Poesias

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

COISAS DO BRASIL PARTE 3 – REGIÃO SUL CAPÍTULO 21

 Ao passearem pela região de Contestado, os turistas descobriram que, em 1912, gente caminhava sem rumo pela região, depois de serem expulsas de suas terras: os fazendeiros registravam em cartório tudo que era gleba, e, em seguida, mostravam aos posseiros a verdade do documento lavrado – com aval da fé e da ganância. 
Quando os sem-terra já eram muitos, ameaçadores, o governo despachou treze expedições militares para dizimar a horda – na mais sangrenta guerra do estado, a do Contestado, que matou vinte e cinco mil pessoas, um terço da população de Santa Catarina na época. 
Hoje, duas cidadezinhas se destacam na região, pela excelente qualidade de vida e pelos hábitos europeus. 
Treze Tílias, austríaca, são os Alpes Verde-amarelos que honram o apelido e a tradição. 
E Fraibugo, alemã, vive das maçãs que colhe de seus vastos pomares. 
Depois em Lages, os turistas se depararam com uma fazenda centenária, antiga pousada de tropeiros, atrás das montanhas. 
Lá o camargo matinal é um café moído com açúcar queimado, e um esguicho de leite tirado na hora para espumar. 
O cavalo selado indica que a manhã é reservada a cavalgadas, com paradas às margens dos rios, para pesca ou mergulho. 
Quando a fome aperta, o ar do casarão da fazenda está impregnado do aroma do feijão tropeiro e da paçoca de pinhão que serão servidos no almoço. 
À tarde, os turistas foram aprender a domar potros, mas a inevitável sesta vespertina é ante-véspera da noitada – posto que entre elas aprecia-se um bolinho de chuva da vovó, que é pra primeira cachaça no bolicho (taberninha) não arranhar. 
Quando a lua chega e ar esfria, é hora de churrasquear no fogo de chão, sapear o pinhão (assá-lo na brasa), ouvir moda de viola e histórias do folclore serrano, e prosear tomando vinho quente e chimarrão. 
A região perdeu parte de seus bosques de araucária, mas ainda possui fauna e flora riquíssimas, especialmente se vêem aves raras e animais silvestres desgarrados cruzando o caminho. 
À estrada do Rio do Rastro vai rodeando montanhas escarpadas de pedras, quase sempre cobertas de vegetação (ou de neve), e vai subindo, subindo, formando despenhadeiros de onde mal se vê o precipício. 
Há mil trezentos e sessenta metros está São Joaquim. 
Conhecida pela neve produzida pelas temperaturas mais baixas do país, nas temporadas de inverno, promove festas todo o fim-de-semana – são rodeios, churrasco, vinho, chimarrão, danças e músicas típicas, com todos vestidos a caráter. 
O artesanato inclui blusas, luvas, gorros, mantas e lã de carneiro. 
Segunda produtora de maçãs no estado, depois de Fraiburgo, São Joaquim, sedia a Festa Nacional da Maçã, nos anos pares. 
No Centro da Maçã, lojinha do seu Eliézer – que todos conhecem –, mel, e derivados como geléias e pães, quinze tipos de maçãs, e o afrodisíaco vinagre de maçã, são vendidos no local. 
Em Curitiba, os turistas foram conhecer o Largo da Ordem. 
No setor histórico, conserva um antigo bebedouro que servia à cidade e matava a sede dos tropeiros que seguiam rumo ao sul. 
Em volta, lampiões e velhos casarões coloniais dos séculos XVIII e XIX provam que Curitiba respeita sua história e não tem preconceito contra pichações artísticas: as paredes das casas preservadas trazem poemas de Paulo Leminski, que traduziu a cidade em sua forma mais perfeita. 
Feira de artesanato e shows animam os domingos. 
Na Igreja da Ordem, os turistas descobriram que esta, é a mais antiga da cidade. construída em 1737, tem altar em talha dourada. 
Ao lado, o Museu de Arte Sacra, que reúne imagens preciosas de santos como a da padroeira Nossa Senhora dos Pinhais de Curitiba, do século XVIII. 
Na Casa Romário Martins, os turistas se depararam com o último exemplar da arquitetura colonial portuguesa do século XVIII. 
Foi armazém de secos e molhados e desde 1973 abriga o Armazém da Memória. 
Além disso, uma exposição de fotos conta a imigração de italianos e menonitas, grupo étnico-religioso integrado pelos alemães-russos que chegou ao Brasil em 1930. Na Fundação Cultural de Curitiba, os turistas se depararam com a construção de 1877, que é o antigo Palacete Wolf e já foi sede da Câmara e da Prefeitura, quartel, loja e moradia. 
