Em uma de suas idas ao cinema, assistiu a fita: “Por teu amor”.
Ao adentrar a sala de cinema, depois de conversar com Lúcia e Cláudia no hall de entrada, ocupou um dos assentos, assim como suas amigas.
Após o cinejornal, ao ser exibido o filme, começou a magia.
Primeira cena: Trevas obscureciam a visão de uma construção. Lugar ermo, isolado.
Tomada afastada.
Aos poucos a câmera se aproxima da construção, revelando poucos detalhes.
Durante o dia, uma moça se aproxima da construção.
Traz consigo uma mala.
Parece ter interesse em se hospedar no local.
Entra nas dependências do lugar, aperta uma campainha instalada no balcão.
Nisto um funcionário vem atendê-la.
No letreiro do filme, um pequeno diálogo explica que a moça procura um quarto para se hospedar.
O funcionário gesticula oferecendo uma ficha para ser preenchida.
A moça então preencheu o documento.
Após, o moço fez sinal para outro funcionário acompanhá-la até o quarto.
Na legenda, a explicação de que a moça se hospedará em um quarto do hotel, e que o funcionário deverá levar as malas até o lugar.
Nisto, a moça e o funcionário entram no elevador.
O moço a conduz até um dos quartos do hotel.
Em outra legenda, a menção a explicação que o funcionário passa a moça, de que o toillet fica no final do corredor.
Em seguida, abre a porta do quarto para a moça, estendendo o braço sinalizando para que ela adentrasse o quarto.
Após, deposita a mala no chão e estende a mão para a moça visando uma gorjeta.
A moça então, abre sua carteira fechada com metais decorados. Pega uma pequena moeda e coloca na mão do funcionário.
Nisto, o rapaz agradece, fechando a porta do quarto.
A moça então, observa o quarto.
Olha em volta. Observa a cama, o armário, aproxima-se da janela. Abre-a. Contempla a vista.
É dia claro. O sol está forte.
Cansada, a moça afasta-se da janela. Caminha em direção a mala, pega-a e a deposita sobre a cama.
Abrindo-a retira suas roupas, ajeitando-as no armário.
Mais tarde, resolve sair do quarto.
Na legenda do filme, consta a informação de que ela se retirou do quarto.
Em outro plano, a moça retorna ao quarto.
Caminha em direção ao a construção.
Aproxima-se do balcão pedindo a chave para entrar no quarto.
Atravessa o corredor e abre a porta do quarto.
Nervosa, senta-se na cama. Observa a penteadeira. Ao abrir sua bolsa, retira uma pequena carta.
Ao vê-la, começa imediatamente a chorar.
Desesperada, deita-se na cama afundando o rosto nos travesseiros.
Depois de um certo tempo, a moça abre novamente sua bolsa, e retira um retrato em preto e branco. Ao ver a imagem, recomeça a chorar. A certa altura, adormece. Entorpecida pelo sono, acaba por deixar a foto escapar. No chão, a foto de um jovem fardado.
Na cena seguinte, imagens do rapaz da foto, fardado, segurando um fuzil, lutando em uma trincheira.
Na legenda, consta a informação de sons de canhões, ecoando por todos os lados.
Em outra cena, um vilarejo é invadido pelo exército inimigo. Mulheres e crianças correm para todos os lados, tentando fugir da sanha soldadesca. Soldados alemães e turcos, ameaçam a todos com armas.
Na legenda a informação de que todos devem abandonar o vilarejo e que os víveres serão confiscados.
Logo reinicia-se um tiroteio, causando novo tumulto. Pessoas correndo de um lado para o outro.
No campo de batalha, um rapaz desfere tiros.
Ao seu lado, soldados estrangeiros.
Na legenda, consta o detalhe de que se tratam de soldados franceses e britânicos. Todos irmanados em torno de um único ideal.
Na película, os soldados alemães e turcos perseguem a população.
