Poesias

quinta-feira, 18 de março de 2021

A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 25

Era uma missiva muito simpática do guia, relatando os eventos do dia.
Contava sobre a tradição da colheita das uvas, da cantoria, da alegria e dos festejos.
Olavo confidenciou que realizar aquele trabalho lhe trazia uma grande emoção, e que naquela tarde, as coisas haviam se desenrolado de uma forma muito especial.
Na correspondência prometeu que assim que fosse possível, entraria em contato com ela, e que quando visitasse São Paulo, iria descobrir onde ela morava.
Ao ler este trecho da carta, Josie achou graça. Afinal de contas, numa cidade composta de mais de onze milhões de habitantes, como ele conseguiria encontrá-la?
Por fim, Olavo se despedia com um abraço.
Ao terminar de ler a correspondência, a moça guardou o escrito em sua mala.
Cansada, tratou de trocar de roupa.
Tirou sua bota sem salto, a calça jeans, a blusa e o casaco que havia levado para o passeio e não usou.
Vestiu uma camisola e se deitou.
Exausta por conta do passeio, só foi despertar no dia seguinte.
Ao acordar, tratou de tomar um banho.
Vestiu uma calça jeans e uma blusinha de alça. Bota sem salto. Pegou sua bolsa e desceu para tomar o café-da-manhã do hotel.
Pegou mamão, iogurte de coco, queijo branco, risoles, suco de laranja, bolo de coco, e um croissant.
Estava faminta.
Depois disto, saiu para caminhar pela cidade.
Visitou um parque, e um museu com miniatura de palácios, aeroporto, vários trilhos com trenzinhos circulando, um lago com um castelinho isolado, réplicas de igrejas famosas no Brasil, e de outras construções encontradas mundo afora.
Josie ficou encantada com o lugar, e assim, com o passeio pelas vinícolas, e o passeio de trem, tirou muitas fotos.
A moça ficou deveras encantada com o lugar.
Após sair do lugar, procurou um lugar para almoçar.
Ao encontrar um restaurante de comida por quilo comeu arroz, carne, salada. Tomou suco de laranja, e comeu uma deliciosa sobremesa.
Quando retornou ao hotel, qual não foi sua surpresa ao descobrir que Olavo, havia ligado para ela e aguardava seu retorno.
Surpresa Josie acabou efetuando uma ligação de seu celular para o moço.
Curiosa, a moça perguntou-lhe como havia descoberto onde ela estava hospedada.
No que ele respondeu:
- Simples, minha cara! A cidade tem pouco mais de trinta mil habitantes. Procurei por você em todos os hotéis da cidade. Até encontrar uma Maria Josefa, oriunda de São Paulo, e com sua descrição física. Como fizeste o passeio só, acreditei que havia viajado sozinha. Daí para encontrá-la foi mais fácil.
- De fato! Encontrar uma Maria Josefa não deve ter sido tão difícil! Você é bastante insistente. – comentou ela entre risos.
Nisto Olavo respondeu que só era insistente quando o objeto de seu interesse valia a pena. Comentou então, que estava interessado em encontrá-la a tarde em Gramado.
Surpresa, Josie comentou que não daria tempo dele sair de sua cidade para encontrá-la em Gramado. Argumentou que só chegaria no final da tarde.
Olavo respondeu-lhe então:
- Ledo engano! Eu já estou em Gramado.
Ao ouvir isto, Josie ficou espantada:
- Como assim já está em Gramado?
Olavo explicou-lhe então, que assim que o ônibus em que estava partiu, passou a ligar para todos os hotéis e pousadas existentes na cidade. Disse que ficou a noite inteira ligando para os estabelecimentos, e antes mesmo de localizar o hotel em que estava, pegou seu carro e dirigiu até a cidade. Com isto, hospedou-se em um hotel do lugar, e continuou a procurá-la até encontrá-la.
Nisto, fez-se um silêncio de alguns instantes.
Preocupado, Olavo perguntou se ela ainda o estava ouvindo.
No que Josie respondeu que sim.
- E então? – insistiu o rapaz. – Vamos nos encontrar onde?
Josie pensativa. Até que respondeu:
- Podemos nos encontrar na Rua Coberta, em frente ao Palácio dos Festivais.
