Poesias

sexta-feira, 19 de março de 2021

A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 40

Roberta, perseverou em seu intento de cuidar de Leonardo.
Ajudava-o a caminhar por seu apartamento, lembrava-lhe dos remédios a serem tomados.
Por conta das lesões, o moço fora afastado de seu trabalho.
Roberta não descuidava dos cuidados com Leonardo.
Contudo, a certa altura, a moça começou a sentir saudades de André.
O moço por sua vez, passou a procurá-la. Não aceitava e não compreendia o fato de Roberta havê-lo deixado.
Em certa ocasião, encontrou a moça conduzindo Leonardo pela Praça da República.
Enquanto o rapaz permanecia sentado em um canto, André chamou-a para uma conversa.
Implorou para que voltassem. Contou que sentira sua falta e que não entendia a separação. Argumentou que o que Roberta sentia era piedade.
A moça por sua vez, respondeu que gostava do marido.
André, ao ouvir a palavra gostar, mencionou que gostar não era amar.
Roberta tentou desconversar, mas o moço não aceitou suas desculpas.
Contudo, como a mulher insistisse para que fosse embora, André ficou desolado.
Afastou-se.
Mohamed, depois de algumas semanas, aportou no Brasil, acompanhado de sua avó Samira.
Josie, ao ver o grupo, perguntou de Fabrício.
Mohamed comentou que ele chegaria mais tarde.
Nisto a moça convidou o rapaz e a senhora para passearem pela cidade de São Paulo.
Josie caminhou com eles pela Avenida Paulista, mostrou-lhes o Parque Trianon, o MASP.
Em outro passeio, visitaram o centro velho, o Vale do Anhagabaú, o Teatro Municipal, o Páteo do Colégio, o Solar da Marquesa de Santos, o Prédio do Banespa.
Samira admirou-se com os decotes das mulheres.
A muçulmana, usando túnica e véu, também chamou a atenção dos passantes.
Sua aparência se afigurava exótica na paisagem paulistana.
Com efeito, o grupo que seguiu Mohamed e Samira, ficaram hospedados no mesmo hotel.
Josie propôs hospedagem para o rapaz e a senhora, mas ele recusou a proposta.
Disse que não ficava bem, ficar hospedado na casa dela.
A moça aceitou a posição do jovem.
Dias depois, Mohamed, acompanhando a moça em um jantar, ofereceu um exuberante anel de brilhantes.
Josie e Mohamed, comeram um medalhão ao molho madeira.
Bebericaram um vinho tinto.
Após a refeiçao, o muçulmano pediu a jovem em casamento.
Josie, ao ver a jóia em seu dedo, sentiu um arrepio.
Sua expressão era de apreensão.
Mohamed, percebendo a tensão da moça, perguntou-lhe se estava bem.
Josie perguntou-lhe se havia realmente necessidade de se casarem.
O jovem muçulmano espantou-se com a pergunta. Indagou se ela não gostaria de casar-se com ele.
Mohamed respondeu que estava seguindo os ritos de sua cultura.
Josie respondeu-lhe que noivados lhe traziam más recordações. Comentou que já havia passado uma situação semelhante, sem final feliz.
Mohamed notando que a jovem falava de seu antigo namorado, salientou que ele não estava nem um pouco interessado em morrer.
Brincando, disse que precisou esperar muito tempo para encontrar uma pessoa especial, para se separar dela.
Josie aborreceu-se com a brincadeira.
Respondeu magoada que Olavo não planejou sua morte, e que ela chegava sem aviso.
O moço então, tentando consolar a moça, comentou que entendia sua preocupação e que podia imaginar seu sofrimento. E, dizendo que estava enciumado, aconselhou-a a não pensar mais nisto.
Segurando suas mãos, disse que estava tentando fazer as coisas da forma como entendia serem corretas.
Prometeu que o casamento seria um evento especial, e que ela seria muito feliz ao seu lado.
Com isto, insistiu para que ela aceitasse o enlace.
Josie concordou.
Quando Samira soube da novidade, parabenizou o neto.
Mais tarde, ele e Samira, acompanharam Josie em um almoço.
Samira, desacostumada com os hábitos alimentares ocidentais, estranhou bastante a culinária brasileira.
Josie comentou que sentiu o mesmo estranhamento com os pratos árabes. A despeito de os acharem deliciosos.
Dias mais tarde, Fabrício chegou ao Brasil.
Visitou a moça.
Mohamed foi buscá-lo no aeroporto.
Com efeito, ao rever Josie, Fabrício foi informado que a moça estava noiva de Mohamed.
Samira por sua vez, comentou que precisavam fazer uma festa para celebrar o noivado.
Fabrício respondeu que aquela circunstância o fazia se recordar de seu casamento com Cecília.
Ao ouvir o nome, Josie respondeu novamente que este era o mesmo nome de sua avó.
Curioso, o homem comentou que ela já havia falado de uma parente com este nome. Perguntou-lhe se realmente não sabia detalhes sobre a mulher.
Josie respondeu que não sabia nada sobre ela. Nem sabia ao certo se Cecília seria de fato sua avó, ou teria outro grau de parentesco.