Mais tarde, em mais uma dura batalha, ao invadir as trincheiras inimigas, o bravo rapaz é alvejado por um tiro. O impacto o faz cair ao chão.
Nisto, surge novamente o rosto da moça na tela.
Ainda adormecida, corre uma lágrima em seu rosto.
Ao despertar, seu olhar é triste.
Lentamente, levanta-se da cama. Veste seu roupão e pega sua toalha. Dirige-se ao fim do corredor.
Corte.
Na cena seguinte, a moça retorna ao seu quarto. Senta-se diante da penteadeira. Arruma as madeixas. Seus cabelos cacheados são penteados com todo o cuidado.
Depois, saindo do quarto, devidamente arrumada, a moça novamente desce as escadas, deixa a chave do quarto na portaria, e ruma porta afora.
Caminha em direção a uma praça próxima do local, onde senta-se em um banco.
Com o olhar perdido, relembra-se do momento em que o rapaz da foto a vê em uma festa. Estava esfuziante. Feliz celebrava o carnaval, com uma bela fantasia de melindrosa. Cantarolava, a música “Ó Abre Alas”, conforme legendas.
Neste momento, algumas pessoas na platéia, começaram a cantar a melodia.
Houve quem não gostasse da cantoria e pedisse silêncio.
Angélica, Cláudia e Lúcia, estavam apreensivas com o desenrolar da história. Torciam para que a moça tivesse um final feliz.
Voltando ao filme...
A moça estava tão feliz, que não percebia os olhares interessados a sua volta.
Neste momento, o rapaz da foto, aproximou-se dela.
Surpresa com a aproximação, Julieta deixou cair a bolsa que segurava.
Atencioso o moço pegou a bolsa que estava no chão. Gentilmente entregou-a a moça.
Julieta agradeceu a gentileza e se afastou.
Nisto, o moço – Roberto era seu nome, aproximou-se de alguns convidados, e perguntou quem era aquela moça.
Os convidados, conversando com o rapaz, explicaram.
Na legenda, a informação de que Julieta era filha de um industrial brasileiro – dono de uma tecelagem.
Moça estudada, falava vários idiomas. Viajou para vários países, precisando retornar às pressas ao Brasil, em virtude da eclosão da Primeira Grande Guerra.
Roberto demonstrou bastante interesse na moça.
Durante a festa, o rapaz – fantasiado de mascarado, convidou-a para dançar.
O pai de moça, autorizou a dança.
Enquanto dançavam, o casal conversou um pouco.
Rodrigo sorriu para Julieta, que timidamente, retribuiu o gesto.
Conforme as legendas do filme, o rapaz perguntou-lhe se morava em São Paulo. No que, de acordo com as legendas, foi mostrado que a moça respondeu dizendo que morava na cidade, mas que estava retornando de uma viagem recente a Europa. E mais, que o velho continente estava sendo palco de um grande conflito armado, envolvendo vários países.
O casal permaneceu dançando.
Em outra legenda, Rodrigo explicou que sabia da guerra e das atrocidades envolvidas no conflito. Argumentou que temia o fato de que o Brasil precisasse tomar parte no conflito.
Incrédula - em outra legenda -, Julieta comentou que achava pouco provável a participação do país no conflito, devido o fato de se encontrar demasiado distante do velho continente.
Todavia - em outra legenda -, o rapaz insistia no fato de que o Brasil não estava longe o suficiente para escapar das conseqüências do conflito.
Depois de dizer estas palavras, Rodrigo sorriu para a moça. Parecia dizer para que não se preocupasse com tais assuntos naquele momento.
E assim, se olharam.
Dançaram. Receberam confete e serpentina.
Por fim, o moço beijou as mãos da moça, levando-a de volta para a presença de seu pai.
Gentil, cumprimentou o industrial. Por fim, segredou no ouvido da moça para que não se preocupasse com o que havia dito, que tudo acabaria bem. Uma legenda explicou o fato.
