Poesias

quinta-feira, 4 de março de 2021

A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 10

Nisto, o moço respondeu que poderiam assistir a uma fita de Rodolfo Valentino.
A moça ficou surpresa com a proposta.
Carlos então, segurando uma de suas mãos, perguntou-lhe, se ela não tinha mais interesse em cinema.
- Tenho, sim! – respondeu a jovem.
O moço então, argumentou que ele estava ali, ao lado dela. Sem nenhuma modéstia, disse que era muito melhor do que o ator, já ele era de carne e osso.
Desta forma, tomou a esposa nos braços e a beijou.
Angélica por sua vez, não resistiu a investida do moço.
Isto por que, nas primeiras semanas após o ocorrido, a jovem se tornara esquiva.
Mas desta vez, a moça não resistiu.
Angélica passou as mãos pelo cabelo do moço.
Carlos, percebendo que era correspondido, segurou sua cintura.
Em seguida, o moço deitou a moça na cama, onde continuou beijando-a.
Dias depois, o casal foi ao cinematografo assistir a uma fita com o ator americano Douglas Fairbanks.
Semanas mais tarde, Carlos e Angélica foram visitar Francelino e Ângela.
O casal, ao chegar na mansão de Francelino, se deparou com Diva e Odair, que estavam ansiosos com a visita.
Carlos, abraçou os pais.
Diva reclamou dizendo que o filho não a visitava mais.
O moço argumentou que estava muito atarefado, e que não lhe sobrara tempo para visitá-la.
A mulher suspirou dizendo que os filhos se esqueciam muito rapidamente dos pais.
Odair então, argumentou que Diva estava sendo muito dramática.
Ela por sua vez, respondeu que tinha o direito de sentir saudades.
Nisto, cumprimentou a nora, e perguntou-lhe se estava melhor.
Angélica retribuiu o cumprimento, e respondeu que estava tudo bem.
Francelino e Ângela também cumprimentaram o casal.
Ambos comentaram que estava com saudades da moça.
Comentando as novidades, Carlos disse que fazia alguns dias, viram juntos um filme com Douglas Fairbanks.
Francelino brincando, perguntou se a adoração de Angélica por Rodolfo Valentino havia se arrefecido.
Ângela chamou a atenção do marido, argumentando que ele estava sendo inconveniente.
Francelino retrucou dizendo que estava brincando.
Carlos então disse:
- Não se incomode com isto, Dona Ângela. Eu não acredito que ele seja mais feliz do que eu. Ademais eu sou muito melhor do que ele. – respondeu irônico imitando o olhar do moço.
Foi o suficiente para Francelino, Ângela, Diva e Odair rirem.
Angélica por sua vez, ficou um pouco constrangida.
Mais tarde, os três casais almoçaram.
Angélica, ao sentir o cheiro da comida, reclamou. Disse que o cheiro estava muito forte.
Ângela por sua vez, respondeu que não havia nada de estranho com os alimentos.
Diva perguntou a moça, se estava tudo bem.
Angélica respondeu que sim.
Porém, quando a moça tencionou se servir da comida, sentiu mal estar.
Fato este, que ensejou sua ida ao toillet.
Carlos ao notar o ocorrido, tomado de preocupação, foi verificar se Angélica precisava de algo.
Diva e Ângela se entreolharam cúmplices.
Francelino e Odair, ficaram preocupados.
Ângela, tentando esclarecer os fatos, disse que desconfiava do que estava se passando.
Francelino aflito, pediu para que ela se explicasse.
Ângela contudo, respondeu que quem precisava participar a novidade, era o casal.
Francelino por sua vez, sem entender o que se passava, pediu a esposa para que verificasse se a filha precisava de alguma coisa.
A mulher, tencionando tranqüilizar o marido, foi ao encontro de Angélica.
Cerca de meia-hora depois, Carlos e Ângela, retornaram a sala de almoço, conduzindo a moça.