Fabrício perguntou-lhe se sabia a origem da mulher.
Josie respondeu que ela era uruguaia, já que seus pais, eram naturais daquele país.
Fabrício ao ouvir a palavra uruguaia, ficou surpreso. Por um momento pensou que estava diante de uma familiar.
Trêmulo, perguntou a moça, seu sobrenome.
Jose respondeu que era Andrade Camargo.
Emocionado, Fabrício perguntou-lhe seu nome completo.
Estranhando a pergunta, ainda assim, a moça respondeu que chamava-se Maria Josefa Andrade Camargo.
Fabrício indagou sobre o nome de seus pais.
- Carolina Andrade Camargo e Heitor Dias Camargo. Uruguaios, se conheceram no país. Casaram-se e mudaram-se para o Brasil.
Fabrício ficou perplexo.
Comentou que durante anos, gastara dinheiro com detetives, ávidos por descobrir o paradeiro da única filha que tivera com Cecília.
Explicou-lhe que sua filha Carolina, casou-se com um moço de nome Heitor, de idéias revolucionárias e mudou-se com o marido para outro país. Rumaram para o Brasil.
Fabrício relatou que descobriu que o casal se estabeleceu no país, depois do moço se envolver com questões políticas no Uruguai. O homem comentou que Heitor, começou a ser visado por suas opiniões políticas, bastante conhecidas.
No Brasil, perdera o contato com a moça. Disse que precisou vender sua propriedade no Uruguai, e que depois da mudança do casal para o país, nunca mais tivera contato com eles. Mencionou que a esposa se ressentiu do fato, e que morrera sem conseguir rever a filha.
Ao proferir estas últimas palavras, o homem ficou visivelmente emocionado.
Mohamed ao perceber isto, abraçou o amigo.
Samira providenciou um copo com água.
Com isto, mais calmo, Fabrício retomou a conversa.
Samira recomendou que deixasse o assunto para mais tarde.
Fabrício contudo, insistiu para continuar.
Josie perguntou então, se fazia muito tempo que Cecília falecera.
O homem respondeu que já fazia quase dez anos.
Curioso, perguntou a jovem sobre Carolina e Heitor.
Josie por sua vez, respondeu emocionada, que eles haviam falecido a cerca de quatro anos.
Ao ouvir isto, homem caiu em prantos.
A moça por sua vez, percebendo a tristeza do homem, sentiu correr lágrimas de seus olhos.
Samira, percebendo que Fabrício e Josie precisavam ficar a sós, pediu licença, e acompanhada de Mohamed, retirou-se da sala.
Nisto o homem comentou que sempre que descobria alguma pista sobre o casal, Carolina e Heitor mudavam de endereço. Argumentou que neste meio tempo, descobriu que o casal teve uma filha, mas não sabia o seu nome.
Josie comentou que eles sofreram um acidente de carro. Triste, comentou que Olavo falecera de forma muito semelhante aos pais.
Fabrício ao ouvir as palavras da moça, disse:
- Pobre moça! Tão sozinha no mundo. Mas agora você não está mais sozinha! Você vai ser feliz ao lado de seu jovem árabe, como eu fui ao lado de Cecília.
Ao ouvir isto, o semblante de Josie se iluminou.
Nisto Fabrício comentou que mesmo ao perder o contato com a filha, não deixou de viver momentos felizes ao lado da esposa.
Comentou que a moça fora casada com seu irmão mais velho, já falecido, e de nome Pedro. Mencionou que do primeiro casamento de Cecília havia Eli e Francisco. Casados, pais de filhos adultos já casados, e avós.
Curiosa, Josie perguntou-lhe por que saiu do Uruguai.
Fabrício contou-lhe então que rumara para o país com Cecília, para poder se casar com a moça, já que no Brasil não havia divórcio. Casaram-se na Argentina e viveram no Uruguai. O homem contou ainda, que precisou se afastar da família para poder viver com a moça.
Explicou que sua mãe entendeu que ele agia daquela forma movido pelo amor que sentia pela mulher. Seu pai, porém, nunca aceitou a união.
Fabrício comentou pesaroso, não conseguiu se despedir dos pais. Morreram sem que ele tivesse tempo para uma última despedida.
Dias depois, Josie acompanhou Fabrício até o cemitério.
O homem mostrou a moça os jazigos das famílias Camargo e Andrade.
Fabrício falou-lhe sobre a mãe, Angélica; sobre sua avó, Ângela.
Contou a moça sobre a história da família.
Josie, ao término da visitação ao cemitério, comentou que já havia passado por aquelas quadras, sem nunca imaginar que aquelas pessoas ali enterradas, poderiam ser seus parentes.
Fabrício brincou com a moça, dizendo-lhe que o passado batia a sua porta.
Josie achou graça.
Contou-lhe que Cecília no Uruguai, recebeu visita dos pais Eleanor e Irineu. Que eles, com o tempo, acabaram aceitando a nova família, e a filha do casal, Carolina.
Fabrício lamentou-se por não haver conhecido a neta a mais tempo.
Josie por sua vez, mostrou-lhe o túmulo de seus pais.
