Poesias

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segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Sortilégios

Suave pendão auriverde de minha terra. Longínquas fragatas lançadas ao sabor das borrascas e dos ventos alísios. Tempestade, calma, serenidade. O langor do corpo lasso que intrépido outrora, neste instante se queda inerte. Passos largos se aproximam como num lento suspirar. A combinar com o sabor dos ventos, um odor almiscarado. Ao fundo, um jardim, repleto de madressilvas que rivalizando com as maravilhas da lua, eram todas elas de uma beleza sem igual, edulcoradas que eram pela natureza agreste do lugar.

Infância

Templo do amor-perfeito, onde tudo e todos tem um quê de onírico. As recordações que tenho da minha infância são silentes, mas de certa forma também são eloqüentes, posto que remetem ao um tempo de magia e de muitas brincadeiras. Tudo é motivo para encantamento, deslumbramento. Os canudos multi-coloridos usados para tomar refrigerante, se tornam uma festa sem igual nas mãos de uma criança imaginativa.
Buliçosa que de traquina apronta mil aventuras em sua fértil imaginação. Os bonequinhos do bolo se transformam em mil e uma brincadeiras, cada qual, uma forma de contar variadas histórias. Os amigos, a praça defronte a nossa casa, as noites enluaradas em meio a brincadeiras e balanços, alegrias, choradeiras, confusões...

Pérolas de Sabedoria

Desde as priscas eras o ser humano tentava explicar de alguma forma, o fenômenos e os elementos que circundavam sua vida. Assim a chuva pode ser a ira de alguma divindade que, descontente, lançava raios furiosos para amedrontar os homens, e assim por diante. Para explicarem o surgimento de algo tão maravilho como a pérola foi preciso mais. Foi preciso se criar um mito para que fosse apreciada sua adoração. Dizem que as pérolas são as lágrimas de uma deusa em tributo à eterna infelicidade, pois, despojada de seu maior desejo, perdeu o significado da vida ... Muitos povos acreditaram durante muito tempo, que por toda a eternidade essa deidade ficara a lacrimar ... Outras lendas existem ainda para tentar explicar a magnitude de tão maravilhosa criação, mas nenhuma capaz de suplantar com seu esplendor a beleza da mais bela criação divina definida como um glóbulo, duro, brilhante e nacarado, que se forma nas conchas dos moluscos bivalves. A pérola.

Algumas Palavras

Palavras são como fúrias ao vento. Dão vida ao mais singelo papel desde que devidamente empregadas. Se mal empregadas só farão por diminuir o encanto e o deleite que repousam sobre a folha de papel. Não temas as palavras, deixem-nas tocarem com suas liras o coração humano mais insensível. Toquem-nas com a alma, como quem toca as teclas de um piano. Assim como a brisa dos ventos tocam nossos cabelos, deixem que o fervor das palavras tome conta de sua vida. Deixem que as palavras se liqüefaçam nos seus interiores, assim como a água entra em ebulição e o papel encontra em seu elemento, numa perfeita simbiose com as letras, palavras que combinadas formam um texto. Como já dizia Caetano Veloso, “a nossa flor do Lácio”. Flor que encanta, mas que também pode assustar...

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Sonhos

Recordo-me do sonho de ontem. Foi um sonho que eu tive e que por sinal foi bem interessante, era assim.
Uma bela e imensa construção, que aos que de fora olhavam, a imaginavam média. somente ao entrar nela se podia dava conta de sua grandiosidade.
Por fora da casa, toda pintada de amarelo claro se dava a impressão de ser uma casa de tamanho razoável, realmente, não era muito pequena. Só que ao fundo da construção, se esta pudesse ser visível para quem de fora olhasse, poderia se perceber a magnificência da vasta construção. A casa fora estrategicamente construída para que ninguém pudesse perceber quais eram suas reais dimensões. Nem mesmo quem lá trabalhava, sabia exatamente o seu tamanho. Os únicos que conheciam detalhes da casa, eram os pais da referida moça. Nem mesmo ela conhecia todos os segredos da casa.
Em seu interior, a casa era bem maior do que parecia, tão grande, que mais parecia um labirinto cheio de secretas passagens e muito suntuoso. Cheio de móveis antigos, esculturas que remontam do período grego, grandes pinturas nas paredes, flores, abajour’s caríssimos.
A cozinha por exemplo, abrigava um exército de trabalhadores que preparavam durante todo o dia o ambiente para as refeições da família, suas festas, e seu dia-a-dia. Neste ambiente, cujo piso era de mármore, havia vários fornos, fogões, armários para guardar os utensílios domésticos, e até uma mesa de mármore para preparar as refeições dos patrões. Parecia uma cozinha industrial, tamanha a quantidade de equipamentos que lá havia. Em outro cômodo da casa mais armários guardavam as louças e as pratarias da dona do imóvel. A despensa era imensa, possuía todas as espécies de alimentos que se podia imaginar. Cumpre salientar que esta dependência da cozinha, era de uso exclusivo dos donos da casa.
Atrás da cozinha estava a lavanderia, com vários cômodos. Num deles, inúmeros tanques de lavar roupa. No outro ficava o depósito com armário para guardar os produtos de limpeza, ferros de passar, as tábuas que ficavam escamoteadas no armário, sabões, etc.. Ali também havia um outro espaço para se guardar as roupas passadas e tudo o que fosse necessário, e por último, uma grande área reservada só para os varais, ainda dentro da casa.
Com efeito, resta falar de um depósito de quinquilharias que existia ao fundo da casa, onde estavam guardadas as tralhas imprestáveis da família.
Num imenso corredor que saía da cozinha, se avistavam os quartos de empregados, em torno de uns trinta e cinco quartos. Tais quartos consistiam em: uma entrada e uma sala com sofás de madeira com tecido salmão, com mesa de centro e uma pequena estante com rádio e outros produtos de consumo da época. Lá também havia uma mesa com quatro lugares, para celebrar as refeições do fim do dia, bem com em alguns quartos, havia uma pequena cozinha. No mesmo ambiente, estava ainda o quarto dos filhos, geralmente com duas camas e três aparadores(geralmente), amplos armários, toilet com chuveiro, pia e sanitário, além de uma pequena sala repleta de brinquedos. No quarto propriamente, um ambiente com cama de casal e dois aparadores de cada lado da cama, um sofá de tecido salmão aos pés da cama, penteadeira com cadeira revestida também de veludo salmão, ao fundo um pequeno closet, e um toilet com chuveiro, uma pequena banheira, pia com um grande espelho e sanitário.
Esta é basicamente a composição dos quartos dos empregados, com poucas diferenças. Geralmente quem trabalhava na casa levava sua família junto.
Agora, com relação o local das refeições dos empregados, o piso deste era de um mármore singelo, possuía cerca de umas quarenta mesas de vidro com pés de mármore e quatro cadeiras cada, todas de espaldar alto. Tal cômodo ficava em outro setor da casa, onde ficava também a cozinha onde preparavam a comida que os outros criados da casa iriam comer. Havia também uma imensa dispensa para esta cozinha. Para os serviçais, havia também uma lavanderia, quase do mesmo tamanho da dos patrões, para que pudessem cuidar de suas roupas.
Na área da casa onde ficava a cozinha havia um enorme local para refeições, onde havia fornos especiais para se prepararem pizzas, entre outras delícias, e era onde a família e os amigos eventualmente se reuniam, geralmente em finais de semana. Enfim, a casa era um verdadeiro palácio. Magnifico.
A seguir pude ver outros ambientes na casa: a entrada, suntuosa com grandes esculturas de pedra, colunas de mármore, e piso igualmente de mármore; após, a sala, com sofás de madeira trabalhada e recoberto por fino tecido, além de mesinhas e aparadores cheios de fotos, abajour’s e algumas esculturas. Havia uma mesa de centro também em madeira, onde repousava um imenso vaso com flores e onde se tinha uma vista deslumbrante de um jardim de inverno que ficava dentro da casa.
Ao fundo havia ainda outras salas, uma com lareira, esta adornada com ricas esculturas de gesso como também com móveis de madeira e sofás recobertos de veludo verde e mesinhas e aparadores, como na outra sala. Ao lado desta a sala de descanso, com inúmeros pufes para amparar as pernas cansadas dos moradores do majestoso lar. Quanto a decoração, nada de sofás de madeira recobertos de tecido, e sim de tecido, ricamente revestido de veludo salmão. Ao centro do cômodo um sofá redondo, no mesmo estilo. E ao fundo uma pequena estante com divisórias para as correspondências dos moradores, bem um como um bar com sete lugares, igualmente feito em madeira, e repleto de bebidas, atrás dele, uma adegada climatizada.
Na casa havia também uma sala de som, um estúdio para as músicas, um cômodo para guardar filmes, e uma sala íntima, com muitos sofás e de onde se podia avistar um dos inúmeros jardins internos da casa. Num desses jardins existia um pergolado, e várias espécimes de flores, bem uma praça com esculturas e fonte de onde jorrava água.
Na outra sala estava um piano de calda, e também estava adornada a semelhança das salas anteriores. Entre as inúmeras salas pude ver uma colossal escada, e ao me aproximar dela, pude constatar a presença ainda, de uma sala de almoço com umas vinte ou até mais, cadeiras e uma mesa de vidro com pés de mármore, bem como de alguns móveis ao redor do que deve ser a sala de jantar, assim como imensos arranjos de flores e algumas pequenas esculturas clássicas. Ao lado, uma sala de almoço, com uma mesa redonda, umas quinze cadeiras, e uma ornamentação um pouco mais simples.
No escritório havia toilet, uma biblioteca de livros técnicos, sala de espera e uma pequena copa, tudo para que o senhorio pudesse trabalhar em casa. Duas secretárias organizavam sua agenda, em uma sala só para elas, e lá mesmo ele atendia seus clientes.
Pude ver ainda outras duas salas, uma de estudos, com várias carteiras de madeira de lei, uma imensa biblioteca dividida em várias seções e que pelo tamanho devia ter uns trezentos ou quatrocentos metros quadrados. Também pude ver uma farta sala de brinquedos, com tantas bonecas e brinquedos, que mais parecia uma loja. Tudo isso meu pareceu imenso, se fosse calcular a dimensão destes cômodos, acredito eu, que dariam cada um uns cem metros quadrados ou mais.
Pude avistar ainda uma enorme piscina olímpica, assim com os salões de jogos, com área para jogar pingue-pongue e uma quadra poli esportiva, bem como salão de festas, que possuía serviço de cozinha própria, toilet’s separados e tudo mais o que fosse necessário, até um barzinho com cinco lugares cada e com sua própria adega.
Havia ainda sala de ginástica, com vários ambientes, vestiário, e sauna. No ambiente externo havia vestiários para a piscina, churrasqueira, barzinhos, uns três, com oito lugares, várias varandas e alpendres.
A casa possuía ainda uma capela com cem lugares, para os empregados rezarem, assim como os moradores da casa. A capela era tão imponente que possuía inúmeros vitrais, confessionário, e um grande altar com inúmeras imagens de santos. E uma sala de costuras, com três ambientes para que a mãe pudesse se distrair durante o dia. E ainda, uma garagem para uns cinqüenta carros.
Ademais, não posso deixar de esquecer de fazer menção de quem, em todos os ambientes da casa existem toilet’s ou lavabos sem exceção.
Por fim, surgiu o corredor que dava acesso aos quartos, no andar superior da casa, e neste pude ver o magnifico quarto onde a moça repousava, com móveis antigos, trabalhados, em madeira. Nesse quarto, uma imensa janela dava acesso a uma bela vista do lugar (este só visível para quem lá morava), e que poderia ficar escondida pela rica cortina azul que ficava sobre a janela. Ainda neste ambiente havia uma penteadeira, com objetos de uso pessoal e uma cadeira com estofamento em veludo azul, um sofá comum também revestido de veludo na mesma cor, e ao redor da cama de casal, cortinas azuis. Próximo a janela ficava a escrivaninha, acompanhada de uma cadeira de espaldar alto e revestida de azul, e uma estante, com livros e os objetos e estudo. Ao lado da cama, um pequeno móvel de madeira de cada lado com abajour’s trabalhados datando da belle époque. Na saleta que fazia parte do quarto, estavam os sofás de madeira revestidos do mesmo tecido, uma mesa de centro de madeira de lei, com flores, dois pequenos móveis de madeira atrás dos sofás, uma mesa com dois lugares e ao fundo se podia ver a porta do toilet e antes um imenso closet onde havia uma passagem.
Os demais quartos em muito se assemelhavam com esse, e por isso seria desnecessários descrevê-los, só atente para o fato de eram uns trinta quartos ao longo de um imenso corredor, sendo quase todos com varandas e algumas passagens secretas.
No último andar ficava um sótão também mobiliado e com alguns ambientes ricamente decorados e aparentemente abandonados, os quais nem a filha dos donos tem acesso.
Pois bem, nesta casa morava uma jovem moça. E neste sonho, a jovem moça estava procurando algo que eu saberia explicar. Procurou, procurou, chegou a sair de sua casa escondida para que pudesse encontrar o que almejava. Não conseguiu.
Por essa razão, em boa parte do sonho, ela estava fora da casa. Somente no final do sonho é que ela entrou na casa. Ao entrar foi logo recebida por uma empregada que cuidou para não a vissem entrando. Nervosa, a empregada cobriu-a e a levou para o quarto.
A moça, devia viver como uma verdadeira lady neste monumento da arquitetura.
E tudo seguiria calmamente, não fosse o fato de a moça ter um amigo muito impertinente e atrevido. Amigo este que conseguiu adentrar o palácio e se esconder nos aposentos da jovem mulher. Viveu um bom período escondido a lhe fazer companhia, e quase foi descoberto, não fosse sua vivacidade e esperteza ao se esconder numa das passagens escondidas da casa a tempo. Isso porque uns dos empregados de seu pai adentrou seu quarto inesperadamente.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Saudosa

