Poesias

sexta-feira, 19 de março de 2021

A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 30

Tempos depois, finalmente Josie entrou de férias.
Quando Roberta soube que a amiga estava namorando firme, com um rapaz bonito, de nome Olavo, ficou fazendo gracinhas com ela.
Lucineide se juntava nas gozações, e Josie pedia para que se calassem.
Olavo mantinha contato com a moça.
Sempre que podia, ligava para a moça, comentava sobre seu trabalho, o aumento nas vendas dos produtos feitos na vinícola, etc.
Nisto, a moça dirigiu-se ao Sul.
Preparou suas malas.
Não sem ouvir os palpites de Lucineide e Roberta.
As amigas acompanharam Josie até o aeroporto.
Nisto, ao se despedir de Roberta, aconselhou-a a se entender com Leonardo.
Disse-lhe que não precisava permanecer brigada com o moço.
No que Roberta lhe disse que não fora ela quem brigara com ele, e que não tinha raiva do moço.
Contudo, não poderia aceitá-lo.
Josie continuou, dizendo que ela deveria se acertar com o moço, para conseguir viver bem com André.
Roberta respondeu-lhe que iria tentar conversar com Leonardo, mas que não poderia garantir que ele a ouviria.
Por fim, as amigas se despediram.
Josie rumou de avião para o Sul.
Com isto, ao chegar no aeroporto de Porto Alegre, a moça foi recepcionada por Olavo, que a aguardava.
Acenou-lhe enquanto a jovem aguardava sua bagagem.
Quando Josie foi ao encontro de Olavo, o moço a recebeu com um caloroso sorriso.
Perguntou-lhe como estava.
Josie respondeu que estava bem, e que não via a hora de rever os lugares por onde passara tempos atrás.
Animado, Olavo comentou que seria um mês muito especial o que ela passaria a seu lado.
Com isto, o moço carregou as malas de Josie até seu carro.
Levou-a até sua casa.
Ao chegar na propriedade da família, a moça cumprimentou Vilma e Otaviano.
Vilma mais uma vez, instalou a moça no quarto do irmão de Olavo.
Cansada, a moça pediu para tomar um banho.
Como fazia calor, Josie vestiu um vestido estampado de alças.
Olavo ao vê-la, disse-lhe que estava linda.
Vilma e Otaviano perguntaram sobre seu trabalho em São Paulo.
Josie respondeu que estava a correria de sempre. Muitas matérias, muito trabalho na redação.
Vilma comentou que leu a matéria que a moça fizera para o Sul.
Simpática, a mulher disse que mostrou a reportagem para suas amigas. Relatou que todas gostaram da matéria.
Animada, Vilma respondeu que ela havia captado um pouco do que era o viver daquela região.
Josie agradeceu os elogios.
Olavo por sua vez, convidou-a para um passeio.
Vilma por sua vez, argumentou que Josie poderia estar com fome. Razão pela qual sugeriu-lhe comer algo.
O moço porém, dizendo que estava apressado, pediu a mãe para providenciar uma cesta de pequenique.
Vilma argumentou que eles poderiam ficar ali, comer alguma coisa e depois sair para caminhar. Percebendo no entanto que o moço não mudaria de idéia, arrumou um pequeno café da manhã.
Na cesta havia bolo, pão, frios, um frasco com suco de uva, uma garrafa térmica com café, pratos, copos, toalha.
Com isto, ao receber a cesta das mãos da mãe, Olavo perguntou-lhe se havia colocado as ervas, água quente e a cuia de chimarrão, no recipiente.
Como Vilma não tivesse providenciado tais acessórios, Olavo dirigiu-se a cozinha, lá encontrando em um dos armários a cuia de chimarrão, e em outro a erva.
A mulher então, esquentou um pouco de água, e colocou em outra garrafa térmica.
Ajeitou os itens dentro da cesta.
- Meu filho! Você é impossível! Com você não há quem possa.
Josie por sua vez, despediu-se da mulher.
Comentou que mais tarde conversariam.
Quando o casal estava saindo da casa, Vilma recomendou a Olavo que ele não demorasse em seu passeio, pois dentro de duas horas estaria com o almoço pronto.
Olavo respondeu que na hora certa, estaria de volta.
Nisto, o moço conduziu a moça até um carro antigo, mas ainda em bom estado de funcionamento.
Ajudou Josie a sentar-se no veículo.
