A apresentação foi emocionante.
Homero foi impecável e Miriam demonstrava muita tranqüilidade.
Mirtes por sua vez, ao acompanhar o desempenho da filha, ficou assaz orgulhosa.
Com o tempo, passou a dizer aos freqüentadores do circo que a moça era sua filha.
E assim, em cada apresentação, a moça demonstrava mais tranqüilidade.
Com o passar do tempo, não sentia mais medo.
Confiava plenamente na habilidade de seu parceiro.
Odair - o dono do circo -, percebendo na moça certa habilidade no trato social, chegou a lhe perguntar certa vez, o que uma menina tão educada e de modos tão refinados, estaria fazendo trabalhando em um humilde circo, como simples parceira em um número de atirador de facas.
Miriam, tentando desconversar, respondeu que gostava do mundo do circo. Considerava-o mágico.
Nisto, com o passar do tempo, Odair sugeriu-lhe acompanhar o número do mágico do circo.
Miriam aprendeu a fazer truques, bem como anunciar os números de Alencar.
E a jovem, com todo o seu donaire, usando uma roupa mais decotada, passou a participar do número de magia.
Mirtes ao ver o traje que a filha usaria para participar do número, ficou chocada.
Considerou-o inadequado.
Tanto que argumentou com Odair que a atração era o número de magia e não a plástica de sua filha.
Odair, ao ouvir estas palavras, argumentou que a roupa serviria apenas para tornar o espetáculo mais interessante, e que não adviriam danos a sua filha.
Mirtes por sua vez, não concordou com os argumentos apresentados.
Odair porém, dizendo se tratar de uma situação transitória, prometeu que assim que fosse possível, a designaria para um trabalho ainda melhor.
Mirtes então, calou-se.
Percebendo que precisava do emprego, resolveu aceitar as condições do trabalho.
O traje, pomo da discórdia, nada mais era que um corpete, chapéu com plumas e uma pequena saia de tule.
Bem diferente do discreto traje do número das facas.
Miriam também estranhou a roupa, mas com o tempo se acostumou.
O mais difícil para ela no entanto, era vencer sua inibição natural e anunciar as atrações do mágico.
Tinha que anunciar o número do coelho tirado da cartola, da pomba, das cartas de baralho. Também participava de um número em que ficava dentro de uma caixa e a mesma era serrada e ela ficava como que dividida em várias partes.
Todos aplaudiam o número.
Alencar também fazia apresentações com lenços e objetos que surgiam aparentemente do nada.
Em dado momento, solicitava a sua assistente Miriam que o amarrasse fortemente.
O mágico em questão de segundos, se soltava.
Miriam auxiliava-o com os números.
E Alencar, com seu terno bem cortado, fazia a alegria das crianças, que ficavam encantadas com os números.
Consideravam-no um excelente mágico.
Miriam por sua vez, ficou encantada com o ritual que envolvia a apresentação.
Razão pela qual aprendeu inúmeros truques de magia.
Alencar por sua vez, pedia a todo o momento que a moça não comentasse os truques, sob pena de ferir a ética profissional.
Os segredos da profissão só competiam aos mágicos, dizia.
Com efeito, Miriam não comentava os segredos dos truques com ninguém.
Mirtes, pouco sabia do trabalho da filha, além do que podia ver nas apresentações.
A moça silenciava a respeito do assunto.
Para decepção de Mirtes que adoraria conhecer alguns truques.
Nisto, enquanto não ensaiava os números de magia, a moça aproveitava para acompanhar a dupla de palhaços do circo.
Era pura diversão.
A dupla vestida com os trajes do ensaio, parcialmente maquiados, brincavam um com o outro.
Era um cheirando uma flor que jorrava água, outro cutucando o ombro do outro para fazê-lo olhar para a direção do toque e o parceiro, tomar seu pequeno baú.
