I
Lua branca,
Deitada em leito de noite escura
Sem estrelas,
No triste firmamento cinzento das cidades
Minguante ou crescente,
Em formato, ornato de arco
Candida e lindamente repousa
Em outras regiões
Nos seus arrabaldes,
Aglomerações de construções,
Lindamente iluminadas aos pés da serra verdejante
A comporem cidades várias
Lá ainda resistem os céus estrelados,
Embora a lua esteja reclusa
Escondida em meio a estrelado firmamento
Restrita a visão,
Aos limites em que o pequeno jardim,
Florido e recoberto de verde,
Pode alcançar
Quantas noites de lua e estrelas
Ricos horizontes a se vislumbrar
Lindas visões para deslumbrar
II
Penso, leio, devaneio
Procuro as melhores coisas do viver
Os melhores sentires,
O conhecimento
E os melhores adornos
Pois se enfeitando por fora
Traduz-se o reflexo do interior florido
A beleza do mundo mental
A transbordar para o mundo material
Traduzido em suas melhores vestes, calçados, adornos
Beleza interior,
A ser complementada pela beleza exterior
III
Não temas!
Valorize o caráter intimorato
Das qualidades intrépidas e destemidas
Mas não irresponsáveis
Cultive as melhores qualidades
Sempre sendo intemerato
A valorizar a clareza,
Suprema pureza,
Sem jamais corromper-se
Pelas veleidades do mundo
IV
Valorize a quem, e o que te valoriza
Deixando as coisas demais,
Para trás
V
Quem não se enfeita, se enjeita
Já dizia sábia bela dama
Dona de seu corpo e de seu viver
Segura e convicta de seus passos
Será de fato, que assim o foi?
Linda e poderosa,
Porte altaneiro,
Delicada e cheia de garbo
Beija, Dona Beja
Será que realmente exististes?
Acaso roubastes olhares de fúria e de cobiça?
Mulheres invejosas de sua beleza
E homens sequiosos de seus encantos
Moça sabedora de sua beleza
Dotada de extrema inteligência
A ombrear com os melhores,
E mais bem dotados de saber do lugar
Iletrada, no vulgo saber
Onde necessário se faz tracejar letras
E em sua junção, formar palavras,
Agrupadas a formarem textos
Muitas grandes mulheres também o foram
Mas em que pese este detalhe,
De somenos importância
Não se encontraram elas despidas
De maior importância
Beija, linda Beja
Quanta bocas terá beijado?
Será que de fato,
Por algum homem terás sonhado?
Princesa de Araxá
Porventura seu modo livre de viver,
Acaso foi escolha sua?
Creio que não
Pois ninguém escolhe o caminho mais árduo,
Mais inconstante e mais longo
Constituído das pedras mais duras e íngremes
Acaso foste feliz em algum momento?
E nesta pergunta,
Talvez se encontre escondida sua resposta
Quem de fato nunca experimentou a felicidade,
Ainda que por um breve instante?
Julgada por muitos,
Condenada por quase todos
Mas aos poucos sendo respeitada
Soberana de sua vida
Com o passar dos anos
Abandonaste a vida de luxúria
Passaste a viver simplesmente
Em que pese toda a fortuna amealhada
Um rico diamante,
Fora encontrado em suas jazidas
Muito tempo após sua partida destas terras
Decerto fostes encantar os céus
Com sua beleza, sua inteligência
E seu encantamento
Rico deslumbramento!
Se fostes livre de fato,
Por escolheres a vida que levastes
Não o sei!
Mas livre fora,
Ao se desvencilhar dos julgamentos alheios
Dos pré conceitos
Das ideias preestabelecidas de seu tempo
E seguiste com sua vida
Procurando cultivar a beleza,
Em todos os seus matizes
Linda e vaidosa,
Com seus trajes, penteados, joias
Seus objetos de toucador,
Sua morada, suas plantas, suas flores
Transformando a tudo que tocava,
Em instrumentos de encantamento,
E de grande beleza
Linda, muito mais que linda
Beja, Dona Beija
Eterna feiticeira de Araxá!
VI
Beleza, incomparável chamariz!
Considerado por muitos atributo e qualidade,
Daquilo que é belo
Combinação de atributos,
A tornarem agradável a visão de um conjunto
A aguçarem os olhos e os outros sentidos
Beleza, atributo de quem é belo
Beleza de quem é bela
Pessoas belas, homens, mulheres, crianças
Coisas belas, plantas, árvores, flores
O sol, a lua, o céu, as estrelas, o mar, os rios,
Marte, os Anéis de Saturno
Coisas, objetos, construções,
Edificações bonitas
Em feio sendo,
O que é desprovido de beleza,
De encantos, atrativos, de adornos
Em sendo portanto,
Defeito, ou não!?
Acaso podendo encontrar-se beleza,
Através de outros ângulos
Mas nunca o abandono completo da beleza!