Colocou a cesta, ao lado da moça.
Olavo conduziu o carro pelo caminho das uvas.
Josie pode então, rever os parreirais.
Não se cansava de olhar.
Olavo, ao parar o veículo, percebendo o deslumbramento da moça com a beleza dos parreirais, comentou:
- Lindo, não? E pensar que já estamos na época da colheita das uvas. Logo, logo, todo este verde irá desaparecer.
Nisto, o jovem ajudou Josie a descer do carro.
O casal caminhou durante algum tempo pelo parreiral.
Mais tarde, quando o moço abriu a cesta de pequenique, pegou uma toalha e estendeu-a em um canto, ao lado do parreiral.
Auxiliado por Josie, o moço tirou bolo, pão, frios, suco, café da cesta.
Por último, retirou a garrafa térmica com água quente, a erva e a cuia.
Animado, comentou que Josie iria experimentar uma bebida muito especial, que não havia outra igual no mundo.
Olavo então, começou a preparar o chimarrão.
Bebeu um pouco, e ao oferecer a moça, percebeu uma hesitação.
Razão pela qual, insistiu.
Argumentou que se ela nem experimentasse, estaria fazendo uma desfeita para ele.
Sem jeito, a moça acabou aceitando a oferta.
Ao sorver a bebida, achou seu gosto amargo.
Motivo pelo qual, quando o moço perguntou-lhe se havia gostado, respondeu:
- É amargo!
Olavo riu.
- Aos poucos você se acostuma!
- Como assim? – perguntou a moça.
O moço então, passou a beber o chimarrão.
Ao oferecer a bebida novamente a moça, Josie recusou-se a sorver um segundo gole.
- Nem mais um pouquinho, prenda? – insistiu o moço.
Olavo disse-lhe para ficar à vontade e se servir dos comes e bebes.
Brincando, disse que as iguarias a fariam esquecer o gosto do chimarrão.
Josie comeu uns pedaços do bolo, e bebeu um pouco do suco de uva.
Enquanto comia, Olavo comentou que a bebida ajudava a suportar o frio da terra, esquentava o peito. Por esta razão, era servida quente.
Depois, o moço mostrou-lhe a erva com que fizera a bebida.
Josie comentou que o cheiro era forte.
Olavo respondeu que era planta nova.
A moça voltou a contemplar a paisagem, a admirar a grande quantidade de uvas, os parreirais a se perderem de vista.
Construções de pedra.
Enquanto caminharam, Josie viu algumas árvores, com buracos na parte inferior.
Lembrou-se da história dos imigrantes italianos dormindo dentro dos ocos das árvores, enquanto não tinham casas para se abrigarem.
Intrigada, perguntou a Olavo, como eles faziam para suportarem o frio que fazia durante a madrugada.
O moço respondeu que provavelmente faziam fogueiras para se aquecerem, e deviam cobrir a entrada com algum pano resistente as intempéries, como faziam os tropeiros, que dormiam com suas capas impermeáveis.
Depois, ao ver que Josie não se servira de outras iguarias, perguntou-lhe se estava cansada.
Como a moça respondera que não, Olavo insistiu para que ela se deitasse um pouco.
Sentado a seu lado, Olavo abraçou a jovem.
Argumentou que ela devia estar cansada, pois viajara de São Paulo a Porto Alegre, e depois seguira viagem com ele até a vinícola, que fica em outra cidade.
Josie respondeu que ele devia estar cansado, pois fora ele quem seguira dirigindo da vinícola até Porto Alegre, e depois de lá, até a vinícola.
Olavo retrucou dizendo que não, não estava cansado.
Começou a fazer uma massagem nos ombros da moça.
Também começou a se afastar.
Josie foi se inclinando, até ficar recostada.
Ficou contemplando a paisagem.
- Lindo, lindo, lindo! Eu também não me canso de olhar! – respondeu Olavo.
Josie continuava a olhar os parreirais verdejantes, as estradinhas de terras cortando as plantações.
Olavo percebendo que a moça estava entretida, começou a entoar canções de sua terra.
Josie riu.
Por fim, o casal levantou-se, guardou os comes e bebes, utensílios e toalha, dentro da cesta.
Voltaram para casa.
Quando adentraram a sala do imóvel, Vilma disse que eles estavam atrasados para o almoço.
Nisto a mulher serviu Josie com carne, batata recheada, arroz. Perguntou-lhe se gostaria de comer um pouco de salada.
