Mais tarde, a mulher ajeitou o quarto de seu filho mais novo para Josie dormir.
A moça por sua vez, tentou argumentar dizendo que poderia pegar um ônibus na rodoviária e seguir para o hotel.
Mas Olavo e Vilma a proibiram de sair da propriedade.
Com isto, a mulher providenciou uma camisola para a moça.
Sem alternativa, Josie acabou concordando em pernoitar na propriedade.
Despediu-se de todos, colocou a camisola, a qual lhe assentou muito bem, e dormiu.
Dormiu um sono tranqüilo.
Olavo, ansioso, ficou rondando o quarto em que a moça dormia.
Olhando em volta, colocou a mão na maçaneta da porta do quarto, sendo surpreendido por Vilma, que o pegou no flagra.
Ao perceber a intenção do filho, passou-lhe uma admoestação:
- Meu filho! Com todo este tamanho e ainda se comportando como se fosse uma criança! Querendo invadir o quarto da moça! Acha isto bonito?
Olavo ficou deveras constrangido.
Vilma percebendo isto, emendou:
- Ora meu filho, não fique assim! A guria não vai fugir. Ela é um pouco arisca, mas já foi possível perceber que ela não lhe é indiferente. Se o fosse não teria voltado aqui. Acalme-te, que o que tiver que ser será. E eu tenho certeza de que vocês serão muito felizes. Eu não tenho dúvida.
Olavo não sabia o que dizer.
Por fim, Vilma disse:
- Vem meu filho, vamos dormir.
Contrariado, Olavo concordou em voltar ao quarto.
Vilma por sua vez, permaneceu durante algum tempo no corredor.
Depois de meia-hora, dirigiu-se ao quarto do filho para verificar se o mesmo estava dormindo.
Ao certificar-se disto, escondeu-se no corredor.
Durante algum ficou espreitando.
Ao perceber que Olavo não tentaria novamente entrar no quarto da moça, dirigiu-se ao quarto onde a mesma dormia.
Entrou vagarosamente, e ficou observando o sono da moça.
Depois de algum tempo, retornou ao seu quarto, e ao lado de seu marido, dormiu.
Mais tarde, Olavo levantou-se.
Vestiu-se, penteou os cabelos. Perfumou-se.
Ansioso, caminhou pelo corredor, quando ouviu barulhos na cozinha.
Era Vilma preparando o café da manhã.
Na mesa foram postas uvas, bule com café, jarras com suco de uva e de laranja, iogurtes de morango e de coco, croissant’s, pães doces, pão caseiro, queijo, morango e chantily.
Otaviano e Olavo ficaram impressionados com o capricho.
Vilma argumentou que para as visitas, era necessário um desjejum mais caprichado.
Otaviano brincou dizendo que assim ficava com ciúme.
Ansioso, Olavo perguntou por Josie.
Vilma comentou que a moça ainda não havia saído do quarto.
Olavo argumentou se não era melhor ver o que estava acontecendo.
Preocupado, chegou a perguntar se ela não poderia estar passando mal.
Ao ouvirem tais palavras, Otaviano e Vilma começaram a rir.
Nervoso, Olavo indagou o porquê das risadas.
Vilma calmamente respondeu:
- Meu querido! Aquiete-se! Daqui a pouco a moça sairá do quarto.
Com efeito, Josie ao despertar, tratou de vestir a roupa com que fora até a vinícola.
Nisto seguiu para a copa.
Ao chegar na copa, a moça encantou-se com a mesa caprichada preparada por Vilma.
Chegou até a exclamar:
- Que lindo!
- Que bom que você gostou! – respondeu Vilma.
Olavo tratou logo de desejar-lhe bom dia.
Em seguida convidou-a para sentar-se a mesa.
Puxou uma das cadeiras indicando que se sentasse.
Josie agradeceu.
Gentil, Olavo serviu os morangos, pães, suco de uva, café.
Josie não conseguiu comer toda a comida que lhe foi oferecida.
Em seguida, Olavo e a moça caminharam pelo caminho de pedras.
Josie não se cansava de admirar da beleza das camélias.
O moço, percebendo o encantamento dela pela flor, resolveu colher uma das flores ofertando-a de presente para ela.
A moça agradeceu o presente.
Olavo comentou que outras propriedades também possuem a flor, em seus caminhos de pedra.
Mais tarde, o casal retornou para Gramado.
Ao verem o carro de Olavo se distanciando pelo caminho, Otaviano comentou que o filho estava perdido.
