VIII
Descrente, o homem pediu-lhe para explicar
Que pretendia ele
E Omar encurralado, com uma arma apontada
Teve que uma saída arrumar
Disse que contaria seu intento ao chefe do bando
Com isto explicou que ao lado do bando de Lampião vivera
Que da vida de cangaceiro soubera
E que da vivência na cidade
Tirara importantes aprendizados para a vida
O homem achando o jeito de Omar enrolado
Comentou que sim, o levaria diante dos cangaceiros
Mas não para falar com o chefe do bando
E para ser julgado
Omar nada entendeu
Com isto, o homem mandou-lhe seguir em frente
Avisou-lhe que se tentasse fugir,
Um balaço levaria
Omar então caminhou pelo sertão
Andou por dias até chegar ao acampamento
Os companheiros do bandoleiro
Ao saberem da história de Omar
Intrigados ficaram
Chegaram a criticar Tenório,
Por trazerem tão suspeita figura que poderia denunciá-los
Pensaram em matá-lo
Mas Omar com o tempo,
A simpatia dos membros do bando ganhou
Prestativo, realizava pequenos trabalhos
Com sua arte e ciência em cutelaria,
Produziu belas facas
Era limpo, organizado, ordeiro
Sabia até mesmo cozinhar
Dizia que a todos que há muito tempo
Sozinho vivia
Só tendo por companhia,
Os amigos que pelos caminhos da vida encontrava
Quando por lá chegara
Comentou sobre sua experiência no bando de Lampião
Dizia não ser inimigos dos cangaceiros
Mas que preferia a paz
E assim nos primeiros tempos,
Viveu sob ameaças
A todo momento diziam que iriam matá-lo,
Que de lá não escaparia
Com o tempo,
Ao demonstrar lealdade,
Posto que chegou até mesmo
A avisar que havia um movimento suspeito nos arrabaldes
O chefe do bando,
Ao disto tomar conhecimento
Demonstrou admiração
Perguntou-lhe por que não fugira e os denunciara
Pois esta seria sua libertação
Omar respondeu-lhe,
Que traidor da causa não seria
Mesmo em não concordando com ela
Argumentou que eles uma boa vida teriam
Se abandonassem a vida de bandoleiros
O homem riu
Dizia que só sabia fazer isto da vida
Omar retrucava dizendo
Deus a todos dotara de inteligência
E que se ele fora capaz de aprender tantas coisas
Eles também seriam
Clodoaldo argumentava que todos ali bem viviam
E que não ouvira ninguém reclamar da vida que levava
Omar respondeu-lhe que estavam acostumados
E que não conheciam outras formas de viver
Respondia que a vida de cangaceiro estava com os dias contados
E que um dia todos iriam morrer
Mencionou o trabalho das volantes, e que muitos políticos queriam o fim do movimento
Clodoaldo ficou envaidecido ao saber do interesse dos políticos
Omar retrucou dizendo que com isto não se brinca
E que o esfacelamento do movimento seria questão de tempo
Com o tempo, ao darem pela falta de Omar
Avisaram o policial que passou a procurá-lo
E assim, seguia Omar sua vida em meio aos cangaceiros
Prestativo, gentil e amigo
Tão amigo, que Clodoaldo
Percebendo a afeição que os bandoleiros
Passaram a demonstrar ao novo companheiro
Incomodado começou a ficar
Chegou até a lhe falar,
Alguns cangaceiros estão a pensar em suas palavras
Omar então desculpou-se
Disse-lhe que não estava interessado em intrigas causar
Que apenas a vida das pessoas melhorar
Clodoaldo entendeu
Apenas pediu para que isto parasse
Argumentou que a decisão cabia a seus homens
E não a ele
Omar pensativo, calou-se
Com o tempo, o policial conseguiu pistas
Organizou uma volante e passou a varrer a região
Foi questão de tempo para localizar o acampamento do bando
O primeiro homem avistar, foi Omar
O rapaz, a presença do policial notar
Chamou-lhe num canto
Explicou que estava tentando convencer as pessoas a mudar
Argumentou que não seria necessário prender ou matar
E que eles deixariam de atacar vilarejos
O policial achou aquela conversa muito louca
Mas Omar insistiu
Disse que há tempos eles não invadiam a cidade
Que arranjavam alimentos em meio a natureza, caçavam, pescavam
Montavam suas cabanas,
Teciam suas roupas
Alguns eram casados, traziam suas mulheres
Além de tudo havia crianças
O policial admirado ficou
Mas argumentou que estava em uma missão
Disse-lhe que não poderia cancelar tudo
Pois até o exército e o prefeito da cidade de tudo estava sabendo
Omar argumentou que aquele não era o bando que invadira a cidade, o vilarejo
Argumentou que sua palavra estava encontrando eco
Que alguns bandoleiros já cogitavam abandonar o bando
Diziam estar cansados de tanta violência e dificuldades