Josie deixou Vilma colocar a salada.
Durante o almoço, Olavo comentou que Josie provou um pouco de chimarrão, mas que não gostara da bebida, por considerá-la amarga.
Vilma ao ouvir o comentário do filho, respondeu que com o tempo, ela acabaria se acostumando com a bebida.
Otaviano por sua vez, falou que geralmente quando a pessoa bebia o chimarrão pela primeira vez, estranhava o gosto, mas depois acabava se acostumando com a bebida. Disse que a bebida era uma marca registrada do povo gaúcho. Apaixonado, comentou que no Brasil aquela era uma terra onde seu povo costumava preservar suas tradições.
Josie argumentou que em São Paulo o problema era que em razão da absorção de tantas culturas, o povo da região acabou perdendo sua identidade. A moça comentou que não havia problema algum em aceitar a cultura de outros povos, de outras regiões, e até, de outros países. Contudo, não se devia perder a própria tradição.
Nisto, Otaviano perguntou se havia uma tradição paulista.
Josie respondeu que conhecia alguns aspectos culturais típicos de São Paulo, como o caipira, vindo da roça, que tinha um jeito todo particular de se vestir e de falar. Comentou que haviam dois representantes do caipira paulista, que eram o Mazzaropi – interpretado pelo ator Amácio Mazzaropi; e o Jeca Tatu – personagem de Monteiro Lobato.
Josie, contou ainda, sobre as festas juninas, os santos católicos, a Folia de Reis. E os tapetes de serragem a enfeitar as ruas de algumas cidades no feriado de Corpus Christi.
O homem ao ouvir a enumeração de Josie, comentou que festas juninas, tapetes com serragens e Folias de Reis não existiam somente em São Paulo.
Josie concordou, mas respondeu que em cada região, estas manifestações tinha seu colorido próprio.
Otaviano concordou. Respondeu que São Paulo poderia não ter uma cultura tradicional, antiga, mas que possuía uma cultura cosmopolita.
Josie comentou que em São Paulo, assim como naquela região do Sul, havia muitos descendentes de italianos. Disse que havia festas italianas muito famosas na cidade de São Paulo.
Vilma perguntou então, se havia uma música tipicamente paulista, como havia música típica gaúcha.
Josie respondeu que haviam músicas que falavam das belezas da cidade, da cultura caipira, mas que como estas músicas são tocadas em todo o país, acabam tendo uma característica mais universal.
Otaviano comentou que gostava muito do trecho da música de Caetano Veloso que falava que alguma coisa acontecia em seu coração, quando fazia o cruzamento da Ipiranga com a São João.
Simpático, respondeu que antes mesmo de pisar na cidade, já sabia que existiam na cidade logradouros com os referidos nomes. Curioso, contou que não sossegou até passar pelos lugares.
Campeou, campeou, até encontrar a famosa esquina.
Josie riu.
Enquanto almoçavam, a moça perguntou-lhe se ele conhecia o Brás.
Otaviano respondeu-lhe que não.
Josie bebeu então um pouco de vinho tinto.
Depois respondeu que um famoso compositor, cantor e sambista paulista, chamado Adoniram Barbosa, havia criado o “Samba do Arnesto”, no qual na letra da música, fazia menção ao Brás.
Otaviano admirado, respondeu que já havia ouvido falar no cantor. Curioso, perguntou como era a letra da música.
Sem jeito, Josie respondeu que não era muito afinada.
Curioso, Olavo pediu-lhe para cantar, nem que fosse desafinada.
Otaviano disse então, que conhecia algumas músicas de Adoniram, mas não se recordava desta canção.
Josie, timidamente, começou então a cantar:
- “O Arnesto nos convidou, prum samba ele mora no Brás. Nóis fumo não encontremos ninguém. Nóis vortemo cuma baita de uma reiva. Da outra vez, nóis num vai mais. Nóis num semos tatu. Noutro dia encontremo com Arnesto, que pediu desculpa, mas nóis num aceitemo. Isso não se faz Arnesto, nóis num se importa. Mais você devia tê ponhado um recado na porta...”
Otaviano por sua vez, comentou que conhecia a música.
Olavo perguntou a moça, se ele não era criticado por cantar errado.
