E assim, quando finalmente retornaram para São Paulo, o casal foi recebido com festa por seus respectivos pais.
Francelino e Ângela, assim como Diva e Odair, aguardavam ansiosos pela volta dos filhos.
Em que pesem as missivas, estavam ansiosos por mais detalhes da viagem.
Indiscreto, Odair chamou o filho para conversar reservadamente, perguntando-lhe se estava se entendendo bem com a esposa.
Ângela por sua vez, perguntou a filha, como estava sendo a vida de casada.
Angélica respondeu então, que não sabia dizer direito o que era isto, já que estava se acostumando ainda, com a idéia.
- Entendo! – respondeu a mulher. – É normal! No começo a gente sente um certo estranhamento, até fazer parte completamente da vida do outro.
Com isto, abraçou a filha.
Francelino comentou por sua vez, que sentia tranqüilidade no semblante da filha, e que isto o deixava sereno.
Mais tarde, foi organizada uma festa de boas vindas para o casal.
Carlos e Angélica dançaram.
O moço por sua vez, não perdeu a oportunidade de fazer um brinde em homenagem ao matrimônio, e a felicidade que este poderia proporcionar. Comentou que faria todo o possível para não transformar aquele encontro em uma rotina.
O bonito discurso foi aplaudido por muitos, mas em que pese a promessa feita e o esforço em cumpri-la, o casamento Carlos e Angélica, foi acompanhado pela rotina.
Conforme combinado, a moça passou a fazer aulas de natação, o casal passou a freqüentar o clube a noite, participando dos bailes com bastante freqüência.
Angélica por sua vez, também continuou a assistir as fitas de Rodolfo Valentino, para desespero de Carlos, que sentia um certo ciúme do moço.
Dizia que o “latin lover”, era um sedutor barato, que nenhum homem de verdade se comportava daquela forma indecente.
Na primeira vez que Angélica ouviu aquele palavreado, caiu na risada.
Foi o suficiente para deixar Carlos nervoso.
- Qual é a graça? – perguntou enervado.
- Nada! – respondeu a moça rindo. – Só achei engraçada a sua reação! Rodolfo Valentino é só um ídolo do cinema. Mesmo que quisesse, nunca nos encontraremos... Em que pese este fato, gosto de seus filmes, e imaginar como seria a vida, se ela fosse um filme.
- Imaginar como seria, estar ao lado daquele sujeitinho... não é mesmo? – respondeu o jovem, tomado de ciúmes.
Foi o suficiente para deixar Angélica chateada.
Sentida, deixou o moço sozinho na sala de estar da mansão onde moravam.
Subiu as escadas indo se recolher no quarto, deixando o moço aflito, do lado de fora.
Carlos arrependido, ao perceber o jeito intempestivo com que a esposa saíra da sala, correu ao seu encontro.
Batendo na porta, a qual fora trancada pela moça, pediu-lhe desculpas.
Disse que não tivera a intenção de ser indelicado. Suplicante, pediu para que ela o desculpasse. Prometeu que eles poderia assistir a todas as fitas do jovem galante. Argumentou que não se importava com o gosto da esposa, e que iria se controlar para não sentir ciúmes das cenas românticas.
Pedindo para que ela o desculpasse, disse que quando o visse se insinuando para as atrizes, se lembraria, de que ele é o único amante em sua vida, e que embora Rodolfo Valentino possa ter todas as mulheres do mundo, ele não teve o privilégio de conhecer apenas uma delas, aquela que lhe tiraria a vontade de conhecer todas as outras.
Quase as lágrimas, ele disse que o ator não tivera o privilégio de conhecer uma jovem moça, de nome tão doce como de um anjo, a sua Angélica.
A moça, aborrecida que estava, ao ouvir estas palavras, resolveu deixar a zanga de lado.
Com isto, abriu a porta do quarto, deixando o moço, que batia na porta a cerca de meia-hora, entrar.
Carlos, ao ver a porta abrir-se, entrou no quarto.
Perguntou a moça se poderia adentrar em tal ninho de amor.
Aproximando-se da moça, pediu-lhe desculpas pelas palavras ditas em pensar. Argumentou que em nenhum momento tivera a intenção de ofendê-la.
