esta incerteza, Josie não ficaria inteiramente bem.
O muçulmano desolado, comprometeu-se diante da avó, em liberar a moça, após o passeio nas pirâmides. Alegou ainda, que ela só poderia fazer o passeio, se estivesse totalmente recuperada.
Samira calou-se.
Continuou cuidando da moça.
Nos dias que se seguiram, Fabrício se ocupou de fazer companhia a moça.
Já havia voltado para sua casa.
Brincando, disse que estava sentindo falta de sua companhia.
Ao ouvir isto, a moça caiu em prantos.
Samira recomendou-lhe que saísse do quarto.
Por diversas vezes, Samira ouviu a moça mencionar o nome de um rapaz de nome Olavo.
Quando Mohamed soube disto, ficou chateado.
Conversando com Fabrício, o jovem árabe comentou que não havia conseguido conquistar a moça.
O homem, censurando-o, disse que com suas atitudes, havia conseguida apenas fazer com que a moça fosse capturada por ele.
Ao ouvir isto, Mohamed encheu-se de dor.
Por fim, confessou ao homem que gostaria de realizar um passeio ao lado da moça.
Respondeu-lhe que em Josie se recuperando, ela poderia voltar ao Brasil, quando bem entendesse. Afirmou que não iria importuná-la mais.
A noite, enquanto a moça dormia, o rapaz agachou-se e tocando seus cabelos, disse-lhe para que melhorasse logo, pois assim poderia voltar para o Brasil.
Assim o prometeu.
Em melhorando, fariam um último passeio juntos, e em seguida ela regressaria ao Brasil.
Com efeito, a moça foi melhorando.
Nos dias que se seguiram, Josie foi se alimentando melhor.
Conversando com a moça, Fabrício disse-lhe que Mohamed havia prometido a ele e a Samira, que ela regressaria ao Brasil.
Josie respondeu que não acreditava.
Mais tarde, Mohamed conversou com ela. Disse que ela precisava ficar bem, ou não regressaria ao Brasil.
Falou-lhe que precisava conhecer as pirâmides.
Como Josie não acreditasse em suas palavras, o moço providenciou duas passagens para os próximos dias.
Mostrou-a Josie.
A moça, ao se deparar com duas passagens, perguntou para quem seria a segunda passagem.
Mohamed respondeu-lhe que Fabrício a acompanharia ao Brasil.
Dizendo que o homem se prontificara a acompanhá-la, argumentou que assim ficaria mais tranqüilo.
Olhando-a atentamente, Mohamed disse-lhe ainda estava abatida.
Nisto Samira adentrou o quarto, oferecendo uma sopa para a moça.
Josie tomou a sopa inteira.
A mulher admirou-se.
Nos dias que se seguiram, Josie acompanhou a mulher em suas orações.
Observou Mohamed caminhar em direção a uma das muitas mesquitas da cidade.
Samira voltou a se ocupar de seu tear.
A mulher dizia orgulhosa de suas peças, que era uma herança dos tempos nômades.
Josie por sua vez, comentou que as peças confeccionadas por ela, eram muito delicadas.
Envaidecida, a mulher tentou ensinar a moça a mexer no tear.
Enquanto mexia na velha máquina, Josie recordou-se dos pais.
Das brincadeiras no final da tarde, no quintal da casa em que moravam.
De andar de bicicleta pelos parques da cidade.
Recordou-se da morte dos pais.
De Olavo, do trabalho na revista.
Começou então, a chorar.
Samira, ao vê-la em prantos, procurou consolá-la.
Josie então contou-lhe sobre seus pais, que eram uruguaios radicados no Brasil, que sofreram com a ditadura brasileira, mas não chegaram a sair do país. Que viveram muito tempo escondidos, e que quando as coisas se acalmaram, retomaram sua vida em outra localidade, até falecerem em um acidente.
Triste, a moça não gostava de se recordar dos detalhes do ocorrido.
Tamanha era sua tristeza, que deixou escapar que fora noiva e que o moço faleceu em um acidente de carro.
Samira perguntou-lhe se isto havia acontecido há muito tempo.
Josie respondeu que fazia anos que os pais haviam falecido, e que Olavo morrera há poucos meses.
A mulher ficou penalizada com a tristeza da moça.
Com isto, assim que teve uma oportunidade de conversar com o neto, disse-lhe que Josie estava sofrendo muito, e que cabia a ele confortá-la sempre que ela necessitasse de um ombro amigo.
Mohamed ficou intrigado com as palavras da avó.
