Na manhã do dia seguinte, a jovem foi cavalgar com Fabrício pelo deserto.
Durante o passeio, a moça comentou que estava estudando a possibilidade de descobrir um caminho e fugir dali.
Nisto, perguntou ao amigo, se ele sabia qual era o caminho de volta.
Fabrício respondeu então, em que pese os anos em que morava no Egito, os caminhos do deserto eram todos iguais para ele. Sem um guia, não sabia qual direção seguir.
Josie ficou desolada.
Aflita, começou a chorar copiosamente.
Dizia que estava perdida, que Mohamed iria matá-la.
Ao ouvir isto, Fabrício respondeu que ele jamais faria isto com ela.
A certa distância, os homens de Mohamed os acompanhavam no passeio.
Em dado momento, Josie começou a correr com seu cavalo.
No meio do caminho parou. Avistou alguns cameleiros.
Frenética, a moça começou a acenar para os homens.
Dizia em inglês:
- Here! Here! Isa bitrid.
Mesmo implorando, a moça não foi vista pelos homens.
Desolada, a jovem ficou parada, observando os cameleiros seguirem viagem.
Nisto, Fabrício aproximou-se da moça.
Perguntou-lhe se estava bem.
Josie começou a chorar novamente.
Fabrício a abraçou.
Os homens de Mohamed aproximaram-se da dupla e os conduziram de volta as suas respectivas tendas.
Quando o muçulmano tomou conhecimento da tentativa de fuga de Josie, ficou furioso.
Disse que ela havia se arriscado inutilmente.
Argumentou que ninguém ousaria levá-la dali. Salientou que era um homem muito influente na região, e que todos o respeitavam.
Josie voltou a chorar.
Desconsolada, recusou-se a comer.
Não fosse a intervenção de Fabrício, e Mohamed a teria obrigado a se alimentar.
O homem argumentou porém, que ele não deveria fazê-lo. Disse que conversaria com a moça e a convenceria a comer, nem que fosse um pouquinho.
No que Mohamed acrescentou que ele poderia conversar com ela, mas que não se conseguisse convencê-la, iria fazê-la comer, nem que ela fosse obrigada a isto.
Josie permanecia reclusa.
Durante a noite, enquanto dormia, dizia o nome de Olavo. Perguntava por que ele ainda não viera buscá-la.
Mohamed aflito, decidiu permanecer na tenda onde a moça estava.
Enquanto Josie dormia, entrou em seu quarto, e ouviu a jovem chamar por um certo Olavo.
Mohamed ficou enciumado.
No dia seguinte, ao conversar a sós com Fabrício, perguntou-lhe quem era Olavo.
Como o homem dissesse não saber de quem se tratava, Mohamed argumentou que se eles eram tão amigos, seria improvável que a moça não tivesse comentado quem era o rapaz.
Fabrício então, recordou-se das palavras de Josie em um jantar, dizendo que tivera um noivo que falecera.
Mohamed, percebendo que o homem estava distante, perguntou-lhe o que estava havendo.
Fabrício respondeu então, que Josie lhe dissera que havia um noivo, mas que o mesmo falecera.
O jovem muçulmano ficou perplexo.
- Noivo? Como assim? Que noivo?
Fabrício respondeu então, que não sabia detalhes da relação, e tampouco o nome do rapaz. Todavia, para Josie dizer aquelas palavras, aquele nome, provavelmente estava se referindo ao noivo falecido.
Mohamed demonstrou descontentamento.
Nisto, quando a moça despertou, Samara tratou logo de chamar Mohamed.
Ao chegar na tenda, o moço pediu a criada para que visse como a moça estava.
Disse que a criada avisasse que em seguida, entraria no quarto.
Samara retirou-se num gesto de reverência ao jovem.
Minutos depois, retornou dizendo que Josie estava se arrumando e que iria ao encontro dele.
Usando uma túnica toda enfeitada, com os cabelos a mostra, Josie respondeu que tinha o direito de se vestir a moda ocidental, pelo menos enquanto estivesse dentro da tenda.
Argumentou que havia sido informada que as mulheres tinham que usar o icharb e a túnica apenas quando saiam de casa. Ademais, salientou que não era árabe e que portanto, não tinha que obedecer costumes tão rígidos.
Por fim, comentou que cansou de ver homens vestidos em trajes ocidentais e até algumas mulheres.
Mohamed argumentou que somente as turistas se vestiam de forma escandalosa.