Como Angélica não tinha fome, Ângela providenciou que a jovem tomasse um pouco de sopa.
E assim, com a insistência de todos, a moça tomou um pouco da sopa.
Nisto, Carlos e Angélica ficaram a sós no escritório de Francelino.
O moço encostou seu rosto no rosto da jovem.
Preocupado, recomendou a moça que ficasse bem.
Tentando animá-la, depois de permanecer por cerca de uma hora com a moça nos braços, Carlos sugeriu que saíssem um pouco daquele ambiente fechado, e passeassem um pouco no jardim.
Angélica concordou.
Nisto, o casal caminhou pela imponente área verde da mansão de Francelino.
Feliz, Carlos se recordou dos momentos inesquecíveis que passara naqueles ambientes.
Recordou-se do noivado. Do dia em que dançaram juntos.
Nisto o moço puxou a moça para dançar.
Cantou-lhe a canção que tocara no gramofone.
Emocionada, a moça começou a chorar.
Carlos conduziu-a.
Dançaram.
Os pais dos jovens, ao presenciarem a cena, ficaram encantados.
Contudo, em dado momento da dança, Angélica sentiu-se mal e acabou por desmaiar.
Não fosse Carlos tê-la amparado, e a moça teria ido ao chão.
Quando Francelino viu a cena, tratou de correr ao encontro do casal.
Carlos então, segurou a moça no colo.
Orientado por Francelino, deitou a moça em sua antiga cama de solteira.
Ângela por sua vez, tratou de chamar um médico.
O doutor ao examinar a moça, disse-lhe que Ângela e Diva desconfiavam.
A nova família de Carlos, iria aumentar.
O moço, ao ouvir a novidade, ficou inicialmente surpreso.
Depois, ao perceber a novidade, começou a ficar feliz.
Francelino e Ângela, assim como Odair e Diva, cumprimentaram o rapaz.
Angélica por sua vez, foi orientada a descansar.
Nos meses que se seguiram, a moça foi paparicada por todos.
Carlos cercou-a de cuidados.
Preocupado, disse-lhe que não poderia se cansar, que tinha que descansar.
Tamanho cuidado fez com que Diva e Ângela dissessem ao rapaz, que gravidez não era doença.
Fato este, que impelia as duas mulheres a encherem a moça de cuidados. Em que pese a recriminação a Carlos.
Isto por que, a todo momento lhe ofereciam algo para beber.
A todo o momento perguntavam se não estava com fome. Entre outros cuidados.
Quando a criança nasceu, Angélica chamou-o de Pedro.
Carlos, ao segurar a criança nos braços, encheu-se de ternura.
Feliz, disse a mulher que permanecia no leito, que ela havia lhe dado o melhor presente que ele poderia ganhar.
Sorrindo, brincou com o bebê recém-nascido.
Diva e Ângela também ficaram encantadas com o bebê.
Francelino e Odair, tentaram segurar a criança. Mas nervosos, não seguraram a criança direito.
Nisto a criança começou a chorar.
Ângela então, censurando os homens, disse:
- Onde já se viu! Tanto talento para ganhar dinheiro, e tanta falta de habilidade para segurar um bebê! E isto por que já foram pais.
Desta forma, a mulher segurou a criança, tentando acalmá-la.
A criança foi apresentada a família, na sala de visitas da mansão do casal.
Angélica, guardava leito.
Carlos então explicou, que em virtude das recomendações médicas, a moça deveria ficar de resguardo.
Ângela e Diva pediram licença ao dono da casa, para visitarem a jovem mãe.
Carlos consentiu.
Gentil, acompanhou as senhoras até o quarto onde Angélica estava recolhida.
Amoroso, falou-lhe que duas mulheres muito especiais foram visitá-la.
Em seguida, abriu a porta para as damas, que cumprimentaram a moça.
Angélica sorriu para as duas mulheres.
Com isto, Ângela ficou durante algum tempo na casa de Carlos.