Atrás da tela do cinema, estava um exímio pianista a embalar a história, com uma trilha sonora criada especialmente para o filme. Som, somente do piano. Época do cinema mudo.
Mais tarde, o rapaz foi visitar a moça, levando consigo dois ramalhetes de flores.
Ao chegar na casa, foi recepcionado por um criado que estendeu o braço sinalizando que ele poderia entrar. Segurou seu chapéu e colocou-o em um porta-chapéus.
Segurando um licor, ofereceu-o ao moço.
Roberto agradeceu, mas não aceitou.
Nisto, surgiu o empresário acompanhado por sua esposa.
Ambos cumprimentaram o rapaz.
Efusivo, o industrial abraçou o moço, e a mãe de Julieta cumprimentou-o formalmente.
O rapaz por sua vez, ofereceu um dos ramalhetes a mulher, que agradeceu a amabilidade.
Em legenda, comentou o quanto ele era gentil e atencioso.
Roberto, beijou então a mão da mulher.
Nisto, Josué convida o moço para se sentar.
O trio se senta nos confortáveis sofás da sala de estar.
Desta forma, conforme as legendas que se seguiram, o pai da moça perguntou-lhe qual era sua ocupação.
Roberto respondeu que trabalhava na alfândega, com a exportação do café produzido no país.
Josué comentou que seu pai fora Barão do Café, mas, que diante das dificuldades em sua comercialização e venda, passou a investir em outras atividades, como as indústrias. Abastado, comentou que possuíra um palacete na Avenida Paulista. Rica casa jardinada, a qual fora vendida no início do século com vistas a aquisição de uma casa mais moderna. Mais consentânea com as atuais necessidades da família.
Roberto respondeu então, que a casa era muito bonita e a decoração, de muito bom gosto.
Violeta, lisonjeada com os bons modos do rapaz, agradeceu o elogio.
Nisto, Julieta desce as escadarias da mansão indo ao encontro do moço.
Rodrigo, ao perceber a aproximação da jovem, levanta-se e a cumprimenta efusivamente. Oferece-lhe o segundo ramalhete de flores.
Julieta agradece o presente.
Na legenda que se segue, diz que as flores são lindas e que ele não precisava ter se preocupado com isto.
Rodrigo gesticula. Na legenda, consta a explicação de que não fora trabalho nenhum.
Julieta sente o perfume das flores.
Olham-se apaixonados.
Josué e Violeta, se entreolham, cúmplices.
Na cena seguinte, Julieta e Roberto, caminham juntos por uma praça.
Conversam. Sentam-se em um dos bancos da praça.
De longe avistam um casal.
O moço senta-se em uma ponta do banco. Tenta aproximar-se da moça que está sentada na outra extremidade do banco.
Tímido, o rapaz tem grande dificuldade em se aproximar. Ainda assim, enche-se de coragem e aos poucos tenta a aproximação.
A moça, percebendo que o rapaz está cada vez mais próximo, cora-se. Está envergonhada.
Por fim, o rapaz fica ao seu lado.
Conforme a legenda que se segue, pergunta-lhe como vai, comenta sobre a beleza da tarde, e de como os passarinhos estão canoros, enchendo a tarde de bonitos sons.
Nisto, a moça lhe sorri.
O moço pergunta-lhe então, se pode acompanhá-la até sua casa.
Um pouco sem jeito, a moça assente com a cabeça.
Desta forma, o casal se levanta.
O moço oferece sua mão estendida para a jovem, que a aceita e ambos vão juntos para o lar da jovem.
Julieta por sua vez, acompanha a cena de longe, enternecida. Chega a se emocionar com a delicadeza da cena e dos gestos.
Roberto, percebendo uma lágrima a rolar dos olhos da moça, pergunta-lhe conforme a legenda que se segue, se ela está bem, o que está sentindo.