- Combinado! – respondeu o jovem. – Nos encontraremos por lá, por volta de meia-hora.
Josie concordou.
Com efeito, no horário combinado, a moça apareceu.
Olavo já a estava aguardando.
Logo que a viu, perguntou-lhe como estava, e se tinha fome.
Josie respondeu-lhe que havia acabado de almoçar.
Com isto, Olavo sugeriu-lhe fazer um passeio pela cidade. Convidou-a para passear pelos museus do lugar.
Josie concordou.
Nisto Olavo estendeu o braço direito, sugerindo que ela seguisse a sua frente.
Animado, Olavo comentou que gostava muito de passear pela cidade de Gramado, mas que fazia muito tempo que não visitava aquelas paragens.
Josie comentou que estava adorando conhecer Gramado, que a cidade era encantadora, assim como Canela.
Olavo perguntou-lhe se já havia visitado Canela.
Josie respondeu que sim.
Caminharam.
No Museu dos Perfumes, Josie descobriu que antigamente se utilizavam ervas com o fito de perfumar ambientes. Queimando-as, as mesmas espalhavam uma fumaça aromática. Do latim “per fumun”, de onde originou-se a palavra perfume.
Lá a moça avistou o perfume usado pela amante de Napoleão Bonaparte, fragrâncias envasadas em delicados e estilosos vidros, como o Eaux de Dali, Laguna, entre outros. Na estante envidraçada e repleta de perfumes, o famoso Chanel nº 5, entre outros frascos. Líquidos preciosos de variadas colorações.
Logo a seguir, uma delicada sala, com balcões e produtos a venda. Colônias, brincos perfumados, cosméticos.
Mais a frente, uma sala, com destiladores, frascos imensos de perfumes famosos, e curiosidades sobre o mundo dos perfumes. Como o poder de sedução dos perfumes utilizados por Cleopatra.
Josie ficou intrigada com o fato do famoso perfume Chanel nº 5 ser extraído de uma parte menos nobre de um animal. O qual conservado em álcool adquire um agradável aroma.
Olavo chegou a lhe dizer que da essência do óleo das rosas, foi que Avicena descobriu a famosa Água de Rosas.
Comentou também que quanto maior a quantidade de matérias-primas necessárias na confecção de um perfume, mais caro ele se torna.
Por isto que certos perfumes, como os feitos de fragrância de flores, por precisarem muitas vezes de toneladas de pétalas para serem produzidos, são tão caros. Disse que os perfumes de matéria-prima sintética são mais acessíveis, no que tange seus preços.
Comentou sobre as notas de saída, de coração e de fundo. Contou que as notas de saída são os primeiros aromas que sentimos ao abrirmos o frasco de perfume, as notas de coração são mais encorpadas e são sentidas quando o perfume entra em contato com a pele. Já as notas de fundo, são as últimas a serem percebidas, e são as que permanecem de forma mais duradoura na pele.
Animado, comentou que a classificação dos perfumes, dependem da concentração de elementos químicos existentes nos mesmos. Perfume seria então, um produto com maior concentração de extrato aromático, com menor quantidade de álcool.
A moça por sua vez, adorou as fragrâncias dos produtos vendidos.
Olavo aproveitou a ocasião para presenteá-la com uma colônia.
Josie tentou recusar, mas o moço, dizendo que a recusa o ofenderia, acabou fazendo-a aceitar o presente.
- Obrigada! – foi o que lhe restou dizer.
Nisto, o casal continuou o passeio.
Olavo segurou a sacola.
Enquanto caminhavam, o moço disse que o sul era um estado muito interessante, e que havia muita coisa a ser vista e documentada.
Josie concordou.
Argumentou que mais tarde precisaria por suas idéias em ordem para escrever uma matéria bem interessante sobre sua viagem.
Em alguns momentos do passeio, a moça pediu ao moço para pararem.
Comentou que precisava fazer algumas fotos.
- Além de jornalista, você fotografa!
Nisto, Olavo perguntou se poderia tirar uma foto dela.
Josie ficou um tanto surpresa com a pergunta.
- Mas por que uma foto minha?
Olavo perguntou que gostaria de ter uma recordação do passeio.
Josie concordou.
Olavo pegou seu celular e tirou uma foto da moça.
Depois, sugeriu que tirassem uma foto juntos.
