Poesias

quinta-feira, 11 de março de 2021

A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 12

Com isto, interessado em rever a moça, Pedro a freqüentar as sessões de cinema.
Angélica e Carlos passaram a perceber que o moço passara a adotar hábitos diurnos.
Todas as tardes, passou a freqüentar o cinema.
Ansiava por ver Cecília.
Porém, para sua decepção, a moça não retornou ao cinema.
Pedro, ficou desapontado.
Contudo, prometeu a si mesmo que não desistiria de encontrá-la.
E assim, passou a freqüentar as sessões de cinema.
Certo dia, Cecília retornou ao cinema, devidamente acompanhada de Márcia e Eduardo – seus irmãos.
Eduardo, ao notar a presença de Pedro, insistiu com a irmã, para que assistem ao filme em outro lugar.
Cecília porém, argumentou que a sessão estava prestes a começar, e não queria perder o início do filme.
O moço contrariado, acabou concordando em permanecer por ali.
Em que pese este fato, não parava de olhar na direção de Pedro.
O rapaz, percebendo isto, fitou o irmão da jovem.
Porém, sempre que notava uma distração do moço, aproveitava para olhar a moça.
Cecília por sua vez, ao perceber isto, ficou constrangida.
Sem graça, sugeriu ao irmão entrarem na sala de cinema.
Pedro, percebendo isto, resolveu ingressar na sala logo em seguida.
Durante a projeção do filme, o moço a todo o momento olhava para a moça.
Cecília percebeu alguns dos olhares.
Eduardo, entretido com o filme, não percebeu os olhares de Pedro.
Ao término da sessão, Pedro decidiu se aproximar.
Eduardo não gostou.
Comentou com Cecília, que o moço era muito atrevido.
Nervoso, argumentou que se o moço resolvesse se aproximar, teria que ser enérgico.
Cecília ficou nervosa.
Nisto Pedro já se aproximando, perguntou se haviam gostado do filme.
Um tanto sem jeito, Cecília respondeu que sim.
Pedro, percebendo que não havia se apresentado, respondeu:
- Mas que cabeça a minha, nem me apresentei! – disse ponto a mão na fronte – Deixe que me apresente! Me chamo Pedro. – respondeu estendendo sua mão para Eduardo.
Eduardo, olhou-o com severidade.
Cecília tensa, respondeu que todos estavam olhando.
Sem alternativa, o moço apertou a mão de Pedro.
Pedro então, tentando se desculpar, disse que em nenhum momento quisera desrespeitar quem quer que fosse. Argumentou apenas, que havia simpatizado com a moça, e que estava sem jeito para se aproximar.
Eduardo continuava cismado.
Pedro por sua vez, perguntou o nome das jovens que o acompanhavam, e enfeitavam a passagem.
Simpática, a criança respondeu que se chamava Márcia, e que sua irmã, um tanto calada, chamava-se Cecília.
Pedro então cumprimentou a jovem Cecília.
Beijou a mão da moça, e também de sua irmã.
Márcia ficou encantada com o gesto. Sentiu-se uma moça.
Na volta para casa, não se cansava de dizer o quanto Pedro era educado e que quando crescesse, gostaria de arrumar um namorado gentil e bonito igual a ele.
Aos poucos, Pedro foi conquistando a confiança de Eduardo.
Certa vez, ao encontrar algumas moças que se apresentavam como crooner’s em uma boate, cumprimentou-as cerimoniosamente. Mas desculpando-se, respondeu que estava acompanhado.
Eduardo não gostou da cena, mas ao perceber que o moço se afastara das jovens, tranqüilizou-se.
Com o tempo, Pedro passou a freqüentar a casa da família da moça. Conheceu seus pais.
Sempre que visitava a moça, procurava levar alguma coisa para Márcia.
Dona Eleanor e Seu Irineu, ficavam encantados com os gestos de gentileza do rapaz.
Angélica e Carlos também ficaram impressionados com a mudança de comportamento do filho.
Isto por que Pedro não chegava mais tarde em casa e tampouco alcoolizado.
Nos últimos tempos, vinha acompanhando seu pai, e trabalhando junto a ele no escritório.
Fabrício chegou até a elogiar a mudança de comportamento do irmão.
Animado, Pedro disse-lhe que estava enamorado de uma jovem encantadora de nome Cecília.
O moço, ao perceber o brilho nos olhos do irmão, comentou que gostaria de ser apresentado a jovem que havia operado tamanho milagre.