Mais tarde, a moça mostrou-lhe fotos dos pais. Do casamento.
Fabrício ao ver as fotos, falou a moça que também fora fotografado no casamento. E assim, indicou para Josie onde estava, e quem era Cecília.
A jovem ficou encantada ao conhecer, ainda que pelas fotos, a imagem de sua avó.
Fabrício comentou que nesta época, ela devia ter uns cinqüenta anos. Era final dos anos setentas.
Fabrício indicou onde seus tios Eli e Francisco estavam.
Irineu e Eleanor também compareceram ao casamento da neta.
Foi uma tarde de rememorações, de lembranças.
Josie ouvia a tudo encantada.
Conheceu a história da bisavó Angélica e de suas desventuras amorosas.
Descobriu pela boca de Fabrício, que Carlos tinha ciúmes do primeiro namorado de Angélica, um tal de Herculano. Fabrício lhe contou que os primeiros tempos de casada não foram fáceis.
Carlos era um homem extremamente possessivo.
Josie, ao ouvir os relatos de brigas do casal, ficou espantada.
Admirou-se em saber pelo que as mulheres passavam.
Fabrício comentou ainda, que apesar das dificuldades de início, Angélica foi feliz com Carlos.
Durante a noite, com a cabeça repleta das imagens que construíra para um passado que desconhecia, a moça sonhou.
Sonhou com Cecília e seu avô Fabrício.
Por um instante, teve a sensação de tê-los diante de si.
Viu-se diante de uma luxuosa mansão em um lugar que desconhecia.
Na noite seguinte, sonhou com Angélica. A moça parecia se preparar para encontrar-se com um pretendente.
No momento a seguir, a jovem, vestida como uma melindrosa, estava conversando com um rapaz, no qual parecia muito interessada.
Em seguida surgiu um outro rapaz, nervoso, ávido por explicações.
Quando Josie comentou os sonhos com Fabrício, o homem pediu-lhe detalhes dos sonhos.
A moça respondeu então, a cada pergunta do avô.
Fabrício por sua vez, ao ouvir as respostas, ficou tomado de espanto.
Isto por que, Josie explicava com detalhes a decoração da casa em que ele vivera no Uruguai, detalhes da mansão em que Angélica morou antes de se casar com Carlos.
Josie parecia segura em explicar os detalhes.
Fabrício curioso, perguntou-lhe se Carolina havia lhe contado detalhes de como era a mansão no Uruguai.
A moça respondeu-lhe então, que sua mãe evitava falar de seu passado. Razão pela qual não conhecia a história de seus ancestrais. Contudo, às vezes, aparentemente tomada pela saudade, a mulher comentava que morou numa bela casa no Uruguai.
No entanto, não revelava detalhes.
Mohamed também ficou impressionado com o detalhe das respostas da moça. Respondeu que aquela precisão com que mencionava os detalhes decorativos, era típica de quem havia habitado aquelas moradas.
Fabrício surpreendeu-se com as palavras do amigo.
Mohamed respondeu-lhe que os antigos egípcios acreditavam que havia outra vida depois da morte.
Fabrício argumentou que aquilo o muçulmano lhe dissera, mais parecia doutrina sobre a reencarnação, do que uma teoria sobre a vida eterna.
Ao ouvir isto, Mohamed perguntou-lhe se acreditava em reencarnação.
Fabrício respondeu-lhe que não acreditava em religião.
Ao ouvir isto, Mohamed respondeu:
- Isto vai mal. Isto vai mal.
Samira perguntou a moça se já havia sonhado com aqueles lugares antes.
Josie respondeu que não.
Com isto, a jovem continuou a sonhar com pessoas, lugares e propriedades que não conhecia.
Aflita com estes sonhos, a moça resolveu se submeter a uma terapia.
Não sob protestos de Mohamed e Fabrício, os quais consideravam aquilo tudo uma bobagem.
Josie porém, argumentou que nos últimos tempos não vinha conseguindo dormir direito em virtude daqueles sonhos, os quais, após os relatos de Fabrício, se tornaram recorrentes.
E assim, a moça se submeteu a terapia.
Durante a sessão, a moça se viu jovenzinha, sonhadora, admiradora de filmes mudos e de seus astros.
Se viu encantada com os filmes de Rodolfo Valentino, Theda Bara, Douglas Fairbanks, entre outros.
Percebeu que possuía uma predileção especial por Valentino.
Possuía duas amigas, de nome Lúcia e Cláudia.
Na cena seguinte, se viu conversando com o mesmo moço com quem sonhara.
Ao perceber isto, Josie ficou perplexa.
Descobriu que o nome do rapaz era Herculano.
Constatou que fora muito apaixonada pelo rapaz, mas ele a abandonara.
O terapeuta perguntou-lhe o porquê da separação.
Josie explicou-lhe que via Herculano, um rapaz de nome Carlos e seu pai - Francelino.
Contou ao terapeuta que via seu pai e Carlos tomando satisfações com o moço. Relatou que Carlos deu uns safanões em Herculano, que saiu correndo.
Mencionou que nunca mais tornaram a se ver.
