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quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Duelo do Sorriso Amarelo

 VIII

Descrente, o homem pediu-lhe para explicar

Que pretendia ele

E Omar encurralado, com uma arma apontada

Teve que uma saída arrumar


Disse que contaria seu intento ao chefe do bando

Com isto explicou que ao lado do bando de Lampião vivera

Que da vida de cangaceiro soubera

E que da vivência na cidade

Tirara importantes aprendizados para a vida


O homem achando o jeito de Omar enrolado

Comentou que sim, o levaria diante dos cangaceiros

Mas não para falar com o chefe do bando

E para ser julgado


Omar nada entendeu

Com isto, o homem mandou-lhe seguir em frente

Avisou-lhe que se tentasse fugir,

Um balaço levaria


Omar então caminhou pelo sertão

Andou por dias até chegar ao acampamento


Os companheiros do bandoleiro

Ao saberem da história de Omar

Intrigados ficaram

Chegaram a criticar Tenório,

Por trazerem tão suspeita figura que poderia denunciá-los

Pensaram em matá-lo


Mas Omar com o tempo,

A simpatia dos membros do bando ganhou


Prestativo, realizava pequenos trabalhos

Com sua arte e ciência em cutelaria,

Produziu belas facas


Era limpo, organizado, ordeiro

Sabia até mesmo cozinhar


Dizia que a todos que há muito tempo

Sozinho vivia

Só tendo por companhia,

Os amigos que pelos caminhos da vida encontrava


Quando por lá chegara

Comentou sobre sua experiência no bando de Lampião

Dizia não ser inimigos dos cangaceiros

Mas que preferia a paz


E assim nos primeiros tempos,

Viveu sob ameaças

A todo momento diziam que iriam matá-lo,

Que de lá não escaparia


Com o tempo,

Ao demonstrar lealdade,

Posto que chegou até mesmo

A avisar que havia um movimento suspeito nos arrabaldes


O chefe do bando,

Ao disto tomar conhecimento

Demonstrou admiração

Perguntou-lhe por que não fugira e os denunciara

Pois esta seria sua libertação


Omar respondeu-lhe,

Que traidor da causa não seria

Mesmo em não concordando com ela

Argumentou que eles uma boa vida teriam

Se abandonassem a vida de bandoleiros


O homem riu

Dizia que só sabia fazer isto da vida

Omar retrucava dizendo

Deus a todos dotara de inteligência

E que se ele fora capaz de aprender tantas coisas

Eles também seriam


Clodoaldo argumentava que todos ali bem viviam

E que não ouvira ninguém reclamar da vida que levava


Omar respondeu-lhe que estavam acostumados

E que não conheciam outras formas de viver

Respondia que a vida de cangaceiro estava com os dias contados

E que um dia todos iriam morrer

Mencionou o trabalho das volantes, e que muitos políticos queriam o fim do movimento


