Nisso Felipe passou a escrever sobre ‘A Nuvem Branca do Jaraguá’.
Trata-se de uma lenda a qual narra o marco da desobediência ao Tratado de Tordesilhas,
que delimitava as fronteiras do Brasil.
É o símbolo do bandeirismo expansionista.
Uma página da história brasileira.
Inicia-se assim:
Descendente do bandeirante Bartolomeu Paes de Abreu, linhagem de Pedro Taques, o
saudoso Acácio de Villalva, narrou esta belíssima lenda que ouviu seus antepassados contarem.
Tradição guardada em família através de várias gerações.
A casa em que nascera, era onde está hoje o monumento a Pereira Barreto, na Praça
Marechal Deodoro.
No vasto e solarengo casarão que ali existia, cercado de palmeiras imperiais, do terraço
voltado para o poente, via-se o Morro do Jaraguá, sentinela vigiante dos fatos paulistanos.
Ao entardecer, quando o sol se punha por detrás do gigante, lá no horizonte, na hora da
Ave Maria, a família reunida no confortável alpendre rezava, com as vistas voltadas para o Jaraguá.
À oração vespertina muitas vezes ouvira a narração avaramente guardada pela família
paulista quatrocentona – A Nuvem Branca do Jaraguá.
Quando de São Paulo partiram as bandeiras sertão adentro, por dois ou três dias de
caminhada, ainda se conseguia avistar o Jaraguá.
Então as mães e filhas que tinham seus filhos, maridos e pais nascidos nas bandeiras,
subiam até o Pico do Jaraguá e, de lá, com lenços brancos ou lençóis amarrados à guisa de bandeira,
acenavam ao que cada vez mais se distava.
Era o adeus! ...
Quantas lágrimas não foram derramadas naquelas escaladas.
Quanta esperança não se
tornava desespero, após esta última despedida.
Agora, quando uma nuvem branca aparece cobrindo o cimo do Jaraguá, em dia de céu
límpido, é uma daquelas mulheres que morreram de tanto esperar, e ali voltaram para a despedida
final.
A nuvem branca é a soma de milhares e milhares de gotas de lágrimas derramadas pelas
que foram dizer adeus ao bandeirante, que partia para prear índios, buscar ouro, alargar as fronteiras
do Brasil.
Hoje, mesmo que seja lenda, a verdade é que em maio, mês em que as bandeiras partiam,
embora o céu esteja todo cor de anil, lá em volta do Pico do Jaraguá existe uma nuvem branca
recontando o passado glorioso dos paulistas – é a nuvem do adeus! ...6
6 Brasil, histórias, costumes e lendas – São Paulo: Editora Três Ltda., s/data. Extraído do site
http://www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/3contos/nuvem.html.
DICIONÁRIO:
so·la·ren·go 1
(solar, casa nobre + -engo)
adjectivo
1. Relativo a solar ou casa nobre (ex.: porta solarenga; ruínas solarengas; terraço solarengo). = SOLARIEGO
2. Semelhante a um solar ou casa nobre (ex.: casa solarenga; mansão solarenga).
adjectivo e nome masculino
3. Que ou quem é proprietário de solar. = SOLARIEGO
4. [Antigo] Que ou quem vivia no solar ou fazenda de outrem, como serviçal ou lavrador (ex.: vassalos solarengos; os solarengos tinham encargos feudais).
"solarengo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/solarengo [consultado em 17-08-2020].
prear - verbo transitivo direto e intransitivo
fazer prisioneiro; capturar, aprisionar.
Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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