Josie relatou que se chamava Angélica, e que sofrera muito com o sumiço de Herculano.
Raivosa, teve dificuldades em aceitar Carlos como seu noivo, e posteriormente como seu marido.
O terapeuta lhe fez mais algumas perguntas.
Josie respondeu que demorou, mas acabou aceitando Carlos como marido.
Disse-lhe que aprendeu a amá-lo.
Enquanto as imagens se apresentavam como um filme, Josie comentou que se lamentava da ausência de seu filho Fabrício, e que Pedro havia optado por viver uma vida dissoluta. Contou chorando que Pedro morrera sozinho, e que nunca mais viu Fabrício. Argumentou que Carlos era muito duro com o filho.
Mencionou o recebimento de cartas de Fabrício, as quais recebia longe dos olhos de Carlos, relatando que se entendera com Cecília. Que casaram-se. Ficou feliz ao saber que o casal tivera uma filha. A qual lamentavelmente, não pode conhecer.
Com isto, ao dizer que a moça chamava-se Carolina, foi despertada pelo terapeuta.
Ao despertar, Josie ficou surpresa.
Perplexa, perguntou ao terapeuta se fora avó de sua mãe.
O homem respondeu-lhe que a vida era um ir e vir sucessivo, e que as águas de um rio, não permaneciam estagnadas.
Argumentou que o mundo é devir, é movimento, mudança.
Razão pela qual, em uma encarnação, alguém que fora pai, avô, bisavô, trisavô de outrem, poderia perfeitamente retornar como filho, neto, desta pessoa.
Percebendo a incredulidade da moça, o terapeuta disse-lhe para que refletisse sobre a sessão.
Mencionou que o tempo lhe daria as respostas que faltavam e que veria tudo se encaixar perfeitamente, como se fora um jogo de quebra-cabeça.
Com isto, o homem perguntou a Josie, por que se interessara em realizar sessões da terapia.
A moça repetiu-lhe a história dos sonhos recorrentes.
O terapeuta respondeu-lhe isto, ela havia lhe dito no começo da sessão.
Josie, ao ouvir tais palavras, ficou pensativa.
Depois de algum tempo, respondeu que gostaria de entender seu passado. Revelou que fizera as sessões mais por curiosidade, do que por qualquer outro motivo. Relatou que gostaria de saber mais sobre sua família.
Perplexa, relatou que não esperava descobrir que fora uma dessas pessoas.
O terapeuta elogiou-lhe a coragem.
Josie respondeu-lhe que não era um ato de coragem e sim uma questão de entendimento.
Nisto a moça despediu-se do terapeuta.
Conversou tempos depois com Fabrício, a respeito da terapia.
Josie comentou que precisou realizar cinco sessões para finalmente conseguir ver algo.
Relatou que depois de uma certa insistência, conseguiu descobrir e entender algumas coisas.
Fabrício perguntou-lhe sobre a sessão, mas Josie respondeu que ainda não poderia lhe contar detalhes da mesma.
O homem entendeu.
Mais tarde, ao submeter-se a uma nova sessão, Josie reviu-se criança, adolescente e adulta.
Reviu-se feliz ao lado de Olavo.
Reviu cenas vividas ao lado do moço.
Recordações que lhe faziam sorrir.
Em dado momento, relembrou-se do falecimento do rapaz.
Viu o carro do moço.
Desesperou-se.
O terapeuta, ao ver a jovem em prantos, pediu para que se recordasse das semanas seguintes.
Josie recordou-se do tempo de luto, da tristeza, do rompante que tivera, pedindo ao chefe para viajar a trabalho para o Egito.
A partir daí, relembrou-se do encontro com Fabrício, a relação conflituosa com Mohamed, a amizade com Samira.
Josie, envolvida em recordações, comentou com o terapeuta, que relembrar-se daquelas imagens, a faziam se recordar do passado.
O terapeuta, percebendo o estado de confusão da moça, pediu para que ela se recordasse de tudo com calma.
Josie então, tentando concatenar suas idéias, disse que o comportamento gentil de Olavo, a faziam se recordar das maneiras românticas de Herculano.
Pensando um pouco mais, veio a sua mente, a idéia de que Mohamed era bastante parecido com Carlos.
O terapeuta então, perguntou-lhe o porquê daquela associação.
Josie, em seu transe, comentou sentir que havia um plano para tudo o que acontecera em sua vida, e que a vinda de Olavo e Mohamed, não foram aleatórias.
Confusa, Josie não conseguia detalhar mais a situação.
Circunstância que fez com o terapeuta, pedisse auxílio do mentor da jovem.
Nisto, ao término da sessão, o homem disse-lhe para que despertasse.
Josie, ao despertar, olhou espantada para o terapeuta.
O homem perguntando-lhe se ela se lembrava do que havia acontecido, fez com que Josie se atentasse aos detalhes da sessão. Explicou-lhe que havia de fato um plano em sua vida, e que a chegada dos dois homens, faziam parte de um plano maior, de resgate de dívidas pretéritas.
Josie ouvia a tudo atentamente.
O terapeuta, explicou-lhe conforme o que dissera o mentor, Josie havia se envolvido com os homens em outra encarnação, e em outra circunstância.
