O casal foi habitar o palacete construído pelo moço.
Maria Rosa foi muito feliz ao lado de Mário.
Juntos, criaram a filha que tiveram, Mirtes.
A menina foi criada conhecendo a origem da mãe, a história de Carina.
Para desespero dos avós, Dona Alaíde e Antenor que tentavam a todo custo encobrir a origem de Maria Rosa, a qual consideravam espúria.
Alaíde ficava inconformada em ver o modo com que a criança era criada.
Achava a criança, atrevida e solta demais.
E assim, Mirtes foi criada com o mesmo temperamento livre da mãe.
Estudou em colégio interno, aprendeu a tocar piano. Falava francês e inglês e lia diversas obras nos referidos idiomas.
Dona Alaíde dizia a Maria Rosa e Mário, que a menina deveria aprender a cozinhar, a lavar, passar, engomar, bordar. Enfim ofícios do lar, e não coisas endereçadas aos homens.
Maria Rosa ria. Dizia que ela também recebera esta criação.
Todavia a vida que sorria próspera para a família, se declinou com a crise do café.
Dona Alaíde e Antenor perderam as propriedades que tinham, posto que viviam exclusivamente da monocultura cafeeira.
Razão pela qual foram morar no palacete do filho, na capital.
Mário também perdeu bens, mas por exercer atividades outras, conseguiu manter parte do patrimônio.
A despeito da crise, o rapaz resolveu criar uma linha mais popular de suas porcelanas.
Resolveu também, se dedicar a tecelagem, plantando algodão em uma das fazendas que restara do rico patrimônio da família Oliveira Prates.
Mirtes realizou um bom casamento com um rico moço da região.
A moça usava os cabelos curtos, e penteados de forma ondulada.
Ousada, a jovem sabia até dirigir.
Para desespero de Alaíde que não conformava com os modos livres de Mirtes.
Modos estes os quais considerava escandalosos.
O casamento da moça foi realizado no campo, sendo convidada toda a ilustre sociedade da época.
Com o tempo porém, o fausto e a opulência se findaram.
A falta de tino comercial do marido de Mirtes, fez com que o patrimônio conquistado por Mário se reduzisse ao palacete e a fábrica de tecidos.
Henrique era mulherengo e perdulário. Jogador contumaz.
Mirtes por sua vez, ao ver a situação da família, as dívidas se avolumando, tentou de todas as formas assumir as rédeas dos negócios. No que foi impedida por Henrique.
A moça ao perceber que o marido era um péssimo administrador, passou a se preocupar.
Contudo, não podia retirá-lo da administração das fábricas. Não possuía poderes para tanto.
Nisto, já maduros, com uma filha crescida, se viram implicados em uma denúncia de desvio de dinheiro.
Henrique havia sumido com o dinheiro para pagar dívidas da família.
Mirtes e Miriam, ao se verem a todo o momento sendo importunadas por credores, trataram de arrumar os poucos pertences que ainda possuíam, e rumaram para outras paragens.
Sem nunca dizer que outrora foram ricas.
Para sobreviverem, passaram a trabalhar em um circo.
Inicialmente, mãe e filha anunciavam as atrações do circo: as apresentações dos palhaços; o número no trapézio, o domador e suas feras.
O dono do circo, ao perceber a beleza da jovem Miriam, sugeriu que a moça passasse a trabalhar nas atrações do circo.
Com isto, a moça passou a se apresentar juntamente com o atirador de facas.
Era um número arriscado e que exigiu muito treinamento e preparo da moça.
Mirtes tentou argumentar, se opondo a idéia, mas Miriam a demoveu da idéia dizendo-lhe que precisavam se manter e que apenas anunciar as atrações do circo não era o suficiente para garantir a subsistência de ambas.
Ademais, Miriam dizia estar cansada de ouvir gracejos dos freqüentadores do circo.
Com isto, Mirtes acabou concordando com a idéia da filha participar, de uma das atrações do lugar.
Contudo, ao ver o homem, atirando facas contra uma tábua, a mulher ficou horrorizada.
Por um instante chegou a pensar em conversar com a filha e fazê-la desistir da idéia de fazer dupla com Homero.
Homero ao perceber o ar assustadiço da mulher procurou conversar com ela.
Disse-lhe que o número não oferecia riscos, e que Miriam não sofreria nenhuma lesão. Isto porque, só passaria a treinar com a moça, quando estivesse seguro de sua pontaria.
E assim, o homem permaneceu por semanas treinando sua pontaria, até Miriam ser chamada para um ensaio.
Mirtes ao ouvir o convite, chegou a pedir a filha para que não participasse.
Miriam porém, resistiu aos apelos da mãe. Relatou que se sentia preparada para o desafio, e que não seria uma pequena dificuldade que a faria desistir do intento.
E assim, a moça se encaminhou para o picadeiro do circo para a realização do ensaio.
Estava ansiosa e trêmula.
