Poesias

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

AS FLORES

Um lindo ipê roxo florido,
A deitar suas delicadas flores,
Em um bonito tapete no chão
A cobrir o asfalto e os carros,
Defronte a altaneira morada

Em meu quintal,
Uma delicada dama-da-noite,
A se elevar altivamente
Em direção a um céu que tenta azul ser,
Em tardes invernais
Triste, esmaecido, quase plúmbeo
A perfumar minha janela
Com suas pequeninas e delicadas, flores brancas

Em outra espécie,
A florada de outra modalidade,
Misteriosa dama-da-noite,
Com suas grandiosas e brancas flores
A desabrocharem em enorme quantidade,
Pelo modesto quintal
A tudo encher de magnitude e beleza!

E a continuar o passeio pelo modesto jardim,
Flores amarelas, de camarão chamada;
Lágrimas de Cristo;
E uma bonita e singela orquídea

Em um vasinho modesto,
Uma resistente e brava suculenta,
A crescer e se desenvolver;
Em outro vaso, as flores-de-maio

Lembro de violetas a enfeitarem minha janela
Com sua coloração arroxeada,
E suas bonitas folhas verde e exuberantes
Mais tarde, cedendo espaço a campos de aço
Pena!

No parco verde que tenta se impor
Na casa da cidade,
Flores e algumas cores

Na rua, algumas árvores
Em contraste com o frio, e o tom plúmbeo da cidade
O tom verde a tentar se manifestar

Muitos coqueiros enfeitam a cidade,
Assim como algumas árvores

Nos corredores metropolitanos,
Alguns ipês, azaléias, manacás,
A lutarem contra a aspereza
O ar cinza e triste das cidades

As preocupações diuturnas
A azafama diária
Correria, pressa
O gosto pelo conhecimento,
O trabalho
E a vida a passar,
Em movimentos velozes
A sensação de que o tempo passa
Cada vez mais apressadamente

Estudos, preparação para melhores momentos
Novas realidades a se confrontar
Em uma cidade cheia de dinamismo
E a qual nunca para

Muita coisa bonita para se aprender
Novos mundos para se conhecer
Muitos bons livros para ler,
Ótimos filmes para assistir,
Músicas para ouvir,
Coisas boas para nos entreter
Interesses diversos

Cidade da imponente e famosa praça
Marco Zero da cidade,
A abrigar uma gótica catedral,
Ao lado de históricos prédios
Bem próxima ao berço,
Local de origem da cidade

Patéo do Colégio,
Vizinho ao Solar, morada da Marqueza de Santos
Local onde existe um amplo espaço,
Com um imponente e imenso monumento,
Tendo um sino nas proximidades
Origem da famosa cidade

Agora a servir de abrigo para mendigos
Triste abandono!
Ao redor, prédios feios, pichados
Em contraste com o prédio histórico
A abrigar a sede da justiça estadual

Nesta região muitas construções históricas existem
Prédios imensos, imponentes
Grandiosas entradas, escadarias
Alguns conservados, outros nem tanto

Passeios largos,
De uma cidade antiga,
Despreocupada com seu passado
Antiga história recente

Longos trajetos a percorrer,
Transportes mil a utilizar,
Azafama diária
Tempo para ler,
Na vida pensar,
Descansar
Para que no dia seguinte
Tudo novamente se possa,
Começar

Afinal, a vida não pode parar
Na cidade que nunca dorme
Mesmo ante um tempo frio
Que a nós consome

Quanto seu frio, a atmosfera,
Nos envolve
Noite escura, sem estrelas, sem lua,
Sem brilho

Mil roupas pesadas para usar
Para com isto tentar fazer,
Com que o frio externo,
Não nos invada a alma

Tempo triste, a nos fazer
Voltarmos para nós mesmos
Vento frio e gélido, cortante,
A nos invadir

Sinto saudades do sol
O tempo cinza, ora azul
A entristecer os dias, as tardes,
A anoitecer mais cedo

Anseio pela claridade do sol,
Seu vapor cálido,
Sua brisa suave

Na barafunda das confusões
Algumas árvores,
Flores esparsas,
Hibiscos vermelhos, com suas exóticas flores,
A nunca se abrirem,
Um ipê florido,
Com suas roxas flores,
A despetalar-se, formando um modesto tapete,
Em contraste com a riqueza floral,
De outro conhecido ipê

No Viaduto do Chá,
Magníficas e imponentes construções
Histórico prédio com persianas vermelhas,
Entalhes de metal a ladear o Viaduto,
O Teatro Municipal
Algumas árvores
O imenso e aberto campo, embaixo

A Ladeira da Memória,
Com seus bonitos e entristecidos azulejos,
Obscurecidos, pela indiferença da memória,
Em ironia ao nome do afamado monumento

Em alguns lugares,
Painéis a lembrarem,
As origens históricas da região
E as antigas construções,
Que hoje não mais existem
É pena!

Pena não se preservar um passado
Passado este teimoso,
Que insiste em resistir,
Em algumas construções da cidade
Igrejas, prédios históricos,
Uns de taipa, outros não

Monumentos deixados ao léu,
Tendo por homenagem, apenas o esquecimento
Lugares que serviram para celebrar a glória,
De tempos passados

Quanta vida, quantas histórias,
A desfilarem por tais cenários
Cidade sem muitas cores,
Por ora encantadora por sua imponência,
Regiões valorizadas, com belas,
E modernas construções,
Amplas avenidas

Tudo muito chique!
Por oras, soturna, triste,
Abandonada!

Ao redor dos trilhos das ferrovias,
Muito abandono,
Velhas fábricas,
Berço da industrialização

Que rico contraste te faz
São Paulo, seres o que és!
Cidade das maiores e melhores realizações
Do esquecimento, e também do ocaso

Necessário se faz, a isto melhorar
Para que a cidade se torne
Além de uma grande metrópole
Cenário de iguais oportunidades a todos
Cidade monumental

Cidade que nunca para,
Que nunca dorme
Sempre grandiosa em seus aspectos
Grandiosa também sejas,
Em oportunidades

E assim fico a sonhar flores
Cores, cores, cores e mais cores!
Voltemos as plagas do labor!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

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