Em 1975 transformou-se em fundação cultural e abriga exposição de fotografia, cerâmica, artes plásticas. 
No Relógio das Flores, os turistas se depararam com um relógio de seis metros de diâmetro, formado por flores de muitos matizes, plantadas de acordo com a estação. 
Nas Ruínas de São Francisco, os turistas observaram a construção, ou que sobrou dela, iniciada em 1809. 
Deve-se atentar também, quanto ao fato de que a obra da capela não terminou. 
Ao lado, barzinhos e cafés com lampiões ficam lotados à noite. 
E um palco com arquibancadas ao ar livre acolhe ‘happenings’ e grupos teatrais populares de Curitibas. Ao passarem pela Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, no marco zero, os turistas observaram a construção, em estilo gótico, dedicada à padroeira da cidade. 
Substituiu uma igreja de taipa demolida em 1876. 
Na Rua das Flores, os turistas caminharam no primeiro calçadão brasileiro, de 1972, com canteiros de flores bem-cuidados e todos os serviços que alguém espera numa área central – com bares, lanchonetes, antigas confeitarias em prédios centenários e um serviço de creche que funciona num bondinho, para as mamães que querem fazer as compras sossegadas. 
Ao passarem pela Boca Maldita, os turistas ao passearem no famoso calçadão, se depararam com uma bocarra simbolizando o espírito do lugar. 
É palco de manifestações políticas, de declamação de poesias e ponto de encontro de discussão dos boatos políticos, do dia-a-dia ao futebol. 
Mais tarde, os turistas, passeando na Rua Vinte e Quatro Horas, descobriram que a primeira rua do tipo no Brasil, é um território livre para notívagos de oito à oitenta anos. 
Com teto de vidro e estrutura de arcos de ferro, tem de tudo um pouco: bares, sorveterias, restaurantes, doçarias, lojas de presentes, farmácia e minimercado. 
O agito aumenta logo que anoitece: a rua vira um ‘footing’ moderninho, com mesas coalhadas de gente bebendo chope ou vinho quente, nas noites mais frias. 
Na Torre Mercês, os turistas se depararam com a torre da companhia de Telecomunicações de Curitiba (Telepar) e que virou um concorrido mirante. 
Do ponto mais alto da cidade (cento e dez metros), o pôr-do-sol é de cair o queixo. 
Na Pedreira Paulo Leminski, os turistas puderam apreciar um amplo gramado à beira do lago, com capacidade para trinta mil pessoas, que tem como pano de fundo uma pedreira desativada. 
Palco ao ar livre dos eventos mais descolados da cidade, acolheu show dos tenores Pavarotti, Domingo e Carreras, no aniversário de trezentos anos de Curitiba, em 1993. 
Ao passearem pela Ópera de Arame, os turistas observaram o teatro com mil e oitocentos lugares na platéia, e seiscentos nos camarotes construídos em ferro tubular e de cobertura transparente. 
A estrutura lembra a Ópera de Paris. 
Tem casa de chá e a Pedra da Fama, em que placas de metal assinalam seus visitantes ilustres, como Paul McCartney e Chico Buarque. 
Mais tarde, foram conhecer a Universidade Livre do Meio Ambiente. 
Lá a ecologia é o tema central desta universidade encravada num bosque de mata nativa, com trinta e sete mil metros quadrados. 
À beira do lago, uma construção rústica usa como pilares, antigos postes de madeira e oferece cursos rápidos de formação ambiental. 
Depois, no Bairro Santa Felicidade, os turistas foram passear no local fundado por imigrantes italianos, que preserva casas típicas do início da colonização, no século passado. 
Ao longo da Avenida Manoel Ribas, são mais de vinte restaurantes com o melhor rodízio, acompanhado de massas e polenta. 
Até as churrascarias servem o rodízio acompanhado de massas e polenta. 
Aproveitando, os turistas compraram um vinho, o Durigan, numa réplica de adega européia. 
Lá também, há ofertas, de licores, queijos e salames. 
No Bosque João Paulo II, os turistas descobriram que os imigrantes poloneses são o público habitual. Criado após a visita do Papa a Curitiba, em 1980, o bosque é Memorial da Imigração Polonesa do Paraná. 
Tem cinqüenta mil metros quadrados, e é composto por sete casas de troncos de madeira, em estilo polonês, onde se pode comprar artesanato típico. 