O policial foi percebendo uma aproximação
Mas ao tentar atirar, recebeu tiros como resposta
Encostou-se em um canto
Gritou para Omar se proteger
O homem gritou para os cangaceiros pararem de atirar
Nisto, os demais policiais, passaram a também atirar
Omar arriscou-se e tentou sair do local
Mesmo em meio a tiros
Em dado momento,
Tenório apontou-lhe uma arma
Argumentou que ele era um traidor e merecia a morte
Os demais cangaceiros tomaram sua defesa
Clodoaldo perguntou-lhe se havia avisado os policiais
Omar respondeu-lhe que não
Mas admitiu que conhecia um dos policiais
Clodoaldo pediu-lhe o nome
Omar recusou-se a dizer
Por conta disto foi preso
Aprisionado pelos cangaceiros
Ouviu que iria se iniciar uma caçada aos policiais
Com efeito, do evento,
Resultou um policial ferido e um cangaceiro morto
Os cangaceiros estavam furiosos
Queriam vingança
E Omar em meio a isto, sem saber o que fazer
Aprisionado, mesmo assim, pediu para trabalhar
Clodoaldo concordou,
Sob protestos
Os bandoleiros diziam que ele poderia fugir
O homem respondeu que este seria um teste
E que ele estava sendo vigiado
Com efeito, em nenhum momento, o homem pensou em fugir
Omar varria, limpava, cozinhava
Só não mexia com facas
E os policiais continuavam em suas tentativas
Em dado momento, chegaram com um grande efetivo
Omar foi o primeiro a avistar, e avisou o chefe do bando
Aflito sugeriu que fugissem
Argumentou que daria tempo de levantar acampamento
Sem deixar vestígios e se embrenharem na mata
Clodoaldo não concordou, argumentou que preferia enfrentar a policia
Omar argumentou que eles eram em maior número, armados
E que lutar com eles, acarretaria muitas mortes para o bando
Seria uma carnificina
Clodoaldo argumentou que não era covarde
Omar sugeriu ir conversar com os homens
O chefe do bando não concordou
O homem retrucou dizendo que tinha uma ideia
Mas sugeriu que sim, todos organizassem suas coisas
Deveriam sim levantar acampamento
Clodoaldo ficou sem entender
Omar respondeu que diria ser um cangaceiro
Que se rendendo estava
Com isto, eles ganhariam tempo para fugir
Clodoaldo indagou-lhe por que isto faria
Omar respondeu que estava cansado de ficar no meio de tanta violência
Argumentou que desde sempre estava se escondendo
Confessou que matara um homem em defesa de uma mulher
E desde então vivia a se esconder
Clodoaldo ficou a ouvi-lo
Por fim, entendeu seu ponto de vista
Argumentou que se tratava de um homem bom
E ao avistar a volante,
Finalmente entendeu o que Omar insistia em dizer-lhe
Por fim, ordenou a todos que levantassem acampamento
E procurassem levar o que podiam
Apagassem e desfizessem fogueiras
Que não deixassem vestígios de sua passagem
Todos acataram sem discutir
Omar auxiliou no que podia
Avistou todos partirem
Quando percebeu que estavam longe
Foi ao encontro da volante
Os bandoleiros estavam cientes do plano de Omar
O acesso era difícil
Omar levou algumas horas para localizar a policia
Que se dispersava pelo morro
Entregou-se
Disse que estava cansado desta vida
Que havia cometido um crime e que estava disposto a responder por isto
Com isto, o policial que o perseguia, deu-lhe voz de prisão
Omar não mostrou resistência
Os policiais ao chegarem ao morro,
Perceberam que não havia cangaceiros
Arthur, o policial que prendeu Omar
Perguntou-lhe que havia ocorrido
O homem que não havia cangaceiros no lugar
Mencionou que após o último tiroteio,
Os homens fugiram
Nunca mais ouvira falar deles
Arthur respondeu-lhe que estava mentindo
Mas que ele iria contar-lhe tudo
Inclusive o paradeiro dos bandoleiros
Omar seguiu rumo a cidade
Os policiais ainda tentaram localizar os bandoleiros
Sem êxito
Omar na prisão foi torturado,
Mas em nenhum momento delatou os companheiros
Socos, choques, e tentativas de afogamento
Não o convenceram
Dizia nada saber
Argumentou que seu único crime fora matar um homem para defender uma dama
Que os outros crimes não cometera
Clodoaldo ao saber da prisão do moço
Prometeu ao bando que o libertaria
Traçou um plano
E assim, foi questão de tempo para invadirem a delegacia
Renderem os policiais e libertarem Omar
Omar agradeceu, mas respondeu que estava disposto a responder por seu crime
Clodoaldo argumentou que os policiais o matariam antes
O homem sem alternativa, concordou com a fuga
Subiu na garupa de um cavalo, e sumiu juntamente aos cangaceiros