Vilma emendou dizendo que isto certamente resultaria em casamento.
Otaviano disse ainda, que nunca vira o filho tão interessado em uma mulher.
Vilma comentou que ele ainda não havia encontrado a pessoa certa. Não tivera a sorte dela, que em seu primeiro namoro, encontrou o companheiro da vida inteira.
Otaviano sorriu emocionado para a esposa.
Ao chegarem em Gramado, Olavo deixou a moça em seu hotel. Disse-lhe que ali ela poderia se arrumar à vontade e que mais tarde, sairiam para almoçar.
Nisto, Olavo despediu-se de Josie, com um beijo no rosto.
A moça, ao entrar no quarto, tratou de escolher uma roupa.
Escolheu um vestido de manga comprida, meia-calça preta e uma bota sem salto.
Tratou logo de tomar um belo banho. Lavou a cabeça.
Olavo por sua vez, também banhou-se.
Escolheu uma calça social e camisa.
Ao buscar Josie na recepção do hotel, elogiou a elegância da moça.
Josie usava a fragrância ofertada de presente por Olavo.
O moço também estava perfumado.
Segurando as mãos da moça, Olavo convidou Josie para um passeio pela cidade.
Durante o almoço, a jovem comentou que no dia seguinte, partiria para Porto Alegre.
Ao ouvir isto, Olavo prometeu levá-la de carro para a cidade. Atencioso, perguntou-lhe quando gostaria de partir.
Josie sem jeito, respondeu que não era necessário.
O moço contudo, insistiu.
Dizendo que não aceitaria um não como resposta, comentou que tinha negócios a tratar na cidade, e que assim, estaria unindo o útil ao agradável.
Ao ouvir tais palavras, Josie caiu na risada.
Olavo, galanteador, comentou que dissera isto, por que estava adorando a companhia da moça. Brincalhão, perguntou se ela também não estava gostando da companhia.
Um pouco sem graça, Josie respondeu que sim.
No dia seguinte, de malas prontas, com todos os apontamentos feits sobre os passeios realizados até então, Josie seguiu com Olavo para Porte Alegre.
Na cidade, a jovem se surpreendeu com seus prédios imponentes, a mendicância, a imensidade de pessoas.
Josie comentou com Olavo, a cidade lhe lembrava São Paulo.
Ocorre que, antes de passearem pela cidade, o casal se hospedou em um hotel do lugar.
Mais tarde saíram para caminhar.
Passearem pelo Mercado Municipal.
Lá o homem mostrou-lhe a erva com que era preparado o chimarrão.
Josie achou curioso, o cheiro forte da erva.
Olavo, comentou então, que ao adquirir uma cuia de chimarrão a mesma deve ser curtida, antes que se possa apreciar a bebida. Contou que o hábito de tomar chimarrão faz parte da cultura sulista.
Enquanto caminhavam pelo centro da cidade, Josie avistou alguns homens de bombacha.
A moça se surpreendeu quando viu uma moça usando a vestimenta.
Olavo comentou então, que o traje típico gaúcho, com bombacha, lenço, chapéu, bota, era originariamente masculino, mas que foi feita uma leitura do traje para as mulheres. Argumentou que em sendo bem feita, uma mulher pode ficar muito bem vestida de bombacha.
Curiosa, Josie perguntou ao moço, se ele costumava vestir a famosa indumentária.
Olavo comentou cheio de orgulho, que somente em ocasiões especiais usava a vestimenta. Animado, confidenciou que chegou a fazer parte de um CTG.
- Que interessante! - comentou Josie.
Percebendo o interesse da moça, Olavo perguntou-lhe se ela não gostaria de conhecer um Centro de Tradições Gaúchas.
Josie respondeu que sim.
Nisto, caminhando de mãos dadas, o moço continuou a mostrar-lhe o centro da cidade.
Josie visitou o Centro Cultural Mário Quintana, viu os inúmeros prédios militares instalados na Rua dos Andradas, bem como o Museu Militar. Ao fundo, as construções portuárias.
De carro, ao entrar na cidade, a moça avistou enormes barcos no porto, assim como o Rio Guaíba.
Ainda entrando na localidade, a jovem avistou o Palácio Piratini.
Mais tarde, o casal passeou pela Avenida Borges de Medeiros, atravessou um viaduto, conheceu o Shopping Praia de Belas, o Parque Marinha do Brasil. Também caminharam próximos ao Rio Guaíba, até as proximidades do Estádio Beira-Rio.
No shopping, o casal almoçou.