Clodoaldo ficou envaidecido ao saber do interesse dos políticos

Omar retrucou dizendo que com isto não se brinca

E que o esfacelamento do movimento seria questão de tempo


Com o tempo, ao darem pela falta de Omar

Avisaram o policial que passou a procurá-lo


E assim, seguia Omar sua vida em meio aos cangaceiros

Prestativo, gentil e amigo


Tão amigo, que Clodoaldo

Percebendo a afeição que os bandoleiros

Passaram a demonstrar ao novo companheiro

Incomodado começou a ficar

Chegou até a lhe falar,

Alguns cangaceiros estão a pensar em suas palavras


Omar então desculpou-se

Disse-lhe que não estava interessado em intrigas causar

Que apenas a vida das pessoas melhorar


Clodoaldo entendeu

Apenas pediu para que isto parasse

Argumentou que a decisão cabia a seus homens

E não a ele


Omar pensativo, calou-se


Com o tempo, o policial conseguiu pistas

Organizou uma volante e passou a varrer a região

Foi questão de tempo para localizar o acampamento do bando


O primeiro homem avistar, foi Omar

O rapaz, a presença do policial notar

Chamou-lhe num canto

Explicou que estava tentando convencer as pessoas a mudar

Argumentou que não seria necessário prender ou matar

E que eles deixariam de atacar vilarejos


O policial achou aquela conversa muito louca

Mas Omar insistiu

Disse que há tempos eles não invadiam a cidade

Que arranjavam alimentos em meio a natureza, caçavam, pescavam

Montavam suas cabanas,

Teciam suas roupas

Alguns eram casados, traziam suas mulheres

Além de tudo havia crianças


O policial admirado ficou

Mas argumentou que estava em uma missão

Disse-lhe que não poderia cancelar tudo

Pois até o exército e o prefeito da cidade de tudo estava sabendo


Omar argumentou que aquele não era o bando que invadira a cidade, o vilarejo

Argumentou que sua palavra estava encontrando eco

Que alguns bandoleiros já cogitavam abandonar o bando

Diziam estar cansados de tanta violência e dificuldades


O policial foi percebendo uma aproximação

Mas ao tentar atirar, recebeu tiros como resposta

Encostou-se em um canto


Gritou para Omar se proteger

O homem gritou para os cangaceiros pararem de atirar


Nisto, os demais policiais, passaram a também atirar

Omar arriscou-se e tentou sair do local

Mesmo em meio a tiros


Em dado momento,

Tenório apontou-lhe uma arma

Argumentou que ele era um traidor e merecia a morte


Os demais cangaceiros tomaram sua defesa

Clodoaldo perguntou-lhe se havia avisado os policiais

Omar respondeu-lhe que não

Mas admitiu que conhecia um dos policiais

Clodoaldo pediu-lhe o nome


Omar recusou-se a dizer

Por conta disto foi preso

Aprisionado pelos cangaceiros

Ouviu que iria se iniciar uma caçada aos policiais


Com efeito, do evento,

Resultou um policial ferido e um cangaceiro morto


Os cangaceiros estavam furiosos

Queriam vingança


E Omar em meio a isto, sem saber o que fazer

Aprisionado, mesmo assim, pediu para trabalhar


Clodoaldo concordou,

Sob protestos

Os bandoleiros diziam que ele poderia fugir


O homem respondeu que este seria um teste

E que ele estava sendo vigiado


Com efeito, em nenhum momento, o homem pensou em fugir

Omar varria, limpava, cozinhava

Só não mexia com facas


E os policiais continuavam em suas tentativas

Em dado momento, chegaram com um grande efetivo

Omar foi o primeiro a avistar, e avisou o chefe do bando

Aflito sugeriu que fugissem

Argumentou que daria tempo de levantar acampamento

Sem deixar vestígios e se embrenharem na mata


Clodoaldo não concordou, argumentou que preferia enfrentar a policia

Omar argumentou que eles eram em maior número, armados

E que lutar com eles, acarretaria muitas mortes para o bando

Seria uma carnificina

Clodoaldo argumentou que não era covarde

Omar sugeriu ir conversar com os homens

O chefe do bando não concordou


O homem retrucou dizendo que tinha uma ideia

Mas sugeriu que sim, todos organizassem suas coisas

Deveriam sim levantar acampamento


Clodoaldo ficou sem entender

Omar respondeu que diria ser um cangaceiro

Que se rendendo estava

Com isto, eles ganhariam tempo para fugir


Clodoaldo indagou-lhe por que isto faria

Omar respondeu que estava cansado de ficar no meio de tanta violência

Argumentou que desde sempre estava se escondendo

Confessou que matara um homem em defesa de uma mulher

E desde então vivia a se esconder


Clodoaldo ficou a ouvi-lo

Por fim, entendeu seu ponto de vista

Argumentou que se tratava de um homem bom

E ao avistar a volante,

Finalmente entendeu o que Omar insistia em dizer-lhe


Por fim, ordenou a todos que levantassem acampamento

E procurassem levar o que podiam

Apagassem e desfizessem fogueiras

Que não deixassem vestígios de sua passagem


Todos acataram sem discutir

Omar auxiliou no que podia

Avistou todos partirem


Quando percebeu que estavam longe

Foi ao encontro da volante


Os bandoleiros estavam cientes do plano de Omar


O acesso era difícil

Omar levou algumas horas para localizar a policia

Que se dispersava pelo morro


Entregou-se

Disse que estava cansado desta vida

Que havia cometido um crime e que estava disposto a responder por isto

Com isto, o policial que o perseguia, deu-lhe voz de prisão


Omar não mostrou resistência


Os policiais ao chegarem ao morro,

Perceberam que não havia cangaceiros


Arthur, o policial que prendeu Omar

Perguntou-lhe que havia ocorrido

O homem que não havia cangaceiros no lugar

Mencionou que após o último tiroteio,

Os homens fugiram

Nunca mais ouvira falar deles


Arthur respondeu-lhe que estava mentindo

Mas que ele iria contar-lhe tudo

Inclusive o paradeiro dos bandoleiros


Omar seguiu rumo a cidade

Os policiais ainda tentaram localizar os bandoleiros

Sem êxito


Omar na prisão foi torturado,

Mas em nenhum momento delatou os companheiros

Socos, choques, e tentativas de afogamento

Não o convenceram

Dizia nada saber


Argumentou que seu único crime fora matar um homem para defender uma dama

Que os outros crimes não cometera


Clodoaldo ao saber da prisão do moço

Prometeu ao bando que o libertaria


Traçou um plano

E assim, foi questão de tempo para invadirem a delegacia

Renderem os policiais e libertarem Omar


Omar agradeceu, mas respondeu que estava disposto a responder por seu crime

Clodoaldo argumentou que os policiais o matariam antes

O homem sem alternativa, concordou com a fuga


Subiu na garupa de um cavalo, e sumiu juntamente aos cangaceiros

Duelo do Sorriso Amarelo

VII

Certa vez, Carlos acordou gritando por conta de um pesadelo


Aturdida, Vilma acordou, levantou

Colocou um quimono em cima da camisola, calçou um chinelo, e foi ao quarto do filho


Ao lá chegar, se deparou com o filho chorando


Preocupada, sentou em sua cama e perguntou-lhe

O que havia sucedido


O menino então respondeu

Sonhara um sonho muito estranho

Onde uma grande noite sem fim encobria o mundo inteiro

Não havia luz, energia elétrica somente em alguns lugares


O garoto detalhou então todo o sonho que tivera

Argumentou que tudo parecia muito real


Vilma abraçou-o dizendo para que não se preocupasse

Pois era um sonho apenas

Acreditou que ele sempre teve muita imaginação


Com efeito, a mulher conversou com a criança até que ela se acalmou

Voltou a dormir

Com isto, foi ao quarto de Carolina

A menina dormia a sono solto


Com isto, nos dias que se seguiram

Tudo transcorreu na mais absoluta tranquilidade


Vilma conseguiu arranjar tempo para levar as crianças para visitarem lugares turísticos

Museus, Feiras, Parques, Praias


Carlos e Carolina se encantaram com os passeios


Quando Antonio ligava, passavam horas comentando sobre os passeios

O pai se tranquilizava ao perceber a felicidade dos filhos

Acreditava que a mudança não lhes acarretara traumas


Por fim, conversava com a ex-mulher e agradecia o cuidado com os filhos

Vilma dizia-lhe que eram filhos dela também


E assim, Vilma prosseguiu com sua rotina

Filhos na escola e ela na faculdade lecionando história


Com o passar dos dias, uma notícia extraordinária

Uma epidemia arrasava uma região do Oriente


As pessoas ouviam os relatos chocadas


Diversos meios de comunicação trataram de alarmar a população


Em que pese a gravidade do problema,

Muitos órgãos de imprensa

Relatavam os fatos como se toda uma população não fosse viver

Como se eventos muito graves não tivessem ocorrido antes

Doenças e vírus que também geraram mortes muitas e não foram tão alardeados


De fato, muitas e muitas foram pessoas infectadas,

Mortes diversas, e enterros coletivos chocaram a humanidade

Todos se abalaram, pois não se trata de algo que se mostra a todo o momento

Muito embora muitas pessoas morram de fome e em guerras a todo o tempo ...