Nisto o moço posicionou a câmera na direção de ambos e mais uma foto foi tirada.
Com o passar do tempo, Olavo tinha em seu celular várias fotos dele e de Josie juntos.
No final da tarde, o moço deixou a moça na entrada do hotel em que estava hospedada, recomendando-lhe que colocasse uma roupa mais quente, pois em cerca de uma hora, ele voltaria ali para buscá-la.
Sem perguntar se a moça estava com fome, disse que sairiam juntos para jantar.
Josie achou graça. Tentou argumentar que poderia pedir algo para comer no hotel, mas Olavo respondeu que ela estava intimada a jantar com ele.
Desta forma, a moça concordou com o convite. Dizendo que em se tratando de um cavalheiro ele era muito mandão, Josie fez com que Olavo risse.
O moço por sua vez, ao parar de rir, respondeu que não era mandão, apenas sabia o que queria.
E assim despediu-se da moça, cumprimentando-a e dizendo até breve.
Josie adentrou as dependências do hotel.
Achou graça no comportamento de Olavo.
Sozinha no quarto, começou a colocar no papel apontamentos dos passeios realizados. As curiosidades, os detalhes. Cuidadosamente, começou a escrever o esboço de sua matéria.
Detalhista, ficou observando as fotografias tiradas em sua câmera digital.
Precisava escolher quais fotos fariam parte da matéria. Não havia se decidido.
De tão entretida com o trabalho, não percebeu o adiantado da hora.
Nisto, ao notar que faltava meia-hora para as sete horas da noite, tratou de se arrumar. Precisava sair para jantar.
Abriu a janela do quarto para verificar a temperatura exterior.
Surpresa, notou que o ar estava frio.
Razão pela qual colocou um vestido de lã sobre o corpo, vestiu uma meia calça e colocou uma bota de salto.
Por cima do vestido, colocou um casaquinho.
Pensou desta forma, estar bem agasalhada.
Aspergiu um pouco do perfume que Olavo havia lhe comprado.
Quando colocava um par de brincos de contas brancas, recebeu um telefonema de Olavo.
A recepção do hotel, dirigiu a ligação para o ramal de seu quarto.
Josie agradeceu e atendeu o telefonema.
- Alô? – perguntou Olavo. – Está pronta?
Josie respondeu que sim.
- Está certo! Dentro de alguns minutos, vou estar na recepção te esperando. Até daqui a pouco! – respondeu o moço.
Nisto, Josie desligou o telefone.
Terminou de colocar os brincos, colocou o relógio, pegou sua bolsa. Retirou o cartão que acendia as luzes do quarto do terminal. Abriu a porta, e saiu.
Fechou a porta, e seguiu pelo corredor.
Desceu pelo elevador.
Ao se dirigir a portaria do hotel, percebeu que o moço já a aguardava.
Aproximando-se do rapaz, cumprimentou-o com beijos no rosto.
Perguntou se ele havia esperado muito.
- Acabei de chegar. – respondeu.
Nisto, Olavo segurou o braço da moça.
Feliz, comentou que havia percebido que ela estava usando o perfume que ele havia lhe oferecido de presente.
Josie sorriu para ele.
Saíram do hotel.
Olavo abriu a porta do carro para Josie.
Em seguida a moça entrou no veículo e colocou o cinto de segurança.
Olavo por sua vez, entrou do outro lado.
Dirigiu pela cidade.
Comentou que iriam jantar em um restaurante de comida italiana, e que Josie iria experimentar a culinária de seus antepassados.
Olavo disse que a comida italiana tem muito queijo, massa.
Josie ouvia Olavo falar da comida, da macarronada, do talharim, do ravióli, dos molhos.
Animado, o moço comentou que aquela era uma terra abençoada, que produzia as melhores uvas com as quais se podia trabalhar. Comentou que a colheita seria boa, e que por esta razão, certamente os vinhos produzidos seriam muito bons. Disse também que o modo de produção de muitas vinícolas da região era totalmente artesanal, e que os vinhos produzidos nesta safra, sofreriam um processo de maturação, somente sendo postos a venda, futuramente.
Curiosa, Josie perguntou se faziam um estoque de produtos.