Pedro riu.
Prometeu que assim que fosse possível, combinaria um almoço com a família da jovem, e ele poderia então conhecê-la.
Fabrício respondeu que estava aguardando.
Com isto, quando o moço finalmente apresentou a jovem a família, Angélica e Carlos mal podiam esperar para conhecer a jovem.
Carlos dizia para Angélica, que Cecília fizera com Pedro o que eles não conseguiram em anos de criação.
O homem alegava que considerava o filho um estróina, mas que ultimamente ele havia se transformado. Não parecia o mesmo irresponsável de antes.
Fabrício por sua vez, sempre fora responsável.
Carlos costumava dizer que seria ele quem certamente cuidaria dos negócios da família, já que Pedro só se preocupava com noitadas.
Desta forma, quando a moça foi apresentada para a família, o casal se encontrava em grande expectativa.
Angélica preparou um almoço caprichado para a moça e sua família.
Quando chegaram Eduardo, Cecília, Márcia, e os pais da moça, Eleanor e Irineu, Pedro apresentou-os a sua família.
Angélica e Carlos ficaram encantados com a jovem.
Cecília era um encanto de moça, discreta e educada, além de muito bonita.
O casal também se encantou com os gestos educados de Eduardo, e com a vivacidade de Márcia.
Quando Angélica elogiou a criança, Eleanor e Irineu se encheram de orgulho.
Enternecidos, disseram que seus filhos eram o maior tesouro que possuíam.
Irineu e Eleanor elogiaram também o jeito gentil e cavalheiresco de Pedro, que sempre que visitava a família, levava algum mimo para a criança.
Eleanor respondeu dizendo que quem agradava seus filhos, agradava também a ela. Argumentou dizendo que quem acarinhava seus filhos, acarinhava-a também.
Angélica concordou. Disse que os filhos eram o maior tesouro de um casamento.
No que Carlos discordou. Argumentou que o maior tesouro de um matrimônio era o amor que coroava a relação, e que os filhos eram um complemento deste tesouro, embelezando a união, enchendo-a de flores.
Ao ouvir isto, Angélica respondeu que o marido estava muito poético.
Angélica, tentando agradar a moça, ofereceu-lhe um refresco, que Cecília aceitou prontamente.
Fabrício chegou mais tarde, pois estava assoberbado.
Como Carlos sairia mais cedo do escritório, o moço ficou encarregado de cuidar da empresa.
Ficou até mais tarde, e só não fez serão por que o próprio Carlos telefonou para o escritório, intimando-o a voltar para casa.
E assim, o moço voltou para o lar.
Ao ser apresentado aos pais da moça, Fabrício cumprimentou-os.
Foi apresentado aos irmãos da jovem.
Quando viu a moça, ficou admirado.
Cecília era muito mais bonita do que o irmão havia lhe dito.
Ficou tão encantado que procurou disfarçar o entusiasmo. Disse que Pedro era um rapaz de sorte por encontrar tão encantadora jovem.
A moça sorriu para ele.
Durante o almoço, o rapaz tentava evitar olhar para a moça, mas às vezes se via olhando para a jovem, que só tinha olhos para Pedro.
Tímida, tentava evitar os olhares do moço, mas não conseguia.
Enquanto comiam arroz, carne, salada e bebiam vinho, Angélica e Carlos comentavam que estavam felizes com o namoro e faziam votos para que este se transformasse em matrimônio.
Depois do almoço, Pedro e Cecília puderam ficar a sós no jardim da casa, onde conversaram longamente.
O moço comentou que estava trabalhando na empresa do pai, em seu escritório. Disse que assim que reunisse condições financeiras, a pediria em casamento.
Cecília respondeu que estava feliz em conhecer os pais do moço, e que se sentia segura ao seu lado.
Pedro beijou o rosto da moça.
Fabrício por sua vez, dizia que Pedro conhecera uma pessoa muito especial.
Mais tarde, Cecília e sua família se despediram.
Fabrício se despediu de todos, inclusive da moça.
Nos dias que se seguiram, visivelmente amuado, Fabrício dizia que se sentia indisposto apenas.
Angélica porém, sabia que não era bem uma indisposição que o rapaz sentia.
Ao perceber o rapaz cada vez mais ensimesmado, a mulher chamou-o para uma conversa. Perguntou-lhe o que se passava. Por que estava tão estranho, tão triste.
