Poesias

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

COISAS DO BRASIL PARTE 3 – REGIÃO SUL CAPÍTULO 16

Quanto ao João-de-barro, contam os índios que, há muito tempo, numa tribo do sul do Brasil, um jovem se apaixonou por uma moça de grande beleza. 
Melhor dizendo: apaixonaram-se. 
Jaebé, o moço, foi pedi-la em casamento. 
O pai dela perguntou: 
-- Que provas podes dar de sua força, para pretender a mão da moça mais formosa da tribo? 
-- As provas do meu amor! - respondeu o jovem. 
O velho gostou da resposta, mas achou o jovem atrevido. 
Então disse: 
-- O último pretendente de minha fila falou que ficaria cinco dias em jejum, e morreu no quarto dia. 
-- Eu digo que ficarei nove dias em jejum e não morrerei. 
Toda a tribo se espantou com a coragem do jovem apaixonado. 
O velho ordenou que se desse início à prova. 
Enrolaram o rapaz num pesado couro de anta e ficaram dia e noite vigiando, para que ele não saísse, nem fosse alimentado. 
A jovem apaixonada chorou e implorou à deusa Lua que o mantivesse vivo para seu amor. 
O tempo foi passando. 
Certa manhã, a filha pediu ao pai: 
-- Já se passaram cinco dias. Não o deixe morrer. 
O velho respondeu: 
-- Ele é arrogante. Falou nas forças do amor. Vamos ver o que acontece. 
E esperou até a última hora do novo dia. 
Então ordenou: 
-- Vamos ver o que resta do arrogante Jaebé. 
Quando abriram o couro da anta, Jaebé saltou ligeiro. 
Seu olhos brilharam, seu sorriso tinha uma luz mágica. 
Sua pele estava limpa, e cheirava a perfume de amêndoa. 
Todos se espantaram. 
E ficaram mais espantados ainda quando o jovem, ao ver sua amada, se pôs a cantar como um pássaro, enquanto seu corpo, aos poucos, se transformava num corpo de pássaro! 
E exatamente naquele momento, os raios do luar tocaram a jovem apaixonada, que também se viu transformada em um pássaro. 
E, então, ela saiu voando atrás de Jaebé, que a chamava para a floresta, onde desapareceu para sempre.
Contam os índios que foi assim que nasceu o pássaro joão-de-barro.
 A prova do grande amor que uniu esses dois jovens, está no cuidado com que constroem sua casa e protegem os filhotes. 
E os homens amam o joão-de-barro porque lembram da força de Jaebé, uma força que vinha do amor e foi maior que a morte.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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