- Temos que fazer! A produção de vinhos envolve um processo longo e delicado, se não nos prepararmos para isto, não teríamos o que vender!
Josie comentou por sua vez, que ele devia adorar seu trabalho.
Olavo então disse:
- Eu e minha eterna mania de ficar falando de trabalho. Tem tanta coisa mais interessante para se falar.
No que Josie respondeu:
- Não tem problema! Eu não me importo. Eu também tenho mania de ficar o tempo todo falando de trabalho.
Olavo riu. Argumentou que como passa boa parte de seu tempo se ocupando de cultivo das uvas, do fabrico dos vinhos e de outros produtos seus derivados, acaba concentrando boa parte de suas atenções em seu trabalho. Respondeu porém, que sabia tratar de outros assuntos. Comentou então, que estava adorando rever a cidade, e que não podia ter melhor companhia.
Josie sorriu. Agradeceu a gentileza.
Nisto, Olavo estacionou o carro. Ao ver que Josie retirava o cinto, pediu para que ela esperasse um pouco para sair do carro.
Assim, desceu do veículo parado, dirigiu-se a porta esquerda, e abriu-a para a moça.
Josie agradeceu o gesto, e desceu do carro.
Olavo então, conduziu a moça até a entrada do restaurante, onde foram recepcionados por um funcionário.
Daí, foram conduzidos até uma mesa.
Olavo pediu um vinho tinto suave.
Com o cardápio em mãos, Olavo escolheu um talharim, com cubinhos de filet e molho.
Josie pediu ravióli.
O garçom serviu as taças de ambos.
Olavo sugeriu um brinde a moça, para celebrar o momento.
Brindaram.
Josie comentou durante a conversa que travaram, que dali alguns dias, estaria rumando para Porto Alegre, para conhecer a cidade, seus atrativos e assim, finalizaria seu trabalho.
Olavo perguntou-lhe se ela gostava do que fazia.
Josie respondeu que sim.
Dizendo que desde que se entendia por gente queria ser jornalista, argumentou apenas, que não esperava se tornar uma jornalista de amenidades. Animada, comentou que em seus tempos de criança, e até mesmo na faculdade, imaginava-se trabalhando em um noticioso, em reportagens envolvendo política, assuntos econômicos.
Comentou porém, que quis as circunstâncias, que se tornasse especialista em comportamento, em amenidades.
Disse que antes de trabalhar em uma revista de turismo, escrevia e ainda escreve matérias sobre comportamento.
Curioso, Olavo perguntou que tipo de matéria.
Josie respondeu que fazia matérias pesquisando restaurantes, teatros, eventos culturais. Comentou que a última matéria que havia feito, junto com um fotografo, foi sobre a arte barista. Contou que visitou alguns cafés em São Paulo. Relatou que em alguns se pode ficar a tarde inteira lendo um bom livro. Alguns estavam conjugados com uma livraria.
- Mas você não faz a matéria e fotografa?
- Às vezes, eu também faço a fotografia. Há uns dois anos, eu fiz um curso de fotografia. Como eu sempre me interessei pelo assunto, resolvi me especializar. Com isto, amplio as possibilidades de trabalho.
Interessado no assunto, Olavo sugeriu que a moça visitasse mais uma vez o parreiral – propriedade de sua família – com vistas a realização de fotos no lugar.
Comentou que estava interessado em produzir um site sobre a empresa familiar. Relatou que já fazia alguns anos que pensava nisto, mas acabou deixando a idéia de lado. Argumentou que seu pai não via necessidade nisto, já que a propriedade era bem conhecida e os produtos também, não havendo por que despender dinheiro neste tipo de divulgação.
Olavo comentou então, que os tempos pediam este tipo de investimento, e que estava interessado em realizar fotos para colocá-las em um site. Falou que iria conversar com seu pai, mas que, independente disto, ela poderia fazer as fotos.
Josie indagou:
- Não seria melhor conversar com seu pai antes?
- Não é necessário. Pode fazer as fotos. Você será muito bem paga por elas. Quanto a isto, eu só gostaria de ver antes, algumas fotos que você tirou durante o passeio. É possível, Josie?
A moça concordou.
Nisto, os pratos foram servidos.
Simpático, Olavo disse que seu talharim estava magnífico. Chegou até a perguntar se Josie não gostaria de experimentar.