Muito embora algumas coisas
Sejam tão horrivelmente feias,
Que impossível é extrair delas,
Algo de belo, algo de bom
Natural que algo que não nos agrada
Seja por nós considerado feio,
Quando não, horrível
Gostamos daquilo com que nós nos identificamos
Com o que se parece conosco
Muito embora nem sempre
O que muito difere de nós,
Seja causa de estranhamento
Sendo a beleza, a causa da atração
Beleza estética, beleza no vestir,
No porte, na postura, nas ideias,
No pensamento, no trabalho,
No andar, no caminhar
Pois tudo, pode ser belo
Afora a feiura, a que tudo estraga
E mesmo o feio,
Pode procurar alguma beleza em si
Pois a beleza é inconstante
Por vezes inata, por vezes buscada
E em se buscando a beleza,
Nada se perde
Ame a beleza
E se enfeite, de todas as cores, formas e tons
Pois a vida é cor e movimento
Estando a beleza nas pequenas grandes coisas
Vista-se bem, coma bem, durma bem
Leia bem, em clara e boa impressão
Veja bem, ande bem, viva bem, ouça bem
E acima de tudo, ame a beleza
Beleza a se manifestar nas menores coisas
E nas maiores também
A beleza física das pessoas,
Mas sobretudo, a beleza intelectual e moral
Enfeite sua vida de beleza,
E assim, enfeite-se
Pois como disse uma bela jovem,
Nascida em tempos de antanho
Senhora de sua vida e soberana de seu futuro,
E acima de tudo, consciente de seus encantos:
Quem não se enfeita, se enjeita!
VII
Gabriela, morena formosa
Flor no cabelo
Com suas longas madeixas,
A balançarem ao vento
Vestes simples, encardidas com o uso,
Chinelas gastas
A desbravar o sertão,
A fugir da fome e da seca
Como as mulheres brejeiras desta terra
Que nos campos viviam
Matreira,
Como as moças em sua condição devem ser
Sempre assediada por homens cobiçosos
Astuta, sem agredir interesses alheios
Cabocla, de tez acobreada,
Com cheiro de cravo e sabor de canela
Especiarias da terra
Mulher da cor da terra,
Do chão em que pisas,
Vermelho e bruto
Sempre a sorrir,
Carregando seus quitutes
Balançando os quadris, com seu gingado
Ser do sertão,
Sertaneja livre e cheia de predicados
Dona de boa mão para os quitutes,
Comes e bebes
Dona de mão boa,
Para as artes culinárias
E também as artimanhas do amor
De simples viver,
A contentar-se com as coisas mais simples da vida,
Sem agastar-se pela ausência de luxos
Em feliz sendo,
Por ter um teto para se abrigar,
Uma cama onde deitar o corpo,
Cansado da lida diária
Em ser feliz,
Por ter roupa limpa para vestir,
E alimento para suprir as necessidades do corpo
Tina com água, para o corpo lavar,
Chinela e roupa nova e simples para usar
Lindos presentes ganhos
E, moço bonito para namorar
De nada mais precisando,
Além do sol, do chão batido, o ar que respiras
Os passeios alegres pelas ruas da cidade
A alegria e as brincadeiras das crianças
Criatura agreste,
Bruta, como as pedras duras do sertão,
E o chão rachado pela seca e pelo sol,
Repleto de cactos e espinhos
Plantas xerófitas, com raízes profundas,
A armazenar água e nutrientes,
A suportar o calor causticante do sol
A matar a fome e a sede dos viandantes
Resistem indômitas as agressões externas
Bravas como nossa guerreira,
Adorável heroína do horário das onze horas
Retirada das páginas colossais,
De um belo romance inesquecível
Gabriela, formosa mulher
Bruta como o solo do sertão
Mas também remanso,
Lugar de descanso,
Mesmo em meio a aridez da caminhada
Mandacaru, cactácea altaneira, a exibir linda flor
Campo de árvores retorcidas, caatinga
Cactáceas, palma doce e com espinhos,
A servir de alimento na jornada
Beleza e brutalidade!