Baú que segundo o palhaço, apesar de pequeno, era desajeitado e pesado, o que fazia com que despendesse muita força para carregá-lo. Quando finalmente o palhaço conseguia desajeitadamente arrastar o baú, o mesmo empinava para um lado e caia, para desespero do mesmo.
O outro por sua vez, ficava olhando na direção em que fora cutucado e aproximava-se da platéia, como que para procurar quem tocara em seu ombro.
A platéia por sua vez, ficava a todo o momento a indicar onde se encontrava o outro palhaço, o qual ficava o tempo todo tentando desesperadamente, esconder o baú.
Finalmente, depois de algumas trapalhadas, o palhaço finalmente se depara com o parceiro arrastando seu baú.
A descoberta é cômica.
O palhaço furtado, coloca as mãos na cintura e reclama da conduta do outro palhaço.
O mesmo continua tentando empurrar a mala.
Ao perceber que foi descoberto, tenta desajeitadamente se evadir, mas seu companheiro o segura pelo braço, fazendo-o parar.
Através de pantomimas, os palhaços discutem.
Miriam chega a chorar de tanto rir. Aplaude entusiasticamente o espetáculo.
Neste momento, eis que surge um terceiro palhaço, que aparta os contendores, e por conta disto, leva um sopapo, e tonto, fica girando, girando.
Por fim, o último palhaço chama a atenção dos brigões e tudo acaba bem.
Nisto, os três se juntam as mãos e se curvam para as cadeiras.
Mais aplausos de Miriam que elogia o espetáculo.
É o Trio da Alegria, com os palhaços Feliz, Alegre e Contente.
Com o passar do tempo, Miriam já conhecedora dos números de mágica, passou a fazer pequenos números ao lado de Alencar.
O número dos lenços passou a ser executado com sua participação.
Mirtes não se cabia de contentamento.
A esta altura, a mulher além de anunciar as atrações do circo ao lado de Odair, passou a cuidar da bilheteria.
Neste tempo, já fazia quase dois anos que Mirtes e Miriam haviam chegado ao circo.
Com toda a trupe e animais, circulavam pelas cidades interioranas, levando alegria e diversão para as crianças.
A certa altura, Miriam passou a fazer exercícios no trapézio.
Mirtes, ao ouvir inicialmente a proposta, chegou a questionar a idéia, mas Miriam parecia interessada no número.
Desta forma, percebendo o interesse da filha no número, coube a mulher acostumar-se com a idéia.
Miriam subia uma escada até chegar ao trapézio, onde havia uma rede de proteção.
A moça senta-se no banco de madeira e se balançava.
Auxiliada por um parceiro, começou a exercitar-se realizando pequenos movimentos.
Certa vez, ao tentar um movimento mais brusco, perdeu o equilíbrio caindo na rede de proteção.
Foi o suficiente para Mirtes se assustar e exigir o afastamento da filha do número.
Odair, ao tomar conhecimento do incidente, procurou conversar com a mulher. Disse-lhe que fora um pequeno acidente, e que Miriam não havia se ferido.
Miriam por sua vez, assustou-se com a queda, mas pouco tempo depois retomou a preparação.
Mirtes então, sempre que via a filha se arrumando para o treino no trapézio, tentava convencê-la a desistir da idéia.
A moça porém, não estava disposta a desistir de seu intento.
E assim prosseguiu com os ensaios.
Com o tempo, passou a fazer acrobacias no trapézio, auxiliada por seu parceiro Olegário.
Lançava-se para as mãos seguras de Olegário.
Quando finalmente chegou o dia da apresentação, a moça usava um colant vermelho com lantejoulas e brilhos, meia calça e sapatilhas. Cabelos presos e enfeitados com plumas.
Olegário, também usava roupas justas no corpo.
A apresentação ocorreu de forma impecável.
Miriam dominava o trapézio.
Em que pese este fato, a jovem estava ansiosa em sua primeira apresentação.
Depois de árduos meses de preparação, a moça estava tensa.
Olegário, parceiro mais experiente, tratou de acalmá-la. Disse-lhe que faria a apresentação de forma perfeita, e que não ocorreriam problemas, pois haviam ensaiado muito.
E assim, no dia da apresentação, os palhaços em seu número, diziam:
- Hoje tem goiabada? Tem sim senhor. E o palhaço o que é? É ladrão de mulher.
A platéia respondia e ria.
Palhaços com roupas coloridas, chapéu coco que levantava sozinho, sapatos compridos, gravata larga.
Miriam acompanhava tudo através da cortina.
Mirtes, momentos antes da filha se apresentar, desejou-lhe sorte.
Disse-lhe que estava bem preparada, e que a apresentação seria um sucesso.
Em seguida, abraçou a filha e desejou-lhe novamente sorte.
Miriam agradeceu e a seguir, dirigiu-se ao picadeiro.
Auxiliada por Olegário, subiu os degraus da escadaria, e posicionou-se no trapézio.
Este por sua vez, também subiu a escadaria e posicionou-se no trapézio oposto.
Começou o espetáculo.
A dupla se movimentava no ar.
Pulavam, faziam movimentos circulares e seguravam o trapézio anteriormente impulsionado.
Em alguns momentos da apresentação, Miriam saltava de seu trapézio, sendo segurada por seu parceiro.
A cada salto, a cada pirueta, aplausos da platéia.
Por fim, ao término da apresentação, o senhor Odair cumprimentou a moça pessoalmente.
Parabenizou-a, dizendo que para quem havia começado apenas anunciando as atrações circenses, havia progredido bastante.
Miriam agradeceu.
Mirtes por sua vez, foi elogiada pelo fato de ser mãe de uma jovem bonita e valorosa.
Com isto, o espetáculo prosseguiu.
Mais palhaçadas, números de magia, a apresentação do domador com seus animais.
Ao término do espetáculo, Odair passou a contabilizar o valor das entradas e a arrecadação.
Ficou satisfeito com o resultado.
Nas apresentações seguintes, providenciou uma tabuleta onde ficou exposto o nome de Miriam como atração do circo.
Tal fato tornou-se alvo da apreensão de Miriam, que temerosa de que descobrissem o paradeiro de ambas, sugeriu que ela criasse um nome artístico.
Miriam sugeriu chamar-se Amarante.
E assim foi escrito na tabuleta.
Tamanho prestígio porém, não era bem visto por alguns empregados do circo.
Algumas pessoas ficavam enciumadas com tanta atenção.
Mirtes e Miriam, perceberam isto.
Razão pela qual procuravam se manter discretas no local.
Homero, Alencar e Olegário, amigos de Miriam, estavam sempre juntos em conversas animadas.
Odair por sua vez, passava as tardes tomando o café de Dona Mirtes.
E as viagens pelo Brasil continuavam.
Incursões pelo interior do estado de São Paulo, Rio de Janeiro, e outros estados, traziam o conhecimento de outras realidades para as mulheres.
Mirtes e Miriam, adoravam passear pelos lugares e conhecerem a igrejinha, as praças, o comércio, e os lugares aprazíveis das cidades.
Viagens geralmente realizadas para cidadezinhas do interior.
Nestes locais, o circo costuma ser a única, ou uma das poucas diversões da cidade.
Atração que fazia o encantamento das crianças, que sonhavam com este universo.
Muitas nutriam o desejo de fugirem de casa para viverem no circo.
Felipe foi um desses garotos sonhadores.
Quando o circo “Palácio dos Sonhos”, chegou na cidadezinha, foi um alvoroço só.
As atrações do circo eram anunciadas enquanto os carros atravessavam a cidade.
Ao finalmente encontraram um lugar para se instalar, os homens trataram de se reunir para montarem a lona.
Era um trabalho de horas.
Alguns moradores acompanhavam a montagem.
No circo, momentos antes da apresentação, a platéia ouvia músicas.
Década de trinta.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
Homero foi impecável e Miriam demonstrava muita tranqüilidade.
Mirtes por sua vez, ao acompanhar o desempenho da filha, ficou assaz orgulhosa.
Com o tempo, passou a dizer aos freqüentadores do circo que a moça era sua filha.
E assim, em cada apresentação, a moça demonstrava mais tranqüilidade.
Com o passar do tempo, não sentia mais medo.
Confiava plenamente na habilidade de seu parceiro.
Odair - o dono do circo -, percebendo na moça certa habilidade no trato social, chegou a lhe perguntar certa vez, o que uma menina tão educada e de modos tão refinados, estaria fazendo trabalhando em um humilde circo, como simples parceira em um número de atirador de facas.
Miriam, tentando desconversar, respondeu que gostava do mundo do circo. Considerava-o mágico.
Nisto, com o passar do tempo, Odair sugeriu-lhe acompanhar o número do mágico do circo.
Miriam aprendeu a fazer truques, bem como anunciar os números de Alencar.
E a jovem, com todo o seu donaire, usando uma roupa mais decotada, passou a participar do número de magia.
Mirtes ao ver o traje que a filha usaria para participar do número, ficou chocada.
Considerou-o inadequado.
Tanto que argumentou com Odair que a atração era o número de magia e não a plástica de sua filha.
Odair, ao ouvir estas palavras, argumentou que a roupa serviria apenas para tornar o espetáculo mais interessante, e que não adviriam danos a sua filha.
Mirtes por sua vez, não concordou com os argumentos apresentados.
Odair porém, dizendo se tratar de uma situação transitória, prometeu que assim que fosse possível, a designaria para um trabalho ainda melhor.
Mirtes então, calou-se.
Percebendo que precisava do emprego, resolveu aceitar as condições do trabalho.
O traje, pomo da discórdia, nada mais era que um corpete, chapéu com plumas e uma pequena saia de tule.
Bem diferente do discreto traje do número das facas.
Miriam também estranhou a roupa, mas com o tempo se acostumou.
O mais difícil para ela no entanto, era vencer sua inibição natural e anunciar as atrações do mágico.
Tinha que anunciar o número do coelho tirado da cartola, da pomba, das cartas de baralho. Também participava de um número em que ficava dentro de uma caixa e a mesma era serrada e ela ficava como que dividida em várias partes.
Todos aplaudiam o número.
Alencar também fazia apresentações com lenços e objetos que surgiam aparentemente do nada.
Em dado momento, solicitava a sua assistente Miriam que o amarrasse fortemente.
O mágico em questão de segundos, se soltava.
Miriam auxiliava-o com os números.
E Alencar, com seu terno bem cortado, fazia a alegria das crianças, que ficavam encantadas com os números.
Consideravam-no um excelente mágico.
Miriam por sua vez, ficou encantada com o ritual que envolvia a apresentação.
Razão pela qual aprendeu inúmeros truques de magia.
Alencar por sua vez, pedia a todo o momento que a moça não comentasse os truques, sob pena de ferir a ética profissional.
Os segredos da profissão só competiam aos mágicos, dizia.
Com efeito, Miriam não comentava os segredos dos truques com ninguém.
Mirtes, pouco sabia do trabalho da filha, além do que podia ver nas apresentações.
A moça silenciava a respeito do assunto.
Para decepção de Mirtes que adoraria conhecer alguns truques.
Nisto, enquanto não ensaiava os números de magia, a moça aproveitava para acompanhar a dupla de palhaços do circo.
Era pura diversão.
A dupla vestida com os trajes do ensaio, parcialmente maquiados, brincavam um com o outro.
Era um cheirando uma flor que jorrava água, outro cutucando o ombro do outro para fazê-lo olhar para a direção do toque e o parceiro, tomar seu pequeno baú.
Baú que segundo o palhaço, apesar de pequeno, era desajeitado e pesado, o que fazia com que despendesse muita força para carregá-lo. Quando finalmente o palhaço conseguia desajeitadamente arrastar o baú, o mesmo empinava para um lado e caia, para desespero do mesmo.
O outro por sua vez, ficava olhando na direção em que fora cutucado e aproximava-se da platéia, como que para procurar quem tocara em seu ombro.
A platéia por sua vez, ficava a todo o momento a indicar onde se encontrava o outro palhaço, o qual ficava o tempo todo tentando desesperadamente, esconder o baú.
Finalmente, depois de algumas trapalhadas, o palhaço finalmente se depara com o parceiro arrastando seu baú.
A descoberta é cômica.
O palhaço furtado, coloca as mãos na cintura e reclama da conduta do outro palhaço.
O mesmo continua tentando empurrar a mala.
Ao perceber que foi descoberto, tenta desajeitadamente se evadir, mas seu companheiro o segura pelo braço, fazendo-o parar.
Através de pantomimas, os palhaços discutem.
Miriam chega a chorar de tanto rir. Aplaude entusiasticamente o espetáculo.
Neste momento, eis que surge um terceiro palhaço, que aparta os contendores, e por conta disto, leva um sopapo, e tonto, fica girando, girando.
Por fim, o último palhaço chama a atenção dos brigões e tudo acaba bem.
Nisto, os três se juntam as mãos e se curvam para as cadeiras.
Mais aplausos de Miriam que elogia o espetáculo.
É o Trio da Alegria, com os palhaços Feliz, Alegre e Contente.
Com o passar do tempo, Miriam já conhecedora dos números de mágica, passou a fazer pequenos números ao lado de Alencar.
O número dos lenços passou a ser executado com sua participação.
Mirtes não se cabia de contentamento.
A esta altura, a mulher além de anunciar as atrações do circo ao lado de Odair, passou a cuidar da bilheteria.
Neste tempo, já fazia quase dois anos que Mirtes e Miriam haviam chegado ao circo.
Com toda a trupe e animais, circulavam pelas cidades interioranas, levando alegria e diversão para as crianças.
A certa altura, Miriam passou a fazer exercícios no trapézio.
Mirtes, ao ouvir inicialmente a proposta, chegou a questionar a idéia, mas Miriam parecia interessada no número.
Desta forma, percebendo o interesse da filha no número, coube a mulher acostumar-se com a idéia.
Miriam subia uma escada até chegar ao trapézio, onde havia uma rede de proteção.
A moça senta-se no banco de madeira e se balançava.
Auxiliada por um parceiro, começou a exercitar-se realizando pequenos movimentos.
Certa vez, ao tentar um movimento mais brusco, perdeu o equilíbrio caindo na rede de proteção.
Foi o suficiente para Mirtes se assustar e exigir o afastamento da filha do número.
Odair, ao tomar conhecimento do incidente, procurou conversar com a mulher. Disse-lhe que fora um pequeno acidente, e que Miriam não havia se ferido.
Miriam por sua vez, assustou-se com a queda, mas pouco tempo depois retomou a preparação.
Mirtes então, sempre que via a filha se arrumando para o treino no trapézio, tentava convencê-la a desistir da idéia.
A moça porém, não estava disposta a desistir de seu intento.
E assim prosseguiu com os ensaios.
Com o tempo, passou a fazer acrobacias no trapézio, auxiliada por seu parceiro Olegário.
Lançava-se para as mãos seguras de Olegário.
Quando finalmente chegou o dia da apresentação, a moça usava um colant vermelho com lantejoulas e brilhos, meia calça e sapatilhas. Cabelos presos e enfeitados com plumas.
Olegário, também usava roupas justas no corpo.
A apresentação ocorreu de forma impecável.
Miriam dominava o trapézio.
Em que pese este fato, a jovem estava ansiosa em sua primeira apresentação.
Depois de árduos meses de preparação, a moça estava tensa.