Herculano, por haver lhe abandonado, precisou passar pela experiência de perdê-la para outro rapaz, que em outra encarnação, foi seu marido, Carlos.
Carlos por sua vez, encarnado como Mohamed, agressivo, tentando aprender a domar seu temperamento irascível.
Josie neste momento, perguntou ao terapeuta por que Olavo havia morrido de forma tão violenta.
O homem respondeu que também tratava-se de um resgate de um débito não só com Josie, mas todas as outras pessoas que magoou, e com um rapaz, de quem acidentalmente tirou a vida, em um acidente de carro, em circunstâncias semelhantes.
Josie argumentou que ela também sofreu com a separação.
Ao ouvir isto, o terapeuta sorriu. Argumentou que sem o afeto sincero, Olavo não teria o conhecimento do que era ser amado, e também amar. Era necessário o encontro. Mencionou que não cabia questionamento dos planos criados do alto, mas que existe a possibilidade de escolha.
Contudo, aquilo que nos é destinado, é endereçado para nós, e fugindo da prova, haverá necessidade de novamente passar pela mesma experiência, prolongando o sofrimento.
Nisto, o homem perguntou-lhe se estava bem.
Josie balançou a cabeça afirmativamente.
O terapeuta, falou-lhe que estava liberada das sessões.
Mencionou que estava satisfeito com os resultados. Relatou que ela tivera o raro privilégio de retornar ao passado e fazer as pazes com ele, com vistas a construir novas bases para o futuro. Recomendou-lhe que não se lamentasse do passado que tivera, nem nesta, nem em qualquer outra vida. Relatou que tudo faz parte de um longo processo de aprendizagem a que todos estão submetidos. Não há como escapar.
Disse-lhe que sabia da tristeza da moça por haver perdido os pais de maneira inesperada, e que Olavo estava bem.
O homem respondeu que seu mentor revelara que em uma nova vinda a Terra, Josie retornaria em melhores condições, se atendesse aos reclamos de evolução e aprimoramento, aprendendo a se conciliar com Mohamed, e ensinando-lhe a ver a vida de forma menos radical.
Falou-lhe que teria a oportunidade de neste momento, conviver com os seus, e resgatar bonitas histórias de seu passado.
Argumentou que o passado, faz parte de nossas vidas, assim como o presente, e os planos que fazemos para o futuro.
Josie agradeceu o homem, que por fim, liberou-a.
Disse que não havia necessidade de retornar mais.
Mais tarde, conversando com Fabrício, a moça contou-lhe detalhes das sessões.
Relatou a angústia por não obtido êxito nas primeiras sessões.
Contou-lhe os progressos sentidos nas sessões seguintes.
Relatou que após os insucessos sucessivos, o terapeuta recomendou-lhe que não ficasse tão ansiosa com a terapia. Que pensasse em coisas diferentes, que procurasse ficar tranqüila.
Josie comentou que recordou-se da história que Fabrício lhe contou sobre Cecília, de sua música preferida.
A moça contou que nestes momentos, se recordou da música e começou a ouvi-la em seu coração. Relatou que a canção nunca mais seria esquecida por ela.
Fabrício, ao ouvir as delicadas palavras proferidas por Josie, ficou visivelmente emocionado.
Com o passar do tempo, Mohamed disse-lhe que estava há muito tempo longe de sua casa, e que precisava retornar ao país, para administrar seus negócios.
Conversando com a moça, perguntou-lhe sobre o casamento.
Josie respondeu que havia voltado a trabalhar com Medeiros, e que não poderia deixar o emprego de um momento para outro.
Mohamed, um pouco contrariado, procurou entender.
Josie então, explicou-lhe que pretendia continuar trabalhando, mas sabia que precisaria fazê-lo em outro país.
Mohamed concordou em esperar que a moça pedisse demissão ao homem, que se despedisse de suas amigas. Enfim, que regularizasse sua situação para retornar ao Egito.
Disse-lhe que ela poderia providenciar tudo o que precisasse com calma. Pediu apenas para que não demorasse muito.
Nisto, o moço retornou ao Egito, com sua avó, Samira.
Enquanto isto, a certa altura, Roberta decidiu ter uma conversa definitiva com Leonardo.
Dizendo-lhe que estava cansada de agüentar suas ofensas, respondeu-lhe que estava tentando se desculpar por todo o mal que lhe causara. Argumentou que não tivera a intenção de ofendê-lo, e que só não comunicou sobre sua relação com André, por que não conseguia se comunicar com ele.
Falou-lhe que era uma pessoa impulsiva, mas que ele também não era uma pessoa fácil.
Leonardo retrucou dizendo que um casamento não era composto apenas de momentos felizes.
Roberta concordou.
- De fato, a coisa que eu menos venho tendo nos últimos meses, são momentos felizes! Lamento dizer, mas ultimamente, só tenho tido aborrecimentos.
Leonardo, ao ouvir isto, ficou chocado.
Argumentou não haver pedido para que ela cuidasse dele.
Roberta concordou. Respondeu-lhe que de fato, havia ficado todo este tempo cuidando dele, sacrificando inclusive seu emprego, posto que havia pedido licença, por sua própria iniciativa.