Cerca de três semanas depois, Mohamed, Fabrício e Josie se encaminharam para as pirâmides.
Restabelecida, a moça andou de camelo.
Não sem antes pechinchar o preço do passeio.
Josie também, foi abordada por vendedores de falsas preciosidades.
Mohamed afastava a todos.
Dizia:
- La.
E um não de Mohamed, era não.
Josie ao observar as milenares pirâmides, percebeu que as construções estavam um tanto deterioradas.
Mohamed argumentou que a ação do tempo, consumia as construções.
Comentou também, que a cidade, estava invadindo o deserto.
Fabrício relatou que a cidade estava muito próxima das pirâmides.
Mais tarde, o trio se deparou com um show de luzes.
Fabrício, percebendo que o muçulmano pretendia ficar a sós com a moça, procurou afastar-se.
Josie, encantou-se com o espetáculo.
Tímida, tentou dizer algo ao moço.
Mohamed lhe disse:
- Pode falar. Sautek muftáh el janéh!
Como Josie não compreendeu o que o homem disse, o mesmo explicou-lhe instando-a a falar, que sua voz era a chave do paraíso.
Josie disse-lhe que as luzes realçavam o que os monumentos possuíam de melhor.
Mohamed concordou.
Tencionou tocar as mãos nas cabelos da moça, que entretida com o espetáculo, não percebeu.
Ao término do show de luzes, o casal foi procurar Fabrício.
Neste momento, Mohamed e Josie foram abordados por alguns homens armados.
Gritando palavras em árabe, apontavam as armas para o casal.
Josie ficou apavorada.
Mohamed, tentando proteger a moça, tentou dialogar com os homens. Em vão.
Com isto, foram levados em um veículo para um lugar ermo.
Antes de entrarem no carro, tiveram suas mãos amarradas e os olhos vendados.
Nervosos, os homens mandaram Mohamed se calar.
Fabrício ao perceber uma movimentação estranha no lugar, foi ao encontro de Mohamed e Josie.
Procurou o casal mas não o encontrou.
Ao perceber a movimentação de policiais ao redor do monumento, Fabrício tentou conversar com os homens.
Perguntou-lhes em inglês:
- What’s happen?
O policial explicou que foram informados sobre um seqüestro de turistas, e estavam recomendando a todos que evacuassem a área.
Aflito, Fabrício perguntou onde estavam os outros turistas.
O homem respondeu que estavam todos sendo orientados a sair do local.
Fabrício falou que estava procurando um casal.
O policial recomendou-lhe que procurasse o casal em outro lugar. Respondeu que provavelmente eles deveriam estar longe dali.
Com isto, Fabrício retornou a casa do muçulmano.
Como Samira lhe dissesse que seu neto e a moça não haviam chegado ainda, o homem encheu-se de preocupação.
A mulher preocupada, perguntou-lhe se não houve um desencontro.
Fabrício respondeu que ocorreu um evento nas pirâmides, mas percebendo o ar de preocupação de Samira, resolveu acionar a polícia.
Diante do prestígio da família, os policiais foram quase que imediatamente a casa do rapaz.
Fabrício, auxiliado por um empregado da família, comunicou aos policiais o desaparecimento de Josie e de Mohamed. Relatou o evento ocorrido nas pirâmides.
Nervoso, o homem solicitou que fosse informado de todos os passos da investigação.
Os policiais prometeram colocar-lhe a par de tudo.
Samira, tentando manter a calma, a certa altura, não conseguiu se conter. Caiu em prantos.
Fabrício, meio sem jeito, tentou consolá-la.
Ofereceu-lhe um lenço limpo para que enxugasse as lágrimas.
O homem disse que Josie e Mohamed seriam localizados rapidamente.
Relatou que ele mesmo se empenharia em localizá-los.
Samira observou-a admirada.
Fabrício, conversando com os criados de Mohamed, perguntou-lhes se a ação poderia estar relacionada a algum movimento terrorista.
Ao ouvir isto, um dos criados respondeu, que havia homens dispostos a tudo, e que geralmente quando isto acontecia, turistas eram mortos, o que ocasionava uma crise no país, que vive quase que exclusivamente do turismo.
Fabrício perguntou então, se Mohamed possuía inimigos, pessoas que tivessem interesse em se vingar dele, ou de sua família.
Outro criado respondeu que o patrão era invejado sim, mas não ao ponto de ser alvo de um seqüestro. Comentou que Mohamed era muito respeitado e deixou claro que quem se atrevesse a tal façanha, certamente não teria um final muito feliz nas prisões do país.