Em outra legenda, após olhar-lhe atentamente, vem a explicação. Julieta emocionou-se com a cena por que ficou a pensar na guerra, e em todas as transformações que ela trará. Temia que o que o rapaz dissera no baile de carnaval se concretizasse e de fato, os brasileiros tivessem que lutar na guerra que arrasava o continente europeu.
O moço então, desculpou-se. Dizendo que havia falado demais, comentou que seria muito pouco provável que os brasileiros participassem da guerra.
Sentaram-se novamente no jardim da mansão.
Em seguida, o moço beijou-lhe as mãos. Sorriu para a moça. Olhou-a enternecido.
Depois de alguns minutos levantaram-se. Caminharam por alguns instantes, até se depararem com um fotografo, um lambe-lambe.
Roberto sugeriu então, que tirassem uma foto juntos.
Neste momento, uma legenda explicou o desejo do mancebo.
Julieta retorquiu solicitando uma foto exclusiva sua.
Roberto sorri.
Nisto, o casal tira uma foto juntos.
No dia seguinte o moço leva a garota para um restaurante. Estão sozinhos.
Roberto foi buscar a moça em sua casa.
Julieta está belíssima com seus cabelos curtos e cacheados cuidadosamente adornados por um chapéu. Vestido comprido até o tornozelo. O rosto delicadamente maquiado.
Rodrigo adentra o casarão, cumprimenta os pais da moça.
Beija novamente as mãos de Violeta.
A mulher elogia a educação do moço.
Josué recomenda que Roberto tenha cuidado com sua filha.
Roberto responde conforme as legendas, que Julieta está em boas mãos.
Conforme a legenda que se segue, Josué responde que não tem a menor dúvida das boas intenções do moço. Tanto o que deixará sair com sua filha, sem que terceiros acompanhem o encontro.
Roberto, responde, de acordo com as legendas, que maior prova de confiança não poderia ser oferecida.
Nisto, Julieta aparece na sala de estar, a todos cumprimentando.
Rodrigo despede-se dos pais de Julieta. Beija novamente as mãos de Violeta. Saúda o casal.
Abre a porta da casa para a moça.
Despede-se novamente, e sai do palacete fechando a porta.
Com isto, conduz Julieta até seu carro, abrindo a porta para a moça.
A jovem agradece o gesto delicado, sendo auxiliada pelo rapaz, a entrar no carro.
E assim, Roberto conduz a jovem até o restaurante.
Lá é conduzido pelo garçom, até uma das mesas.
Nisto o garçom puxa a cadeira para Julieta sentar-se.
Roberto também se senta à mesa.
É então, oferecido o cardápio.
O jovem pede uma bebida.
O garçom afasta-se, para logo em seguida, trazer uma garrafa de vinho. Serve as duas taças que estão sobre a mesa.
Com isto o casal olha junto o cardápio. Conversando entre si, escolhem o que irão degustar.
Desta forma, Roberto faz sinal para o garçom se aproximar. Pede o prato.
Julieta e Roberto sorriem.
O moço beija as mãos da moça.
A seguir, eis que surge o garçom, trazendo a refeição pedida. O funcionário lhes deseja uma boa refeição.
Roberto e Julieta agradecem.
Enquanto comem, ficam se observando.
Julieta acha graça do modo como Roberto a olha.
Corte.
Mais tarde Julieta recebe a fatídica notícia de que o rapaz fora convocado como combatente nas trincheiras na Europa, ao lado de soldados britânicos e franceses.
Em virtude dos bons serviços prestados quando servira no serviço militar obrigatório, fora convocado para lutar ao lado de outros soldados brasileiros e estrangeiros.
Roberto, ao receber a notícia sentiu receio. Mas ver o seu trabalho e mérito reconhecidos, encheu-se de um grande orgulho.
Contudo, não foi fácil explicar a Julieta a necessidade de deixá-la para ir lutar em país distante.
A moça sentiu-se deveras abandonada.
Chorou por longas semanas.
Nem as doces palavras de sua mãe, dizendo que tudo acabaria bem, a consolaram.
