Ao longo da segunda metade do século XIX, o comércio internacional do café, experimentava um enorme crescimento.
À medida que se avolumavam os movimentos abolicionistas, cresciam as preocupações com a expansão da lavoura.
As discussões sobre o incentivo à vinda de imigrantes, permeavam toda a sociedade brasileira.
A partir da década de 1870 a introdução do trabalho assalariado, até então uma alternativa à mão–de–obra escrava, passa a ser uma necessidade.
O processo de abolição era irreversível.
Começam a chegar sistematicamente grandes levas de imigrantes.
Para recebê–los, em 1882, foi instalada uma hospedaria no Bairro do Bom Retiro.
Pequena e com constantes problemas de epidemias, o local mostrou–se inadequado para os fins a que fora designado.
Decidiu–se, então, pela construção de instalações que atendessem às necessidades de recepção do grande número de estrangeiros, que para cá afluía.
A respeito do local ideal para a construção da Hospedaria de Imigrantes, consta do relatório apresentado pelo Governo da Província à Assembléia Legislativa Provincial no dia 15 de fevereiro de 1886:
"...Autorizando (o antecessor) a construção do novo edifício para a Hospedaria, determinou que esta ficasse situada nas proximidades das linhas férreas do Norte e Ingleza.
O terreno da Luz (já então adquirido), fica próximo só da segunda, destas linhas.
Attendendo a conveniência, parece que, desde que não prevalecem razões inherentes ás vantagens do serviço, não é logar proprio para um alojamento de immigrantes o bairro que mais se presta a ser aformoseado, e que vae merecendo a preferencia da população abastada para ahi construir predios vastos e elegantes.
É possivel consultar todas as exigencias do serviço mediante a collocação do edificio em terrenos do Braz, a qual permittirá, o que é vantagem consideravel, que os immigrantes, vindos quér por uma quér por poutra estrada, desembarquem com suas bagagens dentro do estabelecimento, e tomem na estação que alli tem a estrada Ingleza os trens que demandam o oeste da provincia, para onde em geral se encaminham."
Dando conta da sua administração no ano que se encerrara, o Barão de Parnahyba, Presidente da Província, remete um relatório à Assembléia Legislativa Provincial. Datado de 17 de janeiro de 1887, o relatório dizia:
"(...) Para dar cumprimento á Lei Provincial n. 56 de 21 de Março de 1885, e de inteiro acôrdo com as idéias emittidas pelo meu illustrado antecessor em seu relatório, resolvi fazer a aquisição do terreno escolhido pelos Drs. Rafael Aguiar Paes de Barros e Nicolau de Souza Queiroz, na freguesia do Braz, para nelle se edificar a nova hospedaria de immigrantes.
(...) Mandei dar vigoroso impulso ás obras de construcção, porquanto não convém que por muito tempo continúe a servir de hospedaria o actual edificio (no Bom Retiro), que não reúne um só dos requisitos exigidos para um estabelecimento desta natureza
(...) O edificio já vai adiantado. Póde funccionar em optimas condições e receber maior numero de immigrantes do que a hospedaria do Bom Retiro, mas entendo, apezar disso, que se não deve deixar incompleto e proseguir na inteira executação do plano.
É uma obra que interessa a toda a Provincia e que se prende á questão mais momentosa e que maior somma de cuidados deve merecer do legislador Provincial."
Em relatório da Repartição de Obras Públicas, apresentado em 15 de novembro de 1887, lia–se:
“...foram iniciados no correr de Julho do mesmo anno (1886) os trabalhos de construcção do alojamento de immigrantes e a 7 de Junho proximo passado, isto é no intervallo de 10 ½ mezes, já se achavam concluidas as seguintes obras:
1º Ala longitudinal do edificio principal medindo a extensão de 75 metros;
2º Refeitorio e dependencias;
3º Estação–armazem com latrinas para homens;
4º Lavanderia com tanques e latrinas para mulheres.
Entregue a 19 de Junho ao serviço da Inspectoria da Immigração a parte edificada poude já prestar–se a accommodar cerca de 1200 immigrantes."
Começava a funcionar a Hospedaria de Imigrantes.
Quase três milhões de pessoas passariam por estas dependências nos seus 91 anos de existência.
Texto extraído da internet.
Luciana Celestino dos Santos
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