“No escurinho do cinema
Chupando drops de anis
Longe de qualquer problema
Perto de um final feliz

Se a Débora Kerr que o Gregory Peck
Não vou bancar o santinho
Minha garota é meio west
Eu sou o chique Valentino

Mas de repente
O filme pifou
E a turma toda logo vaiou
Acenderam as luzes,
Cruzes
Que flagra, flagra...”

Rita Lee, “No Escurinho”

Lembrei-me dos tempos de outrora
Os tempos de minha antiga meninice
Onde recordo com saudade...
As lembranças que nunca tive
De um tempo suave e breve,
Revolto e sisudo
Lembranças de tempos que não são meus...

Nas ondas do rádio,
Tão longínquas e dolentes
As canções magníficas que eu já gostava de ouvir
Saudosas canções nostálgicas
Doces baladas, melodias românticas
Jackson’s Five, Beatles, Elvis Presley
Lindas canções que remetem
As mais belas épocas

Uma época de saudades
De um tempo que não vivi
Recordo-me que em criança, deitada, dormindo
Sonhava com esse mundo
Que a mim não pertencia...
Ao acordar, não entendia
Porque sentia tão vívida em mim
As lembranças dessas décadas
Recordações tão vivazes!

Os anos cinqüentas
Sua moda, suas vestimentas
Seus vestidos bufantes, compridos e inesquecíveis
E suas camélias a enfeitar
As saias rodadas com poás
Anáguas, blusas, pulseiras coloridas
A pesada maquiagem de suas mulheres
O cabelo cuidadosamente penteado com gel
“Brilhantina”, fazendo as cabeças masculinas
Sapatos, plataformas, scarpins
Jaquetas de couro, camisetas brancas
Calças jeans, botas de cano curto

No imaginário da época
Havia ainda as Lambretas, Romisetas
Os carros, o deleite da sociedade
A sociedade consumo que começava a se formar
Limusines, carros conversíveis
Buick’s, Mustangues, Landaus, Cadillac’s
Gordinis, e até mesmo Fuscas
Tudo para encher as ruas de roncos e barulhos de motor

As épicas construções do início do século passado
O século XX ...
Surgem nesse momento ...
Repaginadas, com ares modernos
Móveis coloridos, televisões antigas,
Imagens em branco e preto
As séries de TV sucesso no momento
“Papai Sabe Tudo”, programas nacionais
“O Céu é o Limite”, Jota Silvestre
“Almoço com as Estrelas”, “Repórter Esso”
As grandes rádios e os ídolos da época
As novelas saídas do rádio, agora nas telinhas
“Sua Vida me Pertence”, e outras

Como forma de entretenimento
Namoricos na praça...
Lugares bucólicos, aprazíveis
Fontes monumentais,
Belos passeios,
Jardins esplendorosos,
Jardim da Luz, o Parque do Ibirapuera, recém inaugurado
As flores, os monumentos históricos
Saudade de uma época que não mais existe
De uma educação esmerada
De lindas canções de amor, de romances...
De sonhos
Que de leves a brisa os desfez

“Blue Moon”, “Moon Light Serenade”, Frank Sinatra
Ray Connif, “My Way”
Tudo era divertido, um eterno bailar
Luvas brancas, tomara-que-caia
Poás brancos, vermelhos
No jardim, belas esculturas renascentistas
Com a banda ao fundo tocando algum sucesso
“Noturne”, não seria nada mal
Coca-cola, “Bossa Nova”, João Gilberto
Juscelino Kubstchek, “O Presidente Bossa Nova”
Na ilustre canção de Juca Chaves

No cinema, as pessoas trajadas elegantemente
Homens de terno e gravata
“Givenchi”, o sonho de consumo das mulheres
Os desfiles de Moda
A tranqüilidade do centro bem cuidado
Da terra da garoa
A outrora acolhedora cidade de Castro Alves
E os poetas românticos,
Que com sua neblina envolvente e sedutora
Deu-me vontade de conhecer-te
No seu passado de glória
Que pena não poder te ver assim
Cidade querida

No Rio de Janeiro
O Hotel Quitandinha, em seu eterno esplendor
Os Concursos de Miss
Ah! O Brasil parou para olhar
O ideal de beleza que não mais existe...

“O Cruzeiro”, “Revista Manchete”
Marilyn Monroe e “O Pecado Mora ao Lado”
“Sabrina”, Audrey Hepburn
“A Place in Sun”, Montgomery Clift, Elizabeth Taylor
“Here from to Eternity”, com Burt Lancaster
“Absolutamente Certo”, com Anselmo Duarte
“Apasionata”, “Tico-tico no Fubá”
No eminente estúdio Vera Cruz

A derrota de 1950 e a grande conquista de 1958
O sonho do futebol
O torneio de Winbledon, o tênis
Maria Esther Bueno, a grande conquistadora...

James Dean e sua eterna
“Juventude Transviada”
O rebelde sem causa
E o desidério das jovens dessa geração
As chanchadas da Atlântida, na cidade carioca
Grande Othelo, Oscarito, Derci Gonçalves
Grandes estrelas do nosso cinema nacional

A seguir surgem
Os anos sessentas
Com suas cores psicodélicas, roupas curtas
Minissaia, Mary Quant e suas cortinas
Jovem Guarda, Roberto Carlos, Wanderléa,
Eramos, Wanderley Cardoso, Eduardo Araújo e companhia
TV Record, MPB
Elis Regina, Jair Rodrigues, “O Fino da Bossa”
Jorge Bem
Os filmes estrelados por essas pessoas maravilhosas

Ditadura, Anos de Chumbo
Da rosa que tortura e mata
Tropicália, Os Mutantes
“Divino Maravilhoso”
Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque
Gal Costa, Maria Bethânia
Os Hippies, a Contra-Cultura
Geraldo Vandré, os Festivais da Canção

E pensar que todas essas elegantes referências
Pairavam na minha infância
Sem que eu as percebesse
Posto que nunca as sonhara
Somente a eterna sensação de nostalgia
De uma vida que não vivi
De alguma coisa que nunca tive
Tendo somente por companhia,
As minhas saudosas lembranças...

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Rosa

 

          “Tu és, divina graciosa

          Estátua Majestosa

          Do amor, por Deus esculturada

          E formada com ardor

          Da alma da mais linda flor

          Que mais a ti volor

          E que na vida

          É preferida pelo beija-flor...


          Perdão, se ouso confessar-te

          Eu hei de sempre amar-te

          Ó flor, meu peito não resiste

          Ó meu Deus o  quanto é triste

          A incerteza de um amor

          Que mais me faz penar...”

          (Rosa - Pixinguinha)


          Reza a lenda que a Lua Jaci, é a Lua Mãe, protetora dos índios. Índios, civilização que dera nome a ti apesar de sua ascendência portuguesa. Além desta, outras lendas remetem a palavra Mãe, como a Lenda da Iara, conhecida igualmente como Mãe D’água.

          O dicionário Aurélio, p. 1063, assim define a palavra Mãe: Mulher que dá a luz á um ou mais filhos. Pessoa muito boa, dedicada, desvelada. Fonte, origem, berço. Madre. Materno, maternal. Muito grande, forte intenso. Mãe de Deus - Nossa Senhora. Mãe de Família - Mulher casada e com filhos. Nossa Mãe - Nossa Senhora.

          Ou  seja, até os anjos conspiram em favor de tal vocábulo Mãe. Por isso, tudo a ti é pouco em consideração a teu nome, querida.

          Feliz efeméride, feliz dia-das-mães, minha flor!