Fabrício desconversou dizendo que estava apenas cansado.
E assim, continuava sua rotina de trabalho.
Cada dia que passava, voltava mais tarde para casa.
O moço estava se ocupando cada vez mais.
Ao chegar em casa, estava sempre calado.
Angélica percebia a mudança no olhar do moço.
A mulher, tentando descobrir o que se passava, insistia em perguntar ao jovem, o que estava acontecendo.
Fabrício dizia que estava cansado.
Pedro por sua vez, estava cada dia mais feliz.
Mais dedicado ao trabalho, dedicava-se a cuidar das finanças da empresa, ao lado do pai – Carlos.
Odair, seu avô, já havia se desincumbido dos afazeres da empresa.
Em reuniões, Carlos não se cansava de dizer que seus filhos eram os seus maiores orgulhos.
Pedro por sua vez, após longas jornadas de trabalho, aproveitava os momentos de folga para se encontrar com a moça.
Em seus encontros, Cecília e Pedro ficavam se observando, calados.
Eleanor certa vez, percebendo que eles precisavam ficar a sós, pediu licença ao marido para deixá-los irem até a praça em frente a casa.
Irineu titubeou, mas a esposa, dizendo que eles não fariam nada demais, comentou que não havia problema algum em tal passeio. Ressaltou que se tratava de um lugar público.
E assim, Pedro caminhou de mãos dadas com Cecília, até a praça.
Lá, o casal ficou mais à vontade.
Pedro beijou as mãos da moça. Disse-lhe que não via a hora em que viveriam sob o mesmo teto. Comentou que gostaria de ter filhos.
Cecília achou graça.
Assim, foi questão de tempo para que o casal formalizasse o noivado, com um baile.
A moda da época, o casal dançou ao som dos cantores do rádio.
Cecília estava lindíssima com um vestido rodado, tomara-que-caia.
Para poder usar o vestido, Eleanor teve que convencer o marido de que não havia problema algum no vestuário da moça. Dizia que atualmente, as moças se vestiam assim.
Irineu porém, achava a roupa ousada demais.
Elenaor respondeu que não havia nada de indiscreto na roupa. Argumentou sobre o cumprimento da saia, que o decote somente realçava a beleza da moça e não era nem um pouco vulgar.
Ressaltou que a moça estaria entre seus familiares, e que Pedro ficaria ainda mais encantado com a beleza dela.
- Esta é a minha preocupação! – argumentou o homem.
Eleanor porém, acabou convencendo-o.
Nisto, quando ele viu a filha trajando a roupa, com tanto garbo, concordou com a esposa.
De fato era um belo vestido, muito bem casado com o talhe da moça.
Cecília estava linda! Foi que ele exclamou.
A garota, agradeceu o elogio.
Beijou o pai.
Por sua vez, quando Pedro a viu adentrando a mansão dos Camargo, ficou encantado.
Fabrício, ao vê-la, também achou-a bela. Seus olhos brilhavam.
Cecília aproximou-se de Pedro, que disse-lhe no ouvido que estava linda.
A moça sorriu.
No salão da mansão, o casal dançou.
Fabrício dançou com uma das convidadas.
A certa altura, Pedro e Cecília aproximaram-se de Fabrício que bebia um pouco de champagne.
Pedro, pilheriando o moço, disse-lhe que estava muito só, que precisava arrumar uma jovem para se casar.
Fabrício, constrangido, comentou que não havia encontrado a moça certa.
Pedro respondeu que vivendo somente para o trabalho, ficaria muito difícil para encontrar alguém.
Irritado, o moço respondeu que aquilo não lhe dizia respeito.
Pedro então, tentando acalmar os ânimos, sugeriu que ele e Cecília dançassem juntos.
A moça sorriu para ele.
Fabrício ficou um pouco sem jeito.
Pedro insistiu.
Com isto, Fabrício e Cecília dançaram juntos.
O jovem, ao se ver ao lado da moça, abraçou-a.
Ao sentir o afeto do jovem, Cecília também o abraçou.
Pedro ficou feliz com a aproximação do moço, já que Fabrício fazia questão de permanecer distante do casal todas as vezes que Cecília visitava a casa.
Com isto, dançaram duas músicas.
Ao término da canção “A Valsa da Despedida”, Pedro puxou a moça pelo braço.
Arrastando-a para um canto do salão, disse-lhe que estava magnífica e por esta a razão, a queria por esposa.