Julieta temia pelo pior e por diversas vezes, relatou isto a mãe.
Infelizmente, o tempo demonstrou que ela não estava errada.
Em uma das inúmeras batalhas de que a Europa fora palco, Roberto, fora alvejado por um tiro, vindo a falecer.
Quando Julieta tomou conhecimento, através de uma carta, de que seu grande amor fora morto em um campo de batalha, a moça foi tomada de um grande desespero.
A esta altura, a jovem já estava noiva de Roberto.
Julieta ficou inconsolável.
Nem as palavras de conforto de Josué e Violeta a confortaram.
Chorando, a moça dizia que só pensava em morrer.
Violeta a olhava com olhar de censura.
Julieta, que até o momento estava entorpecida por suas lembranças, finalmente despertou.
Ao perceber o adiantado da hora, levantou-se e encaminhou-se para o centro da cidade.
Mais tarde, voltou ao hotel.
Durante a noite, dormiu mal. Agitou-se, revirou-se na cama.
Na madrugada ouviu uivos e gritos.
Julieta assusta-se.
Nervosa, colocou o cobertor sobre a cabeça e se escondeu.
A noite foi inteiramente composta de gritos e bater de portas.
Por fim, já de manhã cedo, a moça levantou-se, e aproximando da porta do quarto, abriu-a cuidadosamente. Assustada, olhou atentamente em volta. Por fim, trancou a porta do ambiente e nervosa, prendeu seu cabelo, vestiu um roupão, e novamente abriu a porta do quarto. Em seguida trancou-a e saiu correndo em direção ao banheiro.
Ao adentrá-lo, tranca a porta do mesmo.
Aflita, fica a observar-se no espelho do banheiro.
Corte.
Mais tarde, já devidamente penteada e vestida, a moça sai do hotel.
Percorre ruas da cidade de São Paulo. Segundo as legendas do filme, parece estar procurando alguma coisa.
Tira da bolsa um jornal e faz perguntas em alguns estabelecimentos comerciais.
Por fim, sai decepcionada de todos.
Já de noite, retorna ao hotel.
Ao pedir a chave na portaria, qual não foi sua surpresa ao ser atendida por tão estranha figura? Cruzes! Parecia saído diretamente de um filme de horror!
Imediatamente a moça se assustou. Nervosa, pediu a chave do quarto.
O estranho homem a entregou.
Prontamente, Julieta segurou a chave e saiu rapidamente da recepção do hotel, subindo as escadas.
Amedrontada, trancou a porta do quarto, e com o coração acelerado, começou a dizer a si mesma, que arrumaria todos os seus pertences e sairia o quanto antes daquele lugar.
A legenda que se seguiu, explicou os fatos.
Nisto seguiu-se um grito de horror. Tão fato deixou Julieta apavorada.
Temendo que invadissem seu quarto, arrastou a penteadeira posicionando-a contra a porta, a fim de que servisse de peso.
Rapidamente, começou a retirar suas roupas e seus pertences de dentro do armário.
Enquanto executava este trabalho, tornou a ouvir gritos de horror.
A cada intervalo entre os gritos, percebia que mais próximos pareciam.
A certa altura, notou uivos e sussurros próximos de sua porta.
Nervosa começou a chorar e a rezar.
Foi neste momento que começaram a bater em sua porta.
Quando começaram as batidas, Julieta aproximou-se de costas da janela.
Tremendo, ao voltar-se para a mesma, percebeu um estranho vulto no quintal da propriedade.
Aperceber-se disto, deixou-a ainda mais assustada.
Angélica, Cláudia e Lúcia, pareciam cada vez mais eletrizadas com a história. Estavam tão apreensivas com o desfecho da trama, quanto a personagem. Pareciam viver suas emoções.
Nisto, alguém começou a forçar a porta do quarto da moça.
Julieta ficou apavorada.
De fora, alguém tentava arrombar a porta do quarto.
Desesperada, a moça começou a procurar um lugar para se esconder.