Ao se posicionar na tábua, em cima do desenho no qual seu parceiro treinara por semanas, sentiu um arrepio.
Lívida, ameaçou desmaiar.
Homero, ao perceber o semblante pálido da moça, acorreu em sua direção para segurá-la.
Aflito, perguntou a jovem se estava tudo bem, como estava se sentindo.
Nisto, pediu para que uma assistente providenciasse um copo com água.
Miriam bebeu com sofreguidão.
Aos poucos, a jovem foi se recompondo, e depois de alguns minutos, a moça se levantou e insistiu com Homero, para que ensaiassem o número.
Ao ouvir isto, o homem ficou como que tomado de espanto.
Admirado, perguntou se ela realmente se sentia preparada para o número, se não precisava descansar, respirar um pouco...
Miriam, ao perceber o ar vacilante do moço, insistiu.
Disse que não sairia dali enquanto não ensaiasse o número. Argumentou que não desmaiaria novamente, e que caso se sentisse incapaz de realizar o ensaio, ela própria pediria para parar.
Com isto, insistiu mais uma vez para fazer o ensaio.
Desta feita, a dupla realizou o número.
Miriam posicionou-se na tábua, e Homero auxiliou-a a ajeitar-se.
Após, disse que iria atirar algumas facas a uma boa distância, e que ela não poderia se mexer, sob pena de se ferir.
Miriam respirou fundo e prometeu que não iria se mexer.
Nisto Homero pediu a ela que prendesse a respiração.
Começou a lançar facas.
Ao término do ensaio, Miriam estava com as pernas bambas.
Homero então, autorizou-a a se mexer.
Mirtes ao ver a filha caminhando pelo picadeiro com ar espantado, perguntou-lhe o que havia acontecido.
A moça respondeu-lhe que havia realizado o primeiro ensaio, do número com as facas.
Com o tempo, e os ensaios, a jovem foi ganhando mais confiança.
Aprendeu a se posicionar na tábua.
Homero por sua vez, passou a atirar facas, a uma distância menor da moça.
Quando finalmente foi realizada a primeira apresentação, Miriam usava um traje com uma saia longa de tule, corpete, e cabelos presos e enfeitados de flores e algumas penas. O rosto, pintado de branco, com bastante maquiagem.
Homero por sua vez, usava um traje semelhante a um fraque, com algumas flores, e cartola.
Mirtes acompanhou o número, enquanto, convidava todos a entrarem e ocuparem seus lugares, nos bancos colocados ao redor do picadeiro.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
Maria Rosa foi muito feliz ao lado de Mário.
Juntos, criaram a filha que tiveram, Mirtes.
A menina foi criada conhecendo a origem da mãe, a história de Carina.
Para desespero dos avós, Dona Alaíde e Antenor que tentavam a todo custo encobrir a origem de Maria Rosa, a qual consideravam espúria.
Alaíde ficava inconformada em ver o modo com que a criança era criada.
Achava a criança, atrevida e solta demais.
E assim, Mirtes foi criada com o mesmo temperamento livre da mãe.
Estudou em colégio interno, aprendeu a tocar piano. Falava francês e inglês e lia diversas obras nos referidos idiomas.
Dona Alaíde dizia a Maria Rosa e Mário, que a menina deveria aprender a cozinhar, a lavar, passar, engomar, bordar. Enfim ofícios do lar, e não coisas endereçadas aos homens.
Maria Rosa ria. Dizia que ela também recebera esta criação.
Todavia a vida que sorria próspera para a família, se declinou com a crise do café.
Dona Alaíde e Antenor perderam as propriedades que tinham, posto que viviam exclusivamente da monocultura cafeeira.
Razão pela qual foram morar no palacete do filho, na capital.
Mário também perdeu bens, mas por exercer atividades outras, conseguiu manter parte do patrimônio.
A despeito da crise, o rapaz resolveu criar uma linha mais popular de suas porcelanas.
Resolveu também, se dedicar a tecelagem, plantando algodão em uma das fazendas que restara do rico patrimônio da família Oliveira Prates.
Mirtes realizou um bom casamento com um rico moço da região.
A moça usava os cabelos curtos, e penteados de forma ondulada.
Ousada, a jovem sabia até dirigir.
Para desespero de Alaíde que não conformava com os modos livres de Mirtes.
Modos estes os quais considerava escandalosos.
O casamento da moça foi realizado no campo, sendo convidada toda a ilustre sociedade da época.
Com o tempo porém, o fausto e a opulência se findaram.
A falta de tino comercial do marido de Mirtes, fez com que o patrimônio conquistado por Mário se reduzisse ao palacete e a fábrica de tecidos.
Henrique era mulherengo e perdulário. Jogador contumaz.
Mirtes por sua vez, ao ver a situação da família, as dívidas se avolumando, tentou de todas as formas assumir as rédeas dos negócios. No que foi impedida por Henrique.
A moça ao perceber que o marido era um péssimo administrador, passou a se preocupar.