Josie respondeu que provavelmente em sua época, ele deveria ter sido alvo de muitas críticas, mas que atualmente ele era um ícone da cultura paulistana e muito reverenciado. Disse que os erros de português de suas letras, eram uma forma de retratar o povo de sua terra, simples, que falava errado, e que sofria as vicissitudes da vida, suas dificuldades, era pobre.
Olavo entendeu a intenção do cantor.
Enquanto conversavam, saboreavam a deliciosa carne, acompanhada do arroz branco, e batata recheada.
Bebiam o vinho.
A certa altura, Olavo sugeriu um brinde as férias de Josie.
Sorrindo, prometeu que iria lhe proporcionar férias memoráveis.
Os quatro brindaram.
Ao término do almoço, Vilma recolheu a louça.
Josie se ofereceu para lavá-la.
Vilma porém, dizendo-lhe que era hóspede, recusou a oferta.
Josie não insistiu, mas dizendo que estava a disposição, argumentou que estava acostumada a cuidar de uma casa.
Vilma curiosa, perguntou-lhe se não morava com seus pais.
Josie respondeu que seus pais haviam falecido há cerca de três anos. Razão pela qual tivera que aprender a se virar sozinha.
Vilma ficou sem palavras.
A moça, percebendo isto, comentou que isto não lhe causava mais tristeza, pois havia aprendido a lidar com a ausência de ambos.
Argumentou que fazia mais de cinco anos que morava sozinha. Brincando, comentou que só não se arriscava a fazer pratos complicados. A cozinha poderia se incendiar. Mas que se virava fazendo o trivial.
E assim, enquanto lavava a louça, a moça conversava um pouco mais com Vilma.
Desta forma, a mulher contou sobre as traquinagens dos filhos, das brigas de Olavo com Otávio.
Contou que os irmãos eram muito companheiros, que brincavam juntos. Jogavam bola o dia inteiro se deixassem. Mas também, quando brigavam, podiam passar um bom tempo sem se falarem.
Vilma contou que se protegiam muito.
Relatou que houve um dia em que Olavo tentou fazer uma experiência com um gato, fato este que resultou em louças quebradas e muita confusão pela casa. Como ninguém confessasse quem havia feito a bagunça, ambos ficaram de castigo.
Como Olavo negou a autoria da traquinagem e Otávio também, os dois ficaram trancados em seus respectivos quartos.
Mesmo assim, Otávio não dedurou o irmão.
Curiosa, Josie perguntou qual fora a travessura, no que Vilma respondeu que Olavo tentou dar um banho no gato. Queria comprovar se de fato, gato não gosta de água.
A moça, perguntou então, se Olavo havia conseguido molhar o gato.
Vilma respondeu que ele conseguiu foi bagunçar a casa toda e levar um arranhão do bicho.
Olavo, depois de alguns minutos, foi até a cozinha.
Ao ver a moça conversando com sua mãe, perguntou-lhe se gostaria de fazer um passeio pela cidade.
Ao ouvir a palavra passeio, Vilma recomendou que a moça visitasse a igreja, a praça, e conhecesse o centro da cidade, e o comércio local.
Com isto, Josie e Olavo foram passear.
Vilma, percebendo que a moça usava um vestido leve, recomendou-lhe que levasse um casaco pois no final da tarde, a temperatura costumava cair um pouco.
Josie dirigiu-se ao quarto onde estava instalada e procurou um casaco que combinasse com o vestido. Decidiu levar um sobretudo.
Por fim, despediram-se de Olavo e Vilma.
No carro, o moço ligou o rádio, ficou a ouvir músicas da região.
Animado, começou a cantar.
Josie sorriu.
Curioso, Olavo perguntou do que ela estava rindo.
A moça respondeu:
- Eu não estou rindo. Estou sorrindo! Você canta muito bem.
O jovem ficou lisonjeado.
Enquanto dirigia, cantava. A certa altura, perguntou se não estava incomodando.
Josie respondeu que não.
Nisto o moço dirigiu até o centro da cidade.
Lá, passearam por uma praça, pela igreja matriz, caminharam por ruas, visitaram o comércio da cidade.
Avistaram construções em estilo contemporâneo, germânico.
O moço também levou-a para conhecer construções de pedra.
Josie ficou encantada com a cidade.
Tudo muito limpo, organizado, cidade arborizada, jardins bem cuidados.
Havia um pouco de pressa na cidade, mas nada que se comparasse a São Paulo.