Luciana Celestino dos Santos 

É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 


Subjetividade

Com o meu pensamento posso transformar, toda uma realidade que me incomoda. Modificar o tédio, e as coisas enfadonhas. O dia pode tornar-se alegre, apenas com minha disposição em vê-lo por melhores ângulos.
Observar um lusco-fusco, pode tornar melhor seu dia. Desde que você observe os contornos indivisos ganharem forma. As brumas darem vez ao sol. Contemplar o colorido do céu, mesmo que diante de uma janela de trem. Mesmo em meio a multidão. Pessoas alheadas da sublime constatação de que felicidade está aqui, e não em outro lugar. Que a felicidade está em todos os lugares, e quase sempre a nos acompanhar.
Embora não a percebamos.
E existem muitas pessoas que em busca de uma felicidade fajuta, são capazes de desperdiçar os melhores e bons momentos, e somente se darem conta de que eram felizes, quando a felicidade, o tal pássaro azul, levantou asas e voou.
Ser feliz é apreciar uma lua bonita quando da noite escura. É observar as nuances do céu durante o cair da tarde. Tomado de várias cores, vivo e misturado.
Ser feliz é se ver lua cheia, redonda, perfeita, branca e cheia de luz. Possivelmente rodeada de algumas estrelas. É contemplar vaga-lumes a beira da estrada, ou um belo portal a desejar boas vindas aos viajantes.
É viajar, conhecer novos lugares, novas culturas, novos saberes. É regressar a um lar, depois de longas horas de trabalho longe de casa.
É executar um bom trabalho, mesmo que não seja o trabalho de seus sonhos.
Ouvir boa música e sair cantando, cantarolando, mesmo que errando a letra, sempre procurando acertar.
Ser feliz é adormecer ouvindo música, as boas coisas da vida, e despertar ainda em companhia das melhores canções.
É poder apreciar uma boa história, seja em uma novela, um filme, uma minissérie, ou os bons e velhos livros. Ó! A quanto tempo não os leio. Tenho sentido muitas saudades suas. Mas tenho lido lindas poesias.
Poesias nutrem e enriquecem o dia!
Ser feliz é se contentar com os detalhes agradáveis do cotidiano, e deixar os desagradáveis de lado.
Apreciar as belas coisas. Uma linda flor, uma árvore frondosa ou não. Um chão repleto de folhas ressequidas, flores caídas, ou do alto das árvores. Observar as flores da primavera, do verão e do outono.
Sim, elas existem!
É dançar mesmo sem querer dançar, como na canção.
Procurar, em momentos de tédio, se distrair com coisas úteis, como os estudos, ou agradáveis, como a música. Se possível, tudo junto e misturado.
Leio no trem, no metrô. Livros, provas, me preparo para a vida, e para os concursos. E em me preparando, aprendo sempre coisas novas.
E a vida é assim! Um eterno aprender, sempre novidadeira. Até por que, sem ser assim, não teria graça!
Ser feliz, é tomar um banho quente, poder vestir uma roupa boa e bonita, se sentir bem. Cuidar da vaidade, pois quem não se enfeita, se enjeita. Como queremos ser agradáveis aos outros, se não formos agradáveis a nós mesmos? Se olhamos no espelho e não gostamos do que vemos?
Ser feliz é estar feliz consigo mesmo, mesmo em não sendo a vida, aquilo que queremos, e mesmo que muitas vezes fracassemos, em nossos melhores propósitos.
Por que sempre existe uma possibilidade para melhorarmos, enquanto ainda houver vida, e enquanto as pessoas nos permitirem mostrarmos o nosso melhor. Por que se assim não for, também não esforçarei. Não tentarei provar nada para quem já possuí uma ideia preconcebida de mim. Nunca gostei de rótulos, e tento ao máximo, não aplicá-los aos outros, embora falhe nesta tarefa, mais do que gostaria.
Gosto da natureza, embora não tenha muito contato com ela. Sinto-me feliz na praia, em meio a flores, plantas e árvores. Em não sendo possível tê-los perto de mim todos os dias, contemplo seus pequenos mistérios em meio a cidade, selva de concreto.
Ser feliz, é um cabelo bem arrumado, sapatos bonitos e confortáveis. Os que apertam são horríveis, por sua falta de praticidade. É colorir as unhas das cores mais discretas ou mais inusitadas. E se sentir bonita ao se admirar em frente ao espelho. É descobrir um novo jeito de se arrumar o cabelo.
Ser feliz é não se submeter a um padrão de beleza inalcançável e irreal. É se aceitar sendo o que se é.
Ser feliz é poder assistir aos filmes preferidos, aos programas de tevê preferidos, ir ao cinema, ainda que de vez em quando, e assistir um bom filme. Ouvir uma historia, não importa em qual plataforma seja.
É abrir o facebook encontrar postagens divertidas, curiosas, interessantes, irônicas, culturais, bem humoradas ou críticas. Navegar em meio a rede mundial de computadores.
Ter uma família ao lado.
Tentar driblar ou superar as dificuldades. Nesta equação, eu sempre perco.
Curtir um sol de verão, e estar bem agasalhada no inverno.
Nunca estar só. Sempre em boa companhia. Podendo ser esta companhia, ou um bom livro.
É usar saia, short, ou vestido, ainda que de vez em quando. Exibir um bronzeado bonito. Nadar no mar, apreciando toda aquela beleza. É resgatar sonhos perdidos de infância e aprender a andar de bicicleta, já adulta.
É ter uma infância feliz, apesar de todas as dificuldades que fazem parte da vida. Momentos especiais para guardar de minha adolescência, dos tempos de estudos e da faculdade.
É passar pela vida e dizer que apesar dos pesares, ela foi muito bem aproveitada por mim.
Rir à toa, rir de tudo, ou pelo menos, de tudo o que for possível, do ridículo, e das pessoas ridículas.
E assim, minha vida é muito bela, por que ela é muito diversa do que o olhar das demais pessoas podem alcançar. Para elas verem o meu viver, e sentirem o meu sentir, teriam que pousar seus olhos e o seu sentir, e os mergulhar para dentro de mim.
Coisa impossível de se fazer.
Assim, só podemos conhecer o modo de viver e sentir de outrem, através de suas palavras.
Talvez algumas coisas nos escapem por seus gestos ou maneira de agir. Não sei. Ainda não aprendi a fazer este tipo de leitura.
Enfim, ser feliz é saber aproveitar cada vão momento, e descobrir mesmo em meio as coisas mais insuspeitas, instantes de felicidade. Afinal ela é efêmera, inconstante, e arisca. Mas às vezes, podemos segurá-la.
Eu acho, pelo menos para mim o é, ser feliz, é aproveitar os instantes, os minutos, aqueles que de fugidios, podemos deixar passar despercebidos. A felicidade está nos detalhes. Um instante pode nos trazer intensa felicidade.
Subjetividade, olhar pessoal impresso sobre o que é a vida.
Enfim, aproveitem o dia. Todo o dia, os seus menores e melhores momentos.
Por fim, “carpe diem”.
 
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Dispersos

A vida cheia de riscos é
De formas que devemos nos arriscar,
Posto que o máximo de derrota que podemos ter
É nada levar
E assim sendo, permanecermos de mãos vazias
Mas plenos de experiências e sensações vividas
Por procurarmos não deixar a vida apenas passar

Pensamento

Pensamentos dispersos,
E de pensamento em pensamento
Acaba por se chegar a alguma conclusão
Ou a sabedoria

Divagações

Aproveitando o dia em gostosas leituras
Contemplo o universo da literatura
Com seus grandes, pequenos poemas
Quantas experiências à disposição
De existências tão ávidas de vivências

Da vida morna, repetida e cotidiana
As horas passam, passam as horas
E finalmente o dia chega ao fim
Quem sabe um dia teremos a vida

Assim como a desejamos ter
Vivê-la, como merecemos viver

Por enquanto vamos saboreando,
Os pequenos movimentos alegres
Os instantes de saborosa diversão

Por que?

Por que tanta ignorância
Por que tanta gente Meu Deus?
Por que todos correm na contramão?
Por que a vida é assim?
Eterna busca pelo sucesso que nem todos terão?

Não pelo menos da forma como imaginam
Por que percorremos tão longas distâncias?
Nunca chegamos em lugar algum,
Apenas as mesma instâncias frias de sempre
Por que não podemos aproveitar,
Os finais de tarde para passear?
Por que não podemos trabalhar,
Sem nos demorar em sua ida e sua volta?

Por que a vida é tão insana?
Por que o mundo tão irracional?
Por que tudo funciona tão mal?
Por que nossas instituições são tão falhas?
Por que temos que aguentar tantos desaforos?
Por que temos que ser humilhados, desrespeitados, ofendidos?
Por que não podemos fazer da nossa vida o que queremos?

E assim, poder contemplá-la em sua inteireza
E não pela metade, quase sempre com pressa
Pressa de não poder chegar, de se atrasar, de a vida complicar
Por que a cada instante que passa,
Mais a vida grita:
Tem mais gente para chegar,
Apresse-se ou então, tudo vai tumultuar!

Sinto-me sendo expulsa do próprio lugar em que habito!
Ser humano, grande homem
Capaz de grandes prodígios,
Mas incapaz de pensar o bem estar do próprio humano
Ó grande falha humana!
Ou será o homem, grande falha da divina criação?
Sinceramente não sei,
E nisto fico a pensar então

Enamorar, enumerar

As brumas encobrem as estradas,
As ruas, outrora nítidas, ganham contornos indivisos
Árvores floridas de manacá ao longo dos caminhos,
Árvores frondosas de flores amarelas
E um longo caminho a percorrer

Para se chegar em lugar de calma e contentamento
Do alto da serra se avista, o contorno das cidades,
Os mangues, as matas, os ajuntamentos das gentes, civilização

Atravessando túneis e caminhos, se percebe as cidades se aproximando
Ao longo da rodovia, as edificações ganham forma,
Transformam-se em cidades
Que entre as construções, se faz por revelar entre uma e outra, uma nesga de mar

O mar, finalmente, para lá vou chegar
Festa de água, sal, céu, sol e ar
As gaivotas na areia a espreitar,
O próximo passo, o próximo voo,
E até o mergulho a realizar
Andando na areia, com suas asas recolhidas
Inopinadamente a alçarem voo
Mostrando suas asas imensas
A rasgar os céus de nuvens intensas, imensas

Casais a andar de mãos dadas pela praia
Moças esbeltas a desfilarem com suas roupas de praia,
Biquínis, saídas de praia
Cabelos longos, curtos, lisos, ondulados
A conversarem, ideias trocarem
Casais e pessoas a brincarem nas águas rasas e revoltas do mar

Águas frias a empurrar os banhistas para o lado oposto onde entraram
Pais e crianças pequenas a brincarem na água
Crianças a correrem a toda a velocidade em direção ao mar
Casais a ouvirem músicas nos quiosques
Interagindo com os cantores, nem sempre afinados
De longe a se apreciar um mar ora azulado
Ora verde esmeralda