Contudo, não podia retirá-lo da administração das fábricas. Não possuía poderes para tanto.
Nisto, já maduros, com uma filha crescida, se viram implicados em uma denúncia de desvio de dinheiro.
Henrique havia sumido com o dinheiro para pagar dívidas da família.
Mirtes e Miriam, ao se verem a todo o momento sendo importunadas por credores, trataram de arrumar os poucos pertences que ainda possuíam, e rumaram para outras paragens.
Sem nunca dizer que outrora foram ricas.
Para sobreviverem, passaram a trabalhar em um circo.
Inicialmente, mãe e filha anunciavam as atrações do circo: as apresentações dos palhaços; o número no trapézio, o domador e suas feras.
O dono do circo, ao perceber a beleza da jovem Miriam, sugeriu que a moça passasse a trabalhar nas atrações do circo.
Com isto, a moça passou a se apresentar juntamente com o atirador de facas.
Era um número arriscado e que exigiu muito treinamento e preparo da moça.
Mirtes tentou argumentar, se opondo a idéia, mas Miriam a demoveu da idéia dizendo-lhe que precisavam se manter e que apenas anunciar as atrações do circo não era o suficiente para garantir a subsistência de ambas.
Ademais, Miriam dizia estar cansada de ouvir gracejos dos freqüentadores do circo.
Com isto, Mirtes acabou concordando com a idéia da filha participar, de uma das atrações do lugar.
Contudo, ao ver o homem, atirando facas contra uma tábua, a mulher ficou horrorizada.
Por um instante chegou a pensar em conversar com a filha e fazê-la desistir da idéia de fazer dupla com Homero.
Homero ao perceber o ar assustadiço da mulher procurou conversar com ela.
Disse-lhe que o número não oferecia riscos, e que Miriam não sofreria nenhuma lesão. Isto porque, só passaria a treinar com a moça, quando estivesse seguro de sua pontaria.
E assim, o homem permaneceu por semanas treinando sua pontaria, até Miriam ser chamada para um ensaio.
Mirtes ao ouvir o convite, chegou a pedir a filha para que não participasse.
Miriam porém, resistiu aos apelos da mãe. Relatou que se sentia preparada para o desafio, e que não seria uma pequena dificuldade que a faria desistir do intento.
E assim, a moça se encaminhou para o picadeiro do circo para a realização do ensaio.
Estava ansiosa e trêmula.
Ao se posicionar na tábua, em cima do desenho no qual seu parceiro treinara por semanas, sentiu um arrepio.
Lívida, ameaçou desmaiar.
Homero, ao perceber o semblante pálido da moça, acorreu em sua direção para segurá-la.
Aflito, perguntou a jovem se estava tudo bem, como estava se sentindo.
Nisto, pediu para que uma assistente providenciasse um copo com água.
Miriam bebeu com sofreguidão.
Aos poucos, a jovem foi se recompondo, e depois de alguns minutos, a moça se levantou e insistiu com Homero, para que ensaiassem o número.
Ao ouvir isto, o homem ficou como que tomado de espanto.
Admirado, perguntou se ela realmente se sentia preparada para o número, se não precisava descansar, respirar um pouco...
Miriam, ao perceber o ar vacilante do moço, insistiu.
Disse que não sairia dali enquanto não ensaiasse o número. Argumentou que não desmaiaria novamente, e que caso se sentisse incapaz de realizar o ensaio, ela própria pediria para parar.
Com isto, insistiu mais uma vez para fazer o ensaio.
Desta feita, a dupla realizou o número.
Miriam posicionou-se na tábua, e Homero auxiliou-a a ajeitar-se.
Após, disse que iria atirar algumas facas a uma boa distância, e que ela não poderia se mexer, sob pena de se ferir.
Miriam respirou fundo e prometeu que não iria se mexer.
Nisto Homero pediu a ela que prendesse a respiração.
Começou a lançar facas.
Ao término do ensaio, Miriam estava com as pernas bambas.
Homero então, autorizou-a a se mexer.
Mirtes ao ver a filha caminhando pelo picadeiro com ar espantado, perguntou-lhe o que havia acontecido.
A moça respondeu-lhe que havia realizado o primeiro ensaio, do número com as facas.
Com o tempo, e os ensaios, a jovem foi ganhando mais confiança.
Aprendeu a se posicionar na tábua.
Homero por sua vez, passou a atirar facas, a uma distância menor da moça.
Quando finalmente foi realizada a primeira apresentação, Miriam usava um traje com uma saia longa de tule, corpete, e cabelos presos e enfeitados de flores e algumas penas. O rosto, pintado de branco, com bastante maquiagem.
Homero por sua vez, usava um traje semelhante a um fraque, com algumas flores, e cartola.
Mirtes acompanhou o número, enquanto, convidava todos a entrarem e ocuparem seus lugares, nos bancos colocados ao redor do picadeiro.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
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