Mas não, não interessa isso mostrar

Em que pese mais mortandade ocasionar

Mais fácil desorientar e levar ao desespero

Do que orientar uma população


Com efeito, parecia sim que uma grande catástrofe iria se abater sobre o mundo

Em tempo

Foi questão de meses para o mal se irradiar por todo o mundo

Ásia, Europa, Américas, todos os recantos do mundo


Um dia chegou ao Brasil


Quando Vilma, se deu conta do que o ocorria no mundo

Iria trazer reflexos para o país

Ficou perplexa


Com isto, medidas restritivas passaram a ser tomadas

Escolas fechadas, pessoas passaram a trabalhar à distância

Outras tantas perderam seus empregos


Crise, recessão, dificuldades várias

Até de adaptação a um novo modo de viver


As crianças se ressentiram da ausência na escola

Da convivência com os coleguinhas

Reclamavam de ficar sempre em casa

De não terem com quem brincar


Sentiam falta até da tia


Professora! - corrigia Vilma


A mãe redarguia dizendo que ela também estava confinada

Por um tempo não houve aulas


Vilma ficou preocupada em ficar tanto tempo parada

Argumentou que durante este tempo poderiam ser implementadas aulas à distância

Contudo, não havia tempo hábil para implementar a medida



Com efeito, com o passar dos meses,

A universidade passou a transmitidas à distância


Vilma respirou aliviada

Temia perder seu emprego


Nesse meio tempo Vilma passou a dar aulas aos filhos

As crianças tinham aulas à distância


Carlos e Carolina tentavam burlar as regras

Mas Vilma os enquadrava e intimava a assistir as aulas


E assim as crianças não perderam o ano letivo

Em que pesem dificuldades várias


Com o passar do tempo, as crianças voltaram a ter aulas presenciais

Máscara, álcool em gel, distanciamento social

E interações restritas


Mas Carlos e Carolina estavam felizes

A despeito disto, finalmente iriam rever os amiguinhos


Na volta às aulas, comentaram contentes que todos bem estavam

Vilma ficou feliz com a notícia


Durante os tempos difíceis,

Antonio se preocupou com a situação da ex-mulher

Comentou que caso precisava de ajuda poderia socorro

Vilma agradeceu ao apoio


Com o tempo as coisas se acertaram

E Vilma retornou às suas atividades


Ao passar do tempo,

Vilma recordou-se do pesadelo de Carlos

Quando o menino sonhara com uma noite escura que nunca cessava


A mulher se deu conta então que se tratara de um sonho premonitório


A noite intermina que Carlos mencionara

Nada mais era do que a epidemia que se converteu em pandemia

Flagelando a humanidade


Vilma ficou impressionada


No início da pandemia,

As crianças ficaram apavoradas

E Vilma teve que conversar com elas


Em meio a conversas

Comentou que a situação era grave

Mas não era necessário desespero

Que tomando os devidos cuidados

As chances de contaminação eram pequenas


Carlos perguntou se havia riscos

Vilma respondeu-lhe que sim

Mas não era caso de se torturar com isto

Pois um dia todos partiremos

Não precisamos ser irresponsáveis,

Mas não era preciso desespero


Com isto, rezaram juntos

Pedindo saúde para eles e para toda a humanidade

E desta forma, as crianças foram se acalmando

Mas a angústia dos primeiros tempos não foi fácil de administrar

Nem por ela e tampouco pelas crianças


Com o tempo porém, as coisas foram fluindo


Inclusive para Omar

Que teve oportunidade de enfrentar a perseguição da polícia


Ao estabelecer residência no povoado

Auxiliou os moradores

Ajudou-os no conserto de suas casas, reformas

Auxiliou alguns garotos ensinando-lhes o que sabia de cutelaria

Adquiriu também novos conhecimentos e novas amizades


Com o tempo, um policial pousou no local

E ao vê-lo, intrigado ficou

A todo o momento, perguntava-lhe se não o conhecia de algum lugar


Aflito o homem pensou em se evadir do lugar

Mas não houve tempo hábil


Um bando de cangaceiros rondava o lugar

Omar, percebendo isto, tentou contatar o líder do bando


Ao ver um suposto cangaceiro, o homem partiu em seu encalço

O sujeito, ao perceber que Omar o seguia,

Apontou uma arma para sua cabeça

Perguntou-lhe se estava querendo morrer

Omar respondeu-lhe então

Que gostaria de conversar com o chefe do bando,

Tinha uma proposta a fazer


O homem ficou desconfiado

Omar então contou que não tinha nada a perder

Mas sentia que precisava auxiliar os moradores

E sua proposta atenderia a todos

Duelo do Sorriso Amarelo

 VI

No dia seguinte,

Ou melhor na noite seguinte

Tudo continuava da mesma forma


Vilma aflita, pediu para as crianças se arrumassem,

Pois com ela sairiam


As crianças, assim como ela, tomaram banho frio e reclamaram

Vilma respondeu que era o que havia para o momento

Carolina argumentou que não via a hora de tudo voltar ao normal


A seguir, o café da manhã tomaram

E para a rua rumaram


Primeiro a escola foram

Tudo fechado estava


Vilma procurou algum funcionário

Encontrou um vigia que disse-lhe que em algumas seria substituído

A mulher perguntou-lhe se sabia o que estava acontecendo


O funcionário respondeu-lhe que:

Antes de tudo escurecer e a noite conta de tudo tomar

Ouviu no noticiário televisivo

Que um estranho fenômeno metereológico estava escurecendo

Regiões diversas do mundo


A mulher lembrou da conversa com uma funcionária

E argumentou se o evento não era astrológico


O funcionário respondeu que havia ouvido perfeitamente

O jornalista informou fenômeno meteorológico

Vilma pediu mais informações,

Mas o homem argumentou que não mais sabia dizer


Com isto a mulher perguntou quando as aulas iriam retornar

O funcionário respondeu que informações ainda não possuia

Sugeriu-lhe retornar no dia próximo

Vilma agradeceu o vigia e desejou-lhe um bom trabalho

O homem agradeceu


Carolina e Carlos perguntaram se não iriam mais estudar

Carlos perguntou sobre seus colegas


Vilma argumentou que eles iriam estudar sim,

Nem que ela mesma tivesse que dar aulas para eles

Nisto, as crianças ficaram um pouco espantadas


Em seguida, a mulher seguiu a pé para o trabalho

Durante o percurso, nenhum ônibus circulou


Ao chegar a universidade,

A mulher se deparou com o mesmo cenário da escola dos filhos

Tudo fechado, visão desoladora


Durante o trajeto, as crianças reclamaram da caminhada longa

Vilma respondeu que não tinha com quem deixá-los

Tendo em vista que tudo estava fechado

Por sorte, as crianças não carregavam suas mochilas

E a caminhada foi longa


Com efeito, ao local chegar

Novamente Vilma perguntou a um funcionário

Perguntou-lhe se no dia anterior aula tivera

O homem respondeu-lhe que não

Vilma perguntou-lhe se sabia quando as atividades iriam se normalizar

O segurança respondeu-lhe que nada sabia


Vilma indagou se funcionários e alunos se dirigiram ao local em busca de informação