E a lua minguante a refletir-se nas água do mar

O sol se despedindo de nós
A apresentar um espetáculo de tons e semi tons,
Que precisamos voltar os olhos para admirar

Caminhando pelas ruas de paralelepípedos,
Ruas asfaltadas, também se pode ver ciclistas, corredores
Os coqueiros e o mar ao fundo,
Com belas construções a enfeitar as quadras

E como tudo, que tem prazo e pressa
O retorno a vida pulsante das cidades,
Das multidões,
Dos enxames de abelhas, as colmeias das gentes
Do salve-se quem puder,
E se puder me salve também

Casais a se abraçarem em frente ao metrô
Cena que de tão rara, fica a lembrar roteiros de filme
A quebrarem a fria rotina da cidade apressada
Pinturas bonitas nas estações,
Instalações artísticas, esculturas
Painéis, a mostrar a frieza das coisas sólidas
A multidão apressada, inconstante,
Eu também impaciente

Tudo tarda,
Demora nesta terra de baldeações e integrações constantes
E o metrô, ao abrir suas portas,
A servir de abrigo, aos trabalhadores fatigados da viagem diária
Muitos a se escorarem nos espaços livres

Mas também, tem os cansados recostados as estruturas metálicas, as portas
Atrapalhando o fluxo das pessoas e da vida,
Como sempre acontece aos lugares onde circula muita gente

E o verde a disputar espaço em meio a floresta de concreto
A natureza a brigar com a dureza das humanas, ou desumanas criações
Com árvores e plantas florindo em meio ao concreto e a poluição
Nos caminhos e desvãos em que se avista a cidade
E embora haja gente mergulhada em seu cansaço, e em sua rotina

Ainda se pode ver, gente interessada em mudar
Com seus rostos entretidos em suas leituras
Além das expressões de tédio diárias
E como já dizia o poeta,
Acaso tudo se referindo ao amor,
Que o tédio, rime com prédio,
Em sua rotina de desinteresse diário
Sinto saudades de minha praia!

E o amor residindo nas coisas mais prosaicas,
E nas mais inesperadas, demonstrações de afeto!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

A Vida

A vida da gente
Dizem que a vida da gente
É a vida que a gente leva
Devemos portanto, muito bem aproveitá-la
Pois ao dela partirmos, nada dela levamos
A não ser as experiências vividas
Bem ou mal experienciadas!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Passeando pela cidade de São Paulo

Visitei a famosa Estação da Luz
Com sua linda fachada de tijolos, pintada de amarelo
E um relógio, no seu ponto mais alto
Belíssima, possuí várias portas de folhas duplas em madeira

Neste passeio,
Pude também, vislumbrar um bonito pedaço da cidade

Conheci o jardim da luz
Com suas inusitadas esculturas abstratas
Seu chafariz, e uma magnífica fonte de água
Além de alamedas e inúmeros bancos para as pessoas sentarem-se

Ao lado deste afamado parque,
A famosa e monumental Pinacoteca do Estado,
Um prédio antigo, erigido com tijolos à vista

Do lado de fora do parque, pude avistar inúmeras jaqueiras
Circundando o parque, o lado pobre de uma cidade repleta de contrastes

Próximo dali, está a Fatec, um belíssimo prédio
Dos tempos gloriosos da cidade
A sua frente, um bonito prédio onde está instalada a polícia militar

É nessa região que está a Igreja de Santo Expedito
O santo das causas impossíveis
Sua igreja possuí duas pequenas capelas ao lado do altar, todo fechado
No fundo do altar, está a imagem de Cristo crucificado,
Objetos religiosos, flores, uma mesa com Bíblia, toalha branca, etc.
A sua frente, uma imagem de Santo Expedito, toda em madeira
Cercada, tem a seu lado um cesto, onde são depositados pedidos

Os bancos da igreja são de madeira, e no teto,
Há um imponente lustre
No alto da construção, vitrais coloridos,
Nas paredes, passagens bíblicas entalhadas em madeira
A entrada da igreja, tem uma imensa e imponente porta trabalhada, toda em madeira

Mas, para adentrar o templo sagrado,
É necessário passar por um portão de ferro
A seguir, uma pequena escadaria dá acesso a construção
Antes de entrar porém, há um recipiente com água benta

Logo atrás depois de alcançar a igreja, está o Batalhão da Polícia Militar
Ampla construção antiga, toda em amarelo
Lamentavelmente descascando

Próximo dali, está o Museu de Arte Sacra
Onde no Natal, é realizada uma exposição com lindos presépios
Logo ali está também, um amplo terreno repleto de bananeiras
E a Estação de Metrô Tiradentes

Mais distante está à região da Barra Funda
Pegando a linha vermelha do metrô se pode descer na estação de mesmo nome

Bem próximo dali está o famoso Memorial da América Latina,
Em frente está o Parlamento, e alguns prédios, nesta região tão pouco movimentada
Silenciosa e afastada da região da Sé

Barra Funda
É nessa região que fica a Esaf, o Procon, entre outros estabelecimentos
O estúdio da Record também fica bem próximo deste lugar

São Paulo,
Cidade da Avenida Paulista, do Masp, do Parque Trianon,
Da magnífica Praça da Sé, com sua famosa Catedral em estilo gótico,
Dos metrôs, do Centro Histórico,
Do Teatro Municipal, do Shopping Light, do Viaduto do Chá,
Das grandes avenidas, Do Pátio do Colégio,
Dos prédios imponentes, grandiosos, espelhados,
Dos monumentos e dos parques, enfim!

Certamente, este passeio compôs mais uma belíssima página do livro de minha vida!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Para Sempre Registrado em Nós

Dizem que as pessoas que amamos vivem eternamente em nós.
De certa forma, não deixa de ser verdade.
Pra sempre levaremos lembrança de quem amamos.
De seu jeito de ser, de viver, dos acontecimentos acompanhados com esta pessoa.
Mosaico de nossa vivência.
Repertório de nossa existência.
Viveiro sempre regado de lembranças.

Ano Novo

“Adeus Ano Velho
Feliz Ano Novo
Que tudo se realize
No ano que vai nascer.

Muito dinheiro no bolso
Saúde pra dar e vender.”

Neste novo ano que em breves instantes se iniciara,
Pretendo mais uma vez, contar com boas realizações.
Nada de promessas bobas e manjadas.
Lugares comuns.

Viagens, passeios pela praia,
Dinheiro, despesas, trabalho
E realizações.

Leituras, conhecimentos, filmes, novelas,
Músicas, DVD’s, flores
Roupas, perfumes, bota, bijouterias,
Abajour, roupas de cama,
MP3/Ipod
Goiás/GO, Brasília/DF, Caudas Novas/GO.

Leituras, literatura e beleza.
E também, Embu das Artes/SP, Santana do Parnaíba/SP e Campos do Jordão/SP.
Continuar estudando para concursos e participando deles.
Neste ano que começará – 2008.

Em 2007, viajei para Minas Gerais.
Conheci as Cidades Históricas:
Ouro Preto, Mariana, Congonhas – pedras preciosas, museus, e lembrancinhas,
São João Del Rei e Tiradentes – Estrada Real.
Casario Colonial, a História do Brasil presente em seu calçamento de pedras.
Fotos, muitas fotos.
E também Belo Horizonte/MG.

“Como vai BH,
Ouço a voz na montanha,
Como vai?...
Se distante a saudade eu vir chegar
Quem feriu a linda Serra do Curral....”
Flávio Venturini

Conheci as praias de Parati/RJ,
Revisitei seu Ccentro Hhistórico.
Conheci Trindade/RJ, o Cachadaço, cachoeiras.
Cunha/SP, Estrada Real.
Percorri trilhas.

Visitei Santos/SP, por várias vezes em 2007
E me deslumbrei com a beleza de sua orla bem cuidada.
Pirapora do Bom Jesus/SP e seu tapete de serragens.

Comprei meu Micro-Computador, roupas de praia, meias, sapatos, bijouterias.
Esmaltes - Manicure,CD’s, DVD’s e livros.
Participei de um jantar promovido pela OAV/Santo André-SP, no Clube Atlético da cidade.
Shopping ABC/Santo André e sua decoração natalina.
Seu ”cirquinho iluminado, de metal” na entrada.

Jogos Panamericanos no Rio de Janeiro/RJ, acompanhados pela televisão.
Em 2005, antes de começar a trabalhar, fui até Aparecida/SP e em 2007, fiz o mesmo.

No ano de 2006, conheci o Hotel Blue Tree Park em Mogi das Cruzes/SP.
Viagem a trabalho.
E me encantei com a Cidade Maravilhosa – Rio de Janeiro/RJ,
E sua Copacabana.
Conheci ainda Embu das Artes/SP, sua feira de artesanato e a beleza de seu Centro Histórico.

Televisão, Dueto – DVD e VHS, Mini-System.
Roupas, sapatos, bijouterias, roupas de cama, meias, CD’s, DVD’s e livros.
Vestido de Festa.

Nestes dois últimos anos, visitei museus em São Paulo:
Pinacoteca, Memorial da América Latina e suas exposições – Presépios, Carmem Miranda e Arte Naïf,
MAM, Museu Afro Brasileiro e a OCA, no Parque do Ibirapuera,
Museu da Língua Portuguesa, Museu da Casa Brasileira, MIS,
O Pátio do Colégio – Origem de São Paulo, Memorial do Imigrante,
Museu Sacro na Luz e seus presépios, Museu dos Transportes,
Bienal Internacional do Livro no Anhembi,
Centro Cultural Banco do Brasil.

Passeios pelo Parque Central em Santo André.
Compras, passeios no shopping ABC Plaza.
Almoçar fora.
Formatura Fatec.
Aniversário Ia e Vô.

Fora isso, li bastante.
Li algumas biografias, e obras literárias.
Ouvi bastante música, e li muito jornal semanalmente.
Assisti Desfiles de Carnaval e Militar.
Também assisti muitos filmes na TV a Cabo, minisséries.
Cartões Postais de todos os lugares onde passei,
E fotos, muitas fotos!
Adoro!

Obrigada por tudo!

Com certeza, 2008 será ainda melhor, com todos os projetos que tenho e que irei realizar,
Como quase tudo o que venho me propôr a fazer.
Também terminei de escrever a história que comecei em 2006, agora em 2007.
Venho me tornando um pouco menos indisciplinada.
Preciso de disciplina se quero realmente chegar em algum lugar.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Palavras ao léu


Almenara , farol de luzes de um novo tempo
Facho de luz, luzeiro

Luzes almécegas, amarelentas

No almário de minhas lembranças , alfarrábios
Escritos, textos, palavras
Almocreve, o carregador
Tempo, vida, eternos encarregados das dores, dos desalentos, das alegrias
Carregadores de bestas, da humanidade.

Luzes de arrebol, vermelhidão do nascer do sol
Arrabaldes, cercanias
Cidade do meu coração.