Percebendo que a moça continuava reticente, optou por um gesto dramático. Ajoelhou-se. Pedindo desculpas a moça, começou a beijar sua mão.
Incomodado, levantou-se, e olhando em seus olhos, disse-lhe que agira daquela forma, movido pelo ciúme. Disse-lhe então, que sentia ciúmes do ator, e que por vezes, não se sentia suficientemente amado pela jovem.
Nisto abaixou o rosto.
Angélica, sem saber o que fazer, aproximou-se.
Ao ver uma lágrima correr do rosto do rapaz, perguntou-lhe se estava chorando.
Como o moço tentasse esconder o rosto, Angélica tocou-lhe a face, e beijou o local onde correra a lágrima.
Nisto o moço abraçou-a.
Angélica, percebeu que o moço soluçava, mas Carlos, procurando disfarçar, disse que havia se engasgado.
A moça fingiu acreditar.
Nisto, Angélica acariciou o rosto do moço.
Os olhos de Carlos verteram lágrimas.
Com isto, o moço beijou a jovem.
Mais tarde, Carlos e Angélica foram ao cinema assistir uma fita de Rodolfo Valentino.
Para tanto, a moça se preparou com todo o esmero.
Colocou um bonito vestido, jóias, um enfeite nos cabelos, cuidadosamente penteados.
Carlos ao vê-la tão bem vestida, disse-lhe que estava linda.
Angélica agradeceu o elogio.
O homem também estava muito bem trajado. Usava um vistoso terno.
Carlos conduziu a esposa em um luxuoso e espaçoso carro de dois lugares.
Assistiram juntos a mais um filme, do famoso ator.
Angélica por sua vez, se emocionou ao acompanhar a história.
Mais tarde, o casal foi jantar em um restaurante.
Lá beberam vinho, e se deliciaram com uma lauta refeição.
Carlos estava deveras encantado com a mulher.
Angélica com efeito, não lhe parecia distante.
Atencioso, ouviu a jovem tecer elogios ao ator.
Por fim, comentou que não precisava ser um Rodolfo Valentino para conseguir agradar uma mulher. Convencido, disse perguntou se ela estava gostando do passeio.
Angélica respondeu sorrindo que sim.
Carlos segurou sua mão.
Mais tarde, o casal caminhou por uma praça.
O homem contemplava Angélica com um olhar que a deixou desconcertada.
O moço era um marido atencioso, mas deveras ciumento.
Certa vez, ao perceber que um homem acompanhava os passos da esposa à distância, chamou o sujeito. Disse-lhe que precisavam conversar.
O sujeito, ao perceber o ar nem um pouco amistoso de Carlos, tentou se evadir, no que foi impedido pelo moço, que lhe acertou um soco no rosto.
Angélica assustou-se com a agressividade do marido.
Nervosa, entrou apressadamente no casarão.
Carlos então, disse ao homem, para que não aparecesse mais por ali, ou apanharia mais.
Por fim, adentrou a mansão.
Carlos adentrou a propriedade, passou pela sala de visitas, subiu a escadaria, até seguir pelo corredor e bater na porta do quarto onde a moça estava.
Ao percebê-la trancada, começou a gritar exaltado para que ela abrisse a porta.
Como Angélica não demonstrava intenção de abri-la, Carlos disse em tom ameaçador, que se ela não abrisse por bem, que ele arrombaria a porta.
Nervoso, o homem tentou forçar a porta.
Começou a lançar seu corpo contra o obstáculo.
Em dado momento, acabou lesionando as costas.
Carlos então soltou um gemido de dor.
Exaltado, começou a chutar a porta.
Finalmente, a fechadura da porta quebrou, e Carlos entrou no quarto.
Angélica nervosa, tentava se esconder atrás da cabeceira da cama.
Carlos gritando, disse-lhe que da próxima vez, ela deveria abrir a porta imediatamente.
A moça começou a chorar.
O homem, percebendo isto, disse-lhe nervoso, que não adiantava chorar, e que ela estava proibida de sair sozinha pela cidade.
Irritado, falou-lhe que as aulas de natação estavam suspensas.
Angélica tentou argumentar, no que foi interrompida por Carlos.
O moço argumentou que ela deveria aprender a respeitá-lo. Disse-lhe que havia dado seu nome, e que ela era uma mulher casada.