Educadamente a moça respondeu que não.
Olavo por sua vez, insistiu.
Dizendo que a comida estava deliciosa, argumentou que ela precisava experimentar.
Nisto, pegou um pouco de talharim, enrolou em um garfo e estendeu o alimento na direção do prato de Josie. Enquanto fazia isto, disse o talharim não devia ser cortado, e sim enrolado inteiro.
Sem jeito, a moça experimentou a iguaria.
Olavo perguntou então, se era ou não um belo talharim.
Josie limpou a boca com o guardanapo de tecido. Em seguida, respondeu que sim.
Olavo então, sem pudores, começou a fazer comentários sobre o ravióli que Josie comia. Elogiou o prato, disse que a comida tinha um ótimo aspecto e que parecia ser muito saborosa.
A moça, percebendo que ele queria experimentar a comida, pegou alguns raviólis com seu garfo perguntando se ele queria um pouco.
Fazendo um pouco de charme, o rapaz disse que ela não precisava se incomodar.
Josie respondeu que não havia nenhum problema.
Dito isto, ofereceu a comida para Olavo.
Colocou um pouco da iguaria no prato do moço.
Olavo então não se fez de rogado. Agradeceu e tratou logo de comer os raviólis.
Ao término da refeição, o moço perguntou-lhe se gostaria de uma sobremesa. Josie recusou.
Com isto, Olavo pediu a conta.
O garçom ofereceu um cafezinho que Olavo tratou de aceitar.
Conta paga, Olavo conduziu Josie até seu carro, realizando o mesmo gesto de abrir a porta.
Enquanto dirigia, perguntou a moça, se tinha algum passeio em mente, para fazer no dia seguinte.
Josie respondeu que estava pensando em dar mais uma voltinha pela cidade. Comentou que gostaria de conhecer mais sobre a cultura gaúcha.
Olavo por sua vez, comentou sobre as músicas gaúchas. Mencionou que existem vários tipos de danças e músicas, como vanerão, chamamé, entre outras. Animado, comentou que sempre que pode, procura ouvir músicas de seu estado.
Josie se lamentou dizendo que em São Paulo não existe uma cultura típica como no Sul, ou no Nordeste, regiões que preservam suas tradições. Comentou que como ali estão povos de todos os estados do Brasil e do mundo, a cidade acaba ficando com a cara de todos os lugares, e assim, sem identidade. Contou que admirava quem tinha carinho e cuidado em preservar sua cultura.
Olavo argumentou dizendo que São Paulo era um centro cultural, e que nem todos os lugares conseguem refletir tão bem a cultura de outros povos. Comentou que embora tenha visto lugares feios em São Paulo, a cidade não fica a dever em quase nada a capitais internacionais.
Curiosa, Josie perguntou se Olavo conhecia outros países.
O moço respondeu que conhecia Nova York, Montevidéu e Buenos Aires.
- Que interessante! – respondeu Josie. – Meu sonho é conhecer outros países. Espero um dia poder conhecer a América Latina, a Europa.
Simpático, Olavo respondeu que ela iria conhecer todos estes lugares.
Nisto o rapaz parou em frente ao lago da cidade. Em um mirante ficaram observando as luzes da cidade.
Olavo comentou então, que durante o Natal Luz, é apresentado um bonito espetáculo.
No que Josie disse:
- Não duvido!
Mais tarde, Olavo levou a moça de volta a seu hotel, prometendo um passeio para o dia seguinte.
Josie agradeceu o passeio, no que Olavo respondeu:
- Eu é que tenho que agradecer a linda noite que me proporcionaste! Até amanhã!
Josie entrou no hotel.
Em seguida Olavo rumou para o hotel onde estava hospedado.
Ao chegar na entrada do hotel, deixou a chave do carro na recepção, onde um funcionário do estabelecimento o colocou no estacionamento do lugar. Em seguida o moço pegou a chave do quarto.
Pegou o elevador.
Em seu quarto, deitou-se na cama e ficou por algum tempo pensando no passeio que fizera com Josie.
Nisto, recebeu uma ligação em seu celular. Era seu pai.
Otaviano ligou para o filho, preocupado com sua atitude intempestiva, de abandonar a colheita das uvas, para viajar sem motivo aparente para Gramado. Preocupado, perguntou o que estava acontecendo.