Como não havia por onde escapar, tratou de se lançar debaixo da cama.
Com isto, as batidas contra a porta do quarto se tornavam cada vez mais violentas.
Lágrimas vertiam dos olhos de Julieta.
Por fim, quem investia contra a porta, conseguiu realizar seu intento.
A porta cedeu e um homem, o estranho homem da portaria, adentrou o quarto. Porém, nada encontrando.
Contudo, ao perceber uma mala arrumada por sobre a cama, desconfiou de que a moça poderia estar se escondendo no quarto. Assim, passou a procurá-la. Abriu o armário, a janela, olhou atentamente o ambiente, até se deparar com a cama.
Aproximou-se da mesma e levantou o cobertor. Nisto, percebeu que a moça estava debaixo da cama.
Julieta soltou um gemido e tentou fugir, mas o homem segurou seu pulso, arrastando-a pelo chão.
Nisto, ao ficar frente a frente com o homem, soltou um grito e ficou tentando se soltar, desferiu tapas contra a mão que a segurava.
Porém, quanto mais se debatia, mais o homem a segurava contra si.
Julieta parecia cada vez mais desesperada.
Todavia, sem forças para continuar lutando, acabou por desfalecer.
Neste momento, o homem de aspecto horripilante, colocou-a em seu ombro, e pegou a mala que estava em cima da cama.
Feito isto, chutou a penteadeira, a qual atrapalhava a passagem, para um canto, e saiu do quarto, levando a moça e sua mala.
Em suas cadeiras, Angélica, Lúcia e Cláudia, estavam nervosas, temiam pela segurança de Julieta. Tanto que, quando o homem ficou a forçar a porta, ficavam a balbuciar para que ela tivesse cuidado.
Agora não sabiam pelo que esperar.
Na cena que se segue, o homem levava a moça desacordada para fora do quarto, conduzindo-a para outro andar da construção. O lugar parecia um sótão bem arrumado.
Cuidadosamente, o sujeito deposita a mala no chão e deita a moça em uma cama com dossel.
Tudo ali parece ter sido preparado para a longa permanência de alguém.
Ao deitar a moça na cama, fica observando-a durante algum tempo.
Depois, dirige-se a porta do recinto, sai e a tranca.
Julieta permanece desacordada.
Quando finalmente desperta, percebe que os uivos se extinguiram e que tudo parece calmo.
Por um instante chega a pensar que sonhara com os fatos ocorridos.
Contudo, ao perceber que o quarto onde está, se diferente do quarto onde estava hospedada, Julieta começa a ficar novamente nervosa.
Assustada, não entende como foi parar ali.
Observa todo o entorno, os móveis, as paredes, as janelas. O ambiente parece maior do que aquele onde estava.
Nervosa, relembra-se dos fatos ocorridos na noite anterior. Recorda-se que um homem invadiu o seu quarto.
Neste momento, percebe que a porta está sendo aberta.
Eis que surge o estranho homem que vira na noite anterior.
Trêmula, Julieta solta um grito de horror.
O homem aproxima-se e trata logo de segurar a boca da moça.
Na legenda que se segue, o homem diz que ela é sua amada Jacinta. Pergunta-lhe se não o reconhece.
Em outra legenda, Julieta argumenta que nunca o vira antes.
Nervoso, o homem esmurra uma mesa próxima.
Na legenda, comenta que eles foram noivos e que por uma fatalidade ela morrera muito cedo. Antes mesmo que pudessem casar-se. Contudo, agora as coisas estavam resolvidas. Isto por que agora, ela havia voltado para ele.
Ao ouvir tais palavras, Julieta ficou apreensiva.
Afastou-se o quanto pode do homem.
Nisto, o estranho retirou uma foto que trazia guardada em seu paletó e mostrou a moça.
No retrato, uma jovem vestida com um longo vestido – característico do final do século dezenove – e olhar ingênuo. Espantosamente muito parecida com ela.
