Mais tarde, um empregado de Mohamed foi até o hotel onde a moça estava hospedada, realizando a entrega dos tecidos.
Josie deu uma gorjeta do moço, que agradeceu em inglês.
A moça depositou os pacotes em cima da mesa.
Abriu-os.
Realmente eram belos tecidos.
Quando a moça abriu o pacote do tecido presenteado por Mohamed, percebeu bilhete no meio do tecido.
Leu-o.
No texto, o homem a convidava para um passeio pelas ruas da capital. Dizia que somente um egípcio a faria sentir de fato a vida no país.
Na missiva, combinou de se encontrar com a moça, logo cedo, às oito horas da manhã.
Josie achou-o abusado.
Isto por que já havia combinado um passeio com Fabrício.
Com isto, quando a moça saiu do hotel, deparou-se com Mohamed, que a esperava de carro.
Josie ao cumprimentá-lo, disse que havia combinado um passeio com Fabrício, e que não poderia deixar o homem esperando-a.
Mohamed perguntou onde o homem estava, pois iria buscá-lo.
O moço, ao vê-la trajando roupas ocidentais, perguntou-lhe quando usaria os tecidos.
Josie respondeu que não sabia como usar os tecidos à moda dos muçulmanos.
Mohamed prometeu presenteá-la com uma indumentária apropriada.
Achou graça na falta de conhecimento da moça, sobre os costumes árabes.
Com isto, em alguns minutos, encontraram Fabrício.
O homem elogiou o país. Disse ao jovem muçulmano que aquela terra continha muita história.
Mohamed levou-os para visitarem o Museu do Cairo e conhecerem os utensílios do Egito antigo. Comentou sobre os túmulos dos faraós, as pinturas no interior das pirâmides, o laborioso trabalho de levar pedras enormes deserto afora, e empilhá-las de forma a erigir o famoso monumento.
O moço mostrou a Josie vasos, esculturas de deuses, pinturas.
A jovem ficou deslumbrada com o tamanho das salas do museu.
Enormes, abrigando toda a sorte de objetos que fizeram a riqueza e o passado do país.
Percebendo o interesse da moça, o rapaz comentou que aquele acervo era tão rico quanto acervo existente em outros países. Sugeriu a jovem, que o acompanhasse na exposição sobre objeto de Tutankamon, o faraó que morrera extremamente jovem.
Josie observou sarcófagos, urnas funerárias, objetos do faraó.
Imensas esculturas, pergaminhos, utensílios de uso pessoal. Monumentos.
A mulher respondeu que nunca vira nada tão impressionante.
Mohamed sorriu.
A certa altura, perguntou a moça se estava gostando do passeio.
Josie respondeu que era uma cultura bem interessante.
Nisto começou a tirar fotos.
Mohamed, recomendou-lhe que não tirasse fotos com flash no interior do museu.
Josie desculpou-se.
Desativou a função e passou a tirar algumas fotos do lugar.
Mohamed perguntou-lhe o porquê de utilizar um equipamento profissional.
A moça respondeu que era jornalista.
O jovem muçulmano perguntou-lhe se estava no Egito a trabalho.
Josie respondeu que sim.
Curioso, o moço perguntou-lhe se viajava acompanhada.
Josie, respondeu que não.
Mohamed argumentou que devia ser bem solitário viajar sozinha, mesmo sendo a trabalho.
Josie continuou a olhar as peças expostas.
Ficou impressionada com um sarcófago. Perguntou a Mohamed se haviam múmias no museu.
O jovem respondeu que não.
Argumentou também, que se o acervo do museu local era imponente, o que poderia se dizer do acervo que compunha os museus da Europa e dos Estados Unidos, repletos de peças egípcias.
Ao término da visita, Mohamed perguntou a moça, onde gostaria de almoçar.
Como Josie dissesse que não conhecia nenhum dos restaurantes das proximidades, o moço perguntou a Fabrício se tinha alguma preferência.
Como o senhor dissesse que ele poderia escolher, Mohamed respondeu que iria levá-los para comerem as melhores iguarias do lugar.
E assim, conduzindo-os em seu carro, em meio ao frenético trânsito local, o moço levou seus convidados para comerem na Torre da TV.
Fabrício, já acostumado com o trânsito caótico da cidade, aconselhou apenas, que o moço tentasse ter um pouco de cuidado.
Josie, ao ouvir o comentário do amigo, ficou um pouco aflita.
Mohamed brincando, disse que o carro da frente amortecia o impacto do carro atrás. Por fim, completou com um: Mafísh mushkêla! (Não tem problema!).
Fabrício começou a rir.
Josie por sua vez, respondeu que não via a menor graça naquelas brincadeiras.
Nisto, Mohamed deu partida no carro. Começou a dirigir pelas ruas da capital, da maneira que podia.
Freadas bruscas, a toda a velocidade.
A moça estava apavorada.
Nisto o trio se encaminhou para a Torre da TV.
Ao chegarem no restaurante, Mohamed foi logo recepcionado por um hostess.
O homem usava túnica branca, cirwal (calça larga – usada por baixo da túnica), cafia (pano quadrado preso por uma tira chamada egal). Em seu pulso direito, um imponente relógio de ouro e prata.