O moço respondeu então, que havia encontrado uma moça muito encantadora na excursão, e que não poderia perdê-la de vista, sob o risco de nunca mais tornar a vê-la. Razão pela qual arrumou apressadamente suas malas e viajou durante a noite para Gramado.
Surpreso, Otaviano comentou que Vilma, havia lhe contado a história, entre perplexidade e incredulidade, e que ele mesmo custou a acreditar no que estava ouvindo. Contou que acreditou se tratar de uma molecagem, como as que ele costumava fazer quando era mais novo.
No que Olavo respondeu que ele não precisava se preocupar. Que estava tudo bem, e que dentro em breve ele voltaria para a vinícola, acompanhado da moça. Contou que a havia convencido a tirar mais fotos dos parreirais e que criaria um site, divulgando o lugar, suas atrações e seus produtos.
Otaviano retrucou dizendo que não havia necessidade disto.
Seu filho respondeu que retornando para casa, conversariam sobre o assunto.
Nisto, Otaviano perguntou se estava tudo bem, e ouvindo uma resposta positiva do filho, tranquilizou-se. Em seguida passou o telefone para Vilma.
A mulher, aflita com a atitude do filho, perguntou se estava tudo bem, e pediu para que voltasse para casa, o quanto antes.
Sorrindo, Olavo disse que não tinha com o que se preocupar. Prometeu que daria notícias.
A seguir, despediu-se da mãe e desligou o telefone.
Sentado que estava na cama, tornou a deitar-se.
Voltou a pensar nas cenas da tarde.
No dia seguinte, o rapaz foi buscar a moça na porta do hotel.
Enquanto dirigia, contou-lhe que iriam visitar uma fábrica especializada na produção de óleos e essências, entre elas, produtos medicinais e a tão famosa rosa mosqueta.
Olavo confidenciou a moça que o óleo da delicada flor era utilizada para problemas de pele, dificuldade de cicatrização, formação de quelóides. Comentou que era bom para eliminar manchas, cuidar das estrias. Rosa da vitória, símbolo dos boêmios.
Josie achou graça. Comentou que ele era um ótimo guia, pois além de conhecer do fabrico de vinhos, entendia também de perfumes e de produtos de beleza.
Olavo por sua vez, respondeu que ela iria se surpreender ainda mais com ele.
Nisto, o casal dirigiu-se a fábrica.
Num bonito estabelecimento, Josie se encantou com o cuidado na produção dos óleos.
Percebendo o interesse da moça nos produtos, Olavo comprou um bonito frasco com essência de rosa mosqueta para ela.
Disse-lhe que era para deixar sua pele ainda mais bonita.
Josie agradeceu.
Observando o frasco, notou o quanto era belo.
Com efeito, o produto foi colocado em uma sacola com o logotipo da loja, e o moço efetuou o pagamento do produto no cartão.
Depois do passeio pela fábrica, caminharam um pouco pela cidade. Conheceram algumas malharias.
Almoçaram por lá e depois retornaram a Gramado.
Enquanto dirigia, Olavo perguntou a Josie se estava gostando do passeio.
A moça respondeu que sim.
No dia seguinte, depois de conversar com Josie, o casal dirigiu-se a vinícola.
Lá a moça foi apresentada a Otaviano e Vilma – os pais de Olavo.
O moço estava entusiasmado com o evento.
Fez questão de acompanhá-la em todos os lugares.
E assim, Josie tirou inúmeras fotos.
A moça impressionou-se quando o moço abriu uma garrafa de espumante com um sabre.
Olavo chegou a oferecer-lhe um pouco de champagne, mas Josie ficou preocupada com os cacos de vidro que poderiam estar na taça oferecida com a bebida.
Visando tranqüilizá-la, Olavo sorveu a bebida, para demonstrar-lhe que não havia cacos de vidros misturados com a bebida. Comentou que a pressão do espumante expelia qualquer caco de vidro que pudesse eventualmente cair no copo.
Josie então apreciou o espumante.
Olavo comentou animado, que aquela bebida estava sendo elaborada para talvez, no próximo ano, ser posta à venda.
Josie argumentou que guardaria o segredo.
Devido a insistência de Olavo, a moça permaneceu na propriedade.