Cecília perguntou irônica:
- Ah é?
Pedro então, pediu silêncio no salão.
Os músicos pararam de tocar.
Nisto, o moço se dirigiu ao centro da sala, conduzindo Cecília pelas mãos.
Disse que depois de muito procurar, havia encontrado a mulher de sua vida. Comentou feliz, que nos próximos meses, pretendia casar-se com a moça.
Nisto, voltando-se para a moça, perguntou-lhe se ela gostaria passar os próximos anos de sua vida, ao lado de um sujeito atrapalhado que estava fazendo tudo para se aprumar na vida.
Com efeito, antes que a moça respondesse, o jovem tirou do bolso uma caixinha, e ao abri-la, apresentou um lindo anel de brilhantes.
Os convidados ficaram em silêncio.
Pedro, então, ao ver que a moça permanecia muda, insistiu para que ela dissesse algo.
Brincalhão, o jovem comentou que Cecília havia desistido.
Cecília, respondeu então, que sim.
Pedro brincando novamente, disse:
- Que alívio! Pensei que ela não fosse aceitar!
O jovem colocou o anel de brilhantes, no dedo da moça.
Os convidados, ao presenciarem a cena, aplaudiram.
Em seguida, o casal dançou só, diante de todos os convidados.
Usando gestos dramáticos, o moço segurou Cecília nos braços, e arqueado sobre ela, sorriu.
Os convidados aplaudiram a dança.
Carlos, conversando com Irineu e Eleanor, comentou:
- Esse meu filho Pedro, não tem jeito! Adora um gestual dramático.
Fabrício, que acompanhava o pedido e a dança do casal de longe, decidiu se dirigir ao jardim.
Angélica, que acompanhava o marido, pediu licença e se dirigiu ao lugar.
Ao ver Fabrício amuado, disse-lhe que sabia o que estava acontecendo.
O jovem ficou surpreso.
Angélica, finalmente percebendo o que estava acontecendo, comentou que ele teria arrumar outro alguém para ser objeto de seu interesse.
Fabrício com ar sofredor, respondeu que ela estava certa. Confessou que ninguém saberia disto.
Angélica por sua vez, abraçou o filho.
O moço ficou com o olhar perdido.
Mais tarde, foi servido um jantar aos convidados.
Em dado momento, um dos convidados sugeriu um brinde aos noivos.
Brindaram.
Por fim, foi proferido um discurso por Carlos, que desejou felicidades aos noivos.
Disse que um casamento se fazia todos os dias, e que cada momento, compunha um mosaico que demonstrava toda uma história, que poderia ser amor e de alegrias, ou de tristezas. Caminho o qual cabia aos nubentes escolher. Argumentou que nenhum deles era fácil, mas que o melhor era o de construir, uma felicidade de pequenos momentos, pois era disso que a vida era feita. Por fim, desejou sorte aos noivos.
Todos aplaudiram o discurso.
Os noivos, os convidados, e suas respectivas famílias, serviram-se de entradas, finas iguarias. Um sofisticado jantar com medalhão.
Vinhos, os mais finos.
Cecília e Pedro receberam inúmeras felicitações. Abraços e cumprimentos dos convidados.
Angélica, observou o casal enternecida.
Recordou-se do tempo em ficou noiva de Carlos.
O homem, ao ver a esposa absorta em pensamentos, perguntou-lhe sussurrando se ela estava se recordando do passado.
Angélica respondeu que apesar de não ter escolhido a pessoa com quem se casar, era muito feliz ao lado dele.
Carlos perguntou se em algum momento se arrependeu.
A mulher respondeu que não.
O casal se abraçou.
A certa altura, Angélica comentou que andava preocupada com Fabrício.
Carlos retrucou dizendo que não havia com que se preocupar, posto que o moço se encontrava muito bem.
Fabrício por sua vez, observava os casais dançando, entre eles, Cecília e Carlos.
Em dado momento, ao notar os olhares preocupados de sua mãe, o moço resolveu convidar uma moça para dançar.
Angélica, ao observar o filho dançando com uma jovem, se tranqüilizou.
Carlos se aproximando vagarosamente, disse-lhe que não havia com o que se preocupar.
Nisto, os músicos continuaram a tocar. Também cantavam os sucessos da era do rádio.
Meses mais tarde, o casal estava se encaminhando para o casamento.

Luciana Celestino dos Santos
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