Santo André livre terra querida,
Forja ardente de amor e trabalho...

Viva Santo André!

Parabéns, 08 de abril de 1.553.

DICIONÁRIO:

Almenara - substantivo feminino
1. farol ou fogueira que, colocados em torres e outros lugares elevados, emitiam sinais que podiam ser avistados de consideráveis distâncias.
2. POR METONÍMIA - torre de onde esses sinais eram enviados.

Almécega: Al.mé.ce.gaaɫˈmɛsəɡɐ - nome feminino
1.goma-resina que se extrai da almecegueira e se emprega na preparação de vernizes e produtos farmacêuticos, também designada mástica e mástique; resina da aroeira
2.BOTÂNICA ver almecegueira
Al·me·ce·guei·ra (almécega + -eira) substantivo feminino
1. [Botânica] Árvore anacardiácea ou burserácea que produz a almécega.
2. [Botânica] Árvore (Pistacia lentiscus), da família das anacardiáceas, de frutos drupáceos e aromáticos. = AROEIRA, LENTISCO
"almecegueira", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/almecegueira [consultado em 30-11-2020].

Almocreve - substantivo masculino
indi víduo que tem por ofício conduzir bestas de carga; arrocheiro, recoveiro.

Arrebol - substantivo masculino - Cor avermelhada das nuvens quando o sol nasce ou se põe no horizonte.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

O > Espetáculo da Terra

Gostaria de começar, escrevendo sobre uma linda história, mas como estou há muito tempo sem escrever parece que eu perdi o jeito de lidar com as palavras
Princesas tão ariscas
Tão ariscas que parecem escapar por entre meus dedos, lisas como corredeiras de rios imensos e caudalosos
Procuro inspiração

Onde estás?
Respondas
Tentei escrever sobre as grandes batalhas da terra Brasil
Fracasso
Não consegui desenvolver nada muito original
Muito embora a história deste país seja tão rica...
Escrevi sobre a origem do mundo e a beleza da criação divina
Nesta empreitada consegui ser um pouco mais feliz

Ao que me parece, perdi um pouco o jeito, fogem-me as idéias. Hoje, tenho que me esforçar um pouco mais para ter idéias criativas...
Espere, parece que me ocorreu uma idéia
Vou escrever sobre o carnaval, que é a maior festa popular do mundo

O ano de 2003 começou como qualquer outro ano, comemorações de fim de ano...
No nosso caso, um churrasco para coroar a passagem do ano com flores - no caso de pano, mas ainda assim flores - música, boa música, a intragável posse do novo salvador da pátria do momento, e a expectativa de alguma novidade neste ano que surge.
Vesti uma saia longa preta juntamente com uma blusa cinza, estilo tomara que caía, maquiagem, as pulseiras e o colar que ganhei de minha tia no meio do ano, como presente de aniversário, e os cabelos bem cuidados e soltos como sempre.

Na noite da passagem do ano, o Reveillon propriamente dito, estava usando meu vestido longo marrom que eu adoro, com uma tira num dos ombros simulando um tomara que caía. Estava igualmente maquiada e arrumada para tão especial ocasião como sempre me arrumo há muito tempo. Para ser exata, há sete ou oito anos, desde São Caetano, e uma comemoração memorável no apartamento em frente a escola onde já estudei. Naquela época, nossa árvore de natal de um metro e quarenta, estava sendo comprada, e nós estavamos preparando a sala para o Natal. Neste Natal, usei um vestido vermelho curto, com um scarpin vermelho que eu comprei para combinar com o vestido, maquiagem, cabelos presos, champagne e uma bela ceia. Ouvimos música, inclusive os Beattles. Tomei muito champagne e assistimos um pouco de televisão, depois ceamos.
Se não me falha a memória, usei no Reveillon, meu vestido branco com corselet, maquiagem, sapatos brancos, e como sempre a ceia que encerra toda passagem de ano.
Em Santo André usei um vestido preto longo que comprei quando já morava lá, e também um outro vestido de formatura branco que eu fiz.
Mas voltando ao churrasco de fim de ano e ao dia Primeiro de Janeiro de 2003. No já tão propalado dia mundial da paz, embora por muitos esquecido. Foi um belo churrasco, e o início de um ano que com certeza será venturoso e profícuo de mudanças.

Ainda no Natal de 2002, vesti o já conhecido vestido branco com corselet, e no dia seguinte, uma saia longa vermelha com uma blusa igualmente vermelha com uma alça em V, como sapato, usava uma sandália plataforma preta, maquiagem, meus brincos de argola, meu relógio dourado, e perfume.
Ademais, como já dito, sobreveio o ano de 2003, a minha formatura, no Anfiteatro da Faculdade de Direito...
Sucederam-se os dias, que na maior parte das vezes foram de estudo, muito estudo, dedicação, e também porque não, assistindo novelas, e a maravilhosa minissérie A Casa das Sete Mulheres, que conta a história da Revolução Farroupilha, também conhecida como Guerra dos Farrapos, e seus heróis e vilões, todos devidamente romantizados. Chegou finalmente o final do mês de fevereiro, e com isso o Carnaval de São Paulo, muito organizado e bonito, e apesar das tragédias que aconteceram próximas a data, nada empanou o brilho da comemoração.

Não vou recordar exatamente, a ordem dos desfiles na Passarela Adoniram Barbosa, saudoso sambista que compôs e cantou as belezas e mazelas da cidade de São Paulo, mas vou fazer um gostoso esforço para me lembrar um pouco de cada um dos desfiles.
A começar pela Escola de Samba Barroca Zona Sul, que inclusive retornou para o grupo de acesso depois do desfile. Na minha opinião, foi desfile fraco, com fantasias feias, apesar da carnavalesca Rosa Magalhães.
A Gaviões da Fiel, ganhadora do carnaval, falou do Brasil, através de suas cinco regiões. Possuía lindas e ricas fantasias, fez um belo desfile, mas não considero como um desfile vencedor.
A Escola Águia de Ouro fez um desfile muito mais bonito ao falar da China, senti até vontade de conhecê-la; e a Rosas de Ouro, ao falar das frutas, tendo no Carro Abre-Alas uma rosa símbolo da Escola, bem como frutas tema do enredo. E que também fez um belo desfile, adorei.

A Acadêmicos do Peruche, ao falar de Ziraldo, também fez um bonito desfile apesar dos problemas pelos quais passou, chegando até a perder alguns carros alegóricos em um incêndio, e nem assim foi poupada de ser rebaixada. Achei isso, injusto e cruel. Mas apesar disso, mostrou o lado da solidariedade humana, ao vermos que as outras escolas, rivais, a ajudaram da forma que puderam.
A Vila Maria falou da Dutra, e da região limítrofe a rodovia, falou de Aparecida e de outras cidades do Vale do Paraíba. Apesar de estar chegando no Grupo Especial, fez um senhor desfile.
A Nenê de Vila Matilde, infelizmente não me lembro de ter acompanhado o desfile. Temos a Leandro de Itaquera e a Acadêmicos do Tucuruvi, que falou da imprensa e do jornalista Tim Lopes que foi assassinado em meados do ano passado, e que, na minha opinião, não fez um desfile bom, as fantasias estavam feias, e o enredo não foi bem apresentado e explorado.
Temos ainda a X-9 Paulistana, entre outras. Subiram para o grupo especial a Escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé, e outra que agora, não me recordo o nome.
Mas independente dos problemas com uma ou outra escola, o desfile de São Paulo é lindo, com certeza, e vale a pena ser prestigiado, independente da escola a desfilar.

No Rio de Janeiro temos a Grande Rio, Caprichosos de Pilares, Portela, Mocidade Independente de Padre Miguel, Imperatriz Leopoldinense, Mangueira, Beija-Flor – campeã do carnaval carioca ao falar da fome, Salgueiro – que falou da sua história, e convidando componentes da Mangueira para o desfile, posto que a Escola mencionada é sua madrinha, Porto da Pedra, entre outras.
Adorei o desfile no qual o enredo foi não só a história do teatro, já abordado no mesmo carnaval por outra escola carioca, mas também a história de Bibi Ferreira. Tão linda quanto a história estava a Comissão de Frente com uma bailarina de quatorze anos fazendo a Bibi Ferreira jovem. Também adorei a Comissão de Frente da Mangueira ao mostrar Moisés levitando em plena Sapucaí, a passarela do samba. A Passarela Professor Darci Ribeiro, conhecido educador, assim como Paulo Freire e outros que se não o são, deveriam serem conhecidos. O Brasil, terra abençoada, apesar de seus inúmeros problemas, é uma terra fértil em grandes nomes em grandes campos do conhecimento. Ainda bem.
Por fim, é uma pena não poder falar mais do carnaval, de suas marchinhas, de seus blocos que até hoje persistem e resistem. Isso porque, muita coisa eu não conheço, e se falasse cometeria um grande erro, posto que pessoas muito mais abalizadas que eu é que podem falar sobre isso.
Mas tudo bem, agradeço aos que lerem essas baboseiras que eu acabei de inventar, e peço passagem para continuar escrevendo. Obrigada.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.


MARCADORES DE PÁGINA

Lembro-me de primorosa recordação. Aviso aos navegantes, nativos da constelação de Touro. Tudo custa bastante para ser realizado, sendo proporcional à medida da ambição. Sua alma é ambiciosa, e a esta altura do campeonato já devia estar consciente da quantidade de esforço necessário para realizá-la. Portanto, toda dose de sacrifício para realizá-la valerá a pena. Ou como diria o grande poeta: “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”.

“Domingo, é dia de pescaria. Lá vou eu de caniço e samburá. Mare está cheia, vivo é na areia. Porque na areia tem mais peixe que no mar. Laiá laiá...”Carnaval, a maior manifestação cultural brasileira exportada para o mundo. Tudo é festa, música, fantasia, muito brilho e purpurina. “Confete, pedacinho colorido de saudade, ah... Confete confesso que chorei...” Crianças brincando com suas fantasias no salão. As figuras consagradas da Comédia Dell’Arte, Italiana, como o pierrot, a colombina, o arlequim, acrescentadas as figuras brasileiras ou abrasileiradas como o Clóvis e os Zés-Pereiras, assim como as Jardineiras...

Lacrimosa
Lacrimosa és tu, que sempre entre meus ais vive a suspirar. Lacrimosa és tu, que sempre entre as demais vive a palpitar. Sempre esqueces que vivo a lamentar... a tristeza a me consolar. Lacrimosa vais por entre carnavais a me atormentar ... sua lembrança a esses dias tão carnais...

Leitura que se faz consagrar. Quimera de ilusões perdidas. Templo de sábios desolados. Toda existência humana pairando sem sentido. Todos deveriam saber o sentido de sua existência. Mas o não sabem. A leitura poderia revelar-lhes para si mesmos. Como já dizia o sábio filosofo: “Conhece a ti mesmo”. Poucos no entanto aceitam tal desafio. Quem dera todos conhecessem a soberana alegria e o supremo poder que emanam do conhecimento.