Otaviano e Vilma foram muito simpáticos com Josie. Perguntaram se ela não era a turista que estava na excursão realizada na propriedade a poucos dias atrás.
Josie respondeu um pouco constrangida, que sim.
Nisto Vilma perguntou se eles já se conheciam.
Josie respondeu que só veio a conhecer Olavo, durante o passeio nas vinhas.
Otaviano comentou com gracejos, que a paixão devia ter sido fulminante.
Vilma bateu com o cotovelo no braço do marido.
Otaviano, percebendo então a indiscrição, pediu desculpas.
Dizendo que estava brincando, comentou a meia voz com Vilma, que nunca vira Olavo tão empolgado com uma garota.
Olavo também ficou sem jeito com a brincadeira do pai.
Nisto, conduziu a moça para um canto, dizendo que seu pai era muito brincalhão.
Em tom insinuante, comentou que ela era realmente muito interessante.
Josie riu.
Nisto ficou a contemplar o vinhedo, nos fundos da casa.
A moça estava extasiada com a beleza do lugar.
- Lindo, não? – perguntou o moço, oferecendo a Josie um copo com suco de uva.
Josie, pensando se tratar de vinho, agradeceu o oferecimento, mas recusou a bebida.
Olavo então, percebendo o engano, comentou:
- Isto não é vinho. É suco de uva. Pode ficar tranqüila que bebendo este líquido, não ficarás bêbada. Pode experimentar. É delicado e delicioso.
Josie resolveu então, aceitar a bebida.
Sorveu o suco de uva.
- Gostoso, não?
Josie concordou.
- Uma delícia! Muito bom! Você sente realmente o gosto da uva. Nem tem tanto açúcar e corantes e aromatizantes como os sucos industriais. Excelente! Parabéns, pelo trabalho.
Olavo agradeceu.
Mais tarde, Dona Vilma convidou o casal para almoçar.
Simpática, ofereceu a moça um belo macarrão. Comentou que havia preparado bolinhos de carne para acompanhar o prato e uma carne.
Josie aceitou que a mulher montasse seu prato.
Olavo e Otaviano se serviram.
Otaviano, ofereceu a moça, um vinho.
Dizendo que o produto era produzido em sua propriedade, comentou que ela teria uma boa oportunidade para saborear um ótimo produto.
Josie agradeceu o oferecimento.
Enquanto almoçavam, Otaviano perguntou a moça de onde ela era, se estava gostando do passeio.
Gentil e atenciosa, Josie comentou que morava em São Paulo, que era jornalista, e que sim, estava gostando muito do passeio. Contou que todos estavam sendo muito atenciosos com ela, e que com tanto paparico, já estava se sentindo uma princesa.
Otaviano e Vilma ficaram encantados com a educação da moça.
Mais tarde, Otaviano sugeriu a Olavo que mostrasse a Josie todos os recantos da propriedade.
Com isto, o casal passeou novamente de carroça pelas vinhas.
A moça adorou ficar observando os parreirais.
Encantou-se com as construções de pedra, os muros de pedras encaixadas.
Admirou as camélias que enfeitavam os caminhos por onde passavam, a adega, os tonéis de carvalho onde os vinhos eram envelhecidos.
Olavo contou que nos primórdios do processo de fabricação dos vinhos, as garrafas ficavam submetidas as condições climáticas da serra gaúcha, pois o frio auxiliava no processo de fermentação, fazendo com a levedura ficasse na boca da garrafa, sendo assim, eliminada com mais facilidade.
Comentou que da uva também eram produzidos remédios contra a azia, produtos famosos no mercado farmacêutico. O moço comentou também, que muitos dos vinhos produzidos no Brasil, eram produzidos em vinícolas localizadas na região serrana, principalmente na cidade de Bento Gonçalves.
Josie pediu a Olavo para colher algumas uvas.
Olavo atendeu prontamente o pedido.
E assim, enquanto Josie colhia algumas uvas, o moço comentou que para uma camponesa, era uma ótima jornalista.
Josie retrucou dizendo que ele era muito sem graça.
Olavo riu.
Com efeito, quando a tarde estava caindo, o casal retornou para casa.
Otaviano um tanto animado, comentou que o passeio devia ter sido muito bom. Indiscreto, comentou que nunca vira seu filho tão feliz.