O homem estava impecável.
Josie, com seu jeans e sua camisa branca, ficou constrangida ao se deparar com tão luxuoso restaurante. Argumentou que não estava apropriadamente vestida para freqüentar o lugar.
Mohamed comentou sorrindo, que ela estava muito bem vestida para a ocasião, tendo em vista que vinha de um longo passeio pela cidade.
O trio serviu-se de: uára al-áinab (um bolinho de arroz e tempero enrolado em folha de videira); de kóshari (composto de arroz, tomate, macarrão, pimenta, salsa e cebola frita), além de carne de cordeiro e salada. Apreciaram a panqueca fitir (composta de vários ingredientes, entre eles o queijo).
Por fim, o trio serviu-se de khusháf (a base de tâmaras e frutas cristalizadas com leite).
A tarde seguiu encantadora.
O jovem muçulmano levou Fabrício e Josie para um passeio de carro pelas ruas do Cairo.
A moça aflita, tentou recusar o convite.
No que foi impedida por Fabrício.
A certa altura, nervosa, a moça se pôs a chorar.
Fabrício e Mohamed se entreolharam, atônitos, sem saber o que fazer.
Preocupado, Fabrício aproximou-se da moça e perguntou o que estava acontecendo.
Josie respondeu aos prantos, que nada.
O homem porém, percebendo o nervosismo da jovem, conversou reservadamente com Mohamed.
Depois de um certo tempo, o muçulmano conduziu Fabrício e Josie de volta.
De volta ao hotel, a moça tratou de se jogar na cama. Exausta, dormiu quase que imediatamente.
Nisto, Mohamed levou Fabrício para sua residência.
No caminho, o homem comentou com o rapaz, que pretendia levar a moça para conhecer as pirâmides.
Mohamed disse-lhe que seria um bonito passeio.
Ao despedir-se de Josie, e posteriormente de Fabrício, Mohamed fez um gesto cerimonioso e se despediu.
A noite, a moça foi jantar em um restaurante especializado em comida francesa.
Resolveu vestir calça e blusa sociais.
Enquanto caminhava, Josie teve a impressão de que era seguida.
Assustou-se.
Para sua surpresa, deparou-se com Fabrício, que caminhava na mesma direção.
No que a moça disse:
- O senhor quase me matou de susto!
Fabrício, ao reconhecê-la, pediu-lhe desculpas. Disse que não tivera a intenção de assustá-la. Comentou que pretendia comer algo diferente e que pretendia jantar em um restaurante de comida francesa.
Josie respondeu que tivera a mesma idéia. Argumentou que recebeu uma boa recomendação dos funcionários do hotel em que estava hospedada.
Nisto o homem ofereceu o braço a jovem.
Seguiram juntos para o restaurante.
Fabrício comentou que percebera que ás vezes notava que ela tinha o olhar distante.
Brincando com a moça, insinuou que Mohamed parecia interessado nela.
Josie parecia distraída.
O homem então lhe disse:
- Eu não sei que te faz ficar com este olhar perdido, mas uma mulher não notar um homem, é sinal de que ou ela já é comprometida, ou não está interessada no rapaz.
Josie respondeu que não era nada disto.
No que Fabrício perguntou se ela tinha alguém no Brasil.
Josie respondeu que não.
A voz da moça era triste.
Fabrício insistiu, perguntando-lhe se havia brigado com o namorado.
A jovem respondeu que não tinha namorado para brigar. Chorando, respondeu que seu noivo havia morrido.
Fabrício ficou perplexo.
Tentando consolá-la, abraçou a jovem.
Quando a jovem se acalmou, Fabrício pediu crepe para os dois.
Começaram por comer crepes salgados, e finalizaram com um crepe doce, como sobremesa.
Josie adorou o prato. Comentou que fazia muito tempo que não comia crepe.
Mais tarde, o homem pediu a conta.
Acompanhou a jovem até o hotel.
No caminho, Fabrício pediu-lhe desculpas.
Josie respondeu que não fora nada.
Nisto o homem se despediu.
A moça adentrou o hotel.
No dia seguinte Mohamed foi homenageado em uma festividade ocorrida na região.
O moço, por sua vez, dizia não ser merecedor da aludida homenagem.
A noite houve festa.
Comemoração reservada para poucos convidados.
Fabrício, que havia combinado com Josie de jantar em um restaurante oriental, foi barrado na entrada do estabelecimento sob o argumento de que o local estava alugado para uma festa.
O homem ficou surpreso.
Josie por sua vez, ao ver que se tratava de uma festa para Mohamed, comentou que isto deveria ter sido informado com antecedência.
Nisto o jovem passou com sua comitiva.
Josie do lado de fora, observou-o entrar.
O moço sorriu para ela.
Fabrício cumprimentou o rapaz à distância.
Mohamed retribuiu o cumprimento.
Em seguida, adentrou o restaurante.
Lá havia dança, música e garçons servindo os convidados.
Josie ao ouvir o burburinho dentro do salão, sentiu curiosidade.
Sua vontade era adentrar o salão para verificar o que se passava no local.
Fabrício por sua vez, resolveu levá-la para jantar em outro lugar.
