Poesias

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Duelo do Sorriso Amarelo

VII

Certa vez, Carlos acordou gritando por conta de um pesadelo


Aturdida, Vilma acordou, levantou

Colocou um quimono em cima da camisola, calçou um chinelo, e foi ao quarto do filho


Ao lá chegar, se deparou com o filho chorando


Preocupada, sentou em sua cama e perguntou-lhe

O que havia sucedido


O menino então respondeu

Sonhara um sonho muito estranho

Onde uma grande noite sem fim encobria o mundo inteiro

Não havia luz, energia elétrica somente em alguns lugares


O garoto detalhou então todo o sonho que tivera

Argumentou que tudo parecia muito real


Vilma abraçou-o dizendo para que não se preocupasse

Pois era um sonho apenas

Acreditou que ele sempre teve muita imaginação


Com efeito, a mulher conversou com a criança até que ela se acalmou

Voltou a dormir

Com isto, foi ao quarto de Carolina

A menina dormia a sono solto


Com isto, nos dias que se seguiram

Tudo transcorreu na mais absoluta tranquilidade


Vilma conseguiu arranjar tempo para levar as crianças para visitarem lugares turísticos

Museus, Feiras, Parques, Praias


Carlos e Carolina se encantaram com os passeios


Quando Antonio ligava, passavam horas comentando sobre os passeios

O pai se tranquilizava ao perceber a felicidade dos filhos

Acreditava que a mudança não lhes acarretara traumas


Por fim, conversava com a ex-mulher e agradecia o cuidado com os filhos

Vilma dizia-lhe que eram filhos dela também


E assim, Vilma prosseguiu com sua rotina

Filhos na escola e ela na faculdade lecionando história


Com o passar dos dias, uma notícia extraordinária

Uma epidemia arrasava uma região do Oriente


As pessoas ouviam os relatos chocadas


Diversos meios de comunicação trataram de alarmar a população


Em que pese a gravidade do problema,

Muitos órgãos de imprensa

Relatavam os fatos como se toda uma população não fosse viver

Como se eventos muito graves não tivessem ocorrido antes

Doenças e vírus que também geraram mortes muitas e não foram tão alardeados


De fato, muitas e muitas foram pessoas infectadas,

Mortes diversas, e enterros coletivos chocaram a humanidade

Todos se abalaram, pois não se trata de algo que se mostra a todo o momento

Muito embora muitas pessoas morram de fome e em guerras a todo o tempo ...


Mas não, não interessa isso mostrar

Em que pese mais mortandade ocasionar

Mais fácil desorientar e levar ao desespero

Do que orientar uma população


Com efeito, parecia sim que uma grande catástrofe iria se abater sobre o mundo

Em tempo

Foi questão de meses para o mal se irradiar por todo o mundo

Ásia, Europa, Américas, todos os recantos do mundo


Um dia chegou ao Brasil


Quando Vilma, se deu conta do que o ocorria no mundo

Iria trazer reflexos para o país

Ficou perplexa


Com isto, medidas restritivas passaram a ser tomadas

Escolas fechadas, pessoas passaram a trabalhar à distância

Outras tantas perderam seus empregos


Crise, recessão, dificuldades várias

Até de adaptação a um novo modo de viver


As crianças se ressentiram da ausência na escola

Da convivência com os coleguinhas

Reclamavam de ficar sempre em casa

De não terem com quem brincar


Sentiam falta até da tia


Professora! - corrigia Vilma


A mãe redarguia dizendo que ela também estava confinada

Por um tempo não houve aulas


Vilma ficou preocupada em ficar tanto tempo parada

Argumentou que durante este tempo poderiam ser implementadas aulas à distância

Contudo, não havia tempo hábil para implementar a medida



Com efeito, com o passar dos meses,

A universidade passou a transmitidas à distância


Vilma respirou aliviada

Temia perder seu emprego


Nesse meio tempo Vilma passou a dar aulas aos filhos

As crianças tinham aulas à distância


Carlos e Carolina tentavam burlar as regras

Mas Vilma os enquadrava e intimava a assistir as aulas


E assim as crianças não perderam o ano letivo

Em que pesem dificuldades várias


Com o passar do tempo, as crianças voltaram a ter aulas presenciais

Máscara, álcool em gel, distanciamento social

E interações restritas


Mas Carlos e Carolina estavam felizes

A despeito disto, finalmente iriam rever os amiguinhos


Na volta às aulas, comentaram contentes que todos bem estavam

Vilma ficou feliz com a notícia


Durante os tempos difíceis,

Antonio se preocupou com a situação da ex-mulher

Comentou que caso precisava de ajuda poderia socorro

Vilma agradeceu ao apoio


Com o tempo as coisas se acertaram

E Vilma retornou às suas atividades


Ao passar do tempo,

Vilma recordou-se do pesadelo de Carlos

Quando o menino sonhara com uma noite escura que nunca cessava


A mulher se deu conta então que se tratara de um sonho premonitório


A noite intermina que Carlos mencionara

Nada mais era do que a epidemia que se converteu em pandemia

Flagelando a humanidade


Vilma ficou impressionada


No início da pandemia,

As crianças ficaram apavoradas

E Vilma teve que conversar com elas


Em meio a conversas

Comentou que a situação era grave

Mas não era necessário desespero

Que tomando os devidos cuidados

As chances de contaminação eram pequenas


Carlos perguntou se havia riscos

Vilma respondeu-lhe que sim

Mas não era caso de se torturar com isto

Pois um dia todos partiremos

Não precisamos ser irresponsáveis,

Mas não era preciso desespero


Com isto, rezaram juntos

Pedindo saúde para eles e para toda a humanidade

E desta forma, as crianças foram se acalmando

Mas a angústia dos primeiros tempos não foi fácil de administrar

Nem por ela e tampouco pelas crianças


Com o tempo porém, as coisas foram fluindo


Inclusive para Omar

Que teve oportunidade de enfrentar a perseguição da polícia


Ao estabelecer residência no povoado

Auxiliou os moradores

Ajudou-os no conserto de suas casas, reformas

Auxiliou alguns garotos ensinando-lhes o que sabia de cutelaria

Adquiriu também novos conhecimentos e novas amizades


Com o tempo, um policial pousou no local

E ao vê-lo, intrigado ficou

A todo o momento, perguntava-lhe se não o conhecia de algum lugar


Aflito o homem pensou em se evadir do lugar

Mas não houve tempo hábil


Um bando de cangaceiros rondava o lugar

Omar, percebendo isto, tentou contatar o líder do bando


Ao ver um suposto cangaceiro, o homem partiu em seu encalço

O sujeito, ao perceber que Omar o seguia,

Apontou uma arma para sua cabeça

Perguntou-lhe se estava querendo morrer

Omar respondeu-lhe então

Que gostaria de conversar com o chefe do bando,

Tinha uma proposta a fazer


O homem ficou desconfiado

Omar então contou que não tinha nada a perder

Mas sentia que precisava auxiliar os moradores

E sua proposta atenderia a todos

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