Poesias

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Fim de Ano

Mais um ano que se passa, tantos bailes desfilaram pela memória de uma gente tão humilde, vivendo em simples casa, voltando do trabalho de trem. O trem das onze, que carrega mágoas, dores de saudade onde um apito de fábrica fere os ouvidos de quem lá trabalha e tortura na labuta diária. Não se leva em consideração o seu esforço constante, e ainda tens que agüentar um patrão intolerante que vem lhe importunar. Um natal a mais se faz presente e vem lhe ocupar ainda mais. Uma noite de solidão. Mais um natal que a ceia vai esfriar e você não vai poder tocar no prato da satisfação.

Ano Novo – Luz que resplandece

Véspera, dia 31 de dezembro, marca-se pelo prenúncio de um grande momento, quando um novo ano se anuncia e com ele novas esperanças surgem. O novo ano será maravilhoso. A festa de sua passagem, o rito, as ondas do mar onde repousa Yemanjá, pessoas de branco a pular sete ondas com uma rosa nas mãos. Mãos que logo farão por se despedir, jogando a rosa que cairá no profundo mar e partirá para um profundo recanto, até voltar rasteira, ferindo os pés dos passantes.

As Flores

Flores enfeitam a vida, encantam o mundo cobrindo-o de adornos sutis. A primavera começa por desabrochar no jardim das minhas lembranças.

Pensamentos

Enquanto escrevo palavras jogadas numa folha de papel, sinto um pássaro batendo asas dentro de mim. Este colibri quer navegar por mares nunca dantes navegados. Quer conhecer o mundo. Oh! Minha terra querida que os merecidos tempos e a vida não trazem mais.
Se tudo depende de nós, porque as coisas que lutamos para mudar, não mudam?
Talvez seja por falta de ânimo, por não sabermos esperar pelas mudanças, que são lentas, vagarosas, quase invisíveis. Sem percepção...
Aurora de saborosa manhã, um sol forte começa a se apresentar, só sinto sua brisa quente a me acompanhar. Por companhia só falta uma frágil e suave ventania. Adeus triste sombra gelada. Agora só pretendo a companhia do lar. Solar...
Músicas soluçam e ecoam por todos os ares que agora trazem sons que evaporam por todos os sentidos. Soam lirismo puro. Lirismo arrasador, que perturbador arrasta a todos à uma dança voluptuosa e frenética.
Sons lindos que fazem jorrar...
À sombra destas linhas horizontais que agora escrevo, sinto escorrerem por entre os dedos... agora jaz em paz...A tecla salutar soluça entre vertiginosos ais e já se desfaz, mas não se traz tão longa esperança. Adeus.
A patativa quando canta ao longe sobrevoa por entre folhagens. A nívea paisagem, juntamente com o canto do uirapuru, o grande pássaro amazonense de belas cores e penugens esplendorosas, enche a floresta de sons e cores. Oh! Voz maravilhosa1!
Ando a procura da vida, um passo distante, a lua brilhante se faz cada vez mais distante. Ah! Falso pesar, caminhar, desalento. Um sentir de passos pesados. A rua cintilava de estrelas brilhantes, carros passando apressados pela avenida. Ah! Distância quão ingrata tu és...
Cores do som das flores que exalam odores que pelo jardim se espalham. Crianças correndo pelo quintal, velha bica abandonada. A água jorra por dentre musgos, que de limosos só se deleitam durante à tarde refrescante. Calor ardente, o sol que despeja seus raios solares...
Agora vou aproveitar para lhe dar uma utilidade. Será que guardarás as páginas de um livro velho abandonado na estante? Ou será um luminar de folhas novas, num livro contemporâneo, aberto às novas gerações? Seu destino só depende de um gesto...
Livro – conjunto de folhas rabiscadas. Fechadas no conjunto de uma obra. Momento de deleite e esplendor diante da visão maravilhosa de um momento inspirado do autor. Instante de leveza...
Aurora querida, traga minha vida que o vento deixou para trás, por trás dos montes que se espalham pela colina azul. Quero correr por minha terra distante, por fado inconstante, ouvir o som do desejo. Fim.

Luciana Celestino dos Santos
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