Mais tarde, a moça pediu para Fabrício levá-la novamente até o restaurante onde estava acontecendo a comemoração.
O homem comentou que lá havia apresentação de música típica e danças.
Josie pediu a Fabrício para levá-la para o hotel.
Mais tarde, a moça pegou um dos tecidos que havia ganho de presente.
Ao ver os tecidos dispostos na cama, pegou um deles e passou a cobrir os cabelos com a peça.
Como não possuía traje árabe típico, resolveu pedir um, emprestado.
Nisto contatou a portaria do hotel, onde pediu o auxilio de uma camareira.
Quando a mulher apareceu, a mesma tentou lhe explicar como fazia para vestir-se a moda árabe.
Ao ver que Josie não possuía nada além de panos, sugeriu que a moça adquirisse um traje árabe.
A jovem perguntou a funcionária onde encontraria alguém disposto a lhe vender uma túnica.
No que a moça respondeu que poderia resolver o problema, emprestando-lhe uma roupa.
Josie agradeceu. Prometeu que pagaria o empréstimo.
Com efeito, ao se ver no espelho, a mulher admirou a imagem.
A funcionária disse-lhe que nem parecia que vinha de fora, que era uma estrangeira.
- Thank’s. – agradeceu Josie.
Em seguida, depositou algumas cédulas de libra egípcia nas mãos da moça, que agradeceu.
Nisto, a funcionária fez um gesto cerimonioso e se despediu.
A jovem então encaminhou-se novamente para o restaurante.
O recepcionista do restaurante disse-lhe que não poderia entrar.
Josie perguntou o porquê.
O funcionário respondeu que se tratava de uma festa apenas para convidados, e que nenhuma mulher havia sido convidada.
Ao ouvir isto, a jovem ficou desapontada.
Nisto, o recepcionista retirou-se da entrada.
Josie, aproveitando a oportunidade, esgueirou-se pela entrada, adentrando o salão.
Nisto observou as dançarinas realizarem sua apresentação.
Discreta, sentou-se em uma almofada e ficou a observar a dança.
O que ela não esperava, é que notariam sua presença em poucos minutos.
Dois seguranças, ao perceberem sua presença, tentaram conduzi-la para fora do salão.
No que foram impedidos pelo homenageado que insistiu em ver a moça.
Ao ver que era Josie, o homem ficou espantado.
Por fim, achando graça, perguntou o que tão bela flor estaria fazendo naquele lugar. Brincando, perguntou-lhe se não era um lugar inconveniente para ela.
Josie respondeu apreensiva, que tinha curiosidade em conhecer os costumes da região.
Mohamed respondeu-lhe que havia formas melhores de se conhecer os costumes de um povo.
Nisto, o homem tirou a capa que cobria a túnica da moça.
Elogiou a roupa.
Acuada, a moça pegou uma faca.
Mohamed percebendo isto, comentou que ela não precisava ter medo.
Em que pese a cultura milenar muito diversa dos ocidentais, ela não estava em meio a selvagens. Argumentou que todos ali a respeitariam.
Josie então, diante do olhar sério do moço, colocou a faca de volta a mesa.
Nisto, o jovem muçulmano a conduziu até o hotel onde Josie estava hospedada.
A moça seguiu calada até o hotel.
Ao conduzir Josie até a entrada do estabelecimento, o rapaz disse-lhe que ela teria outras oportunidades melhores de conhecer a cultura do país.
Por fim, se afastou.
Aturdida, a moça dirigiu-se a seu quarto.
De madrugada, ao retirar-se da festa em que era homenageado, o moço pediu para alguns músicos o acompanharem até um hotel.
Lá o moço começou a cantar músicas árabes.
Josie que dormia um sono leve, depois de alguns minutos, ao ouvir uma melodia, levantou-se.
Aproximou os ouvidos da janela.
Curiosa, abriu a janela.
O som parecia cada vez mais próximo.
Mohamed que não queria ser identificado, escondeu-se entre as plantas.
Josie parecia gostar da música.
Intrigada, perguntou-se para quem estaria cantando.
A certa altura, a moça fechou a janela.
Os músicos continuaram a apresentação por algum tempo, até se afastarem.
Mohamed escalou a fachada do hotel, e sorrateiro, entrou no quarto da moça, que a esta altura, dormia novamente.
O homem cuidadosamente observou o quarto, os pertences da moça.
Ficou olhando-a dormir.
Por fim, retirou-se do aposento pela mesma janela por onde entrara.
Para se despedir, cantou uma melodia para a moça.
Josie despertou novamente.
Quando Mohamed chegou em sua casa, já era dia claro.
Josie por sua vez, acordou agitada.
Conforme combinado com Fabrício, a dupla seguiria para a região das pirâmides.
A moça então, de malas prontas, encerrou sua conta no hotel.
Seguiria viagem para o local, onde se hospedaria no mesmo hotel em que Fabrício ficaria.
O homem por sua vez, alugou um carro para viajar.
Assim, foi buscar a moça no hotel.
Fabrício auxiliou-a com a bagagem.
Animado, comentou que fazia tempo que não se divertia tanto.
Josie perguntou-lhe se era casado.
Fabrício respondeu-lhe que fora casado por muito tempo, mas que Deus havia levado sua esposa. Era viúvo.