Olavo percebendo o encantamento de Josie pela cidade, comentou que o lugar não era frenético e cosmopolita como São Paulo, mas tinha seu encanto.
Josie concordou respondendo que o município era muito charmoso.
Olavo, munido de uma câmera digital e uma filmadora, aproveitou para registrar todos os instantes do passeio.
Com o cair da tarde, o casal aproveitou para jantar no centro da cidade.
Como esfriara, Olavo auxiliou Josie a vestir seu casaco.
Enquanto degustavam um típico churrasco gaúcho, Olavo recebeu uma ligação em seu celular.
Era sua mãe, ligando para saber eles voltariam a tempo de jantar, ou jantariam em algum restaurante da cidade.
Olavo respondeu que já estava jantando. Argumentou que estava tudo bem, que Josie estava devidamente protegida do frio, e que não os esperassem, pois voltariam tarde do passeio.
Ao ouvir as frases finais da conversa, Josie criticou o namorado. Argumentou que ele estava sendo indiscreto.
Olavo, olhou-a nos olhos e disse que depois do jantar, ele iria mostrar a cidade iluminada, o comércio todo enfeitado de luz. Disse ainda, sussurrando em seu ouvido, que a noite estava só começando.
Nisto o garçom chegou e ofereceu lingüiça. A seguir, outro garçom ofereceu batata recheada.
Enquanto comia, Olavo insistia para que Josie se servisse de mais comida. A todo o momento Argumentava que ela estava comendo muito pouco.
Josie porém, dizia que estava satisfeita.
Insistente, Olavo chegou a pegar pedaços de carne de seu prato e oferecer para a moça.
Josie aceitava o alimento.
Ao término do jantar, Olavo perguntou se ela não gostaria de comer uma sobremesa.
Josie respondeu que gostaria de comer um doce.
Olavo sugeriu um sorvete.
A moça concordou.
Nisto, o rapaz pediu uma suculenta sobremesa.
Quando a sobremesa foi servida, Josie argumentou que não conseguiria tomar tanto sorvete.
Olavo, sem se fazer de rogado, respondeu que a ajudaria a comer a sobremesa.
E assim, o casal devorou juntos o sorvete.
Olavo aproveitou a ocasião para dar colheradas de sorvete para a moça.
Josie achou graça da situação.
Ao perceber que algumas pessoas olhavam para eles, chegou a ficar constrangida.
Olavo por sua vez, dizia para ela não se importar com olhares.
Dizia que as pessoas não estavam acostumadas a presenciar gestos de carinho, e isto fazia com que as pessoas que eram atenciosas umas com as outras, acabassem por chamar a atenção.
Josie olhou-o com ternura.
Em dado momento disse que ele era adorável.
Olavo recomendou-lhe que ela não lhe dissesse isto o tempo inteiro, ou ele ficaria mal acostumado.
Ao término da refeição, o moço pagou a conta.
A seguir, o casal caminhou por algumas das ruas por onde passaram durante o dia.
Josie ficou encantada com a beleza das luzes da cidade.
Olavo respondeu que durante a noite, a cidade tinha um charme todo especial.
A moça concordou.
Com isto, o casal ficou passeando durante algum tempo pela cidade.
Ao passarem por um centro de tradições, o casal entrou e ficou durante algum tempo acompanhando as danças.
Quando os membros do centro de tradições perceberam a presença do moço, trataram logo de convidá-lo para dançar.
Como estava acompanhado, Olavo pediu para dançar com sua noiva.
Ao ouvir a palavra noiva, Josie ficou espantada.
Todos os que estavam próximos, parabenizaram o casal.
Quando finalmente ficaram a sós, Josie perguntou de onde ele tirara a idéia de noivado.
Olavo respondeu que tivera vontade de dizer que tinha uma noiva e acabou falando.
A moça argumentou que ele não podia dizer o que quisesse sem pensar.
Olavo respondeu que não fora tão impensado assim, seu proceder.
Josie tentou argumentar, mas o moço, dizendo que iriam dançar um fandango, tratou de ensinar alguns passos da dança para a moça.
A jovem tentou se desvencilhar do compromisso, mas Olavo disse-lhe que ela fora intimada.
Com isto, só restou a jovem tentar aprender alguns passos da dança.
E assim, o casal dançou então para os freqüentadores do lugar.
Nervosa, Josie errou alguns passos, mas nada do que pudesse comprometer a dança.