Dizendo que precisava cuidar da filha, pediu o consentimento do marido, para permanecer ao lado da filha, durante o período de resguardo.
Francelino concordou.
E assim, a mulher ficou a cuidar da filha e do bebê.
Aconselhava-a a comer as sopas, as canjas, os sucos, que eram trazidos para seu quarto.
Angélica resistia, argumentando que não agüentava comer tanta comida sem sal.
Ângela explicava que ela devia fazê-lo, pois assim, se restabeleceria mais rapidamente, trazendo benefícios para também, para o bebê.
Preocupada, Ângela argumentou que a filha estava perdendo peso.
Insistiu para que ela se alimentasse melhor, ou acabaria ficando doente.
Angélica então, tomou a canja que lhe foi oferecida.
Ângela elogiou o comportamento da filha.
Com isto, a moça começou a cuidar da criança.
Sua mãe a auxiliava.
Passado o período de guardar leito, a moça passou a passear pelos jardins da mansão com a criança no colo.
Brincava com o menino.
Carlos também aproveitava para passar algum tempo com o filho.
Brincava com o menino, dizendo que ele era seu herdeiro.
Abraçando a esposa, falou que agora eram uma família de verdade.
Nisto, a criança foi batizada.
Para tanto, foi organizada uma bela festa, no casarão da família Camargo.
Diva e Ângela cuidaram juntas dos preparativos da festa.
Houve uma bela ceia. Um lauto jantar.
Angélica e Carlos dançaram valsas.
O homem trajava um impecável fraque.
A mulher também estava deslumbrante em um vestido branco e jóias.
Ao vê-la tão linda, o homem disse que a maternidade a fizera mais bela. Encantado, falou que sempre a achou atraente, mas que neste momento, ela estava esplendorosa.
Nisto, beijou cavalheirescamente a mão da moça.
Depois o casal desceu as escadas.
Ângela estava segurando Pedro no colo.
Cearam.
Em dado momento do jantar, Carlos convidou Angélica para dançar.
Dizendo a todos que dançariam algo muito especial, pediu para os músicos tocarem um tango.
Angélica se surpreendeu.
Carlos então, conduziu a esposa pela mão até o centro do salão.
O casal dançou um tango.
Carlos conduziu a moça.
Angélica deslizou pelo salão com gestos lânguidos e sedutores.
O moço também demonstrou habilidade na dança.
Os convidados aplaudiram a apresentação.
Francelino por sua vez, não gostou muito da apresentação.
Argumentou que a dança era um tanto provocativa, mas que o casal fizera uma bonita apresentação.
Pedro, a esta altura, já dormia num dos quartos da mansão, sob os cuidados de uma criada.
Ao fim, da festa, o casal despediu-se dos convidados.
Todos elogiaram a festa e a dança. Diziam que Pedro era uma bonita criança.
Angélica agradeceu a gentileza.
Por fim, o casal, ao ver-se a sós, subiu as escadarias.
Passaram pelo quarto onde Pedro dormia.
Angélica ficou durante algum tempo contemplando o sono do filho.
Dizia que ele era o bebê mais bonito que já vira na vida.
Carlos concordou.
Ficou enternecido observando a esposa olhando a criança.
Mais tarde o casal se dirigiu para o quarto.
Galante, o moço disse-lhe que ela era a melhor esposa com que um homem poderia sonhar.
Nisto, segurou sua cintura.
Beijou seu pescoço.
Nisto, virou a moça em sua direção.
Começou a beijar sua mão, seguindo pelo braço, até chegar aos lábios.
Segurando-a nos braços, disse-lhe que iria fazer daquele casamento um eterno momento de celebração. Contou que estava disposto a fazer do matrimônio, um momento especial.
Angélica respondeu-lhe que ele era muito gentil. Mais galante que o mais galante dos homens.
Carlos ficou intrigado com o comentário.
A mulher explicou.
Disse que o homem mais charmoso que conhecia, nunca vira pessoalmente.
O rapaz entendeu o que a esposa queria dizer.