O homem respondeu-lhe que várias pessoas se dirigiram ao local

Perguntavam sobre o retorno das atividades,

O funcionário respondeu que também não sabia como as coisas iriam se suceder

Mencionou que seus filhos estavam sem aula desde o dia anterior


Vilma respondeu-lhe que estava na mesma situação

Argumentou que precisava de informações e que não era fácil ir até lá a pé


O segurança lamentou mas respondeu nada podia fazer

Argumentou que ele também estava indo a pé


Vilma respondeu que entendia

No que o homem respondeu que levou quarenta minutos a pé


Vilma mencionou que levou mais de uma hora,

Levando seus filhos

Agradeceu e mencionou que caso a situação permanecesse,

No final de semana retornaria


Foi então que o homem mencionou

Que talvez antes disso as coisas se normalizassem

Vilma respondeu que rezava por isso


Nisto, chamou os filhos e partiu

Carlos e Carolina reclamaram

Argumentaram que estavam cansados de andar


Vilma se aproximou das crianças

Abaixou-se e falou;

Que sabia que não estava sendo nada fácil para eles, aquela situação

Mas que a despeito disto, precisavam seguir com suas vidas

Por mais difícil que isto fosse


As crianças concordaram


Vilma disse-lhe que assim que chegassem em casa

Descansar poderiam,

Até dormir se quisessem


As crianças argumentaram que isto seria muito bom


Caminhando devagar, o trio chegou em segurança no prédio

Outro porteiro os recebeu


Vilma estranhou o procedimento

Foi então que o funcionário explicou

Que houve mudanças em virtude do estranho evento


A mulher seguiu de escada para o apartamento

Argumentou que o fenômeno faria todos emagrecerem

Carlos e Carolina cairam na risada


Chegaram em casa, retiraram suas roupas e se recolheram

Dormiram pesadamente por horas


Nos dias seguintes, como o problema persistisse

Vilma passou a lecionar para os filhos

Esporadicamente se dirigia a faculdade para saber notícias

Na escola das crianças, tudo continuava na mesma


A certa altura a mulher se aventurou em uma ida ao supermercado

Com o passar dos dias,

Em que pesem serem noites

Perdão pelo trocadilho


A mulher passou a deixar as crianças em casa

Dirigia-se aos lugares sozinha


Com o tempo porém, as crianças passaram a ficar impacientes

Queriam, por que queriam sair


Mas Vilma não achava seguro

Com isso ia sozinha a escola das crianças, a faculdade

Tudo na mesma


Para ir ao mercado, foi sozinha

Comprou apenas o necessário e voltou para casa

Duelo do Sorriso Amarelo

V

A mulher ficava a se perguntar:

Será sonho ou pesadelo?


Carolina e Carlos a todo momento lhe perguntavam

O que estava para acontecer!

Aflitos ao serem o medo nos olhos de seus coleguinhas

Pensavam que o mundo iria acabar


Vilma, percebendo o temor

Dizia-lhes que não sabia o que estava acontecendo

Contudo, a despeito disto

Por mais difíceis que as coisas se tornassem

Que tinham um ao outro, não estavam sós

E que ela jamais os deixaria desamparados

Argumentava ainda que sem saber pelo que esperar

Que tudo bem, ao final iria acabar


Carlos nervoso, perguntava como,

Já que tudo parecia tão estranho

Vilma, sincera, comentou nunca antes passara por isso

Aliás, nunca o mundo presenciara algo tão estranho


Ao chegar em casa, tentou ligar a televisão

Não funcionava

Acender a luz, impraticável, já que energia faltava


No saguão do prédio, o elevador parado estava

O porteiro atônico ficara

Dizia que a luz faltava

Neste momento, nem o céu brilhava


Carlos e Carolina se afligiam ao ver tudo escurecido

Ao verificar que estavam sem eletricidade,

Vilma tentou ligar o celular

A muito custo e luta, consegui o aparelho ligar

Mas sem energia, nada de internet ou de acesso ao mundo


Aflita, tentou não demonstrar o nervosismo diante dos filhos

A todo momento, e a todo custo,

Tentava muita calma demonstrar

Dizia para as crianças não fiarem em palavras catastróficas

E mensagens pessimistas

Dizia sincera, que não sabia como, mas tudo ao final terminaria bem


Carlos nervoso, dizia a todo o momento

Que ela não também não sabia, o que acontecia


Vilma, triste, reconheceu

Disse-lhe que não possuía respostas para tudo

Mas que, ainda que não soubesse quando tudo se acabaria

E qual o final que seria

Sabia, que tudo se encaminharia para o bem


Afina, se Deus, em sua infinita sabedoria,

Criou um mundo tão vasto e complexo

Em que todos são capazes e aptos para vivê-lo

Os seres humanos acabariam por criar uma solução para o caos


Carlos indagava como isto aconteceria


Carolina ao perceber a tensão no ambiente,

Começou a chorar


Vilma então pediu de forma enérgica para que todos se acalmassem


Com isto, passou a procurar velas

Espalhou-as pela casa


Disse-lhes que já que nada poderiam fazer

Iriam aguardar os acontecimentos

Perguntou as crianças se tinham fome


Carolina e Carlos diziam que não

A todo o momento ficavam a observar a janela


Foi em questão de minutos para tudo escurecer


Vilma começou as velas acender

Não sem antes recomendar que cuidado tivessem

Já que velas o prédio incendiar podiam


Carlos e Carolina prometeram ter cuidado


Vilma, percebendo que estavam ansiosos,

Tentou inventar brincadeiras para entretê-las

Em vão


Carolina e Carlos ficavam a todo o momento perguntando

Quando esta noite vai terminar?


E Vilma dizia que não sabia

Acreditava se tratar de um fenômeno meteorológico

Talvez um eclipse


Carlos retrucou dizendo

Que se eclipse fora

Os jornais teriam noticiado com antecedência


Vilma concordou


Carolina ao perceber que nem a mãe sabia o que acontecia

Chorou novamente


Vilma então consolou-a

Disse-lhe que provavelmente em questão de horas isso provavelmente se resolveria

Quem sabe amanhã tudo normal ficaria


Carolina perguntou-lhe se certeza tinha

Vilma disse-lhe que certeza não tinha

Mas esperava que isto se resolveria


Nisto, ficou a observar as construções ao redor

Tudo escuro

Não vinha luz de nenhuma das casas


Vilma pensou em sair de casa e verificar a vizinhança

No que as crianças pediram-lhe para não ir

E a mulher concordou


Tentou ligar para o ex-marido, o chefe, colegas

Nenhuma ligação completava

Afinal energia não havia


Rindo chegou a comentar que burra ficara

Nisto comentou se nada podia fazer

Iria preparar uma refeição


As crianças a acompanharam

Em meio a escuridão, separou os ingredientes

Preparou como refeição: arroz, feijão, carne e batata frita

Carlos adorou

Já Carolina reclamou


Vilma argumentou que diante das circunstâncias era o que podia ser feito

Carolina contrariada reclamou


Carlos e Carolina comeram a comida em silêncio

Vilma ficava a pensar em quanto tempo isto iria perdurar

Em seguida pensava:

Chega de bobagens, amanhã tudo se normalizará.