Após, os turistas foram comprar velas, porta-canetas, almofadas, marcadores de livro, pratos com desenhos ucranianos, lindas caixas de madeira para instrumentos de sopro e os ‘pêssanka’ – ovos de Páscoa pintados à mão. 
Em Paranaguá, os turistas foram ver a Igreja de Nossa Senhora do Rosário. 
Primeira igreja do Paraná, foi construída entre 1575 à 1578. 
Na Igreja de São Benedito, os turistas se depararam com uma construção em estilo colonial, erigida por escravos no século XVIII. 
No Teatro da Ordem, os turistas observaram a construção em estilo barroco, a antiga igreja do século XVIII que virou teatro depois de um incêndio. 
No Palácio de Nacar, os turistas admiraram a construção em estilo neoclássico, que possuí ruínas de uma antiga senzala. 
No Mercado Municipal do Café, os turistas observaram a estrutura de ferro fundido trabalhado, em detalhes art-noveau. 
Lá, lojinhas de artesanato e bares especializados em frutos do mar. 
Na Fonte Velha, os turistas se depararam com a construção do século XVII que abasteceu a cidade até 1914. 
No Museu do Instituto Histórico e Geográfico, os turistas observaram jornais, moedas, porcelanas, armas e mobiliário dos séculos XVII e XVIII. 
Na Rua General Carneiro, na antiga Rua da Praia, sobrados coloniais testemunham a colonização portuguesa. 
Na Ilha do Mel, os turistas se utilizaram do acesso de barco a partir do Pontal do Sul. 
Na área de preservação ambiental, com quatro vilarejos e apenas trilhas para percorrer a pé ou bicicleta, os turistas aproveitaram para fazer um passeio. 
Depois, caminharam por praias tranqüilas e pousadas rústicas. 
Entre as construções históricas, estão a fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, de 1767, e o Farol das Conchas, todo em ferro fundido, de 1872. 
Além disso, as piscinas naturais e as lendas cercam a Gruta das Encantadas, perto da Praia de Fora: os pescadores dizem que é a casa das sereias. 
Na Ilha da Cotinga, os turistas aproveitaram para fazer um passeio de barco. 
Além disso, o lugar que conta com as lendas de navios piratas naufragados e tesouros escondidos, oferece trilhas na mata. 
Mais de trezentos degraus de pedra levam à antiga capela construída em 1677 em homenagem a Nossa Senhora das Mercês, de onde se vê o mar e toda a Paranaguá. 
Na Ilha dos Valadares, os turistas resolveram fazer um passeio a pé. 
Mais tarde, foram conhecer um pouco melhor o modo de vida dos pescadores, que cultivam tradições no artesanato – cestas e cerâmica –, na culinária – o barreado – e na mais tradicional dança típica do estado, o fandango. 
Na Praia Pontal do Sul, os turistas apreciaram suas águas tranqüilas e boas para banho. 
Na Praia de Leste, os rapazes se esbaldaram com seu mar agitado, ótimo para surfe e bodyborad. 
A seguir, os turistas assistiram a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, onde apreciaram a procissão marítima, a queima de fogos, comidas típicas e bailes. 
Já durante a Festa da Tainha, os turistas acompanharam regatas, shows e pratos à base de tainha. Depois, os turistas foram conhecer o litoral. 
Lá, os mares navegados testemunharam muitas vidas, muitas culturas. 
Dos guarás, dos mico-leões, dos papagaios-de-cara-roxa, dos índios que a quase tudo deram nome. Esses mares deram passagem aos brancos, aos piratas, aos corsários, aos portugueses e espanhóis. 
Cada grupo à sua maneira deixou suas digitais nesta costa. 
Os guarás carmezins, que freqüentavam aos bandos o litoral paranaense, provam que eram abundantes nos balneários de Guaratuba – muitos guarás – e Guaraqueçaba – o pouso dos guarás. 
Antonina é eloqüente na presença colonial. 
Os turistas, curiosos, perguntaram a um pescador se havia uma ilha que escondia tesouros, e ele indicou uma. 
Como já era de se esperar, ele mandou-os à Superagui. 
Estava correto. 
O ouro pode não ser encontrado, mas sua fortuna está lá na forma de um dos maiores viveiros de peixes do mundo. 
Em Vila Velha, do lado oposto às verdes colinas que se perdem no horizonte, gigantescas rochas formam paredões e desenham uma paisagem árida e silenciosa, num cenário de terra vermelha e vegetação rasteira. 