Nisto Vilma ofereceu, um pouco de graspa.
Comentou que era um ótimo para ser tomado antes das refeições.
Olavo, ao perceber que Josie aceitara a bebida, pediu para tomasse cuidado, pois a mesma tinha um alto teor alcoólico.
Otaviano perguntou-lhe se havia tomado algo parecido.
Como Josie não entendeu a pergunta, o homem explicou-lhe que se tratava de uma espécie de cachaça da uva, de sabor muito forte. Comentou que era uma bebida que desce tranquilamente pela garganta, mas que ao chegar no peito, causa um forte impacto.
Olavo caiu na risada com a explicações do pai. Argumentou que de acordo com sua explicação, parecia que a pessoa estava bebendo um acidente de transito engarrafado.
Josie caiu na risada.
Sorveu um gole da graspa.
Preocupado, Olavo disse:
- Devagar! Isto é forte!
Josie então, percebendo o adiantado da hora, desculpou-se com Otaviano e Vilma, mas dizendo que precisava voltar para o hotel, comentou que precisava partir, ou então chegaria muito tarde em Gramado.
Quando Vilma ouviu tais palavras, argumentou:
- De jeito nenhum! Está muito tarde para a guria voltar para Gramado. E você meu filho, precisa ficar aqui.
Josie argumentou que não havia trazido roupa para pernoitar na propriedade.
Vilma retorquiu:
- Não seja por isto! Tenho algumas camisolas que usava quando era solteira, ainda guardadas. Como era magrinha quando mais nova, eu acho que devem servir em você guria. Portanto, nada de desculpas, você vai passar esta noite aqui.
Nisto, Josie olhou para Olavo, como que pedindo ajuda para recusar o convite.
Olavo porém, retornou o olhar como que dizendo que para as determinações de sua mãe, não haviam argumentos.
Nisto a mulher serviu o jantar.
Ciente de que a moça era oriunda de São Paulo, Vilma decidiu preparar um tutu de feijão, como arroz, couve, torresmo, entre outros ingredientes.
Emocionada, a moça adorou o agrado. Comentou que fazia tempos que não comia um prato típico de São Paulo. Disse que os mineiros adaptaram o prato, e criaram o tutu à mineira.
Josie então, bebeu suco de laranja com a refeição.
Agradeceu o cuidado.
Mais tarde, conversou um pouco com os pais de Olavo.
Otaviano comentou que tinha outro filho, mais novo que Olavo, estudando em Curitiba. Orgulhoso, confidenciou que o filho estava estudando enologia.
Nisto Vilma comentou que Olavo também era formado na área. Havia se preparado para aprimorar os negócios da família.
O moço aparteou então, dizendo que quem entendia e muito do assunto, eram seus pais, e que ele apenas tinha curiosidade em conhecer a parte teórica do assunto, que já fazia parte de sua vida, desde que se entendia por gente.
Brincando Vilma dizia que desde gurizinho, ele tomava parte dos negócios da vinícola, e que a propriedade fora adquirida a custa de muito trabalho do pai de Otaviano.
E assim a conversa foi seguindo, até que os pais de Olavo perguntaram se ela gostava de seu trabalho, se era interessante ser jornalista.
Josie comentou então, que era jornalista formada, que trabalhava em uma revista de viagens, que costumava fazer matérias sobre comportamento, e que havia feito um curso de fotografia.
Percebendo a curiosidade do casal, Josie mostrou-lhes algumas fotos tiradas no parreiral.
Nisto, Vilma mencionou que gostou muito das fotos tiradas no parreiral, e que não tinha visto a matéria sobre o passeio, mas que a julgar pelas fotografias, com certeza, ela escreveria uma ótima matéria.
Josie agradeceu o elogio. Desprovida de vaidade, comentou que procurava fazer o melhor possível.
Nesta oportunidade, Otaviano perguntou-lhe se Josie era realmente seu nome, ou apelido.
Sorrindo, a moça comentou que se chamava Maria Josefa, mas que ainda criança, a apelidaram de Josie, por ser mais curto, e segundo ela, menos feio.
Vilma retrucou então, dizendo que era um nome bonito. Pouco comum, forte, mas imponente.
Nome de matriarca, segredou.

Luciana Celestino dos Santos
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