Mais tarde Carlos fabulou sobre o intrépido cangaceiro Omar

Que depois de certo tempo do bando de Lampião se despediu

Lampião tentou convencê-lo a ficar

Mas Omar dizia que para outras rumagens iria parar

E assim, o famoso cangaceiro desejou-lhe que conseguisse êxito em sua empreitada

Comentou que gostou de conhecê-lo

Afirmou que se tratava de homem de fibra e princípios


Carolina achava graça

Considerava divertido um cangaceiro de bom coração


Carlos achando interessante o comentário,

Disse que iria acrescentar a informação a história


E assim Omar, ganhou a alcunha de cangaceiro de bom coração

Também partiu do acampamento onde estavam os cangaceiros

Rumou para longínquas paragens


Em suas andanças avistou a paisagem íngreme do nordeste

A caatinga, os cactos, as árvores rasteiras e retorcidas

O solo rachado por falta d’água

O sol inclemente abrasando o solo

E o jovem andando com sua roupa e chapéu de couro,

Montado em seu cavalo,

Andou, andou, até chegar ao vilarejo

Casas simples e roupas penduradas em cercas de arame


Parou diante de uma casa e pediu um pouco de água para prosseguir a jornada

No que foi prontamente atendido

Agradeceu e partiu


Ao chegar em outra vila,

Deparou-se com um ambiente arrasado

Casas queimadas, outras invadidas, com portas e janelas quebradas

Ambientes revirados, mulheres, crianças, homens e idosos maltratados

E a população por entre revoltada e amedrontada

Sua vida a viver ficava


Omar ao tomar ciência da situação,

Resolveu no local ficar

Bem como a população ajudar


Apresentando-se como Omar

Relatou que sabia confeccionar facas e relatou que por ali pretendia se instalar

Os homens do lugar acharam curiosa a ocupação do rapaz


Com o tempo, o homem que havia alugado uma das casas

Passou a exibir seus dotes em cutelaria

E produziu belas facas e instrumentos de corte

E os moradores ficaram admirados com suas habilidades

Com o tempo passaram a comprar seus produtos

Que eram também exibidos na feira do lugar


Nisto, com o adiantado da hora,

Vilma ficou a chamá-los,

Dizia que era hora de dormir


As crianças argumentaram que não estavam com sono

Vilma disse também que não

Mas diante dos últimos acontecimentos,

Argumentou que era o que restava a ser feito


Pensou que no dia seguinte tudo voltaria a normalidade,

Só que não

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

O DIA EM QUE O BRASIL INTEIRO ...

Terça-feira, véspera de um memorável feriado

Honorável Nove de Julho de 1932
Dia da Revolução Constitucionalista
Onde soldados paulistas lutaram por um sonho de revolução

Quantas mortes sofridas,
Quanto sangue derramado,
Quantos sonhos desperdiçados
Memórias esquecidas, vidas escondidas e não sabidas
Celebradas em novel monumento em forma de Obelisco

Soldados abandonados
Lutando sós contra um ditador empedernido
Luta inglória, mas nunca vã
Por que nos brindou com uma Constituição, ainda que tardia
Nos idos tempos de 1934

Pois bem, tarde de Oito de Julho de 2014
Dia inesquecível para todos os brasileiros
Mesmo para aqueles que não prezam tanto o futebol

Nesta tarde, em um jogo contra a Germânica Seleção
O Brasil se deixou levar pelo desespero
A falta de confiança, nos fez nossos próprios adversários

E dominados pelo medo e falta de confiança
Deixamos-nos contagiar pelo clima de nervosismo
E a novel Seleção Germânica nos goleou ...

Foi um gol, seguindo de um segundo gol,
Um terceiro gol que balançou a rede,
Um quarto gol nos chocou,
Caso ainda não estivemos bastante chocados,
Com a insólita situação

E mais um gol, ainda no tempo primeiro
No Jogo da Seleção
Terra Brasilis, no estado das Minas Gerais, do ouro do Brasil
Dos tempos coloniais,
Ontem palco, de uma disputa desportiva
Cenário de tantas penas,
Palco de tão grande desdita

A pátria de chuteiras se quedou apática
Numa aparente pendurada de chuteiras

Nem a torcida pode acreditar em tal cenário
Pessoas chorando, crianças desoladas, desconsoladas
Gente abandonando o Estádio

E a apatia a acompanhar todo o jogo

No segundo tempo,
A Teutônica Seleção, ainda nos brindou com mais dois gols
Fina ironia

Júlio César, a atuar como jogador, chutando a bola no campo,
Mais parecendo campo de batalha,
E a defender
A tentar defender,
E novamente ser acusado de frangueiro,
Quando pouco poderia fazer para impedir o desastre

Quanta tristeza e perplexidade
Mal pude acreditar!

Mas a incredulidade pela goleada,
Só não suplantou a minha surpresa pela apatia

E um gol brasileiro só veio,
Ao final do segundo tempo

Inacreditável, é a palavra que me vem a mente
Mas não a única,
Decepção vem depois

Até o momento, não consegui entender o que se passou
Seria medo, insegurança?
O que terá sido então?
Não consigo entender

Mesmo assim, este será um dia,
Que não mais vou esquecer
O dia em que o Brasil inteiro não acreditou no que via
E chorou a desdita
E a Seleção Canarinha se despedia,
De seu sonho de ser Hexacampeão,
Na Eterna Pátria de Chuteiras
Amada Terra Brasileira
Terra das palmeiras e dos sabiás!

A tristeza que aqui se abateu,
Nunca mais será esquecida, onde quer que se vá
Ou será que nossa vida sofrida,
Nos ensinou a levantar,
Sacudir a poeira, e dar a volta por cima

Enfim, o sonho acabou,
Ao menos por enquanto
Mas sempre que o sonho acaba,
Sempre existe,
A possibilidade de encontrá-lo em uma próxima esquina
Ou quem sabe, em outra padaria
Fina ironia,
Quem vai saber?

A nós só resta torcer

E o tempo a amainar a dor e a tristeza
Do Dia Em Que O Brasil Inteiro ... Chorou,
Desesperou-se, Não acreditou ...