Período de renovação. Momento em Jesus, morreu, pregado em uma cruz para pudesse pagar pelos nossos pecados. Morreu como se fora um cordeiro imolado para nos salvar e nos ensinar uma grande lição de amor a qual nunca poderemos nos esquecer. Amai-vos uns aos outros, assim com vos amo. Desolação! Que pena que tão poucos se interessem por tão nobre lição e a ministrem a cada dia para os seus semelhantes. Talvez se as pessoas se amassem um pouco mais, tudo seria melhor, mas infelizmente, cada só pensa em si. Quem sabe um dia, as coisas mudam. All you need is love!

Sinto agora, que minha pena não possuí mais o viço de antes, que me entrego cansada a dura tarefa de estudar. Que o mister do conhecimento não é fácil e de tão sorrateiro, é difícil de ser alcançado. As vezes, sinto-me cansada, sem vontade de estudar, tendo que muitas vezes, lutar contra a minha vontade hedonista, de só procurar a diversão. Infelizmente, todos nós somos assim, não gostamos das dificuldades, queremos que tudo nos venha fácil. No entanto, ou melhor, quase sempre, não é como as coisas acontecem. Por isso devemos nos dedicar mais ao que queremos.

Leitura, processo de paciência. Paciência de se saber a importância da leitura de cada página, para se compreender a magnitude do texto. Leitura, semelhante ao tédio, posto que nos afasta da convivência para nos aproximar de um outro mundo mais complexo. Tão complexo que a cada mais, precisamos entendê-lo e fazer parte dele. A leitura nos amplia a visão de mundo, mas também nos afasta dele. Mas enfim, o que seria de nós sem a leitura. Um brinde a ela.

Para celebrar um momento sublime, preciso mencionar algumas palavras. A leitura, é um processo fascinante de auto-conhecimento, pois muitas vezes, através dela é nos posicionamos em relação ao mundo. Tarefa muitas vezes árdua, inglória, posto que muitas vezes o resultado desse esforço não é facilmente percebido, identificado. Tarefa outras vezes deleitosa, onde muitas vezes, nos perdemos na imensidão de páginas e nos esquecemos do tédio do mundo, posto que vivenciamos o que a imaginação dos escritores tem de mais belo. Um viva aos romances e obras da literatura!

Passeando por entre vales sombrios, senti minha alma solitária. Procurando por entre as paisagens, constatei que o mundo era só um caminho. E, caminhando por entre as paragens, verifiquei que todas elas eram só ilusão. Ao deparar-me com o desalento, dei-me conta de que este era só um estado de espírito. Ao ter consciência do espírito, constatei que o mais importante no mundo, é o que a gente tira de lição da vida, e das lições fazemos o nosso caminho. Ao fechar o livro da vida, dei-me conta que não basta ler o livro dos outros, devemos também escrever a nossa história de vida.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

"Lumen Iures"

Para começar, ontem quando eu estava relendo algumas matérias de uma revista antiga que possuía guardada entre meus pertences, ocorreu-me a idéia de possuir um diário. No entanto, nunca tive disciplina para manter um “recuerdo”, tão precioso quanto este. Sempre fui muito indisciplinada. Tudo começava com um grande entusiasmo e depois se esmorecia como se fora brisa. Mas agora, quero novamente tentar. Prometo que me dedicarei mais aos meus escritos, há muito abandonados. Yo creo que seras bueno para mí. Ademais, mal não me fará. Sempre quis ter um diário e sempre admirei quem tinha disciplina para fazê-lo.
A alguns anos escrevia com certa regularidade cartas celebrando momentos especiais, ou até mesmo, lembranças minhas. Contudo, já faz algum tempo que não escrevo mais com tal assiduidade. Em dados momentos, chega-me a faltar inspiração. Sinto que de certa feita, perdi a prática e a paciência em escrever. Mas de ver tantos exemplos de pessoas que escrevem, seja na vivência cotidiana, em reportagens de revista ou até mesmo na ficção, todos escrevem, sem contar que para muitos, é o seu meio de vida. Também adoro ler, e recentemente, por causa de alguns dos meus escritos, tenho me preocupado particularmente em aumentar meu vocabulário. Escrever um diário também é uma forma de o fazer, além de estimular a estar sempre escrevendo belas palavras para as pessoas. Não que elas venham a ler os meus escritos, mas me estimulará a continuar escrevendo meus cartões. E se me faltar inspiração, posso escrever o principal em tuas linhas e depois dedilhar no teclado do computador as delicadas palavras que te acometeram. Isso facilitará deveras o meu trabalho e fará com que eu não me esqueça de nenhuma data importante. Não vou mais me esquecer do aniversário de ninguém. Como vês, já estou ansiando por tua presença no meu dia-a-dia. Para que eu te possa contar as novidades, o meu mundo novo e o meu muitas vezes intangível, velho mundo. Quero te conhecer melhor, aperfeiçoar-me como ser humano, me aprimorar, e até mesmo, quem sabe, compreender o mundo.
Quero escrever lindas coisas em suas linhas, mas também quero dizer coisas contundentes, ferozes, vorazes. Quero me desvendar e desvendar o mundo. Quero ser mais feliz e que você seja feliz por isso. Como podes perceber, você fará parte do meu mundo. Um dos mais ricos pedaços do mundo do qual faço parte. Quero compartilhar minha vida de certa maneira com você, em todas as suas folhas. Com isso, aproveitarei meu tempo, de forma prazerosa. Acredito que com isso, passarei a olhar o mundo com mais cuidado, até para observar sua discreta beleza escondida na dureza que tanto nos acostumamos a observar. Desejo enxergar além do óbvio, do banal. Quero contar a essência das coisas, dos seres, de mim. Ver que tudo em si tem encanto. No meu desiderato almejo igualmente, descarregar meus ódios, minha amargura, minha tristeza e minha insatisfação em ti. E não penses que sou má por isso. Quero apenas que conheças a minha verdade. Que sejas como aquela tão bela canção entoada por Chico Buarque de Hollanda:
“Serei sempre seu,
Confidente fiel
Se seu pranto molhar
Meu papel...”
Portanto não guardes mágoa por isso. Sejas feliz. Porque assim mesmo te prometo ser diferente da música. Nunca te esquecerei num canto qualquer. Por agora findo meu entróito, e já o considero como presente em minha vida. Então começarei a contar meu dia-a-dia e o que se passa na minha mente.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

HABITUAL

Os sons a ecoarem pelos ambientes
Em imagens luzentes em tela de computador
Sons e imagens
Ou sons apenas
Sempre a nos fazer companhia nos momentos diversos da vida
A imaginar histórias
Os dramas contados nas canções

Quem sabe melhor ventura terão os poetas?
As notícias várias, correndo o mundo
Tanta tristeza, tanta desdita
Dos tumultos da vida, às vezes as voltas ...
Prefiro não acompanhar

Tentativas de leituras, em meio ao cansaço
Noites recostadas em seu leito
Ouvindo as canções,
Acompanhadas de suas apresentações,
Que me trazem tanto alento

Com a cabeça recostada em travesseiros
Acompanhando os movimentos da tela de cristal
Onde mil mundos se mostram para mim

Arrumar-se para dormir
Olhos pesados a acompanhar
No restinho de dia, um pouco de fantasia
A despeito do dia de belezas e maravilhas concretas

Em contraste a um mundo de imagens na tela de um computador
A natureza lá fora a nos convidar a contemplá-la
Lantanas floridas e cada vez mais coloridas,
Mostrando sua discrição em tons brancos

Plantas trepadeiras com muitas folhagens e poucas flores
Roxas
Sete léguas

O sol a amanhecer seus raios sobre a areia e as águas do mar
Clareando o dia e aquecendo as horas
Ora encoberto de nuvens
De formato arredondado
Lindo luzeiro

Longo caminhar, de suaves passadas
A contemplar leito de pedras a margear duas praias
E o leito de pedras a fazer ondas
Como que a formar uma pequena praia
Lagunas de águas claras,
A compor um lindo azul a fazer par com a areia
Em dias de movimento, os barcos a saírem pelo canal

Gaivotas a voarem sobre o mar
Aves brancas voando em bando
Diferentes penugens, plumagens brancas,
Ou mescladas de negro e branco

Gaivotas a brincarem nas águas
Permanecendo em pequenos bandos
Aves a voarem por sobre a faixa de areia
Ao lado da nativa mata preservada

Banhos de mar
Ondas fortes
Nas águas bravias do mar

As cidades iluminadas do alto das serras
Desvendadas entre um abrir de olhos e outro
Os brilhos eternos da cidade
Eternos por que nunca mudam
Embora mudem as cidades

A noite, em meio ao breu e a escuridade,
Tudo é indiviso
Quantos mistérios a nos espreitar

Em meio a um cotidiano
Quase sempre sem atrativos
Não fosse nos focar, nos belos momentos da vida
Nas coisas importantes,
Ao menos para nós

E tudo seria sem razão
Sem sentido,
Mas não!

Nosso modo de ver a vida, a tudo muda
E assim nos focando, vivemos melhor
Desta forma, o habitual, pode se tornar excepcional

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

Fim de Ano

Mais um ano que se passa, tantos bailes desfilaram pela memória de uma gente tão humilde, vivendo em simples casa, voltando do trabalho de trem. O trem das onze, que carrega mágoas, dores de saudade onde um apito de fábrica fere os ouvidos de quem lá trabalha e tortura na labuta diária. Não se leva em consideração o seu esforço constante, e ainda tens que agüentar um patrão intolerante que vem lhe importunar. Um natal a mais se faz presente e vem lhe ocupar ainda mais. Uma noite de solidão. Mais um natal que a ceia vai esfriar e você não vai poder tocar no prato da satisfação.

Ano Novo – Luz que resplandece

Véspera, dia 31 de dezembro, marca-se pelo prenúncio de um grande momento, quando um novo ano se anuncia e com ele novas esperanças surgem. O novo ano será maravilhoso. A festa de sua passagem, o rito, as ondas do mar onde repousa Yemanjá, pessoas de branco a pular sete ondas com uma rosa nas mãos. Mãos que logo farão por se despedir, jogando a rosa que cairá no profundo mar e partirá para um profundo recanto, até voltar rasteira, ferindo os pés dos passantes.

As Flores

Flores enfeitam a vida, encantam o mundo cobrindo-o de adornos sutis. A primavera começa por desabrochar no jardim das minhas lembranças.