A moça ao ouvir estas palavras, pediu-lhe desculpas. Comentou que lamentava a perda.
Fabrício sorrindo, disse-lhe que não havia necessidade de tantos pruridos. Com um olhar triste, comentou que ele também tinha sofrido uma perda, mas em compensação, tinha coisas muito bonitas para se lembrar.
Josie sorriu triste.
Fabrício, colocando a mão em seu ombro, disse-lhe que aquele não era o momento para lembranças tristes. Comentou que séculos de história exigiam que a mente estivesse quieta e o coração tranqüilo.
Sorrindo, Josie respondeu que esta era a letra de uma canção muito querida para ela.
O homem respondeu que sua mulher ouvira esta canção e gostara muito da letra. Resultado, sempre que sentia medo, preocupação, ou mesmo desespero, lembrava-se da música. Fabrício comentou que Cecília procurava ouvir os sons da música. Ocupando-se disso, acaba se acalmando.
Disse que Cecília era uma pessoa muito positiva. Mesmo nos piores momentos, não se desesperava.
Nisto o homem ajudou-a a entrar no carro.
Durante a viagem, a moça respondeu-lhe que já ouvira falar neste nome. Comentou que uma parente sua tinha este nome. Só não soube precisar que parente era, já que sua família não entrava em detalhes sobre os antepassados. Mencionou ter a impressão de que se tratava de uma sua avó.
Fabrício lamentou o fato. Comentou que conhecer detalhes sobre a família, era descobrir algo mais sobre a própria origem.
Josie concordou.
Nisto, enquanto percorriam o país, se deparavam com pequenas cidades, vilarejos, o deserto, pobreza, miséria.
Tamareiras.
Ao saírem do Cairo, se depararam com as pirâmides, próximas a um bairro da cidade.
Homens e seus rebanhos de camelos.
Josie se encantou com as árvores. Dizia que se sentia em um cenário bíblico.
Fabrício respondeu que o Egito fazia parte da história contada na Bíblia.
Durante o trajeto, ao chegar em um vilarejo, a dupla resolveu parar.
Fabrício aproveitou para colocar gasolina no carro.
Josie resolveu descer do veículo.
Ficou a admirar o deserto.
Distraída, não percebeu a aproximação de outros turistas.
A certa altura, os turistas sumiram.
Só permaneceu no posto a jovem e o senhor.
Nisto, um grupo de homens cercou a jovem.
Fabrício encontrava-se em um escritório efetuando o pagamento do combustível.
Josie se assustou.
Sem conseguir reagir, foi empurrada para dentro de um veículo, que saiu em disparada em direção ao deserto.
A certa altura, a moça, que se debatia dentro do carro, foi levada até Mohamed, que a esperava em um cavalo.
Josie ao ver o altivo árabe, ficou tomada de espanto.
Mohamed, colocou então, a jovem a sua frente, e despedindo-se dos homens, partiu deserto afora.
O moço cavalgou até uma tenda, adrede armada para abrigar a moça.
Nisto, Fabrício ao sair do escritório, notou que a moça não se encontrava no posto.
Preocupado, cogitou chamar a polícia.
Neste momento, um passante informou que a moça ao lado do veículo, fora levada e empurrada por alguns homens para dentro de um carro. Nervoso, o homem comentou que se tratavam de ladrões, já que haviam levado a bagagem também.
Fabrício perplexo, procurou sua bagagem.
A mesma estava intocada.
Já a bagagem de Josie não se encontrava mais no veículo.
Intrigado, o homem se perguntou qual o interesse na moça.
Diante dos fatos, dirigiu-se a uma delegacia.
Lá perdeu algumas horas para registrar a ocorrência.
Aflito disse que a moça estava correndo perigo.
Os policiais disseram-lhe que fariam todo o possível para resgatar a jovem.
Fabrício assinou então, um documento em árabe.
Segundo lhe disseram, era o registro da ocorrência.
Por fim, disseram em um inglês sofrível, que ele deveria aguardar por notícias.
Razão pela qual o homem permaneceu na cidade.
Como o vilarejo não distava muito da cidade, o homem dirigiu-se rapidamente para lá.
Josie por sua vez, ao descobrir que Mohamed a levara até o deserto, tentou resistir a investida, mas cansada que estava de se debater, acabou desmaiando.
Mohamed, acreditando que a moça fazia charme, riu da situação.
Disse-lhe que ela era uma pequena tola.
Nisto o moço cavalgou por cerca de uma hora, até chegar em uma tenda armada para a moça.
Josie então despertou.
O moço ajudou-a, a descer do animal.
Atencioso, Mohamed estendeu o braço, sinalizando que a moça entrasse na tenda.
Josie resistiu.
O jovem, ao perceber a recusa da moça, ficou visivelmente irritado.
Olhando-a firme nos olhos, deixou bem claro que ela não tinha escolha.
Aborrecida, Josie abaixou os olhos e em entrou na tenda.
O homem a acompanhou.
Josie assustada, se afastava de Mohamed.
Conforme o homem tentava se aproximar, ela se esgueirava.
Mohamed achou graça.
Josie por sua vez, estudava os gestos do jovem.