E a Seleção a jogar melhor
Ou nunca mais sentiremos a agradável sensação,
De ganhar um título

É só o que eu espero!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

Vagas

Uma boa ideia perdida, não regressa mais
Voa para longe, em busca de campos mais férteis
E voos mais duradouros

Um texto perdido, um tema perdido
Não tem retorno
Permanece no campo morredouro

Ou talvez parta para novos rumos,
A ser trabalhado por melhores mãos
Uma boa ideia, não volta nunca mais

Para sempre perdida
Sempre lembrada
Embora não se saiba exatamente como

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

1 TERRAS DO PASSADO

Em passeios por terras do passado
Ficar a contemplar lindas telas enamorado
Quanta virtude, energia e beleza em vigorosas pinceladas
Imponentes esculturas em bronze,
Ou materiais diversos
Da impressionante construção de tijolos a vista
Que ocupam a visão, os olhares do passeio
De largas ruas e corredor de coqueiros
Do jardim que já serviu de cartão postal para histórias

De pessoas com suas roupas domingueiras a passear
Em família pelo bonito jardim
Em suas ruas de plantas, os bancos
A emoldurar muitas histórias de amor
A serem fotografados em máquinas e chapas a soltarem fumaça
Nas câmaras do tempo e da saudade

Pinturas abstratas, portraits, naturezas mortas
Desenhos e gravuras
As escadarias da mármore,
As esculturas a enfeitarem as passagens
E o tempo passado a nos trazer,
Pequenos fragmentos de momentos distantes
Em portraits, retratos de presidentes, de famílias de escol

A bela moça de cabelos médio, levemente anelados
Qual teria sido seu passado?
Teve vida ditosa? Foi feliz?
Vivente em tempos passados,
A mostrar seu semblante em retrato

Pinacoteca do Estado
Morada eterna de Brecheret’s, Décios e Dário Villares,
Almeidas Junior, Anitas Malfatis, entre tantos outros
Entre diversos passeios, disperso
Museu de meus passeios, de minhas viagens ao passado
Pois nos caminhos do templo,
Em seus corredores, e em seus amplos salões
Muitas histórias para se imaginar

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

TERRAS DO PASSADO

Em passeios por terras do passado
Ficar a contemplar lindas telas enamorado
Quanta virtude, energia e beleza em vigorosas pinceladas
Imponentes esculturas em bronze,
Ou materiais diversos
Da impressionante construção de tijolos a vista
Que ocupa a visão, os olhares do passeio
De largas ruas e corredor de coqueiros
Do jardim que já serviu de cartão postal para histórias
Encontros e despedidas
Abraços e sorrisos, das pessoas
Viandantes, viajores do tempo

De pessoas com suas roupas domingueiras a passear,
Em família pelo bonito jardim
Em suas ruas de plantas, os bancos
A emoldurar muitas histórias de amor
A serem fotografados em máquinas antigas,
E cujas chapas ficavam a soltar fumaça
Branca fumaça a eternizar momentos belos, felizes, fugazes
Nas câmaras do tempo e da saudade

Muitos vestidos rendados, jóias, colares, pulseiras
As belas damas, adornadas com pequenos chapéus
Mocinhas melindrosas de cabelos channel e luvas,
Soltos vestidos longos
Os cortes dos cabelos a se alongarem,
E os cabelos a se cachearem
As mulheres de vestidos, longas saias rodadas
Homens engravatados e de terno, chapéus

Os tubinhos, sapatos de salto, as maquiagens pesadas
Olhos negros, delineados
O tempo a ditar as regras e as modas
As carruagens que a circundar ficavam o parque,
Lugar deram a carros luxuosos, caros
E mais tarde, veículos menos sofisticados,
Populares a todos, simples carros

Dos tempos em que se fazia o footing e se andava de bonde
Primeiramente puxados por cavalos, e depois, elétricos
Do Parque da Luz,
Confrontado com a centenária Estação Férrea
Majestático cenário!

E na magnífica Pinacoteca
Pinturas abstratas, portraits, naturezas mortas
Desenhos e gravuras
Prodígios de engenho e arte
As escadarias de mármore,
As esculturas a enfeitarem as passagens
E o tempo passado a nos trazer,
Pequenos fragmentos de momentos distantes
Em portraits, retratos de presidentes,
De famílias de escol

Telas a exporem as histórias de nossos tempos
Retratos de famílias, bustos, pinturas
E a bela moça de cabelos médios, levemente anelados
Com seu semblante enigmático,
Nos leva a pensar:
Qual teria sido seu passado?
Teve vida ditosa? Foi feliz?
Vivente em tempos passados,
A mostrar seu semblante em retrato
Fiel aos modismos de seu tempo

Pinacoteca do Estado
Morada eterna de Brecheret’s, Décios e Dário Villares,
Almeidas Junior, Anitas Malfatis, Portinaris, entre tantos outros
Entre diversos passeios, dispersos
Museu de meus passeios, de minhas viagens ao passado

A imaginar festejos e bailados,
Com a mais fina flor da sociedade paulistana!
Bailes nos clubes da cidade
Com seus crooners a entoarem belas canções do rádio
Todos a usarem trajes de gala
Lindas moças elegantemente vestidas em seus longos,
Senhores repletas de jóias e luxo
E os homens de fraque
A dançarem ao som das lindas canções
Dançando e vivendo emoções

Revistas antigas, fotografias amareladas,
Retratos em preto e branco
A contar nossos melhores momentos
A esconder nossas dores
Dores, velhas dores do mundo,
As quais nunca mudam de forma,
Apenas mudam de lugar!

E as moças e os moços a sonhar ...
E as moças a imaginarem,
Como seriam os rostos de seus cantores queridos
Emoções advindas das ondas de uma estação de rádio
Objeto de fortes freqüências,
De madeira, imponente, imenso,
A parte fazerem, do cotidiano das pessoas

Pinacoteca querida!
Tantas histórias tenho para contar-te
Das minhas impressões pessoais
Pois nos caminhos do templo,
Em seus corredores, e em seus amplos salões
Muitas histórias para se imaginar
Muitas pinturas e esculturas para se admirar
Depositário das memórias de nossas gentes,
De nosso povo,
Orgulho de São Paulo!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

Sem título

I
Caos, trânsito,
Superpopulação, superlotação
Transportes públicos transbordantes de gentes,
Empurra empurra,
Integração e baldeação demais
Linhas de transportes extintas,
Sob alegação de que as estações não as comportam

E nós, quanto suportamos?
Até quando teremos que suportar tanto descaso?