Nervosa, Angélica respondeu que queria voltar para a casa dos pais.
Carlos disse que ela estava proibida de sair de casa.
A moça então, insistiu na idéia de voltar para a casa dos pais. Disse que estava cansada de suas atitudes intempestivas, de seu jeito agressivo.
Irascível, o moço perguntou se ela preferia alguém mais gentil como o moço que encontrara na praça, ou o ator.
Angélica ficou furiosa.
Disse que não ficaria nem mais um minuto na mansão.
Nisto a moça caminhou em direção ao vestíbulo.
Carlos, ao perceber que a moça tencionava pegar uma das malas, segurou-lhe a mão.
Angélica tentou se desvencilhar do moço, sem êxito.
Dizendo que o moço estava machucando-a, exigiu que ele a soltasse.
Nisto o homem olhou-a nos olhos, e repetiu que ela estava proibida de sair da casa.
Furiosa, comentou que ela não sairia dos limites da propriedade, enquanto ele não autorizasse.
Angélica argumentou que ele não poderia obrigá-la a ficar.
No que Carlos respondeu:
- Posso sim, e vou fazer. Eu sou seu marido! Sou eu quem dita as regras aqui.
Angélica enervada, tentou enfrentá-lo.
Carlos porém, não soltou sua mão.
Disse para ela, que não tentasse oferecer resistência, ou acabaria se machucando.
Angélica contudo, continuava se debatendo.
A certa altura, a moça começou a chorar.
Carlos, percebendo que havia machucado a esposa, soltou seu braço.
Ao ver que o pulso da moça estava vermelho, tentou auxiliá-la.
No que foi rejeitado.
Angélica afastou-se, vindo a sentar-se na cama.
O moço então, pediu-lhe desculpas pela violência.
Insistiu para que ela o deixasse ver como estava o pulso.
Angélica contudo, continuava relutante.
A moça tentou se afastar, mas Carlos mais rápido, segurou o braço dela.
Dizendo que não queria agredi-la, insistiu para que a deixasse ver seu braço.
Sem alternativa, a moça deixou de oferecer resistência.
Preocupado, o jovem verificou que o braço da esposa estava inchado.
Carlos disse-lhe que chamaria um médico de confiança para ver o seu braço.
Nisto, perguntou-lhe se estava com dor.
A moça respondeu que não. Aborrecida, tentou argumentar dizendo que não precisava de médico.
Desta forma, Carlos aproximou-se e pediu-lhe desculpas.
Angélica chorando, insistiu na idéia de partir, no que foi repelida por Carlos, que insistiu que daquela casa, ela não sairia.
Nervosa, a moça pediu para ele deixá-la sozinha.
Carlos então, segurou seu pulso com força.
Ao sentir seu pulso pressionado, Angélica demonstrou que o local estava dolorido.
Aflito, o moço segurou o braço da moça, e começou a fazer uma massagem.
Angélica começou a chorar.
Disse para que ele parasse.
Carlos falou-lhe que chamaria o médico.
Recomendou-lhe então, que permanecesse deitada.
Com isto, ajudou a moça a se acomodar na cama.
Em seguida, desceu as escadas e por telefone, chamou o doutor.
Mais tarde o médico examinou a moça.
Explicou ao marido aflito, que Angélica tivera uma luxação.
Nisto, o médico realizou uma massagem fazendo com que os músculos do braço voltassem ao lugar.
Angélica chorou com a dor, e Carlos aflito, sem saber direito o que fazer, tentou confortá-la.
Ajeitou-a na cama.
Por fim, pediu a um dos empregados que conduzisse o médico até a porta.
Não sem antes certificar-se de que estava tudo bem com a esposa.
Com isto, ajudou a moça a trocar de roupa.
Em que pesem seus protestos.
Angélica argumentou que uma das empregadas poderia auxiliá-la na tarefa.
Carlos porém, insistiu que não se incomodava em ajudá-la.
E assim, o moço auxiliou-a a retirar seu vestido, deixando a moça apenas com sua combinação.
Angélica por sua vez, dirigiu-se ao vestíbulo, onde tirou a combinação e colocou sua camisola.
Carlos ao vê-la em trajes de dormir, puxou a colcha que recobria a cama, e ajudou-a a se ajeitar na cama.