Então, seguiram-se as legendas.
Nervoso, o homem disse se chamar Rodolfo, que fora extremamente belo em sua juventude, quando conhecera a doce e bela Jacinta.
Tristonho, comentou que após sua morte, nunca mais tivera paz. Revelou entre lágrimas, que sofrera um acidente alguns anos depois da trágica separação de Jacinta, ficando entre a vida e a morte. Por fim, restabeleceu-se, mas recebeu de legado, horríveis cicatrizes em seu corpo, principalmente em seu rosto, ficando desfigurado.
Julieta então se apiedou do homem.
Na legenda que se seguiu, explicou que sabia perfeitamente o que era perder um grande amor, posto que também havia passado pela mesma experiência.
Rodolfo lançou-se um olhar suplicante.
Em outra legenda, Julieta explicou que mesmo assim, ele não tinha o direito de assustá-la do jeito que assustou. Argumentou que ele não poderia fazer dela sua prisioneira, e que cedo ou tarde, alguém notaria sua ausência e acabaria por chamar a polícia.
Rodolfo contudo, parecia indiferente àquelas palavras.
Lembrou-se de um momento em que ele e sua amada, dançavam juntos em um palácio, sob olhares de inveja e admiração. Nesta imagem, Rodolfo estava longe de ser um homem horrendo. Estava feliz e esbanjava vitalidade, beleza e juventude, assim, como a jovem Jacinta.
Neste momento, a moça sorria para ele.
Diante disto, Julieta começou a chorar.
Desesperada, começou a dizer que não era a Jacinta, que se chamava Julieta, e que não o amava. Por meio de legenda, explicou que naquele momento não estava pensando em mais nada, que não fosse cuidar de sua própria vida.
Na legenda que se seguiu, o homem aproximou-se da moça, ajoelhou-se e pediu perdão a moça. Disse que não tivera a intenção de assustá-la. Chorando, pediu para que ela o desculpasse.
Em outra legenda, a moça respondeu que somente o desculparia, se a libertasse.
Com os olhos banhados em lágrimas, Rodolfo prometeu atender o pedido.
Despedindo-se da moça, segurou suas mãos e beijou-as.
A seguir, abriu a porta do sótão, entregou-lhe a mala, e disse por meio de legenda, que podia partir sem medo. Comentou que não havia mais nada pendente, nem mesmo contas a serem pagas.
Nisto, a moça partiu. De posse de sua mala, apressou-se o quanto o pode para sair do hotel.
Quando finalmente se viu a salvo, resolveu olhar para trás.
Qual não foi seu espanto, ao perceber que a suntuosa construção em que se hospedara, agora tinha o frio aspecto de uma casa abandonada.
Por um momento, ficou a imaginar a cena de uma valsa. Ela, com um lindo vestido de gala do século passado, e junto a ela um rapaz que em nada se parecia com seu estimado Roberto.
Ao ver a cena se descortinando ante seus olhos, ficou pasma. O palácio se assemelhava muito ao hotel.
Tal comparação a fez ficar trêmula e assustada. Tanto que correu dali.
Finalmente ao abrir sua mala, percebeu que sua bolsa estava ali, devidamente guardada. Ao abri-la, deparou-se novamente com o retrato de seu Roberto, e com a carta que ele escrevera. Ao finalmente abrir a carta, descobriu a seguinte mensagem:
“Cara Julieta.
Amor meu. Por todo este tempo em que combati na Europa, pude me deparar com gestos de grandeza e heroísmo, assim como ver grandes atrocidades serem cometidas. Pude ver de perto a fome, e o desespero de não se ter onde se esconder de tiros, e de emboscadas. A dor de se ver pessoas estimadas se indo, para nunca mais se ver. Deus meu! Quanta dor, quanto sofrimento desnecessário. Quantas vidas desperdiçadas.