Durante o passeio, Josie tirou inúmeras fotos, e na praça de alimentação do shopping, resolveu escrever alguns apontamentos sobre o passeio realizado.
Depois de alguns instantes de descanso, Olavo perguntou-lhe se estava gostando do passeio.
Josie respondeu que sim.
Mais tarde, o casal retornou ao hotel onde estavam hospedados.
Olavo, chegou a sugerir se não poderia ir até o quarto da moça para conversar.
Josie achou graça. Respondeu que não. Comentou que precisava descansar.
O moço respondeu que era uma pena.
Nisto cada um seguiu para seu quarto.
No final da tarde, o casal foi apreciar o pôr do sol do Rio Guaíba.
Olavo se sentou nas proximidades do rio. Gentil, sugeriu que Josie sentasse próximo dele.
Foi questão de tempo para que se aconchegasse em seus braços.
O jovem comentou então, que aquele era um cartão postal da cidade, e que eles estavam apreciando um espetáculo sem igual.
Nisto, o casal ficou a apreciar o despedir do sol, contemplando o que era possível de seus tons amarelos, até que a noite tomou conta de tudo. Como era período de lua cheia, o casal conseguiu contemplá-la em toda sua inteireza.
O evento, deixou-os encantados.
Finalmente, quando a noite tomou conta do passeio, o casal decidiu procurar um restaurante.
Resolveram comer um lanche feito em um imenso pão, com muito ovo.
Josie comentou então, que os gaúchos adoram ovo. Brincando disse que eles pareciam portugueses.
Olavo respondeu que havia muitos descendentes de italianos no estado, e que os italianos adoram ovo.
A moça comeu um sanduíche com calabresa.
Olavo comeu um lanche de carne.
Depois da pequena ceia, o casal caminhou de mãos dadas pelas ruas da cidade.
Avistaram algumas das belezas do lugar.
Josie achou uma beleza o Mercado Municipal todo iluminado.
O centro da cidade, sem todas as barracas do comércio ambulante, tinha outro aspecto.
Quando retornaram ao hotel, o casal estava exausto.
Antes de irem para seus respectivos quartos, o casal se abraçou.
Olavo, se deixando levar pelo momento, deu um beijo no rosto de Josie, que ficou encabulada.
O moço se afastou. Desejou-lhe boa noite.
No dia seguinte, o casal continuou a passear pela cidade.
Durante o passeio, o jovem combinou que visitariam um Centro de Tradições Gaúchas.
Nisto, ao saírem juntos para jantarem, o moço se paramentou todo.
Vestiu uma bombacha, camisa, colocou o lenço vermelho, calçou botas, colocou chapéu.
Josie, ao vê-lo todo composto como um típico gaúcho, ficou encantada.
- Que beleza! – exclamou.
O moço retribuiu o elogio com um sorriso.
Segurando-a pela cintura, disse que iria ensiná-la a dançar um vanerão, o fandango, chimarrita e o chamamé.
Tentou ensinar-lhe alguns passos.
Josie tentou argumentar que era péssima dançarina, e que seria muito difícil aprender qualquer ritmo musical.
O casal ficou ensaiando uns passos no corredor.
Cômico era ver os hóspedes passando e olhando espantados pelo casal.
Josie pediu para Olavo parar a valsa.
O moço corrigiu, dizendo que não era valsa e sim um chamamé.
Nisto a jovem segurou o moço pelo braço. Disse-lhe que precisavam ir.
- Sim senhorita! – respondeu o moço, meio atônito.
Com isto, o rapaz apresentou a moça as tradições gaúchas.
Contou sobre a vestimenta das prendas – as moças que são conduzidas pelos cavalheiros. Todas com roupas de época.
Josie ficou encantada com a beleza dos trajes, as danças, as músicas.
Olavo comentou que todos tinham que usar vestimentas adequadas as tradições. Ressalvou que o vestuário seguia regras especificas. Não era qualquer pilcha ou vestido que poderia ser utilizado nas apresentações do CTG (Centro de Tradições Gaúchas).
Curiosa, Josie perguntou o que queria dizer ‘pilcha’.
O rapaz, orgulhoso, respondeu que eram todos os elementos que compunham o traje típico gaúcho.
Para demonstrar mais dos costumes da terra, o moço tomou chimarrão.
Ofereceu a bebida para Josie.
A moça relutou em aceitar, mas Olavo insistiu.
Assim, a jovem experimentou a bebida.
Contudo, a julgar pela careta que fez, parece não ter gostado muito do sabor da bebida.
Olavo perguntou:
- Achou a bebida amarga, não é?