Retrucou porém, que estava de fato cansada.
Leonardo por sua vez, disse-lhe que ela estava sempre enfastiada, e que agora seria muito cômodo, abandoná-lo, como já fizera uma vez.
Roberta, ao ouvir estas palavras, ficou furiosa.
Mencionou que nunca o abandonou, e que quem havia saído bruscamente de sua vida, arriscando-se inclusive a morrer para cobrir uma guerra estúpida, não fora ela.
Ressalvou que assim, como não o abandonara da primeira vez, não o faria desta.
Contudo, não estava mais disposta a continuar casada com ele.
Com isto, dirigiu-se a um dos quartos e começou a arrumar seus pertences. Retirou do armário: roupas, sapatos, acessórios, produtos de beleza, etc.
Leonardo, que caminhava com dificuldade e que havia sofrido séria perda de visão, foi até o quarto onde a moça estava.
Ao perceber que a moça arrumava suas malas, perguntou-lhe se iria mesmo embora.
Roberta respondeu afirmativamente.
Leonardo, percebendo isto, perguntou a ela, quem chamaria para auxiliá-lo.
Roberta respondeu que ele não precisaria se preocupar, pois teria uma enfermeira para auxiliá-lo.
O rapaz, ao ouvir isto, tentou segurar no braço da moça. Aflito, pediu para que ela não fosse embora.
Roberta, ao ver o moço diante de si, convalescente, penalizou-se.
Por um momento vacilou.
Mas, recordando-se das palavras de Josie, encheu-se de coragem e respondeu:
- Lamento! Mas não posso permanecer aqui. Nossa convivência não é boa. Só vivemos amargurados um com o outro. Isto não é bom para mim, e tampouco para você, que precisa de paz para se recuperar... Me desculpe por isto. Desculpe-me por tudo o que você acha que eu fiz de errado. Mas eu acredito que se possuía algum débito com você, todos estes meses em que passei a seu lado, procurando de todo o coração ajudá-lo, me redimiram das minhas faltas. Se não de todas, ao menos de grande parte delas.
Nisto a moça beijou o rosto do homem.
Disse-lhe que gostava muito dele e que ele era alguém por quem tinha muita admiração e ótimas lembranças. Afirmou que nunca se esqueceria dele.
Antes de sair do apartamento, falou-lhe que gostaria muito de ser sua amiga, mas entenderia se ele nunca mais quisesse vê-la.
E assim, Roberta, deixou Leonardo sozinho no apartamento.
Cuidadosa, contratou os serviços de uma enfermeira. Informou-lhe tudo o que precisava fazer.
Mas Leonardo preferia a companhia de uma pessoa amiga.
Contudo, como Roberta não estava mais disposta a conviver com sua amargura.
E assim, Leonardo teve que aceitar os cuidados de uma enfermeira.
Tempos depois, já caminhando sem o auxílio de uma muleta, o jovem foi adaptado a função de redator. Continuou a sua atividade jornalista produzindo editoriais, mas não pode mais realizar reportagens externas.
Com o tempo, passou a ter uma vida independente.
Vivia sozinho.
Tempos depois, acabou arrumando uma namorada.
Roberta por sua vez, foi ao encontro de André, e desculpando-se, explicou ao moço que precisava ajudar Leonardo, ou não conseguiria viver em paz.
André, aceitou suas desculpas.
Mas disse-lhe que não inventasse mais nenhum motivo para se afastar dele.
Roberta sorriu e abraçou-o.
Tempos depois, casaram-se.
Já divorciada de Leonardo, a moça casou-se com André.
Leonardo, acompanhado de sua namorada, acompanhou o casamento da ex-mulher.
Para surpresa de todos, chegou até a cumprimentá-la.
Conversando a sós com a moça, desejou-lhe muitas felicidades.
Cumprimentou o noivo também.
Quando Josie soube do casamento e de que Roberta havia se acertado com Leonardo, ficou deveras contente.
Com efeito, quando a moça retornou ao Egito, Mohamed a aguardava ansioso.
Aflito, reclamou de sua demora para retornar ao país.
Josie por sua vez, antes de retornar ao Egito, acompanhou Fabrício em sua viagem ao Uruguai.
Lá, o homem mostrou a mansão onde viveu ao lado de Cecília durante os primeiros anos de casados.
Rumando para a capital do país, Fabrício mostrou a moça a casa onde viveu parte de seus anos de casados.
O homem apresentou a jovem aos filhos de criação, Eli e Francisco.
Emocionado, Fabrício disse-lhe que eram seus filhos de coração.
Contou aos moços que Josie era filha da irmã deles. De Carolina.
Os homens, ao saberem disto, perguntaram da irmã.
Nisto, quando souberam que ela e o marido faleceram anos antes, Eli e Francisco se lamentaram.
Disseram que não tiveram nenhuma chance de se despedirem da moça.
Por fim, a dupla se despediu da família e rumou para a África.
Durante a viagem, o homem respondeu que realizou um testamento, deixando parte de seus bens para Josie.