Encantador, disse que ele queria ser o seu Valentino.
Angélica tocou os ombros do moço.
Carlos se emocionou.
No dia seguinte, o casal tomou o café da manhã juntos, como sempre faziam.
Angélica alimentou o filho.
Mais tarde, o casal caminhou pelo jardim, conduzindo a criança dentro de um carrinho.
Tempos depois, o casal foi visto junto, passeando com a criança.
Foram juntos a igreja, levando a criança.
Num dado momento, Angélica, que passeava com Pedro por uma pracinha próxima de sua residência, descobriu por comentários de outras mulheres que circularam pelo lugar, que o ator que tanto admirava, havia falecido.
Angélica ficou perplexa.
Triste, voltou para casa. Ficou durante toda a tarde ouvindo o rádio, tentando descobrir notícias a respeito da morte do ator.
Quando Carlos retornou do trabalho, encontrou uma Angélica inconsolável.
Tristonha, a moça comentou que o ator Rodolfo Valentino havia morrido, e que todo um trabalho e um mundo de sonho e encantamento havia acabado.
Nisto, começou a chorar.
Carlos ficou perplexo.
Dizendo que o ator não era nem conhecido por ela, questionou a razão de ser de tanto pesar.
Angélica ficou revoltada.
Argumentou que ele era um ótimo ator, e que por ser tão bom no que fazia, trazia felicidade para quem assistia a suas películas. Disse que ele era especial por fazer as pessoas se sentirem especiais.
Desta feita, levantou-se e retirou-se para o quarto.
Carlos por sua vez, ficou aborrecido.
Por fim, achando graça da atitude da esposa, foi ter com ela.
Ao entrar no quarto, percebeu que ela chorava copiosamente.
Enciumado, Carlos comentou que ela parecia muito sentida com a morte do ator.
Angélica respondeu que ele fora seu primeiro referencial do que seria um namorado.
Disse que para ela, ele era o que melhor exemplificaria um homem perfeito. Triste, comentou que sabia que não existiam príncipes, mas que ele era o homem que havia chegado mais perto disto, no seu entender.
Carlos ficou magoado com aquelas palavras.
Angélica percebendo o ar desolado do moço, emendou dizendo:
- Eu sei que ele era uma fantasia. Como é uma fantasia, uma válvula de escape assistir as películas de Theda Bara, Clara Bow, Douglas Fairbanks, Chaplin, etc. Eles me trazem um mundo de encantamento. Hoje o mundo ficou mais sem graça... Mas ... a única coisa, ou melhor ... as únicas pessoas que me trazem alegria no momento, não são figuras do cinema.
Carlos perguntou aborrecido:
- Quem te importa então?
Angélica vendo que o marido ficara de costas, aproximou-se, tocando uma das mãos em suas costas.
Carlos então, voltou-se para ela.
A moça então respondeu:
- Em que pese a tristeza pela perda de algo tão caro, eu não me esqueci dos momentos felizes que passei e passo ao lado de duas pessoas maravilhosas, que vivem do lado de cá da tela. – nisto, olhando nos olhos do rapaz, completou. – Estou falando de vossa senhoria e de meu filho, seu bobo.
Os olhos de Carlos ficaram marejados.
Ao percebendo que o moço ficara emocionado, abraçou-o.
Carlos não resistiu.
Por fim, Angélica respondeu chorando, que tinha verdadeira adoração pelo ator, mas que a pessoa que aprendera a amar, era Carlos.
Foi o bastante para o moço se derramar em lágrimas.
Angélica abraçou-o.
Os meses que se passaram, foram muito felizes para o casal.
Tempos depois, nasceu Fabrício.
Angélica adorava passar as tardes com as crianças, vendo-as correndo pelo jardim, com suas roupinhas de marinheiro.
Pedro e Fabrício brigavam, mas também eram muito companheiros.
A mãe dos garotos, adorava vê-los brincando juntos.

Luciana Celestino dos Santos
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