Josie um tanto sem jeito, respondeu que sim.
O moço comentou que geralmente na primeira prova, as pessoas não gostavam da bebida, mas que aos poucos, acabavam se acostumando com o sabor e até gostando da bebida. Animado, falou que talvez gostasse mais do tereré, que nada mais era, que um chimarrão servido gelado.
Nisto, foi servido um arroz a carreteiro, e churrasco gaúcho.
Josie comeu algumas das carnes servidas. De sobremesa, provou uma mousse de maracujá.
Durante o jantar, também foi servido um saboroso vinho gaúcho.
Enquanto as pessoas comiam, as apresentações continuavam.
Por fim, Olavo começou a dançar, trazendo Josie pela mão.
Ao perceber que todos olhavam em sua direção, a moça ficou constrangida.
Dizendo que não sabia dançar, tentou se desvencilhar da situação.
Mas não teve jeito.
Quando Olavo começou a dizer que ela estava decepcionando a todos, acabou deixando Josie sem alternativa.
O moço, percebendo o nervosismo da garota, comentou que a dança não tinha segredo, e começou a ensinar-lhe lentamente os passos da dança.
Argumentando que o cavalheiro é quem conduzia a moça, disse que ela não tinha como o que se preocupar.
Nisto, o casal começou a desenhar passos no salão.
Olavo disse-lhe que iriam explorar o salão. Passos para lá, para cá, volteios. Passos largos, longos.
Aos poucos Josie foi se acostumando com a dança.
Com isto, ao término da singela apresentação, foram aplaudidos.
Nisto foi jogada uma rosa, que Olavo pegou, beijou e ofereceu a Josie.
Alguns comensais, empolgados, começaram a dizer: “Beija, beija ...”.
Josie ficou sem graça.
Olavo, percebendo o constrangimento, segurou as mãos da moça, exibiu a palma de ambas, e abraçou a moça.
Depois, se afastando, segurou o rosto da moça e beijou-lhe.
Todos aplaudiram.
Josie aturdida, ficou surpresa com o gesto.
Sem reação, Olavo segurou-a pela mão, conduzindo-a novamente à mesa.
Por fim, o casal retornou ao hotel.
Com efeito, durante o jantar, muitos dos componentes do CTG foram conversar com o casal.
As moças diziam a Josie que ela era uma mulher de sorte.
Os rapazes diziam que fora uma bela dança, e que Josie era muito bonita.
Alguns comentaram que ele havia escolhido bem a namorada.
Olavo comentou que eles ainda não eram namorados.
Um gaúcho mais exaltado, comentou que ele estava muito devagar. Dizendo que o beijo exibido do salão já era um indício de um namoro, argumentou que a partir daquela noite já poderia se considerar um sujeito comprometido.
Olavo sorriu.
No hotel, antes de se despedir da moça, Olavo segurou sua mão, aproximou-se. Beijou-lhe o rosto.
Disse que precisavam conversar.
Josie porém, alegando sono, comentou que amanhã conversariam com mais tranqüilidade.
Nisto, aproximou-se do rapaz.
Pediu para se abaixar um pouco, para que lhe dissesse algo.
Olavo inclinou-se sobre ela.
Josie segurou-lhe o pescoço, e aproximando-se de seu rosto, beijou-lhe.
O moço ficou estático.
Com isto, a jovem deslizou a mão no rosto do rapaz, e respondeu suavemente que já era hora de dormir. Desejou-lhe boa noite.
Olavo ficou sem palavras.
Por fim, ao vê-la fechando a porta atrás de si, disse tchau.
Em seu quarto, Josie abriu seu caderno de anotações.
Lá estava a camélia que lhe fora dada de presente.
Olavo por sua vez, ao se dirigir ao seu quarto, encostou-se na porta. Tocou seus lábios. Ficou relembrando como num filme, a cena do beijo.
Entusiasmado, o moço demorou para pegar no sono. Ficou por longas horas rolando na cama.
Por fim, adormeceu.
Quando acordou, levantou-se triste.
Josie por sua vez, estava muito feliz. Em que pese o aperto no peito pela aproximação do fim da viagem, a moça estava feliz.
Ao despertar, tratou logo de tomar um banho.
Colocou uma blusa verde de manga comprida, um vestido preto de lã de mangas curtas, bota sem salto.
Pelo corredor, caminhou em direção ao quarto do moço.
Bateu na porta.
Olavo atendeu-a.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Poesias
quinta-feira, 18 de março de 2021
A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 26
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