Pensando nisto,
E na classe política que em grande parte,
Só pensa em seus próprios bolsos,
Chega-se a seguinte conclusão:

O bom senso adverte;
Viver em sociedade, faz mal a saúde!

II
Pensamentos políticos:
Gostaria de escrever versos políticos
Destes que servem para as pessoas pensarem,
Refletirem sobre suas realidades!

Como que a mostrar,
O quanto a política interfere em nossas vidas
Em nossas práticas cotidianas,
Sem que sequer percebamos

Por onde começo?
Pelas bombas, atentados terroristas?
Campos de refugiados?

Nos campos de refugiados
Pessoas acorrem em desespero
Lugar onde pessoas e crianças famélicas,
Esperam ajuda humanitária

E voluntários procuram fazer o melhor
Na precária situação em que se encontram

Gente desamparada rumando sem rumo
Estrangeiros sem pátria,
A fugirem das guerras de seus países de origem
Da fome e da miséria

O sonho de uma vida melhor,
Onde a dor e o sofrimento
Não o habitem,
Fazendo dele a sua morada

Triste esperança, quase sem esperança
Vida muitas vezes,
Sem perspectiva e sem futuro

Comento o drama,
Das minas terrestres em países da África?
Contingência de guerras civis
Pessoas mortas ou mutiladas

Os vivos, que precisam retomar suas vidas
Na sua esperança de a guerra ser longínqua
Retomada de esperança, em tempos de paz

Digo de nossas tristes mazelas?
Por qual delas começo?
Os tributos, as taxas?

Impostos a nos sobretaxarem por tantos meses
Onerando nossa economia,
Nossa paciência,
E nossa folha de pagamento
Não se refletindo em serviços de qualidade

Pois tudo o que precisamos,
Necessitamos pagar à parte
Saúde, educação, segurança

E quem não quer sofrer,
Em transporte de má qualidade
Paga seu carro, caro
Sem contar o preço dos imóveis na estratosfera

Nossos políticos,
Cada dia mais desmascarados em suas falcatruas
A ladroagem correndo a descoberto

Elevação do preço das passagens de transporte
O qual anda cada vez mais abarrotado de gente

Tranquilidade somente ao descer do coletivo
Poucos passos para se chegar em casa

E ao ligar a tevê,
Mais notícias trágicas
Atentados na Síria,
Político convalescente,
A demonstrar possuir um coração,
De maneira indiscutível!

Eleições na França,
A hipocrisia a condenar alguém por ter dinheiro

Mas por que?
O mal não é o dinheiro honesto que do bolso sai,
E sim, o dinheiro escuso que o penetra

Berthold Brecht a dizer
Que o preço do pão, de nossa escova, etc.,
E tantos serviços colocados a nossa disposição,
São resultado de um processo político

E que se trata de um tolo,
Quem diz com isto não se importar
Afinal,
Como não se importar com o próprio viver?

O preço do combustível, dos dentifrícios,
Dos cosméticos, dos produtos de higiene,
Do transporte, da água e do esgoto, da luz,
Do telefone, da internet, da tevê a cabo,
Dos alimentos, das bebidas, sucos, refrigerantes,
Do álcool, da palha de aço,
Dos produtos de limpeza, etc.

Enfim, o preço dos produtos,
E serviços que nos cercam,
Bem como da guerra e da paz
Tudo é resultado das decisões políticas!

Majorados pelos impostos,
E suas alíquotas definidas por leis
Oriundas de processos legislativos

Nas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas,
Câmara dos Deputados, Senado,
Unidos no Congresso Nacional

São eles, os políticos,
Que ditam leis majorando alíquotas de impostos,
Que aumentam o preço dos produtos
Onerando o custo de vida

Vez por outra, os criam ou os extinguem,
Ora criam leis isentando-os

São os homens da vida pública,
Os quais decidem em grande parte,
Pela guerra e pela paz!

Muito embora a guerra,
Não faça parte de nossa realidade
Pelo menos não a declarada
Muito embora ocorram muitas outras silenciosas

Rezemos então por nossos irmãos que sofrem,
Neste ou em outros continentes,
Ajudemos no que for preciso!

Mas voltemos aos políticos ...
São eles que através dos impostos, taxas e tarifas,
Interferem no preço das mercadorias e dos serviços

Não bastassem as estiagens e demais problemas,
Decorrentes de chuvas ou da falta delas,
A elevar o preço dos produtos agrícolas

Aumento de tributo muitas vezes,
Sem nenhum proveito para nós!

São os mesmos políticos,
Que argumentam ser impossível,
Aumentar aposentadorias,
Em razão do impacto,
Na folha de pagamento da Previdência
Mas que aumentam seus próprios salários,
Em que pesem o impacto em nossa folha de pagamento,
Já onerada por tantos impostos

Milhões retirados de possíveis investimentos sociais
Sem falar nos milhões, bilhões desviados dos cofres públicos,
Das mais diversas e criativas formas
Novamente sem proveito para nós

Mas então,
Por que ao abordar tão espinhoso tema?
Não se é possível se apegar a platitudes, afinal?

Por que platitudes são inúteis
Por que a vergonha assoma,
E os descaso por vezes incomoda
Em que pese a aparente indiferença,
Usada apenas como forma de se sobreviver,
Em um mundo cão!

E nisto a insatisfação prossegue
A eterna mania de em tudo,
Querer levar vantagem
A impunidade a grassar,
A falta de interesse em fiscalizar

E tudo a mudar para continuar como se está
Mudam os nomes das obras,
Para nada se modificar!

Gostaria de escrever versos
Que finalmente pudessem as coisas mudar
E as pessoas em pensando
Procurassem com isto,
Escolher melhores representantes

E que com isto, as coisas mudassem
Revolução silenciosa
A se operar apenas com o poder do voto!

É Pena! Que Pena!
Por que as coisas não podem ser assim?

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

IDEIAS

I
Entre deliberações
A livre escolha
Do azo livre
Liberdade, alvedrio
Arraso

II
Pensamentos por vezes me distraem
Conclusões que se esvaem
Pelos desvãos do pensamento
Decisões inconclusas que em perdem
Na contagem rara do momento

Idéias pouco claras
A navegar em mar de ideias
Lento e sequioso de alento

Por que a resposta não nos chega?
Desalento em cada vão momento
Arremedo de pensamento

Saudade de um tempo das mais belas conclusões
A enfeixar um pensamento
Quanto desidério

Perguntas sem respostas
Angustias sem consolos
E a dúvida a abismar:
Por que assim é o mundo?