Josie irritou-se.
Virando as costas para o moço, tencionou sair da tenda.
No que foi proibida pelo jovem.
Mohamed comentou que ela não estava bem, que deveria se alimentar. Dessarte, as saudades de Olavo não lhe fariam bem.
Ao ouvir isto, Josie voltou-se para o moço.
Espantada, perguntou ao jovem, de onde ele havia tirado o nome.
Mohamed respondeu que o nome Olavo havia saído da própria boca da jovem. Explicou-lhe que havia chamado por Olavo enquanto dormia.
Josie ficou sem palavras.
Irritado, Mohamed exclamou que naquela tenda só havia lugar para duas pessoas, e que um terceiro não iria diminuir o espaço. Furibundo, exigiu que Josie explicasse quem era Olavo.
Josie porém, continuava muda.
A certa altura, o homem segurou a moça pelo braço e começou a chacoalhá-la. Insistia em dizer que tinha direito a uma explicação.
Josie, cansada, a certa altura, ameaçou cair.
O jovem muçulmano, ao perceber isto, amparou-a.
Percebendo que Josie não conseguiria permanecer em pé, segurou-a nos braços e carregou-a até seu quarto.
Aflito, perguntou se precisava de algo.
Josie respondeu que sentia falta de ar.
Mohamed então, pegou um livro, e começou a abaná-la.
Fabrício, preocupado, encaminhou-se para a tenda.
Ao ver o muçulmano cuidando da moça, tranqüilizou-se.
Afirmou ter tido a impressão de que o jovem estava brigando com a moça, razão pela qual invadira o quarto. Com isto, pediu desculpas e se afastou.
Em dado momento, Mohamed perguntou se Josie estava melhor.
Josie respondeu então, que estava um pouco melhor.
O moço deste modo, carregou-a para fora do quarto e ajudou-se a se sentar nas almofadas.
Mohamed respondeu-lhe que tomaria um café da manhã brasileiro.
Nisto chamou Samara e pediu para que providenciasse frutas e leite para o café da manhã.
Como Josie não quisesse se alimentar, Mohamed pegava o mamão cortado e oferecia a fruta de colherada a moça.
Por fim, a jovem acabou se alimentando.
Josie levantou-se então, e sentou em uma cadeira, recostando o corpo. Parecia cansada.
Mohamed também se levantou e tocou no rosto da moça.
Ao perceber que Josie não tinha febre, recomendou que descansasse.
Fabrício ficou algum tempo com a moça.
Ao vê-lo, a moça começou a chorar.
Fabrício, tentando acalmá-la, argumentou que aquela situação era transitória.
Mais tarde, Mohamed voltou a tenda para verificar se Josie estava melhor.
Prometeu-lhe levá-la de volta ao Cairo.
Ao ouvir isto, Josie perguntou-lhe onde estava sua mala.
Mohamed respondeu que seus pertences seriam todos devolvidos.
Mais tarde, Josie almoçou.
Comeu carne, salada. Tomou suco.
Fabrício, que a acompanhou no almoço, respondeu que finalmente degustava a comida brasileira. O homem respondeu que fazia muito tempo que não comia a comidinha de sua terra.
Mais tarde, Samara e outros dois criados, trouxeram as malas da moça.
Josie mal podia acreditar.
Comentou com Fabrício que estava tudo ali.
Feliz, respondeu que poderia terminar o trabalho que havia começado.
Fabrício ficou espantado.
Tanto que foi conversar com o moço para tentar entender o que havia feito com que mudasse de idéia em relação a Josie. Argumentou que sua inflexibilidade beirava a obsessão.
Mohamed respondeu desolado, que não poderia competir com outro homem.
Desolado, pediu para Fabrício cuidar dela.
O homem prometeu que Josie não ficaria desamparada.
Nos dias que se seguiram, a moça voltou a usar suas roupas.
Mohamed recomendou-lhe que continuasse a usar as túnicas quando saísse da tenda.
Josie porém, insistia em usar as roupas que estava acostumada a vestir no Brasil.
Nisto aproveitava as manhãs para passear.
Um dia, Josie encontrou um lugar com água e vegetação em volta.
Empolgada, chegou a comentar com Fabrício que era um oásis.
De modos que a moça aproveitou para beber um pouco da água.
Luciana Celestino dos Santos
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Poesias
sexta-feira, 19 de março de 2021
A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 35
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