Poesias

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Caminhando

Caminhando em meio a um tapete de verdes folhas
Contemplei uma feia manhã
Tempos cheios de gentes
Dificuldades para se chegar onde se quer

As flores faltas no caminho
As veredas sem a beleza dos mares, das praias e das areias
Caminho apressada para chegar em um lugar estranho
Conhecer novas realidades, adquirir novas práticas

E o mar tão longe, companheiro de calmarias e de alegrias
Gosto de senti-lo chegando de leve, a molhar meus pés
E da mesma maneira se afastando matreiro

Contemplar o desenhar da cidade
Suas luxuosas construções, casas suntuosas, prédios poucos
A exceção de uma imponente construção em forma circular

A feirinha noturna com seus artesanatos, suas delicadas e sortidas bijouterias
O encanto da noite
Em andanças motorizadas,
Um brinde a um céu com algumas estrelas, e uma lua a se formar,
Em seu formato semi circular, ao céu enfeitar

A noite a se impor ao cenário
Mostrando uma torre e sua antena de tevê,
A iluminar a cidade, como a um farol

O Manacá ainda florido, Lantanas viçosas
As borboletas e os pássaros que insistem em visitar o belo jardim
As inflorescências, expectativa de melhores dias
Com a promessa de flores a desabrocharem sobre nossos dias

O sol tímido, a beijar o solo
E aos poucos, a colorir nossas peles, mudando seus tons
Seu reflexo no espelho das águas, a tocar a superfície das águas
O corpo exangue, mas a alma cheia de luz

Momento para se deitar o corpo,
E deixar os pensamentos adormecerem
Isto se os mesmos, não voarem livres pelo mundo
Mundo afora, sem prisões, sem amarras

A noite, o suave perfume da dama da noite
O jardim iluminado, pelo spot de luz
E a vida a desfilar ante meus olhos
Maravilhas para se contemplar
O pé de vento a revolver as folhas depositadas pelo chão
O verde a adentrar as salas, os ambientes
As flores se foram, deixando as árvores expostas, com seus galhos ao luar

Lua agora assuma seus redondos contornos
Redonda, tão alta,
Que mal se pode avistar se não houver um atento olhar,
A descobrir o evento apenas em um relance

E a noite escura, a tudo envolver
As cidades, as casas, os prédios, as fachadas iluminadas
Luzes amarelas e brancas, a rivalizarem com a escuridão da noite
Negro véu a envolver a cidade
A esconder a feiúra dos dias,
O concreto das construções

Em cidades pulsantes, que não param
Sempre fervilhantes de vidas,
A nos contemplarem com seus transtornos diários
E os caminheiros, caminhantes
Enfrentando a fúria dos dias,
Os diários desafios da lida

E as tardes cambiantes, a mostrarem seus mil tons, ao longo das horas
Céu plúmbeo,
Que de acinzentado, se esforça por ser azul,
Com nuvens brancas a percorrê-lo,
A desenhar mil formas no firmamento inconstante

E o céu segue seu turno
As vezes faltos nas vapóreas formas
Céu sisudo e sem alegria
E conforme as horas da tarde se expõe;
O azul se torna amarelo, claro
Ora adquire tons mais escuros,
Azuis intensos, dividindo espaço com tons róseos, violáceos, amarelos, alaranjados

Ás vezes, um sol percorrer as estradas, os caminhos
A se esconder em meio as construções,
E após se mostrar em todo o seu esplendor majestático
A descoberta de novas atrações, novos interesses, novos conhecimentos

Novas canções a nos embalar
Novas formas do viver
Coletividade a conversar, a rir, as pessoas a maldar
Muitos, com as vidas alheias a se ocupar,
Outros entretidos com seus MP3, Ipod’s, MP4, celulares
Seus sons e melodias de bom ou péssimo gosto

Leituras várias, best-sellers, boas obras ou não
Muitos quietos apenas
Diferentes formas do vestir, pessoas limpas, asseadas, outras nem tanto
Educadas, mal educadas, deselegantes,
Bem vestidas ou não,
Usando as cores, as formas e os modismos da hora

Sapatilhas diversas, calças justas nos mais diversos corpos, botas
Calças largas, blusas de moleton, acolchoadas,
Blusinhas com faixas, leggins, tênis, saltos
Corpos preparados ou não para tais ousadias
Gorduras a saltarem em meio a decotes, calças de baixas cinturas...

E a vida segue, sempre segue,
Sempre atulhada de gentes
Quem dera todos tivessem a se ocupar do que fato interessa!
Espero que ao menos a maioria assim o faça
E nossas vidas então, sigam em paz

Pois se não assumem as responsabilidades de nossas vidas,
Por que então se ocupam dela?
Ou será melhor cuidar da minha saúde, já que cuidam tanto assim de minha vida?

Pensando bem, não seria melhor enviar as faturas e as cobranças diárias,
Para quem insiste em da nossa vida tomar conta?
Percebo que cada minuto concedido, possui a beleza das coisas raras
A singeleza do que não se repetirá, e a delicadeza dos momentos sublimes,
E que cada segundo desperdiçado com banalidades como essas,
Faz me perder o bom da vida,
E a suprema felicidade de viver o que existe de melhor no mundo

Pois o mundo apesar das misérias, das humanas mazelas
Tem muito de belo para nos ofertar
Só precisamos de um olhar para contemplar,
E ver além do óbvio, além do banal
Pois viver é enxergar além das aparências, além das superfícies

É adensar os conhecimentos, penetrar a essência das coisas, dos objetos, matéria ou não
É ver além do que nos é diretamente mostrado,
Sem perder o foco da beleza das coisas, a qual reside não apenas na aparência,
Muito embora esta faça parte do conjunto
E assim, se não podemos ser o tempo todo felizes,
Possamos ao menos termos nossos alegres momentos

E a vida segue ante meus olhos, nem sempre atentos
E eu sigo meu caminhar perante a vida
Espetáculo que desfila diariamente ante meus olhos
E eu sigo pelas veredas dos caminhos
E a vida segue, e eu sigo a vida
E os acontecimentos se sucedem, múltiplos ...

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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