Bruta e ao mesmo tempo doce
A trazer em si o seu oposto
Antidoto e veneno
Gabriela, cravo e canela
Agreste, brejeira, faceira
Sertaneja, sofrida, e ainda assim, altiva
Digna em sua liberdade
Apenas e simplesmente,
Completamente livre
Sem nunca poder ser,
Domesticada
Sem aceitar adornos e donaires
Sem garbo ou elegância
Em simples sendo, para simplesmente ser
Gabriela, brejeira da cor de canela
Cheiro de cravo, sabor de canela
Pura e simples, Gabriela
Ser enviado por Deus
VIII
Canto alegre, por que o instante existe
Como a parafrasear a linda frase escrita
Da poeta/poetisa Cecília Meireles
Cujas palavras lançadas
Grande inspiração me acomete neste instante
Digníssimos os cantares da poesia
A vida deveria pura poesia ser
Pois a arte encantamento traz,
Além de alívio, paz e conforto
Afastando para longe,
As tristezas e incompreensões do mundo
IX
Vapores aromáticos,
Resultando de substâncias aquecidas
A exalar bons odores para o ambiente,
Perfumando-o
Incensos, a incensarem os ambientes religiosos
Fumaça a exalar de recipientes adrede preparados
Turíbulos a espalharem odores
Na época da Média Idade
E através desta fumaça
A origem da palavra perfume
E nesta busca por odores mais agradáveis
Foi dado ensejo a busca por óleos aromáticos
Utilizados desde os primórdios da história
Como forma de mascarar odores
Ou suavizar a aridez de temperaturas desérticas
Como o fora no antigo Egito,
E noutras antigas civilizações
Que utilizavam-se de unguentos aromáticos
Pétalas de rosas, e outras flores e ervas maceradas
E a greve fazerem, na ausência de tais recursos
Que agradáveis sensações traziam para seus adeptos
Com o tempo, surgiu o procedimento
Consistente na extração de óleo das flores,
Através do processo de de destilação
O qual, mistura óleos e pétalas de flores amassadas
Resultando em fortes misturas
Dando ensejo a criação dos perfumes líquidos
Processo o qual perdura até nossos dias
Sendo que a primeira essência a surgir
Foi a Água de Rosas, utilizada até hoje
E o perfume a se desenvolver cada vez mais
E a resultar da mistura de óleos, flores, frutas
Entre outros ingredientes
Como hoje são as combinações aromáticas
Cítricos florais,
Cujas matérias-primas são extraídas das cascas de frutas
Denominados frutados
Florais Aldeídos,
Extraídos de flores ou desenvolvidos de forma sintética
Com aroma suave e delicado
Fougére,
Cuja matéria-prima geralmente é extraída da madeira,
Ganhando a denominação de amadeirados
Chipre Florais,
Geralmente extraídos de musgos,
Possuem um belo toque de sofisticação
Orientais Florais,
Feitos de especiarias e plantas exóticas
Possuem aroma marcante
Couros Secos,
Cujas fragrância seca
É o resultado da extração de tabaco, madeiras, couros, musgos
Aldeídos Florais,
Que nada mais são que uma mistura sintética
Usada em perfumes clássicos e sofisticados,
Com frescor inicial forte e picante
Aromáticos Secos e Frutados,
Mistura e bela combinação de elementos secos e frutados
Fragrância híbrida
Utilizando especiarias, condimento e ervas
Fragrâncias que ao serem aplicadas sobre a pele
Evaporam o álcool rapidamente
Subsistindo as substâncias aromáticas,
As quais permanecem por várias horas
Perfume nada mais sendo,
Que a combinação de ingredientes voláteis,
Dissolvidos em álcool, que se espalham no ar
Cabendo salientar que o perfume
É extrato aromático,
Com menor teor de álcool possível
Saliente-se que a fixação do perfume,
Deve-se às notas de base ou de fundo
Cujos ingredientes mais densos e persistentes,
São capazes de atuar na composição,
A proporcionar uma difusão mais lenta
E assim, cabe mencionar que a notas de Saída – Cabeça,
São as notas mais leves que evaporam do frasco
Sentidas logo após a sua aspersão
No que diz respeito as Notas de Coração,
Estas são a personalidade do perfume
Em nada mais sendo,
Que as notas que expressam,
O tema principal da fragrância
Menos voláteis,
Evaporam mais devagar,
Sendo sentidas assim que o perfume sai da pele
Tratam-se de notas mais encorpadas
Como as de flores, folhas e especiarias
Notas de Fundo – Base,
Garantem o poder de fixação da fragrância
Definindo o cheiro que se difunde na pele
São pouco voláteis,
Cujos ingredientes evaporam lentamente,
Sendo o último acorde a ser percebido
E o que permanece por mais tempo
Tratando-se de notas mais densas que as demais
Criação de perfumes,
Tarefa rica e delicada
Na qual o perfumista cria fragrâncias marcantes,
As quais podem reunir até 300 matérias-primas
Sendo este profissional,
Capaz de distinguir mais de 3 mil cheiros
E a combiná-los,
Em uma quantidade ilimitada de fórmulas
A força de um perfume
Depende da concentração,
De extrato aromático,
E das matérias-primas,
Usadas em sua composição
Flores compõem boa parte
Das principais criações dos perfumistas
Sendo utilizadas principalmente a rosa e o jasmim,
Tendo outras flores a serem utilizadas em escala menor
Os perfumes também,
Trazem em sua composição,
Óleos essenciais os quais são extraídos
De raízes, caules, folhas, sementes,
Frutos, resinas, cascas de árvores, entre outros
Criando-se uma gama infinita,
De possibilidades de combinações
Salientando-se que há um século
Existiam cerca de cento e cinquenta ingredientes,
Os quais poderiam ser usados,
Na fórmula de uma fragrância
Hoje há mais de três mil opções
Em elementos químicos sintéticos,
Base dos perfumes modernos
DICIONÁRIO:
Intimorato - adjetivo - não timorato, que não sente temor; destemido, valente.
Intemerato - adjetivo - não corrompido, sem mácula; íntegro, puro, incorrupto.
Veleidade - substantivo feminino o grau mais baixo da volição; vontade inútil, imperfeita. 2. assomo de presunção, afetação ou vaidade.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário