Um dia Fabrício arrancou uma folha de uma das plantas do jardim, e Pedro lhe explicou que aquela folha era de uma rosa, e que a planta tinha muitos espinhos.
Meio sem jeito, Pedro falou que espinhos machucavam os dedos, fazendo que com Fabrício jogasse a folha no chão e saísse correndo.
Angélica, levantou-se então do banco em que estava sentada folheando uma revista, e foi verificar o que estava acontecendo.
Fabrício veio correndo ao seu encontro, chorando e dizendo:
- Tô com dodói! Tô com dodói!
A mulher olhou para as mãozinhas estendidas e segurou Fabrício no colo.
Ao verificar que não havia nenhum ferimento nas mãos da criança, disse que ele não havia se machucado. Respondeu que estava tudo bem.
Fabrício então se acalmou.
Nisto a jovem conversou com Pedro, que respondeu que só estava tentando explicar ao irmãozinho, que a folha era de uma planta que possuía espinhos.
Angélica conversou com a criança, dizendo que Fabrício era muito pequeno para entender as explicações e que por isto, se assustou com suas palavras.
Pedro olhou-a com ar de incompreensão.
Em seguida foi brincar com um peão, feito de madeira.
Com isto, Fabrício ficou durante algum tempo brincando com um carrinho de madeira.
Porém, ao ver o irmão mais velho brincando com um peão, resolveu partir ao seu encontro, pedindo para também brincar.
E assim, a harmonia voltou a reinar.
Carlos sempre que voltava do trabalho, perguntava com tinha sido o dia, se as crianças estavam bem.
Angélica contava então ao marido, sobre as reinações e traquinagens dos meninos.
No fim de semana, sempre que desejavam ficar a sós, o casal deixava as crianças sob os cuidados ou de Ângela e Francelino, ou de Diva e Odair.
Os avós adoravam a companhia dos netos. Diziam que voltavam a se ver como pais, e que era bom ver nos dois meninos, um pouco dos traços de ambos.
As crianças brincavam no jardim das mansões, brigavam, choravam e se entendiam.
Carlos e Angélica, aproveitavam para ir ao cinema.
Emocionada, a moça se encantou ao assistir ao “Filho do Sheik”, última fita realizada por Rodolfo Valentino.
Certa vez, a jovem disse ao marido, que o nascimento dos filhos e a morte de seu ídolo, lhe sinalizaram para ela que, o tempo da meninice havia passado, e que agora estava ingressando no mundo dos adultos.
Um tanto triste, disse que nada seria como antes.
De fato, o tempo passou ... os filhos cresceram.
O casal amadureceu.
Pedro e Fabrício, se tornaram jovens bonitos.
Fabrício, era um moço bastante interessado nos empreendimentos da família, sendo o braço direito de seu pai.
Já Pedro, adorava viver de brisa, freqüentando festas, boates, sem nunca se firmar em nenhum tipo de trabalho.
Pressionado por seu pai, Carlos, permanecia algum tempo na empresa da família executando algumas tarefas, para depois, cultivar o ócio.
Carlos ficava furioso com a indolência do filho.
Diversas vezes chamou-o de vagabundo.
Angélica preocupada, ouvia o marido culpá-la pelo comportamento do filho, dizendo-lhe que havia criado um sujeito imprestável.
A mulher ficava desolada.
Aborrecida, dizia que havia educado os dois filhos da mesma maneira.
Carlos então, ao notar que a ofendia, invariavelmente tentava se desculpar.
Justificava o destempero dizendo que Pedro o tirava do sério.
Pedro por sua vez, ao ouvir as recriminações do pai, ficava furioso. Como resposta, passava as noites em bares.
Lá bebia. Conversava com belas mulheres.
Boêmio, aprendeu bonitas poesias declamadas pelos poetas da noite.
Tornou-se interessante.
Em uma tarde em que resolvera ir ao cinema, o moço se deparou com um bela jovem.
A moça, estava devidamente acompanhada de um rapaz e uma menina.
Atrevido, Pedro passou a lançar olhares para moça, que ficou inicialmente constrangida pelo assédio.
O moço que a acompanhava, ficou visivelmente incomodado com os olhares lançados para a moça.
Irritado, ameaçou ir na direção de Pedro, que pareceu não se importar.
Nisto, Eduardo resolveu se aproximar, perguntando em tom ofendido:
- O que senhor quer com minha irmã?
Pedro, ao ouvir a palavra irmã, sorriu. Disse que só queria conhecer tão encantadora moça, alvo de tantos cuidados.
Eduardo ficou furioso. Dizendo que sua irmã não era uma coquete, disse que ele deveria se dar ao respeito, pois estava em um ambiente de família.
Pedro se ofendeu. Retrucou dizendo que em nenhum momento tencionara desrespeitar quem quer que fosse. Argumentou que vinha de uma ótima família, e que não estava ali para afrontar ninguém.
Nisto desculpou-se, virando as costas para Eduardo.
Aborrecido, o homem entrou na sessão de cinema.
De longe, fitou a jovem, acompanhada de seu irmão e de uma criança.
Pedro não conseguia tirar os olhos da jovem.
A moça, entretida com o filme, não percebeu os olhares do jovem.
Tampouco Eduardo.
Na saída do cinema, Pedro foi cumprimentado por dois conhecidos.
Curioso, perguntou se eles sabiam o nome da jovem que acabara de sair, acompanhada de um rapaz e de uma menina.
Um dos moços, respondeu que se tratava de Cecília, acompanhada de seu irmão Eduardo, e de sua irmãzinha Márcia.
Tentando prevenir o moço, disseram que tivesse cuidado com Eduardo, pois o moço era deveras ciumento.
Pedro retrucou dizendo que já havia percebido isto.
Os dois conhecidos riram e disseram:
- Você não tem jeito mesmo!
Luciana Celestino dos Santos
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Poesias
quinta-feira, 11 de março de 2021
A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 11
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