VII
Certa vez, Carlos acordou gritando por conta de um pesadelo
Aturdida, Vilma acordou, levantou
Colocou um quimono em cima da camisola, calçou um chinelo, e foi ao quarto do filho
Ao lá chegar, se deparou com o filho chorando
Preocupada, sentou em sua cama e perguntou-lhe
O que havia sucedido
O menino então respondeu
Sonhara um sonho muito estranho
Onde uma grande noite sem fim encobria o mundo inteiro
Não havia luz, energia elétrica somente em alguns lugares
O garoto detalhou então todo o sonho que tivera
Argumentou que tudo parecia muito real
Vilma abraçou-o dizendo para que não se preocupasse
Pois era um sonho apenas
Acreditou que ele sempre teve muita imaginação
Com efeito, a mulher conversou com a criança até que ela se acalmou
Voltou a dormir
Com isto, foi ao quarto de Carolina
A menina dormia a sono solto
Com isto, nos dias que se seguiram
Tudo transcorreu na mais absoluta tranquilidade
Vilma conseguiu arranjar tempo para levar as crianças para visitarem lugares turísticos
Museus, Feiras, Parques, Praias
Carlos e Carolina se encantaram com os passeios
Quando Antonio ligava, passavam horas comentando sobre os passeios
O pai se tranquilizava ao perceber a felicidade dos filhos
Acreditava que a mudança não lhes acarretara traumas
Por fim, conversava com a ex-mulher e agradecia o cuidado com os filhos
Vilma dizia-lhe que eram filhos dela também
E assim, Vilma prosseguiu com sua rotina
Filhos na escola e ela na faculdade lecionando história
Com o passar dos dias, uma notícia extraordinária
Uma epidemia arrasava uma região do Oriente
As pessoas ouviam os relatos chocadas
Diversos meios de comunicação trataram de alarmar a população
Em que pese a gravidade do problema,
Muitos órgãos de imprensa
Relatavam os fatos como se toda uma população não fosse viver
Como se eventos muito graves não tivessem ocorrido antes
Doenças e vírus que também geraram mortes muitas e não foram tão alardeados
De fato, muitas e muitas foram pessoas infectadas,
Mortes diversas, e enterros coletivos chocaram a humanidade
Todos se abalaram, pois não se trata de algo que se mostra a todo o momento
Muito embora muitas pessoas morram de fome e em guerras a todo o tempo ...
Mas não, não interessa isso mostrar
Em que pese mais mortandade ocasionar
Mais fácil desorientar e levar ao desespero
Do que orientar uma população
Com efeito, parecia sim que uma grande catástrofe iria se abater sobre o mundo
Em tempo
Foi questão de meses para o mal se irradiar por todo o mundo
Ásia, Europa, Américas, todos os recantos do mundo
Um dia chegou ao Brasil
Quando Vilma, se deu conta do que o ocorria no mundo
Iria trazer reflexos para o país
Ficou perplexa
Com isto, medidas restritivas passaram a ser tomadas
Escolas fechadas, pessoas passaram a trabalhar à distância
Outras tantas perderam seus empregos
Crise, recessão, dificuldades várias
Até de adaptação a um novo modo de viver
As crianças se ressentiram da ausência na escola
Da convivência com os coleguinhas
Reclamavam de ficar sempre em casa
De não terem com quem brincar
Sentiam falta até da tia
Professora! - corrigia Vilma
A mãe redarguia dizendo que ela também estava confinada
Por um tempo não houve aulas
Vilma ficou preocupada em ficar tanto tempo parada
Argumentou que durante este tempo poderiam ser implementadas aulas à distância
Contudo, não havia tempo hábil para implementar a medida
Com efeito, com o passar dos meses,
A universidade passou a transmitidas à distância
Vilma respirou aliviada
Temia perder seu emprego
Nesse meio tempo Vilma passou a dar aulas aos filhos
As crianças tinham aulas à distância
Carlos e Carolina tentavam burlar as regras
Mas Vilma os enquadrava e intimava a assistir as aulas
E assim as crianças não perderam o ano letivo
Em que pesem dificuldades várias
Com o passar do tempo, as crianças voltaram a ter aulas presenciais
Máscara, álcool em gel, distanciamento social
E interações restritas
Mas Carlos e Carolina estavam felizes
A despeito disto, finalmente iriam rever os amiguinhos
Na volta às aulas, comentaram contentes que todos bem estavam
Vilma ficou feliz com a notícia
Durante os tempos difíceis,
Antonio se preocupou com a situação da ex-mulher
Comentou que caso precisava de ajuda poderia socorro
Vilma agradeceu ao apoio
Com o tempo as coisas se acertaram
E Vilma retornou às suas atividades
Ao passar do tempo,
Vilma recordou-se do pesadelo de Carlos
Quando o menino sonhara com uma noite escura que nunca cessava
A mulher se deu conta então que se tratara de um sonho premonitório
A noite intermina que Carlos mencionara
Nada mais era do que a epidemia que se converteu em pandemia
Flagelando a humanidade
Vilma ficou impressionada
No início da pandemia,
As crianças ficaram apavoradas
E Vilma teve que conversar com elas
Em meio a conversas
Comentou que a situação era grave
Mas não era necessário desespero
Que tomando os devidos cuidados
As chances de contaminação eram pequenas
Carlos perguntou se havia riscos
Vilma respondeu-lhe que sim
Mas não era caso de se torturar com isto
Pois um dia todos partiremos
Não precisamos ser irresponsáveis,
Mas não era preciso desespero
Com isto, rezaram juntos
Pedindo saúde para eles e para toda a humanidade
E desta forma, as crianças foram se acalmando
Mas a angústia dos primeiros tempos não foi fácil de administrar
Nem por ela e tampouco pelas crianças
Com o tempo porém, as coisas foram fluindo
Inclusive para Omar
Que teve oportunidade de enfrentar a perseguição da polícia
Ao estabelecer residência no povoado
Auxiliou os moradores
Ajudou-os no conserto de suas casas, reformas
Auxiliou alguns garotos ensinando-lhes o que sabia de cutelaria
Adquiriu também novos conhecimentos e novas amizades
Com o tempo, um policial pousou no local
E ao vê-lo, intrigado ficou
A todo o momento, perguntava-lhe se não o conhecia de algum lugar
Aflito o homem pensou em se evadir do lugar
Mas não houve tempo hábil
Um bando de cangaceiros rondava o lugar
Omar, percebendo isto, tentou contatar o líder do bando
Ao ver um suposto cangaceiro, o homem partiu em seu encalço
O sujeito, ao perceber que Omar o seguia,
Apontou uma arma para sua cabeça
Perguntou-lhe se estava querendo morrer
Omar respondeu-lhe então
Que gostaria de conversar com o chefe do bando,
Tinha uma proposta a fazer
O homem ficou desconfiado
Omar então contou que não tinha nada a perder
Mas sentia que precisava auxiliar os moradores
E sua proposta atenderia a todos
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