Os índios chegaram, olharam, batizaram de Itacueretaba – cidade extinta de pedras – e trataram de se mandar para paragens mais animadas. 
Até hoje, os únicos habitantes destes vastos campos são lobos-guarás, jaguatiricas, perdizes e tamanduás-bandeiras. 
A atração do Parque Estadual de Vila Velha são vinte e dois enormes blocos areníticos esculpidos pela chuva, pelo vento e movimentos da terra, ao longo de trezentos e cinqüenta milhões de anos. 
Neles, o tempo imitou a arte nas figuras de um camelo, um leão, uma bota, um rinoceronte, a proa de um navio, a cabeça de um índio, uma taça, cogumelos. 
Para conhecer as formações rochosas caminha-se duas horas por uma trilha que vai ziguezagueando as esculturas ou se embarca no ‘bondinho’ – duas carretas abertas puxadas por um trator –, que segue circulando as rochas até uma curiosa gruta onde a erosão destruiu parte do teto. 
No local, lanchonetes, churrasqueiras e sanitários. 
A três quilômetros das formações de arenito, estão as Furnas – três enormes crateras circulares, erodidas por rios subterrâneos ao longo de milhares de anos. 
Com cem metros de profundidade e água até a metade, proporcionam uma deslumbrante viagem ao interior da Terra. 
Um elevador panorâmico desce por uma delas até cinqüenta e quatro metros, onde há uma plataforma sobre o lago. 
As águas que brotam das paredes da fenda formam pequenos arcoíris, em meio a revoadas de andorinhas. 
Outros três quilômetros adiante, mais um capricho da natureza, a Lagoa Dourada. 
Rodeada por mata exuberante, ela se cobre de ouro ao entardecer, quando o sol reflete sua cor no fundo do leito de mica. 
Fora do parque, lendas de tesouros escondidos no Rio São Jorge, que brinca de descer escadas, formando cachoeiras. 
Já o Rio Quebra-Perna se esborracha de trinta metros de altura e desaba numa fenda geológica, verdadeiro anfiteatro subterrâneo, chamado de Buraco do Padre. 
A seguir, em Foz do Iguaçu, os turistas descobriram que a vocação deste magnífico sítio, é brilhar. 
Há cento e oitenta milhões de anos, dizem os especialistas, não havia uma gota d’água por aqui, e todo o espaço ocupado hoje pelas maiores cataratas do planeta em volume de água era um tremendo deserto, de fazer corar de vergonha o Saara – pelo tamanho e pela aridez. 
Foi quando se operou uma revolução para lá de milenar, das placas tectônicas, que transformou a grandiosidade que havia, em seu exato oposto: muita água e vegetação. 
Foi cavalgando por estas florestas, em 1916, que Santos Dumont, maravilhado com o turbilhão de águas que se lançavam do alto da fronteira do Brasil e da Argentina, rebelou-se com o fato de tudo isso pertencer a um certo Jesus do Val – um só homem dono de tanto iguaçu (água grande, para os índios). Iniciou então, uma campanha pela criação de um parque. 
As cataratas então, foram logo declaradas de utilidade pública, mas viraram parque nacional somente em 1939, ganhando cento e oitenta mil hectares de matas preservadas e virando um dos maiores parques do país. 
As cataratas alimentam um frágil ecossistema onde vivem animais selvagens, alguns ameaçados de extinção, como onça-pintada, furão, mão-pelada, jacaré-do-papo-amarelo, veado campeiro. 
Nas Matas Atlântica e de Araucárias, há trezentas e cinqüenta espécies de aves. 
Algumas bem raras, como a enorme jacutinga, o gavião harpia e o estridente papagaio-de-peito-roxo. Competindo com o espetáculo de milhares de gotas que ricocheteiam das cataratas em queda, nuvens de borboletas em revoada, também chamadas de panapanás. 
São mais de mil espécies colorindo a bruma branca que abraça Iguaçu. 
Megaestrelas como sempre, as águas do Rio Iguaçu ostentam a coroa de gerar energia para a maior hidrelétrica do Brasil, em capacidade, Itaipu. 
O lado de lá da fronteira é reservado a outro tipo de inundação. 
Os sacoleiros fazem a farra dos importados de procedência duvidosa nas lojas e shoppings da Argentina e do Paraguai. 
A roleta também gira fácil nos cassinos. 
É só atravessar a ponte para pisar em outro país, sem passaporte. 
Nas compras ou no jogo, boa sorte. 
Os turistas precisavam.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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