Mohamed, olhando-a nos olhos, começou a se aproximar da jovem.
Beijou-a.
Josie ficou se debatendo.
O jovem, ao ver a moça passando a mão nos lábios como se estivesse limpando o beijo, ficou desapontado.
Ao se sentir desprezado, exigiu que a moça se arrumasse para o jantar. Disse que mais tarde voltaria a tenda.
Josie sentiu desespero, medo. Não sabia o que esperar.
Sem alternativa, a moça vestiu a roupa deixada em uma cama.
Receosa, olhou por todos os cantos da tenda, verificando se ninguém a observava.
Vendo-se sozinha, a moça dirigiu-se para fora da tenda.
Dois homens vestidos a moda árabe, vigiavam a entrada.
Sem alternativa, a moça retornou a tenda e dirigindo-se ao quarto, ficou observando o vestido deixado ali.
Trajou um vestido delicado, de alças e decote nas costas.
Ao vê-la arrumada, uma criada aproximou-se.
Percebendo o espanto da moça, a mulher respondeu que sabia falar inglês e português.
Josie respondeu então, que preferia que ela falasse português.
Nisto a mulher disse que se quisesse, poderia usar um pouco de maquiagem.
A moça sentou-se diante de uma mesinha com espelho.
Em uma penteadeira ricamente adornada, havia maquiagem, perfume e algumas jóias.
Mais tarde, Mohamed retornou a tenda.
Foram servidas iguarias para a moça.
Arroz pilaf – com açafrão, abacaxi e uvas passas, charutinhos de repolho e arroz, fatuche – salada com pepino, alface, tomate, rabanete, hortelã, pão sírio – acompanhada de molho feito de azeite e suco de limão. Além de suco de Amr al-din – damasco seco.
A refeição foi servida em bandejas cobertas, em uma pequena mesa.
Como cadeiras, confortáveis almofadas.
Usando túnica, cirwal – calça larga usada debaixo da túnica, e turbante, galante, o moço perguntou-lhe se estava com fome.
Josie respondeu com desdém, que não.
Mohamed comentou que a recusa era considerada uma desfeita.
Josie respondeu então, que ele poderia servir um pouco das iguarias.
Mohamed chamou uma criada que os serviu.
A moça por sua vez, permanecia em pé, e a todo o momento olhava para a entrada da tenda.
O homem, ao notar isto, aproximou-se da moça. Dispensou a criada.
Segurando o braço da moça, voltou-a para si. Beijou-a.
Josie tentou se desvencilhar do moço.
Mohamed afastou-se um pouco, no que a jovem aproveitou para correr até a entrada da tenda.
Quando saiu, recebeu uma rajada de vento, que cobriu o rosto com areia.
Mohamed, saiu da tenda, e ao ver a moça cobrindo o rosto, envolveu-a com sua abaia – sua longa capa de lã.
Conduziu-a de volta a sua tenda.
Josie foi auxiliada por uma das criadas.
A moça lavou o rosto e os olhos.
Em seguida, Josie foi levada até a sala da tenda, onde finalmente experimentou as iguarias.
Foi servida carne de cordeiro, suco de frutas, arroz, salada quente, pão sírio com molhos, sobremesa com tâmaras e leite.
Triste, a jovem comeu pouco, para preocupação de Mohamed que insistia para que ela comesse mais.
Por fim, a moça pediu licença.
O jovem muçulmano, respondeu que ela só poderia se retirar quando ele autorizasse.
Josie permaneceu sentada.
Ao término do jantar, Mohamed ajudou a moça a se levantar.
Comentou que poderiam fazer um passeio pelo deserto.
Sugeriu-lhe que poderiam conhecer as pirâmides.
Ao ouvir falar em deserto, a moça perguntou de Fabrício.
Argumentou que ele deveria estar preocupado com sua ausência.
Mohamed respondeu então, que no momento certo, ele teria notícias dela.
Com efeito, ao se hospedar em um hotel da região, o homem recebeu um recado da recepcionista.
Pegou o bilhete. Dentro, havia um recado dizendo que ele não deveria se preocupar com Josie, pois ela estava em boas mãos.
Fabrício ficou perplexo. Ao término do bilhete, a assinatura de Mohamed.
O jovem muçulmano, comentou que ela tinha muito o que aprender ,no que dizia respeito a cultura egípcia. Disse-lhe que poderia indicar alguns livros.
Comentou que o Egito era um país milenar, cheio de mistérios.
Ao ver o olhar desconfiado da moça, Mohamed comentou que antigamente se acreditava que as lágrimas de Isis pela morte de seu marido, Osíris, eram responsáveis pelas cheias anuais do Rio Nilo. Rio de prosperidade e fartura em uma terra desértica. Isis mãe de Hórus. Sacerdotisa do amor, da maternidade, da fertilidade, símbolo de uma cultura milenar.
Josie comentou que não conhecia aquela história.
Mohamed disse-lhe que havia muitas coisas que ela ainda não conhecia. Falou-lhe que a lenda era apenas uma metáfora.
A moça não compreendeu.
O jovem muçulmano riu. Disse com o tempo, entenderia o que ele queria dizer.