Preocupado, perguntou-lhe se queria comer algo.
A moça respondeu que estava sem fome.
Carlos contudo, não aceitou a negativa e pediu para que a cozinheira preparasse uma sopa.
Mais tarde, ao ver uma bandeja sendo levada ao quarto, a moça tentou recusar a refeição, sem êxito.
Carlos insistindo para que se alimentasse, pediu que a bandeja fosse colocada sobre a cama.
Como Angélica não se servia da sopa, o moço tomou a iniciativa de ele próprio servi-la.
Desta forma, a moça alimentou-se.
Satisfeito, Carlos pediu a uma das empregadas que retirasse a bandeja.
Angélica então, começou a ler um livro.
Carlos por sua vez, permaneceu no quarto.
Também aproveitou para ler. E assim, enquanto lia, aproveitava para observar a esposa.
Parecia preocupado.
A certa altura, cansada que estava, Angélica acabou adormecendo e deixando o livro cair.
Carlos, ao perceber isto, recolheu o livro, deixando-o junto à cabeceira da cama.
Notando que a moça não estava em uma posição adequada para dormir, ajeitou-a com todo o cuidado, para que não despertasse.
Nisto, ao recolher-se, o moço preferiu dormir em uma cadeira.
Sentindo-se culpado pela lesão causada a Angélica, preferiu não perturbar-lhe o sono.
A moça, ao despertar, percebeu que o moço dormia sentado em uma cadeira.
Com isto, ao tentar mexer o braço lesionado, sentiu dor.
Por conta disto, a moça segurou o membro dolorido.
Levantou-se da cama, e se aproximou da cadeira onde o rapaz dormia.
Nisto, Carlos despertou.
Ao vê-la de pé, o moço logo perguntou-lhe se estava tudo bem.
Preocupado, perguntou se ela ainda sentia dor.
Angélica segurou novamente o braço machucado.
O homem percebeu que a jovem ainda sentia dor.
Condoído, Carlos pediu-lhe desculpas.
Disse-lhe que agira como um monstro, e que nada justificava o que fizera. Nisto, prometeu quase chorando que nunca mais a machucaria. Respondeu que preferiria cortar um de seus braços, a machucá-la novamente.
Fez menção de segurar o braço da moça.
Angélica, assustada, procurou se afastar.
Carlos então, insistindo no pedido de desculpas, tentou se aproximar.
Angélica voltou a se recolher.
O moço sentou-se a seu lado.
Tocando em seu rosto, disse que estava muito arrependido.
Disse que nunca mais faria algo parecido com aquilo.
Aproveitando um momento de distração da moça, segurou o membro lesionado.
Angélica tentou resistir, mas ao tentar se opor ao gesto, sentiu uma fisgada no braço. Fato este que a fez desistir de se opor.
Carlos então, segurando delicadamente o braço da moça, começou a massageá-lo.
Ao perceber que o braço estava inchado, mencionou que chamaria o médico.
Angélica no entanto, respondeu que não havia necessidade.
- Tem certeza? – perguntou Carlos.
Angélica balançou a cabeça.
Nisto o moço recomendou que a moça continuasse descansando, até se recuperar totalmente.
Neste momento, uma das empregadas surge com uma bandeja e remédios.
- São os medicamentos receitados pelo médico. Tome-os. Assim a dor passa.
Angélica tomou os medicamentos.
Carlos cuidou da esposa.
Informou pelo telefone do escritório, que não iria trabalhar, por que sua esposa se encontrava adoentada.
Com isto, passou o dia inteiro ao lado de Angélica.
Durante boa parte do tempo, ficou a velar seu sono.
No dia seguinte, o moço procedeu da mesma forma.
Com o tempo, percebendo que a esposa melhorava aos poucos, voltou ao trabalho. Não sem ter o cuidado de ligar para a mansão duas vezes ao dia, perguntando a moça se estava tudo bem, se não sentia mais dor.
Atencioso, ao perceber que Angélica estava totalmente recuperada, prometeu que iriam sair mais. Freqüentariam teatros, cinemas.
Angélica contudo, parecia indiferente.
Luciana Celestino dos Santos
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Poesias
quinta-feira, 4 de março de 2021
A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 9
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