Em triste cenário absurdo
Tento me confortar
E pairar por entre abismos
A me admirar dos paroxismos

A lua bela,
Sempre branca e redonda lua,
A me encantar

Em cenários de claridade
Pouca escuridão
Nas madrugadas a ausência de luz
A nos trazer confusão

A de pé esperar pela condução
Que quase sempre chega,
Ou sempre nunca chega

Caos, problemas, confusão
Pessoas em profusão
E a gente a tentar sobreviver em meio ao caos

Triste a solidão das multidões sempre vazias
E eu a ler meus surrados papéis e apostilas
Quem sabe na vã esperança
De fazer de meu tempo,
Algo melhor do que uma desconsolação
E um tédio mortal

A observar sempre as mesmas coisas
Olhares vazios, cenários vazios
Vida vazia de significado
Cenário triste e desolado
Habitáculo de seres de passagem
Em uma triste e penosa viagem

Há! Quantos caminhos por devassar
Cordões e correntes a se arrebentar

Pois a vida não há de ser um oceano,
De emaranhados pensamentos aprisionados
E das ideias puras
Pensamentos puros, acrisolados

Mas e essa tal liberdade
Por onde andará?
E a vida será que algum dia,
Enfim, diferente será?

A podermos deliberarmos livremente
E vivermos conforme o que queremos
Ou seremos sempre autômatos seres?

III
Borboletas rareiam a vagar
Em pleno jardim de maravilhas

E eu a caminhar
Divagando em diletante
Doce e sonora amante das canções
Beletrismo a nos compor os dias
Nas mais belas poesias

IV
Nas setas, nas retas
E nas curvas
Nos intrincados caminhos

Nas confluências e entroncamentos,
Com os mais variegados movimentos gesticulares
Deslindes sem deslizes,
Ou acidentes de percurso

V
Estudantados dias
Em cujos ditosos anos
Conhecimentos formoseiam

A dilapidarem mais,
E novos conhecimentos

Em mundo em ebulição,
Convulsionado em revoluções,
Resoluções, faltas e soluções,
Sem nada resolver

Mas estudantes,
Sempre aplicados a aprender
Em seus passeios da ditosa escola da vida
A novos conhecimentos adquirirem

A acompanhar a transformação das coisas,
Da história e da própria vida,
A conhecerem novos lugares

A visualizarem vivos seres pulsáteis,
Seguindo o sentido das marés,
Ou a deitarem-se nas areias a se deixar levar,
Em suas gelatinosas e coloridas formas

Vibrantes descobertas
De um tempo sem igual

Na escola da vida,
A aplicar os conhecimentos adquiridos em aula

VI
Altares ricamente decorados
A ilustrar santas vidas em seu retábulos

Painéis ricamente adornados,
A enfeitarem os altares das igrejas
Com colunas, imagens e ornamentos

Dedicados artistas a esculpirem obras de vulto
Em altíssimo nível e inestimado valor
Raro esplendor

VII
Frases de efeito
A seguir os passos e os pensamentos
Odores, licores e sabores
Albores de novos tempos

Idas e vindas de ideias insuladas
Isoladas em si mesmas

Sonhos nababescos
Jardins suspensos
Modesta morada

DICIONÁRIO:
paroxismo /cs/
substantivo masculino MEDICINA 1. espasmo agudo ou convulsão.
2. momento de maior intensidade de uma dor ou de um acesso.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

MULHER

I
Ser de mil dons encantado
De posse de sortilégios adornado
A possuir a inteligência de se saber delicada
E a seguir e decidir as regras de sua vida

Com seus mil dons, a tecer delicadeza, cor e beleza
Na trama da vida,
Com suas mil teias cinzas, pretas, coloridas
E de toda a tristeza e miséria extrair um rico ornato
A lembrar a delicadeza das flores

Flores com mil formas, com mil cores e cheiros
A trazerem beleza e encantamento para seus dias
Dias diários, corridos, atarefados

Donas de mil rótulos, preconceitos
Aos poucos aprendendo a desbravar a dura vida
E a superar as incompreensões, covardias e injustiças

Não se aviltando por baixezas e vilanias cotidianas
E a tecer seu caminho de belezas diário
Em que em nada se desfaz de ordinário

Existência extraordinária,
Por trazer a vida outros seres
E a tornar tudo melhor, quando o quer
Só poderia mesmo ser você,
Mulher

II
Entre tramas de rendas coloridas,
De mil modos feitas,
Delicados bordados

Unhas enfeitadas com brilho e cores,
De esmaltes variados
Cabelos arrumados,
Feitos com inúmeros penteados

Corpo aromatizado,
Composto de variegados matizes,
Odores de perfume

Seres que enfeitam os pés de saltos:
Agulha, anabela, meia-pata, sapatilhas

Roupas que mil formas contém,
Mil corpos tocam e abraçam

Com suas saias, calças, blusas,
Casacos, luvas e vestidos
Lenços coloridos a enfeitar

Falares e dizeres discretos,
Ou espalhafatosos,
Ou não!
Que dizer então?

Senão, parabéns por um dia, apenas
Quando em todos deveria ser lembrada e respeitada,
A você, mulher!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

SAMBAQUIS

Li em algum lugar
Sobre a ancestral existência de estruturas antigas
Feitas por povos indígenas que habitaram o litoral brasileiro
Muito antes da nobre raça existente
Em razão de sua culinária, seus hábitos e seus costumes
Muito diferentes dos tupi guaranis

Os quais deixaram inscritos em sambaquis,
Sua origem e sua história

E esses monumentos arqueológicos
São denominados: concheiros, cascaqueiros ou, berbigueiros
Nada mais sendo, que depósitos de materiais calcários
Empilhados pela ação humana,
Desses antigos homens

A sofrerem com a ação do tempo,
A serem fossilizados quimicamente
Sofrendo mudanças em suas estruturas originais
Os quais passaram por intempéries,
Que deformaram a estrutura dos moluscos, mariscos, ostras,
Das conchas e dos ossos enterrados,
E demais materiais

Os quais foram calcificados e petrificados
Transformando-se em paredes com vários metros
Algumas com até trinta metros

Construções algumas muito antigas,
A se iniciarem nos tempos das pirâmides
A abrigarem história e admiração,
Das pessoas que hoje apreciam,
E estudam os sítios arqueológicos

De onde surgiram templos religiosos,
Cujas ruínas mostram sua origem, e seus materiais

Sambaquis, origem de depósitos indígenas

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.