Contou-lhe também uma lenda egípcia, sobre a história de um peixinho vermelho, que vivia em um lugar repleto de animais marinhos exuberantes, vivendo uma vida mansa e folgada.
O peixinho por sua vez, só tinha migalhas para se contentar.
Porém, cansado daquela limitação, começou a perceber os limites do poço, seus ladrilhos, e as pequenas falhas do mesmo. Decidido a estudar uma forma de buscar melhores alimentos, adequou-se fisicamente, de forma a poder passar por um dos vãos existentes nos ladrilhos.
Ridicularizado e desprezado, o peixinho sentiu necessidade de encontrar novos rumos.
E assim, enfrentou a adversidade e o desconhecido.
Ao ultrapassar o obstáculo, o peixinho deslumbrou-se com um bonito cenário. Mar aberto, contemplou peixes coloridos, anêmonas, corais, cetáceos.
O peixinho, nadou por entre barbatanas.
Aos poucos, foi conquistando a confiança dos seres marinhos. Passou a habitar o lugar.
A certa altura, o peixinho sentiu necessidade de revelar a descoberta a seus antigos companheiros.
Razão pela qual retornou ao poço, onde tentou alertar a todos sobre a necessidade de ampliarem seus horizontes, posto que viviam em um ambiente muito limitado.
Contudo, em que pesem os esforços envidados pelo peixinho, seu intento resultou estéril, pois ninguém lhe dera crédito.
Com isto, retornou para o mar aberto, enquanto as demais criaturas, empedernidas que eram, permaneceram no poço.
Nisto, o habitáculo, aos poucos foi desmoronando, e todos pereceram na lama.
Mohamed sorriu. Disse que ela estava diante de uma oportunidade ímpar de conhecer uma nova cultura. Um novo mundo.
Simpático, o moço lhe emprestou um livro de poesias e outro sobre a cultura egípcia.
Entregou-os nas mãos de Josie.
Por fim, disse-lhe que poderia se retirar.
Josie afastou-se.
Maçal el kheir, respondeu o moço.
Nisto, ao perceber o ar de interrogação da moça, traduziu a expressão desejando-lhe um boa noite, a sua flor de lótus.
Josie fechou-se em um quarto.
Sozinho na sala, o moço desejou um boa noite, a princesa do deserto.
No dia seguinte, uma criada ofereceu a moça, trajes típicos muçulmanos.
Josie ao se deparar com as vestes, argumentou que não poderia usar aquelas roupas. Perguntou de seus pertences.
A criada respondeu em português que Mohamed havia providenciado aquelas roupas para a moça.
Josie disse a criada, que não usaria roupa alguma, bem como exigiu que o jovem muçulmano aparecesse. Brigou com a mulher dizendo que não usaria aqueles trajes.
Mohamed, ao ouvir a altercação, adentrou o quarto da jovem.
Josie usava uma camisola.
Ao notar a presença do moço, a jovem se cobriu com um cobertor.
Nervosa, perguntou-lhe o que havia feito com sua roupa.
Mohamed riu.
- Então este é o motivo da briga!
Irritada, a moça indagou-o novamente.
Mohamed, em tom altivo, respondeu que suas novas roupas se compunham de trajes muçulmanos. Argumentou que ela aprenderia novos hábitos e novos costumes, para se tornar uma boa muçulmana.
Josie ao ouvir tais palavras, argumentou que não tinha nenhuma intenção de mudar de religião.
Ao falar que estava ali a trabalho, ressaltou que tinha prazo para voltar ao Brasil, e uma tarefa a desempenhar.
O muçulmano, ao ouvir tais palavras, começou novamente a rir.
Falou-lhe que sua vida havia mudado, e que ela não precisaria mais trabalhar fora.
Josie irritada, avançou contra ele.
Começou a esmurrá-lo.
Ao fazê-lo, a jovem deixou o cobertor cair.
Mohamed ao ver a moça em trajes mínimos, ficou observando-a com ar de curiosidade.
Furiosa, a jovem não percebeu que o cobertor estava no chão.
A certa altura, cansada de esmurrá-lo, a mulher percebeu que estava de camisola diante do moço.
Constrangida, a moça pegou o cobertor do chão e se cobriu novamente. Pediu para ele se afastar.
Mohamed respondeu-lhe que não precisava ficar nervosa, pois estava se retirando.
Não sem antes dizer para que ela vestisse os trajes, ou não poderia sair da tenda.
Em seguida, retirou-se do quarto.
Josie passou então a procurar a roupa que usara na noite anterior.
A criada respondeu-lhe que seus pertences haviam sido recolhidos.
Sem outra opção, a moça vestiu o traje islâmico.
Sabáh hel khéir, disse o homem, pronunciando o kh com som de dois erres.
Disse-lhe Bom Dia.
Ao ver a moça usando o traje muçulmano – composto de túnica, calça social e icharb – lenço que cobria os cabelos –, o moço elogiou-lhe. Disse que se assemelhava muito as princesas árabes.
O muçulmano segurou a mão da moça e beijou-a.
Josie virou o rosto, contrariada.
Mohamed disse-lhe que poderia sair da tenda, respondendo-lhe que seus homens a acompanhariam.
Aborrecida, a moça caminhou pelo deserto, vindo a sentar-se próximo de uma nascente.