Pensamentos

Enquanto escrevo palavras jogadas numa folha de papel, sinto um pássaro batendo asas dentro de mim. Este colibri quer navegar por mares nunca dantes navegados. Quer conhecer o mundo. Oh! Minha terra querida que os merecidos tempos e a vida não trazem mais.
Se tudo depende de nós, porque as coisas que lutamos para mudar, não mudam?
Talvez seja por falta de ânimo, por não sabermos esperar pelas mudanças, que são lentas, vagarosas, quase invisíveis. Sem percepção...
Aurora de saborosa manhã, um sol forte começa a se apresentar, só sinto sua brisa quente a me acompanhar. Por companhia só falta uma frágil e suave ventania. Adeus triste sombra gelada. Agora só pretendo a companhia do lar. Solar...
Músicas soluçam e ecoam por todos os ares que agora trazem sons que evaporam por todos os sentidos. Soam lirismo puro. Lirismo arrasador, que perturbador arrasta a todos à uma dança voluptuosa e frenética.
Sons lindos que fazem jorrar...
À sombra destas linhas horizontais que agora escrevo, sinto escorrerem por entre os dedos... agora jaz em paz...A tecla salutar soluça entre vertiginosos ais e já se desfaz, mas não se traz tão longa esperança. Adeus.
A patativa quando canta ao longe sobrevoa por entre folhagens. A nívea paisagem, juntamente com o canto do uirapuru, o grande pássaro amazonense de belas cores e penugens esplendorosas, enche a floresta de sons e cores. Oh! Voz maravilhosa1!
Ando a procura da vida, um passo distante, a lua brilhante se faz cada vez mais distante. Ah! Falso pesar, caminhar, desalento. Um sentir de passos pesados. A rua cintilava de estrelas brilhantes, carros passando apressados pela avenida. Ah! Distância quão ingrata tu és...
Cores do som das flores que exalam odores que pelo jardim se espalham. Crianças correndo pelo quintal, velha bica abandonada. A água jorra por dentre musgos, que de limosos só se deleitam durante à tarde refrescante. Calor ardente, o sol que despeja seus raios solares...
Agora vou aproveitar para lhe dar uma utilidade. Será que guardarás as páginas de um livro velho abandonado na estante? Ou será um luminar de folhas novas, num livro contemporâneo, aberto às novas gerações? Seu destino só depende de um gesto...
Livro – conjunto de folhas rabiscadas. Fechadas no conjunto de uma obra. Momento de deleite e esplendor diante da visão maravilhosa de um momento inspirado do autor. Instante de leveza...
Aurora querida, traga minha vida que o vento deixou para trás, por trás dos montes que se espalham pela colina azul. Quero correr por minha terra distante, por fado inconstante, ouvir o som do desejo. Fim.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Festa da Ressurreição

Consoante o que está exposto nas Escrituras Sagradas, a Paixão e Morte de Cristo coincidiu com a festa em que os judeus comemoravam a libertação do cativeiro egípcio, e com isso, vários costumes e símbolos daquela festa passaram a fazer parte dessa festa cristã. A origem do nome Páscoa, vem do equivalente hebreu Pesah. Entre os saxões, o nome indica uma associação com o Eostur-monath, mês de abril, data em que se comemorava a morte do inverno e a recuperação da vida, portanto culto intimamente ligado a Ressurreição. 

Com relação a alguns rituais, os teutônicos são provavelmente responsáveis por certos costumes populares pascais como o Ovo de Páscoa. Antigamente os ovos eram considerados símbolos da vida e da fertilidade. No entanto, o costume de oferecer ovos como presentes nessa época remonta aos antigos égípcios. 

Na Rússia, no catolicismo ortodoxo, os ortodoxos se saúdam nesse dia com as palavras “Cristo Ressuscitou” e a resposta “Ressuscitou realmente”.

Entretanto, vários costumes da liturgia pascoal, como o acender o primeiro fogo nesse dia, desapareceram com a perda do sentido simbólico deste ritual por parte da civilização ocidental. 

No início da civilização cristã, um Concílio, denominado Cesaréia, realizado nos idos do 197 da Era Cristã, definiu que a aludida data seria comemorada no domingo seguinte ao décimo quarto dia da lua de março. E ainda, nas primitivas igrejas onde se professava o catolicismo, era o Domingo, o dia de batismo e comunhão dos catecúmenos, e que mais tarde evoluiu e se transformou na celebração por nós conhecida, como O Dia da Páscoa. 

No Sábado Santo, o tema “Luz”, e “Trevas” é expresso na extraordinária melodia gregoriana do Exultet. Evoca-se nessa ocasião a luz da criação, o combate da luz (Israel), a luz da palavra de Deus e a luz da Ressurreição.

Ademais, esta aludida efeméride que conforme a evolução dos tempos, passou a ser definida como Páscoa, é considerada a celebração de uma dos maiores acontecimentos da liturgia cristã, qual seja, a Ressurreição de Cristo. Cristo este que morrera crucificado numa cruz, segundo as práticas da época, e que ressuscitou ao terceiro dia e subiu aos céus. No Catolicismo ele é cultuado como o messias, enviado por Deus, para ensinar aos homens o mister do amor ao próximo. Período este que se inicia com uma remota preparação, até se chegar a um luminoso momento. Por isso é precedido remotamente pela Quaresma, que se caracteriza por um período de quarenta dias de penitência, e mais proximamente pela Semana Santa. A preparação imediata inicia-se no Domingo de Ramos, quando é celebrada então a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, ovacionado pela mesma multidão que posteriormente o verá crucificado no final desta semana. Nesse Domingo anterior a Páscoa, nas cerimonias religiosas dos templos, são entregues aos fiéis, um ramo que é benzido pelo padre, autoridade incumbida de realizar a missa, e que fica guardado durante um certo tempo nas casas dos cristãos. 

Com isso, a Igreja Católica, empenha-se cada dia mais, a restituir o esplendor desse dia, conforme se pode ver com as representações da Crucificação de Cristo nos rincões do país. A missa que se celebrava no Sábado de Aleluia, (onde ainda persiste o costume ibérico de malhar os Judas confeccionados especialmente para a ocasião, ou mesmo criar os “Judas de Ocasião”, pessoas odiadas no momento), passou a celebrar-se à meia-noite, na passagem para o domingo. 

Por fim, trata-se de um momento de renovação espiritual, o qual deverá ser sempre lembrado. Isso porque, após a Última Ceia, tão celebrizada em pintura artísticas, Jesus deixou como derradeira mensagem que sua pregação não fosse abandonada e que a grande lição que O Pai deixou nunca fosse esquecida que é : “Amai-vos uns aos outros assim como a vós amo”.

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Entre Miríades de Estrelas

“O sol ainda não esparzia a sua luz pelo universo
A lua não estava sujeita às vicissitudes
A terra não se achava suspensa no meio do ar
Em que se sustenta pelo seu próprio peso
O mar não tinha margens
A água e o ar mesclavam-se à terra que não tinha solidez
A água não era fluída, o ar não tinha luz
Tudo era confusão
Nenhum corpo tinha a forma que deveria ter

E todos juntos se obstaculavam uns aos outros ...”

(Ovídio)

CANTO I

Desde as mais priscas eras
Onde tudo era absolutamente obscuro
Onde a confusão ocupava todos os espaços
Deu-se o Caos
Personificação do vazio primordial
Indefinível, indecifrável, indescritível

Fecundo, gerou Érebo e a Noite
Em seguida, gerou o Dia e o Éter
Entidades primordiais para a criação
Érebo, senhor das Trevas Infernais
Em muitas lendas, tido como pai do Éter e do Dia
Contrapondo-se a beleza do céu superior
Onde o deus Éter, resplandece

Unindo-se ao Dia
Gerou a própria Terra
Em seguida, vieram o Céu, o Mar

Dentre as abstrações, surgiram
A Tristeza, a Cólera, a Mentira
Dentre tantas outras deidades

Em razão da Noite
Nasceram o Destino
A Morte, o Sono, a legião dos Sonhos
As Hespérides, as Meras, ou Parcas
Nêmesis, e assim por diante
Filhos estes, derivados

De sua união com o irmão, Érebo
E dessas divindades
Muitas outras nasceram

Contudo, alguns deuses não surgiram deles
E ao que parecem
Sempre existiram

Assim como o Caos
Segundo tradições
Depois de Caos criar a primeira divindade, Érebo
Eros e Gaia, eram os deuses

Entretanto, segundo outras lendas
Eros nasceu dentro de um ovo feito pela déia Noite
E esse Ovo Primordial, partiu-se em dois
Dessa divisão surgiu
Urano, ou o Céu, e Gaia

Dessarte, Gaia, sozinha concebeu Atlas
Personificação das montanhas
E Ponto, a personificação masculina do mar
Mais tarde, Gaia se uniu a Ouranos

E desse matrimônio, todos os Titãs surgiram
Ao todo, era doze

E assim, pertencentes a Geração Divina Primitiva
Tendo por mais jovem Cronos
É dele que sairá a geração dos Olímpicos
Os mais populares deuses da mitologia grega

CANTO II

Os helenos
Deviam seu nome a Hélen
Filho de Deucalião e Pirra
Dentre as mais antigas lendas
Hélen foi um antigo rei da Tessália
Cuja descendência emigrou para o Peloponeso
Foi sucedido por Eólo
Criador da raça dos Eólios

Eólos teve sete filhos e cinco filhas
Dos quais se destacam
Creteu, fundador da cidade de Iolco
Sísifo, fundador da cidade de Corínto
Átamas, que reinou na Beócia,

Desposando Ino filha de Cadmo
Em segundas núpcias

Creteu, desposando Tiro
Filha de seu irmão Salmoneu
Teve com ela três filhos

Éson, pai de Jasão
Famoso com a viagem dos Argonautas
E por ter associado-se a feiticeira Medéia
Feres, pai de Admeto
Reinou em Feras, Tessália
Amitáon, pai de Melampo
Grande advinho e médico notável

Diz a lenda
Que Tiro foi seduzida por Possidon
Com o qual teve dois filhos
Neleu, que migrou para a Messênia
E Pélias, que reinou em Iolco

Contudo,
Dentre os descendentes de Sísifo
O mais famoso, foi o herói Belerofonte
Átamas, por sua vez, teve três filhos
Frixo e Hele e Melicetes,
O último posteriormente, deificado

CANTO III

Sísifo, mítico fundador de Corinto
Dentre todos os mortais
Foi o mais astuto

Quando viu acidentalmente
O rapto de Egina por Zeus
Filha do Rio Asopo
Mais do que depressa
O delatou em troca de uma nascente
Que Asopo fez brotar na cidadela de Corinto

Encolerizado, Zeus
Mandou por morte, Tânato
Mas, inobstante isso
Sísifo conseguiu enganar e prender
Em uma armadilha, Tânato

Com isso, como ninguém mais morria
Hades estrilou, enfurecido
Diante disso, só restou a Zeus, providenciar
A libertação de Tânato

Diante de disso, Tânato
Mais que depressa
Capturou Sísifo e o enviou a Hades

Contudo, o precavido Sísifo
Avisou a consorte, Mérope
Para que não lhe prestasse
As usuais honras fúnebres
De modo que Hades, indignado
Ficou impossibilitado de recebê-lo
No mundo subterrâneo

Sísifo então, desculpou-se com o deus
E garantiu que, se pudesse voltar
Puniria a sacrílega esposa
Nisso o deus concordou e libertou-o
O que fez com Sísifo vivesse por mais alguns anos

CANTO IV
....