Pensando, pensando, Fabrício cismou com a hipótese de ato terrorista.
Tal constatação gerou um arrepio em sua espinha.
Preocupado, ficou pensando como um terrorista agiria em uma situação igual àquela. Onde esconderia as vítimas?
Enquanto isto, Fabrício e Josie foram levados para um esconderijo.
Amarrados, ficaram a pão e água.
Josie ficou presa em um quarto e Mohamed em outro.
A moça não sabia onde estava.
Nervosa, prestava atenção em cada barulho.
Quem sabe para se localizar.
Mohamed fazia o mesmo.
Atento, procurava ouvir rumores de conversas. Algo que indicasse onde estava, e quais eram os planos daqueles homens.
O jovem muçulmano não conseguia compreender o por quê do seqüestro. Tencionavam pedir resgate? E Josie, fora levada junto com ele por qual motivo? Seriam terroristas ou meros seqüestradores?
Com efeito, ainda de madrugada, Fabrício foi informado que não houve ameaça de bomba.
Fato este que deixou o homem deveras intrigado.
Com isto, a policia egípcia passou a empreender buscas em lugares propícios ao abrigo de seqüestrados. Invadiram casas, construções abandonadas.
Abordaram pessoas nas ruas.
Por semanas, reviraram a cidade do Cairo.
Nada de localizar o casal.
Samira e Fabrício estavam desesperados.
Mohamed a certa altura, tentando negociar com os homens, disse que tinha muito dinheiro, que poderia comprar a sua liberdade.
Argumentou que a moça era uma estranha, que tivera a infelicidade de estar no lugar errado no momento errado.
Dizia que não conhecia a jovem, desconhecendo seu nome e sua origem. Alegando que a moça devia ser uma garota pobre, sugeriu que os homens a soltassem, que a libertassem.
Argumentou que poderia oferecer um bom dinheiro para eles. Comentou que dinheiro era uma coisa boa.
Irritado, o seqüestrador começou a discutir com ele.
Chamou-o de infiel, de traidor da causa.
Ao ouvir estas palavras, Mohamed concluiu que se tratava de um grupo terrorista.
A certa altura, depois de muito vociferar, o homem deixou-o só.
Mohamed temeu pelo pior.
Ao concluir que se tratavam de terroristas, chegou a se perguntar por que não o haviam matado ainda. Por que o mantinham vivo? Qual era a intenção do grupo?
Vasculhando o quarto em que era cativo, o moço começou a escavar uma pedra.
Josie por sua vez, também procurava uma saída.
Fingindo dormir, a moça escutou uma conversa em árabe.
Todavia, como não era versada no idioma, não conseguiu apreender quase nada do que diziam.
O pouco que pode perceber era que invocavam o nome de Allá e que ocorrera uma altercação entre eles.
Como se houvesse dissidências no grupo.
Enquanto isto, a moça continuava a procurar uma saída, um meio de fugir do cativeiro.
Com efeito, os modos agitados dos homens, já começavam a chamar a atenção dos vizinhos.
Houve denúncia.
Mohamed por sua vez, fingindo estar passando mal, atraiu um dos bandidos para o quarto onde estava.
O homem, desarmado, foi rendido pelo muçulmano, que aplicou-lhe uma gravata.
Ao deixar o bandido desacordado, Mohamed pegou suas roupas e vestiu-as.
Por sua vez, deixou seus trajes no corpo do terrorista.
Com isto, tirou a chave do bolso do homem e saiu do quarto.
Aflito, Mohamed tentou localizar Josie, mas a necessidade fez com ele saísse da residência rapidamente.
Ao ganhar a rua, o homem tentou descobrir onde estava.
Caminhando apressadamente, percorreu becos e vielas, lojas, comércio cheios de quinquilharias. Alguns estabelecimentos, possuíam objetos de prata, artigos de luxo.
Intranqüilo, procurou um telefone. Precisava contatar sua família.
Com isto, o jovem muçulmano continuou caminhando.
Até encontrar um telefone.
Adentrou uma loja, e disse que precisava realizar uma ligação.
O dono da loja, ao reconhecê-lo, deixou que fizesse a ligação.
Nisto, Fabrício recebeu uma ligação.
Haviam localizado o cativeiro de Josie e Mohamed.
Aflito, o homem foi correndo para o local.
A esta altura, Mohamed já havia sido localizado pela polícia e acompanhou a operação.