Lá ficou a ler sobre “As Mil e Uma Noites”.
Ficou a ocupar-se das histórias de Sherazade, e sua estratégia de toda a noite contar uma história para o sultão, sendo deixado o desfecho, para a noite seguinte. Tudo isto, como estratégia para escapar da morte certa, pelas mãos de um homem cruel e sanguinário.
Mais tarde, a moça retornou a tenda.
Lá se deparou com o moço cantarolando uma canção árabe.
A jovem, ao vê-lo cantando, perguntou-lhe qual era o tema da música.
O jovem respondeu que era um tema simples que tratava da amizade. Comentou que um seu amigo o viria visitar e fazer um pouco de companhia a moça.
Provocando a jovem, o rapaz disparou:
- O que a senhorita pensou que fosse?
Josie respondeu que não havia pensado em nada.
Com isto, seguiu para o quarto.
Mohamed percebeu o ar desolado da moça.
Sentiu-se vitorioso.
Depois de se ocupar de alguns afazeres, o moço retornou a tenda.
Ao chegar ali, foi informado pela criada, que a jovem não comera nada por todo o dia.
Recusara-se a comer as tâmaras e demais frutas que foram servidas a ela.
Como Mohamed e a criada falassem em árabe, a moça não compreendeu o que estavam falando.
O jovem por sua vez, ao tomar conhecimento do fato, ficou contrariado.
Ordenou a criada que preparasse uma lauta refeição. Assegurou a jovem comeria tudo. Recomendou a mulher que preparasse comidas ao gosto oriental.
Samara, afastou-se.
Nisto solicitou também que arrumasse para a jovem, um bonito vestido à moda ocidental.
A serviçal afastou-se.
A mulher apresentou-se para a moça e mostrou-lhe um vestido.
Disse-lhe que eram recomendações de seu senhor.
Mohamed por sua vez, vaidoso que era, tratou de se arrumar com um de seus melhores trajes.
Trajou-se com o cirwal – calça larga, tarbush – chapéu de feltro, usado em conjunto com seu turbante, além da túnica.
O turbante consiste em um pedaço de pano, arrumado cuidadosamente sobre a cabeça.
Tecido este composto de pedrarias.
Ao terminar de se arrumar, o homem perfumou-se.
Um criado o ajudava a compor-se.
Ao terminar de se arrumar, o moço dirigiu-se a sala.
Poucos minutos depois, a jovem apresentou-se.
Usava um bonito vestido de alças.
Mohamed a observou atentamente.
Em seguida chamou-a para sentar-se a mesa.
Ofereceu-lhe damascos.
Josie recusou a oferta.
Mohamed então, provocando-a, começou a comer a fruta, e a elogiar o seu sabor. Dizia que estavam dulcíssimas.
Ao perceber o olhar de interesse da moça, pegou uma fruta e exibiu para ela.
- Perceba seu cheiro! Não é uma bela fruta? – riu. – Experimente, você não irá pro inferno se degustar uma fruta tão especial.
Josie tentou resistir.
Mas a fome era tanta, que acabou capitulando e comendo algumas frutas.
A moça esvaziou o recipiente em que a fruta estava.
Nisto, foi servida uma suculenta salada que Josie recusou.
Mohamed por sua vez, serviu-se de uma generosa porção da mesma.
Enquanto comia, fazia grandes elogios a cozinheira.
Josie nervosa, ameaçou levantar-se.
O jovem respondeu-lhe que era falta de educação deixar uma pessoa sozinha a mesa.
Irônico perguntou-lhe se sua mãe não havia lhe ensinado boas maneiras.
Ao ouvir isto, a moça tencionou retrucar, mas o muçulmano foi mais rápido. Disse-lhe que ela estava sob seus cuidados.
No que Josie retrucou respondendo que não precisava de cuidados.
Rindo, Mohamed falou que todos precisavam de cuidados. Principalmente os homens.
Josie ficou de costas para ele.
Brincando o moço respondeu que não seria possível comer de costas para a mesa.
No que Josie respondeu-lhe que não iria comer.
Mohamed exigiu que ela não ficasse de costas para ele.
Como a moça insistisse em permanecer naquela posição, o moço aproximou-se.
Disse-lhe que não aceitava desafios e que não costumava ter suas ordens desobedecidas.
Josie respondeu que não estava acostumada a receber ordens absurdas.
Impaciente, o homem segurou os braços da moça exigindo que ela se levantasse.
Ela se recusou.
Foi o bastante para o moço segurá-la com força e levantá-la.
Mohamed não a soltou.
Josie, assustada, disse-lhe para que a soltasse.
No que Mohamed sinalizou que não o faria.
Nisto beijou a moça.
Josie, passou a esmurrá-lo.
Quando ele a soltou, a moça estava chorando.
O jovem muçulmano ficou desapontado.
Com isto, foi servido o uára al-áinab – que nada mais é que um bolinho de arroz, com variados temperos e enrolado em folha de videira.
A criada serviu a iguaria e depois se retirou.
Nisto o homem indagou-lhe que comesse algo. Argumentou que não gostaria que adoecesse.
Chorando, a moça lhe pediu para que a deixasse voltar para o Cairo.