A moça, ao ouvir isto, respondeu que não estava interessada em seu patrimônio.
Fabrício por sua vez, protestou.
Argumentou que deixaria parte dos bens para ela, concordando ou não. Comentou que Eli e Francisco não ficariam desamparados, posto que haviam recebido a herança da mãe, e que também receberiam metade de sua herança.
Argumentou que não aceitaria recusas.
Completou dizendo que estava velho, e que não havia mais tempo para fazer cerimônias.
Razão pela qual estava realizando tudo o que tinha vontade, em seus últimos anos.
Relatou que não gostaria de deixar nada pela metade, e tampouco partir com a sensação de que poderia ter feito mais.
Mais tarde, ao chegar no aeroporto, e ao vê-la saindo pelo portão de saída, Mohamed abraçou-a e levou-a para casa.
Ao chegar em sua casa, a moça foi recebida por Samira, e pela criadagem.
Samara felicitou-a pelo noivado.
Com isto, Samira organizou um almoço especial, em comemoração ao futuro casamento do neto.
Com isto, foi formalizado o katb al-kitab - o contrato formal do casamento -, quando então Josie recebeu o shabka – presente – de Mohamed.
Presente este, consistente em muitas jóias em ouro e diamantes.
O moço, ao presentear-lhe com as jóias, comentou que eram o seu dote.
Argumentou que como não poderia discutir o valor do dote com os pais da moça, conversou com sua avó e chegou ao consenso de Josie deveria receber a maior quantidade de jóias possível.
Com isto, argumentou que tudo o que oferecia era pouco para ela, mas que aos poucos ela iria aumentar a quantidade de jóias que iria ter.
Mohamed comentou que as mulheres podiam ser muito pobres, mas estavam sempre ornamentadas de jóias, as quais funcionavam como uma espécie de seguro, em caso de necessidade.
Nessa ocasião, foi oficializado o noivado, com a leitura da fatihah, capítulo de abertura do Corão.
Mohamed, que já era dono do imóvel em que morava, perguntou a Josie, se ela gostaria de modificar algum detalhe da decoração.
O moço, ao ver a moça constrangida, comentou que ela poderia colocar uma poltrona, ou qualquer móvel ocidental, que achasse necessário. Disse que se a moça quisesse, poderia modificar toda a decoração da casa.
Brincando, disse que a família da mulher, competia cuidar destes detalhes.
Em seguida, Samira se ocupou dos preparativos da festa.
Samira escolheu os doces e os enfeites que iriam guarnecer as mesas, e encher os olhos dos convidados.
Mohamed providenciou uma carruagem para transportar a moça.
Quando finalmente chegou o dia do casamento, Josie, usando um longo vestido branco e um bonito véu repleto de pedrarias, foi conduzida a um carro todo ornamentado de flores variadas e fitas coloridas.
A festividade começou com uma procissão na rua, denominada saffa, na qual são utilizados tambores, tamboris e trompetes, produzindo uma música com muito ritmo e energia.
Josie por sua vez, achou tudo muito curioso.
Samira durante as semanas que antecederam o casamento, explicou-lhe os costumes e detalhes das cerimônias de casamento no Egito. Disse-lhe que estava ingressando em um outro mundo, diferente do que estava acostumada.
Nisto, as mulheres passaram a emitir um grito característico, o zagharit, como um trinado.
Som que se obtém ao se agitar rapidamente a língua.
Em seguida, a frente da procissão, vieram músicos e dançarinos, vestidos com roupas brancas e vermelhas.
As damas de honra, em número de doze, vestiam-se com roupas brancas e carregavam candelabros adornados com fitas e flores.
Marcharam ao lado dos noivos, seis de cada lado.
Ademais, uma menina ricamente vestida, à frente da zaffa, jogou pétalas de rosas vermelhas sobre os noivos.
Fizeram um pequeno percurso a pé, até o local da recepção.
Lá, o casal trocou cumprimentos com os convidados, que os felicitaram pelo matrimônio, para em seguida, se dirigirem à kosha.
A kosha, não é nada mais, nada menos, do que uma poltrona prateada com grinaldas de flores, no alto de uma plataforma, utilizada para uma melhor vista do salão e dos convidados.
Josie, ao lado de Mohamed, apreciaram a elegância do salão, as danças, e a cantoria.
Músicos utilizaram-se do al oud, de sonoridade exótica para uma Josie, que aos poucos, parecia se acostumar com as melodias.
Josie acompanhou uma apresentação de dança do ventre.
Usufruíram de um rico salão e de muitas comidas típicas da região.
Samira orientou os empregados na elaboração do cardápio.
Cuidou dos detalhes de um imenso bolo de casamento.
A festa durou três dias, e a cada dia, Josie trocou o vestido.
Fabrício, ao ver a moça se preparando para o matrimônio, desejou-lhe toda a felicidade do mundo. Comentou que fazia votos para que ela fosse tão feliz em seu casamento, quanto ele o fora no dele.
Josie prometeu que faria o possível para fazer daquela união, um momento feliz em sua vida.
Abraçou o homem que admirava, e chamou-o de avô.