Estava ansioso por reencontrar a moça.
Aflito, o jovem pediu para entrar com os policiais no cativeiro. Argumentou que poderia auxiliá-los a encontrarem a moça.
Com isto, os bandidos, ao se verem cercados, instalaram uma bomba no imóvel.
Ameaçando acionar o dispositivo que iniciava o funcionamento da bomba, exigiram a presença de Mohamed.
O muçulmano concordou em trocar de lugar com Josie.
Assim, se eles a libertassem, ele ficaria em seu lugar como refém.
Fabrício por um instante, tentou reter o moço, segurando-o pelo braço. Recomendou-lhe que tivesse cuidado.
Nisto o tempo foi passando.
Como os bandidos não deram sinal de que aceitaram a proposta do jovem muçulmano, Mohamed decidiu invadir o imóvel, acompanhado pelos policiais.
Fabrício advertiu-lhe que era muito arriscado.
Mohamed insistiu.
Desta forma, o jovem entrou.
Os policiais invadiram o imóvel.
Renderam os bandidos.
Aflito, Mohamed percorreu o imóvel a procura de Josie.
Ao se deparar com uma porta trancada, arrombou-a.
Lá estava Josie, de pé.
Sua expressão era de aflição. Porém, ao ver Mohamed diante de si, ficou pasma.
Ao vê-la, o homem aproximou-se. Abraçou-a. Perguntou se estava bem.
Josie respondeu que naquele momento estava.
Nisto, surgiu um homem atrás de Mohamed.
Ao vê-lo se aproximar, Josie gritou para que o jovem tivesse cuidado.
Mohamed então, ao ver um dos seqüestradores diante de si, travou luta corporal com o homem.
O bandido, ao perceber que estava em desvantagem, apontou uma arma para o muçulmano.
Josie, ao notar que saíra do campo de observação do sujeito, pegou um vaso e acertou na cabeça dele.
Com isto, a arma do homem disparou.
Mohamed, ao escutar o disparo, jogou-se no chão.
Josie, ao vê-lo deitado, julgou que o mesmo havia levado um tiro.
Aflita, acorreu em sua direção.
Segurou o homem nos braços, e começou a observá-lo.
Fabrício, ao entrar no ambiente, deparou-se com Josie chamando o moço.
Mohamed por sua vez, demorou para se manifestar.
Aturdido com o tiro, perguntou se havia sido atingida.
Josie respondeu que não.
Com efeito, quando a polícia adentrou o recinto, Josie permanecia abraçada ao moço.
A todo o momento lhe perguntava se estava tudo bem.
Mohamed respondia que sim.
Nisto os policiais entraram no quarto e prenderam o bandido.
Fabrício, percebendo que Josie e Mohamed precisavam ficar a sós, pediu aos policiais que aguardassem um pouco. Salientou que estava tudo bem.
Josie perguntou então ao moço, por que havia se arriscado entrando no lugar onde ela estava.
Mohamed respondeu que os seqüestradores estavam todos presos.
Explicou-lhe que estavam livres. Argumentou que queria ser o primeiro a lhe dar a boa notícia.
Ao ouvir isto, a moça abraçou o rapaz.
Chorou.
Mais tarde, Mohamed disse que ela precisaria ficar por mais alguns dias no país, até que fossem esclarecidas as razões dos criminosos.
Desculpando-se, Mohamed comentou que foi uma péssima idéia visitarem as pirâmides.
Ao ouvir isto, Josie, para espanto do rapaz, comentou que o passeio foi maravilhoso. O que ocorreu de ruim, foi o desdobramento do passeio.
Mohamed respondeu que precisava se redimir.
Josie argumentou que precisava retornar ao Brasil. Mencionou que não contatava seu chefe há tempos, e que precisava saber se ainda tinha um emprego.
E assim, o casal foi conduzido a uma delegacia.
Lá, prestaram depoimentos a respeito do ocorrido.
Relataram o desespero por não saberem o que iria acontecer, onde estavam, há quanto tempo estavam presos. Entre outros detalhes.
Curiosamente os bandidos não contataram a família de Mohamed. Tampouco pediram resgate.
Segundo as autoridades policiais, tratava-se de um seqüestro e não de um ato terrorista.
Mas se era seqüestro, por que não pediram resgate?
Nisto, um dos envolvidos na ação, respondeu que a intenção era esperar as coisas se acalmarem um pouco, e levar o casal para outro país.

Luciana Celestino dos Santos
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