Irritado, o homem disse-lhe para que ficasse em seu quarto.
Josie retirou-se, e ao sair da sala, deitou-se na cama e começou a chorar.
Nisto, a criada se aproximou.
Ao perceber que ninguém tocara no prato, comentou que se o amo gostaria que o jantar continuasse sendo servido.
Nervoso, Mohamed pediu a criada para que verificasse o que estava acontecendo com a moça.
Disse que se ela tivesse fome, poderia servi-la no quarto.
Com isto, a criada dirigiu-se ao quarto de Josie, onde a moça chorava copiosamente.
A mulher procurou consolá-la. Abraçou-a.
No dia seguinte, a jovem vestiu um novo traje árabe.
Ao se compor, dirigiu-se a sala.
Mohamed a aguardava.
Enquanto a esperava, servia-se de uma bebida quente, doce e leitosa, misturada com passas, amêndoas e coco chamada de sahleb.
Josie tinha o ar abatido.
O moço, ao notar o ar cansado da jovem, perguntou-lhe se ela estava bem.
Josie respondeu com voz desanimada, que não.
Mohamed, percebendo a fraqueza da moça, insistiu para que ela tomasse o sahleb. Argumentou que a bebida faria com que se sentisse menos fraca.
Como Josie resistisse a idéia, o homem segurou-a nos braços, e abrindo a boca da moça, forçou-a tomar a bebida.
Ao fazer menção de que iria chorar, o moço respondeu em tom imperativo, para que bebesse o líquido.
Josie então, sorveu o líquido.
Mohamed insistiu novamente.
Josie bebeu mais um pouco.
Por fim, a moça tomou todo o conteúdo do copo.
Mohamed comentou feliz que sempre conseguia fazer com que as pessoas fizessem o que ele queria, e ali não havia sido diferente.
Nisto, Josie pediu para que ele se afastasse.
Mohamed soltou-a.
A moça então, começou a afastar do rapaz.
Contudo, ao perder o equilíbrio, foi novamente amparada pelo jovem, que levou-a para o quarto e deitou-a na cama.
Preocupado, o homem chamou a criada, recomendou-lhe que servisse o café da manhã no quarto da jovem.
Josie tentou argumentar dizendo que não comeria nada, mas Mohamed respondeu que comeria tudo o que fosse servido. Ressaltou que caso ela se recusasse a comer, seria proibida de fazer passeios pelo deserto. Mohamede disse que permaneceria dentro da tenda, sob forte vigilância.
Percebendo que Mohamed cumpriria a ameaça, a jovem disse ao jovem que não precisava servir o café em seu quarto.
Josie levantou-se, e caminhou apoiando-se nos móveis que guarneciam a tenda.
Mohamed auxiliou-a.
Ajudou a moça a sentar-se nas almofadas.
O jovem muçulmano serviu-lhe pão sírio com diversos molhos.
Ofereceu-lhe um suco.
Samara recomendou-lhe que não fizesse a moça comer tudo de uma vez, ou ela acabaria passando mal.
Mohamed por sua vez, insistia para que a Josie comesse mais.
Preocupado, o moço respondeu que não seria bom ela caminhar em meio ao sol forte do deserto.
Razão pela qual recomendou-lhe que descansasse.
Dias mais tarde, Mohamed trouxe um amigo.
Quando Josie se viu diante de Fabrício, mal pode acreditar.
O homem, ao vê-la usando trajes árabes, ficou perplexo.
Nisto, Fabrício abraçou a moça. Disse que havia ficado preocupado.
Foi então que percebeu o ar triste da moça.
Josie não parecia feliz.
Preocupado, o homem foi conversar com o jovem. Argumentou que aqueles não eram modos de se tratar uma dama.
Mohamed ficou irritado ao ser censurado.
Mencionou que a única forma que encontrara para tentar conhecer a moça um pouco melhor, fora esta. Dizia que Josie era muito altiva e muito atrevida.
Razão pela qual não lhe dera a oportunidade de se mostrar como era verdadeiramente.
Com olhar compungido, o moço comentou que precisava fazer com que a moça visse que ele não era mau.
Fabrício argumentou que Josie não estava acostumada a ser tratada daquela forma.
Mohamed, ao ouvir estas palavras, perguntou se ele sabia alguma coisa sobre o passado da moça.
O homem, apreensivo, respondeu que os brasileiros não tinham por hábito arrebatar as mulheres, levando-as para viverem junto de si, à força.
Ao ouvir isto, o jovem muçulmano riu.
Argumentou que muitos brasileiros batiam em suas mulheres, as maltratavam, e que em muitos casos, não eram bons exemplos de namorados, maridos, e até mesmo amantes.
Fabrício resolveu calar-se.
Mohamed por sua vez, insistiu em dizer que ela estava feliz. Só não queria reconhecer o fato.
O homem, demonstrou não estar muito convencido disto. Lançou um olhar de reprovação sobre o moço.
Contudo, não desejando dar início a uma discussão, deu o assunto por encerrado.
Com isto, Mohamed encaminhou o homem para sua tenda.
Argumentou que Josie precisava descansar.
Luciana Celestino dos Santos
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Poesias
sexta-feira, 19 de março de 2021
A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 34
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