Por fim, o casal agradeceu e Olavo se despediu dos amigos.
Ao saírem do CTG (Centro de Tradições Gaúchas), Josie argumentou que estava cansada.
Olavo, brincando com ela, disse para ela agüentar mais um pouco, pois dentro de algumas horas, estariam de volta a vinícola.
Nisto, o casal caminhou de mãos dadas até um estabelecimento da cidade.
Lá, Olavo reservou uma suíte.
Mais tarde, o casal rumou para a vinícola.
Durante a viagem, Josie aproveitou para colocar o sono em dia.
Olavo dirigiu pela estrada, ao som de músicas tradicionais do Sul.
Pela estrada escura, dirigiu, até chegar na vinícola.
Ao lá chegar, desceu do carro.
Do lado de Josie, abriu cuidadosamente a porta, tirou seu cinto, e carregou-a para dentro da casa.
Deitou-a no sofá da sala.
Depois, voltou para trancar o carro.
Quando voltou para dentro da casa, percebeu que sua mãe se encontrava na sala.
Olavo se assustou.
- Mãe! O que você está fazendo ai? – perguntou.
- Eu estava esperando vocês voltarem. – respondeu.
Josie permanecia deitada no sofá.
Olavo então, pedindo licença, disse que iria levar a moça até o quarto.
Vilma concordou.
Olavo então pegou a moça, e carregando-a, levou a moça para o quarto onde estava instalada.
Preocupada, Vilma lhe perguntou se não seria melhor acordar a moça para que trocasse de roupa e continuasse a dormir.
Olavo comentou então, que do jeito que Josie estava cansada, dificilmente ela acordaria para se vestir. Disse que dormira durante toda a viagem.
O moço, olhando a jovem dormir, respondeu que vendo a dormir tão tranqüila, ficou com pena de acordá-la.
Comentou preocupado que ela poderia perder o sono.
Com isto, retirou seu casaco, e ajudado por sua mãe, cobriu-a com o edredon estendido na cama.
Para isto, segurou-a nos braços novamente.
Vilma, estendeu o edredon.
Em seguida, Olavo beijou o rosto da moça.
Estendeu seu corpo na cama.
Vilma ficou enternecida com o gesto.
Por fim, o moço desejou-lhe boa noite.
Acompanhado por Vilma, fechou a porta do quarto.
Josie dormiu por horas.
Quando despertou, já era de madrugada.
Espantada, Josie percebeu que estava de volta a vinícola, e que havia sido levada do carro até lá.
Compreendeu que Olavo a carregara.
Por fim, vendo que ainda estava de vestido, e que seu casaco estava em uma cadeira, Josie resolveu vestir sua camisola.
Em seguida, deitou na cama e voltou a dormir.
Quando o dia amanheceu, a moça escutou um galo.
Continuou a dormir por mais algum tempo.
Por fim, levantou-se.
Resolveu tomar um banho.
Vestiu roupas limpas e confortáveis.
Ao abrir a janela do quarto, percebeu que estava um pouco frio.
Razão pela qual vestiu uma calça, botas sem salto, blusa de lã e casaco.
Devidamente composta, saiu do quarto, dirigiu-se a cozinha, onde Vilma já preparava um café da manhã.
Olavo ainda não havia se levantado, mas foi questão de tempo para que o fizesse.
Quando chegou a cozinha para tomar o café da manhã, Olavo disse que nos próximos dias ocorreria a colheita das uvas.
Convidou a moça para participar da colheita.
Vilma, ao ouvir o convite, censurou o filho.
Argumentou que a moça estava ali para descansar, e não para trabalhar mais.
Olavo retrucou dizendo que a colheita era trabalhosa mas tinha seu lado divertido.
Josie comentou que não se importava em participar.
Otaviano, brincando, respondeu que não costumava se enganar com as pessoas e que havia percebido que ela era uma mulher que não fugia do trabalho.
Josie riu.
O moço colocou um pouco de graspa, em seu café.
Comentou que durante o dia olharia os parreirais. Enquanto comia, pediu a Josie para acompanhá-lo.
Vilma, insistindo no fato de que a moça estava de férias, recomendou-lhe que não ficasse por toda a manhã nos parreirais ou a deixaria entediada.
Olavo respondeu que ela poderia preparar uma cesta com um lauto café da manhã, e que Josie poderia ler um livro enquanto ele trabalhava.
A moça concordou.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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