Com isto, após a recepção, os noivos passaram juntos a lailat al-dokla - a primeira noite -, em um hotel do Egito.
Mohamed explicou a moça, que era de mau agouro passar a primeira noite na mesma casa que foi dos pais.
Com isto, devidamente orientada por Samira, Josie presenteou o então marido, com um bonito pijama de seda, e ela recebeu mais uma peça de jóia do moço.
Josie, ciente dos costumes egípcios, confidenciou ao moço, que ele não poderia esperar dela, o mesmo padrão de comportamento das mulheres egípcias. Argumentou que não nascera no país, e que portanto não tinha obrigação de seguir aquela cultura.
Mohamed, ao perceber o que a jovem estava tentando lhe dizer, comentou que ao escolhe-la como esposa, sabia que estaria abrindo mão de uma série de preceitos inerentes a sua cultura.
Com efeito, num raro gesto de compreensão e brandura, o homem respondeu que assim como ela, não era uma pessoa desprovida de esclarecimento e sabia que não poderia exigir dela, o mesmo que seria exigido de uma noiva egípcia.
Mohamed por fim, disse-lhe para que não se preocupasse com nada.
Com isto, tomou a moça nos braços. Beijou-a.
Depois, olhando-a nos olhos, disse-lhe que não se importava com o passado da moça, pois estava preocupado com o futuro que tinham a sua frente.
Respondeu que os homens que passaram por sua vida, viveram o seu passado, e que ele viveria o futuro com ela.
Lucineide e Roberta, acompanhada de André, acompanharam o casamento.
Josie antes de se casar, sonhou com Olavo dizendo-lhe que fosse feliz.
Impressionada com o sonho, Josie relatou o fato as amigas.
Fabrício também tomou conhecimento da história.
Receoso, orientou Josie a não comentar o sonho com Mohamed. Argumentou que ele poderia não entender.
Josie prometeu que não falaria sobre Olavo na presença de Mohamed.
E assim, o casal foi feliz, durante o breve instante das felicidades momentâneas, mas freqüentes.
Tiveram seus momentos de alegria, outros de tristeza.
Sofreram perdas como a de Fabrício, e de Samira.
Mas também construíram juntos uma família.
Sara e Ester, se tornaram as jóias preciosas de Josie, que sempre ganhava algum presente do marido.
Samira e Fabrício por sua vez, tiveram tempo de conhecer as crianças, antes de falecerem.
Josie passou a trabalhar para um jornal egípcio. Fazia matérias sobre comportamento.
De vez em quando retornava ao Brasil, onde revia os amigos, como Medeiros.
Um dia, visitou a vinícola pertencente a família de Olavo.
Mostrou ao casal Otaviano e Vilma, as filhas e seu marido, um egípcio de nome Mohamed.
Vilma por sua vez, contou-lhe que Otávio vinha tocando a vinícola e estava casado.
Um pouco consolada, comentou que já tinha netos.
Mencionou que os meninos eram a luz de sua vida.
Emocionada, comentou que um deles lembrava muito o jeito de Olavo, e que se não fossem aquelas crianças, já não veria mais sentido na vida.
Josie comovida abraçou-a.
Disse-lhe que Olavo estava bem, que não tinha nenhuma dúvida disto.
Mais tarde, Josie e sua família despediram-se do casal.
A mulher, comentou que agora vivia no Egito e quando podia, retornava ao Brasil.
Vilma por sua vez, disse-lhe que gostaria de continuar a ter contato com a moça.
Josie deixou-lhe então seu email e telefone.
Mais tarde, Josie e sua família seguiram para o Uruguai.
Lá, a moça reviu seus tios Eli e Francisco, além de seus primos.
Juntos, choraram a morte de Fabrício, que ao falecer, teve o corpo trasladado para o Uruguai.
Nesta época, Josie também foi ao Brasil visitar o túmulo dos pais, e das famílias Andrade e Camargo.
Comovida com os relatos de Fabrício, a moça resolveu o homenagear o avô escrevendo um livro de memórias.
Com o auxílio dos tios, e do restante da família que conviveu com Fabrício, Josie escreveu um livro.
Cuidadosa, também procurou amigos de seus pais – Carolina e Heitor.
Pesquisou em jornais e biblioteca sobre as famílias Andrade e Camargo.
Quando tornou público o fato, comentou que era um livro sobre a memória de sua família e de algumas pessoas que foram importantes em sua vida.
Conversando com Mohamed, comentou que em todos os jardins haviam flores e espinhos, pedras e barro.
Disse que alguns lugares as flores ficam a poucos centímetros do chão, mas que em outras circunstâncias, se erguem altaneiras em buscar de um melhor abrigo e sem medo de se exporem, procuram um lugar mais alto para exibir todo o seu esplendor.
Conversando com Fabrício e com Samira, tempos antes deles falecerem, Josie comentou com eles a respeito da vida.
Samira comentou que na natureza, se encontravam muitas alegorias para fatos da vida.
Josie concordou.
Nisto, ao ver uma bonita flor desabrochando do alto de uma enorme planta, resolveu intitular seu livro de memórias, com um título que lhe recordava o fato.
FIM.

Luciana Celestino dos Santos
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