Olegário, parceiro mais experiente, tratou de acalmá-la. Disse-lhe que faria a apresentação de forma perfeita, e que não ocorreriam problemas, pois haviam ensaiado muito.
E assim, no dia da apresentação, os palhaços em seu número, diziam:
- Hoje tem goiabada? Tem sim senhor. E o palhaço o que é? É ladrão de mulher.
A platéia respondia e ria.
Palhaços com roupas coloridas, chapéu coco que levantava sozinho, sapatos compridos, gravata larga.
Miriam acompanhava tudo através da cortina.
Mirtes, momentos antes da filha se apresentar, desejou-lhe sorte.
Disse-lhe que estava bem preparada, e que a apresentação seria um sucesso.
Em seguida, abraçou a filha e desejou-lhe novamente sorte.
Miriam agradeceu e a seguir, dirigiu-se ao picadeiro.
Auxiliada por Olegário, subiu os degraus da escadaria, e posicionou-se no trapézio.
Este por sua vez, também subiu a escadaria e posicionou-se no trapézio oposto.
Começou o espetáculo.
A dupla se movimentava no ar.
Pulavam, faziam movimentos circulares e seguravam o trapézio anteriormente impulsionado.
Em alguns momentos da apresentação, Miriam saltava de seu trapézio, sendo segurada por seu parceiro.
A cada salto, a cada pirueta, aplausos da platéia.
Por fim, ao término da apresentação, o senhor Odair cumprimentou a moça pessoalmente.
Parabenizou-a, dizendo que para quem havia começado apenas anunciando as atrações circenses, havia progredido bastante.
Miriam agradeceu.
Mirtes por sua vez, foi elogiada pelo fato de ser mãe de uma jovem bonita e valorosa.
Com isto, o espetáculo prosseguiu.
Mais palhaçadas, números de magia, a apresentação do domador com seus animais.
Ao término do espetáculo, Odair passou a contabilizar o valor das entradas e a arrecadação.
Ficou satisfeito com o resultado.
Nas apresentações seguintes, providenciou uma tabuleta onde ficou exposto o nome de Miriam como atração do circo.
Tal fato tornou-se alvo da apreensão de Miriam, que temerosa de que descobrissem o paradeiro de ambas, sugeriu que ela criasse um nome artístico.
Miriam sugeriu chamar-se Amarante.
E assim foi escrito na tabuleta.
Tamanho prestígio porém, não era bem visto por alguns empregados do circo.
Algumas pessoas ficavam enciumadas com tanta atenção.
Mirtes e Miriam, perceberam isto.
Razão pela qual procuravam se manter discretas no local.
Homero, Alencar e Olegário, amigos de Miriam, estavam sempre juntos em conversas animadas.
Odair por sua vez, passava as tardes tomando o café de Dona Mirtes.
E as viagens pelo Brasil continuavam.
Incursões pelo interior do estado de São Paulo, Rio de Janeiro, e outros estados, traziam o conhecimento de outras realidades para as mulheres.
Mirtes e Miriam, adoravam passear pelos lugares e conhecerem a igrejinha, as praças, o comércio, e os lugares aprazíveis das cidades.
Viagens geralmente realizadas para cidadezinhas do interior.
Nestes locais, o circo costuma ser a única, ou uma das poucas diversões da cidade.
Atração que fazia o encantamento das crianças, que sonhavam com este universo.
Muitas nutriam o desejo de fugirem de casa para viverem no circo.
Felipe foi um desses garotos sonhadores.
Quando o circo “Palácio dos Sonhos”, chegou na cidadezinha, foi um alvoroço só.
As atrações do circo eram anunciadas enquanto os carros atravessavam a cidade.
Ao finalmente encontraram um lugar para se instalar, os homens trataram de se reunir para montarem a lona.
Era um trabalho de horas.
Alguns moradores acompanhavam a montagem.
No circo, momentos antes da apresentação, a platéia ouvia músicas.
Década de trinta.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
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