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

DESIDÉRIO

E o mar salpicado de barcos
Rico contraste com a água azul do mar
Não me deixes entregue a este eterno desterro
Labéu do esquecimento
Desdita em nossas memórias
Ancoradouro de nossas melhores esperanças
Das eternas viagens de nossas lembranças

Memórias afetivas
Num mar singelo de outras plagas
Um barquinho solitário a enfrentar o mar
Sai do rio em meio a pedras
Que ladeiam o acesso a caminho do mar

Do lado oposto, casas poucas
E algumas gentes a ocuparem as areias da pequena praia
O barco balança e sobe, desce
Ondeando os caminhos do mar

Os caminhos, a chuva
A saudade da maravilhosa cidade
O Corcovado, aproximado de um Velho Cosme
Com seu Cristo Redentor, de braços abertos
Jardim Botânico, com suas palmeiras colossais, imperiais
O Pão de Açúcar e seu bondinho, a nos mostrar os melhores cenários
De uma cidade cinematográfica!

Lindo mar, belas praias,
Construções magníficas a rivalizarem as montanhas
A natureza pródiga em suas belezas
Construções antigas, Centro Histórico

Petrópolis, com seus casarões
Museu Imperial, com sua imponente sala de jantar
Louça, prataria, castiçais
Móveis, sofisticados, elaborados
Carruagens, e objetos de toucador, berços
Chuva e plantas, flores

E do alto do Pão de Açúcar
As praias, o mar salpicado de barcos
Passeios nas praias de Peruíbe,
Muitas águas a caírem dos céus
As chuvas a obstacularem os passeios

Na tevê, esportivas competições
E as moças bonitas, com seus laços de fitas
Jogam o carretel de fitas, coloridas
A enfeitarem o ar de efeitos, formas e cores
Com as meninas a agitarem seus carretéis de fitas
A envolverem seus corpos
E a desenharem o ambiente de nítidas formas
Dançam e embalam as fitas
Das moças com suas lindas roupas brilhantes
Apresentando-se lindamente para a platéia
Ondeando o laço de fitas no ar

E a bela menina com laço de fita
A emoldurar o tablado de formas
Curvilíneas formas
A dançar, saltear pelo tablado
Fazem par com as salteadoras jovens
A desenharem os ares com seus pulos acrobáticos

E o tempo frio e a chuva
A atrapalhar as caminhadas a beira mar
O passeio litorâneo adiado para melhores tempos
E o tempo dos trabalhos a se aproximar
Correria para melhor se acomodar,
Nos assentos e bancos, do trem da vida
Repletos das gentes,
Assaz ocupadas com seus pensamentos

Quero a companhia de uma brisa fresca
O sol a aquecer nossos corpos
A água azul e límpida das frias águas,
Envolvidas em fria ventania
Os chapéus de praia, a circundarem o gramado,
Ladeados por quiosques
Imagens em movimento,
A nos contarem histórias de outros tempos
Belas histórias de outras épocas

Além de muita música a ouvir no som
Rede a balançar, tendo a frente um lindo jardim
Com novas plantas,
A fazerem companhia a velhas companheiras
Pés de morango a oferecerem seus frutos,
Calanchoes, mini crisântemos, gerânios, rosas

E as dálias a resistirem
O pé de ipê a nos mostrar suas flores primeiras
E o manacá verdejante
Na entrada da casa dos sonhos,
Uma árvore com sua copa arredondada,
Ladeada por uma bonita primavera,
Repleta de flores vermelhas,
Que quando caem,
Formam um bonito tapete de cor, na pequena calçada
E a rosa pérola, a resistir em sua exuberância,
De flores, desabrochada
E o vento e a chuva, a repelirem os passantes
E assim a vida segue

Até o regresso a diária carreira
Lépido fim, das tardes fagueiras
Desidério, vontade de novas férias
E o ano no fim, a acabar
E outro plano de viagens realizar!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Fastio

Vi certa vez, no final de uma entrevista, as palavras de um ilustre cidadão deste tempo, comentando a respeito do tédio.
Dizia ele em suas poéticas palavras, que o tédio era um mal necessário, já que não é possível estar o tempo todo envolto em grandes acontecimentos, em grandes experiências.
Que a vida também é composta por momentos de tédio, muitos aliás, e que por ser parte integrante de nossa existência, devemos nos acostumar com ele.
Não nos tornamos menores por vivenciarmos momentos de vazio absoluto, sem nada de interessante para contar. Isto também faz parte da vida.

Às vezes é necessário atravessarmos um longo deserto em nossas vidas, para que em dado momento irrompa algo novo, para que possamos produzir algo de importância, de belo.
Como se a terra estivesse adormecida, procurando se recompor para que após um longo período de repouso, possa fazer brotar lindas flores, frutificar, disseminar o verde. Enfim renascer em vida e viço.
Como se despertasse de um longo período de sono, de um longo período sem atividade e sem interesses.

Segundo o sábio homem, precisamos destes tempos de árido deserto em nossa existência, para que possamos adormecer para o que não interessa e nos voltarmos para nós mesmos, a fim de descobrirmos o que temos de melhor em nós.
Quem sabe até para que descubramos a nossa essência, e descobrindo-a, possamos mostrar aos outros, o que temos de melhor em nós mesmos.

Tédio quem sabe é um tempo de descobertas.
Tempo de nos introvertermos.
Voltarmos para nós e talvez descobrirmos quem somos de verdade.
Tempo de ruptura com idéias antigas. De trabalharmos nossos pensamentos, nossas idéias.
E assim, com o passar do tempo, fazermos germinar novas idéias, florescer lindas flores de um novo tempo, um novo jardim em nossa existência.

Desta forma, de acordo com o pensamento do entrevistado, não devemos nos queixar dos momentos de tédio, e sim nos deixarmos levar por ele, aproveitando o que ele tem de bom para nos oferecer.
Afinal de contas, não dizem que os gregos cultivavam o ócio, o qual pode ser um tédio para alguns?
Não era um valor para eles?
Com efeito, os gregos não viam com bons olhos os negociantes, negadores do ócio.
Por sua vez, o trabalho antigamente, possuía a conotação de torturar, fazer sofrer.
Mais tarde passou a ter a conotação de que enobrece o homem.
Muitas vezes cheguei a conclusão de que empobrece.
Isto por que, poucas pessoas conseguem enriquecer trabalhando.
Ademais, para muitas pessoas este é o tédio.
Mas enfim, como disse o entrevistado, um mal necessário.
Afinal de contas a maioria das pessoas precisa trabalhar para sobreviver.

Mas voltando ao ócio...
Não dizem que existe o ócio criativo?
Em algumas profissões, principalmente para os poetas, o tal ócio é uma necessidade premente, imperiosa. 
Um ócio o qual precisam usufruir para que possam produzir boas idéias, escrever belas e boas poesias. Enfim, criar.
O ócio portanto, não é algo inútil, muito embora possa parecer.
É o outro lado de uma moeda chamada atividade.
Palavra tão usada e tão mal empregada.

Nos tornamos escravos do tempo.
Raramente temos tempo para cultivar o ócio.
Por esta razão também, sofremos mais com o tédio.
Fatigados, pensamos mais nos problemas da vida, e no quanto ela é dura.
Já dizia Guimarães Rosa: “Viver é difícil”.
Desanimados, temos menos tempo para contemplar a beleza da vida.
Nos atemos em contemplar a pobreza, a miséria, a deselegância, a falta de educação, de modos, o péssimo estado de conservação dos prédios.
O quanto muitas cidades estão descuidadas, maltratadas e abandonadas, como os habitantes que moram nela, como as pessoas que circulam nela.
A vida se tornou algo burocrático e rígido. Temos que cumprir metas, prazos, regras, etc.
Ficamos enfastiados.
E aí, ao invés do tédio ser algo produtivo, se torna realmente um vazio, um deserto de esperanças, e, ao invés de renascermos de nosso estado letárgico, mergulhamos mais fundo em nossa tristeza, em nossa indiferença... num círculo vicioso que nunca acaba e do qual é difícil escapar.
O que fazer para fugirmos disso?
É o que estou tentando descobrir.
Ultimamente venho tentando ocupar os momentos em que posso cultivar meu ócio, com coisas prazerosas para mim, pelo menos.
Estou ouvindo mais música, cantando mais, assistindo bons filmes na televisão, passeando mais. Mas não é o bastante!
Preciso voltar a ler mais obras literárias, poemas, romances, escrever mais, sonhar mais, construir mais mundos imaginários, mergulhar mais fundo dentro de mim.
Lembro-me do tempo em que criava mundos de histórias e do quanto isto me fazia feliz.
Preciso recuperar um pouco deste tempo.
Um pouco, por que como um filósofo grego já dizia: As águas de rio, não passam duas vezes pelo mesmo lugar.
O tempo não volta, mas ainda podemos ser felizes.

Muito embora, não seja possível ser feliz o tempo inteiro.
Sim, descobri a duras penas, que a felicidade constante e eterna é uma quimera.
Mas podemos ter belos momentos de felicidade.
Muito embora seja impossível ser feliz o tempo inteiro, temos que lutar pela felicidade.
Também descobri que a felicidade não é algo impossível de ser alcançado. Todavia, não é fácil ser feliz. É uma luta constante.
De fato é mais fácil ser infeliz do que feliz. Basta que nos entreguemos aos pensamentos derrotistas, que nos deixem abalar, que derrubem a nossa alto estima.
Não, não podemos deixar que destruam nossos sonhos, que nos digam que nunca iremos conseguir o que desejamos, e pior, aceitarmos isto.
Se o tédio é inevitável como nos disse o pensador, devemos aproveitar o que ele pode nos oferecer e utilizar esta ferramenta para que após algum tempo de inação, possamos, assim como a árvore, frutificar, semeando boas idéias, as quais deverão germinar produzindo bons frutos.
Como a terra adormecida, que irrompe em plantas, flores e frutos. Fazendo medrar a vegetação, a qual explodirá em verde.
Os bons pensamentos devem irromper a barreira da mente, e transformar o mundo em que vivemos.
Acredito o sentimento de tédio é uma constante na história da humanidade, e que este sentimento é cíclico na vida dos homens.
Saber lidar como ele é um desafio para toda a nossa existência.
Quem sabe possamos dominar o tédio. Ou então possamos bem conviver com ele.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.