Sinto um enorme pesar. A gripe espanhola faz muitas vítimas, assim como o massacre de seres humanos, a carnificina promovida por esta Grande Guerra. Sinto que os fatos se precipitam. Acredito que dentro em breve, esta malfadada guerra acabará por findar-se. Só temo pelo saldo que irá deixar. Será positivo, ou deficitário?
Enfim, neste momento, não estou preocupado com a guerra. Só quero retornar ao meu lar. Minha pátria, meu Brasil. Tenho saudades de tudo e de todos, do mar, do céu azul e estrelado, da alegria desta gente tão querida. De meus pais que tão cedo partiram desta terra. De sua família, que adotei como minha, e principalmente de você.
Oh! Quanta saudade sinto de ti! A espera é grande. Mas o reencontro é certo.
De seu amado, Roberto.
O qual espera ardentemente revê-la em breve.
Até logo.
Muitas saudades.”
Ao término da leitura, Julieta chorou desesperada.
Lembrou-se do sorriso de Roberto, de sua alegria. Das vezes que dançaram juntos.
Chorando – conforme legenda –, disse que tudo aquilo agora só fazia parte de suas lembranças.
Nisto seu pai e sua mãe, que estavam aflitos a sua procura, acabaram por encontrá-la.
Julieta estava a horas caminhando a esmo, sem direção, sem rumo.
Com a ajuda da polícia, acabaram encontrando a moça, sentada em um banco de praça. Sozinha, chorando. Abraçada a um retrato e a um pedaço de papel.
Quando o policial avistou a moça sozinha, tratou logo de se aproximar.
Conforme a legenda, perguntou o que ela estava fazendo ali, por que não estava em casa.
Julieta não respondia.
Por fim, o policial estendeu a mão para a moça e segurando sua mala, convidou-a a acompanhá-lo.
O reencontro com os pais, foi emocionante.
Violeta e Josué abraçaram a filha.
De acordo com a legenda, pediram para que ela nunca mais fizesse aquilo, que tudo iria se ajeitar, e que Roberto estava bem, apesar de tudo.
Violeta – por meio de legendas – chegou a aconselhar a filha a continuar sua vida, que muito em breve aquela tristeza se transformaria em uma doce saudade, e que um dia, eles tornariam a se encontrar.
Os olhos de Julieta então, encheram-se de lágrimas.
Por fim, foi promovido um novo baile de carnaval, no qual Julieta não mais se vestiu de melindrosa. Agora, a estranha mascarada era ela.
Com efeito, enquanto observava o movimento no salão, notou que estava sendo observada por um belo jovem.
O moço se aproxima.
Conforme legenda, pergunta-lhe se ela costuma freqüentar aquele baile.
Julieta assente com a cabeça.
Nisto, o casal ficou a conversar.
A moça não parecia indiferente aos galanteios do rapaz.
Josué e Violeta novamente se olharam cúmplices.
Na última cena do filme, Julieta é conduzida ao altar, devidamente vestida de noiva.
Seu pai está esfuziante.
Sorrindo, Josué conduz a filha ao altar.
O noivo é o rapaz do baile de carnaval.
Ao chegar ao altar, Julieta sorri para o noivo.
O noivo por sua vez, está impecável em seu fraque todo branco.
Em legenda, o padre abençoa o casal dizendo que eles estão casados, e que o que Deus uniu o homem não separa. Fim.
Ao término da película, Angélica, Lúcia e Cláudia estão aos prantos.
Comentam entre si da tristeza da história, mas ficam felizes pelo fato de Julieta ter encontrado outro alguém para se casar e ser feliz.
Melancólica, Angélica comentou que também sonhava com um amor como o que Julieta vivera.
Lúcia espantou-se, pois o grande amor da mocinha, morreu na guerra.
Angélica ementou então, dizendo:
- Um grande amor como aquele, mas sem a parte trágica.
Cláudia e Lúcia, respiraram então, aliviadas.
As três amigas rumaram para casa.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Poesias
quinta-feira, 4 de março de 2021
A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 2
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