Poesias

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

ATRIBULAÇÕES

Acordar na solidão das noites escuras
Triste sina, ter que despertar nas madrugadas
Rasgar o ventre das cidades,
Para com isto se chegar a um destino constante e diário

Madrugada dia afora
Janelas e portas fechadas
O céu escuro a nos rondar
Quase nunca estrelas para nos encantar

O pensamento vago,
As orações perdidas, dispersas
O corpo presente e cansado
A mente quase a adormecer
No intenso desejo do corpo cansado

Amanhecer nas madrugadas
Envolta em escuridade
As ruas já com algum movimento
Os carros já a circular pelas paragens

E no regresso,
A lua crescente a se formar
Em meio a céu ainda claro

Encantamento raro, nos dias de grande enfado
Por vezes, a depender do regresso
Noite escura, como o fora nas madrugadas
Engarrafamentos, trânsito, transtornos, demora
Imensos caminhos de São Paulo,
A transpor São Bernardo, chegando em Santo André
Passando pela imensa praça do Paço,
Com seu imenso prédio, de vários andares

Prefeitura com seus canhões de luzes coloridas
Presépio em forma de cidade,
Armado em tempos natalinos
E o trólebus a circundar o caminho,
Em meio a carros, motos e ônibus
Em novos caminhos, retorno mais breve
O trem a nos guiar até Santo André

Nas vesperais, tardes azuis,
Se desfalecendo em amarelos tons
O sol a se esconder por trás dos prédios
A margear os caminhos de estradas férreas

E o trem a trafegar lento
Em meio a ruínas, matagais, e progresso
E o sol a se despedir da tarde

O prédio imenso, alaranjado, ao lado do viaduto,
Mais assemelhado a uma grande casa, com vários andares,
Com suas várias janelas a servir de abrigo e enfeite,

À decoração natalina
A seguir,
O imenso prédio de concreto, com seus vários andares
Altaneira construção

Na mesma quadra,
Outra construção de concreto, térrea,
A receber manifestações culturais
Formas curvas,
Como se para mim tivesse a lembrar
Uma forma de pudim

E a larga avenida,
Próxima ao prédio do jornal da cidade
Coqueirais a enfeitarem a localidade
E os lírios a enfeitar as praças
Parcos espaços verdes na cidade

O prédio clássico da escola tradicional
Os Correios, com seu prédio imponente
O Fórum, e o centro cívico
Passarela acessar um marco e outro

E o trólebus a correr em corredor exclusivo
Os manacás floridos a enfeitarem o passeio
E a tarde aos poucos a se distanciar
O dia claro aos poucos a dar lugar a noite
Em poucos minutos a noite se fará escura
Como ao regressar em noite de lua cheia
A cada dia, em uma nova posição no zênite …

Lua imensa, que não pude conhecer
Imensa lua fora fotografada
Para deslumbramento meu,
E de tantos outros sequiosos,
De contato com este mundo natural ...

E a agora a lua aos poucos a se formar
Crescente, aos poucos a se encorpar
A mostrar sua beleza discreta,
Mesmo em claros dias
Em tempos minguados,
A mesma a se apresentar linda e faceira
Por sobre telhados da Estação Férrea de Santo André

Uma curva fina, a compor o cenário
A enfeitar a madrugada
Com nas vezes em que se pode contemplá-la
Sentada no banco da mesma Estação
A esperar o trem
Longa jornada madrugada afora

Caminhos fora
Em tempos de horas adiantadas
A chegar ao trabalho em companhia da madrugada
Breu profundo a encobrir todos os caminhos

E regressar ao lar
Acompanhada de bela tarde ensolarada
De céus azuis e ás vezes, nuvens brancas,
Imensas, volumosas
Tempos de improviso
Moradas arranjadas

A cama arrumada em outro cômodo
Enquanto o quarto de tantas lembranças
É adequadamente cuidado
Para novas experiências e vivências
Certas rotinas me são muito caras!

E a rotina segue
Breve caminhada até o ponto do trólebus
Descida na Estação Férrea
Onde se fica a esperar o amigo trem
Como na bela canção

Trem este, nem sempre tão amigo
A circundar antigas fábricas,
Tendo ao longe, o brilho e as luzes artificiais da cidade

Ao adentrar o transporte,
Cercada de estudos,
O cansaço da longa jornada diária
As vezes a ler um romance

Como a alegoria de um movimento em massa
De votos em branco em profusão
População irmanada em um mesmo objetivo
Sem quaisquer premeditadas articulações
E os políticos em polvorosa
A planejar estratégias aptas a reverter,
O que entendem ser um levante ...
Saborosa leitura!

Em debates na rede, a descobrir,
Que eleições não são anuladas,
Por imensidade de brancos votos
Devendo ser considerada a maioria dos votos válidos
Então o que se fazer, quando opção não há?

Pensemos nisto,
Embora o triste fato seja de que o leque de opções,
Reduz-se cada vez mais a cada dia que passa
Pensemos nisto, pensemos, cada vez mais!

Na jornada ainda a utilizar três linhas de metrô
Exausta chego ao labor
Trabalhos a serem feitos
E no regresso, mais cinco conduções me aguardam

Feliz volto para casa
Como um saudoso soldado,
Ao regressar do campo de batalha

Nos dias que se seguem,
A saga se repete
Ansiosa, aguardo os dias de descanso
E as atribulações,
Ainda que momentaneamente, se dissipam
Rotina da qual pretendo me despedir,
O mais brevemente possível!

Para isto,
Os primeiros passos já foram dados
Todavia, enquanto as coisas não mudam ...

A madrugada, a minha mais fiel companheira,
Me aguarda
Para mais um dia de batalha,
Dias de luta renhida, ferrenha
E a vida, de atribulações feitas
E acreditar que nenhum problema nos transportes,
Ocorrerá
Eta vida!
Dura lida!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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